The Secret escrita por Ronnie


Capítulo 2
Capítulo 2




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-Ela morreu? - ouvi a voz preocupada de minha avó, mas estava mais devagar e baixa do que eu me lembrava.

 -Não. - a voz do homem que escrevia na sala com um só clarão de luz estava baixa também. - Ela só desmaiou. - riu ele, debochado.

 -Graças a Deus! - ouvi minha avó. Pelo que a conhecia, deveria ter posto as mãos no coração e soltado o ar que havia prendido após fazer a pergunta.

 Como o ambiente ficou silencioso, abi os olhos, afinal, não estavam falando mais nada e me mantinha com os olhos fechados para ver se falavam algo que eu não poderia saber.

 -Querida! - disse vovó colocando as mãos atrás de minha cabeça, ajudando-me a levantar.

 Sentei no que parecia ser uma maca de hospital, mas ainda estávamos na delegacia. 

 -Oi vovó. - disse sonolenta abraçando-a.

 Eu não a via há muito tempo mesmo, então foi uma surpresa a ver ali, de pé. Estava com os cabelos grisalhos de sempre, olhos verdes, agora pequenos, e com grandes olheiras, um casaco de lã branco e uma saia preta cumprida que ia até seus pés. A partir daí, não dava para ver.

 -Como está?! - seus olhos estavam com ar de preocupação e suas mãos estavam espremendo minhas bochechas como limões.

 -Estou bem, vovó. - disse olhando pesadamente em direção ao homem filho da mãe que mandou os seguranças entrarem.

 -Graças a Deus! Vamos para minha casa. - disse ela pegando em minha mão e me ajudando a descer da maca. Eu ainda estava um pouco tonta.

 Por que minha avó cismava em falar tantos "Graças a Deus" ?! Aprendi na com o padre que não se pode falar o nome dele em vão. Mas, cada um com a sua mania.

 -Ela não pode ir! - disse o homem pegando um cigarro e acendendo o fósforo.

 -Por que não? - disse minha avó ao meu lado, me ajudando.

 -Por que ela é suspeita, ora! Terá de passar a noite em sua casa e amanhã de manhã iremos julgá-la. - disse ele, jogando a ponta do cigarro fora.

 -Qual é o seu problema?! - gritei, agora, bastante acordada e lúcida.

 -Se continuar assim, seremos forçados a te dar outra dose de calmante. - ele não se abalava com o meu tom de voz.

 -E eu vou te denunciar! - gritei estreitando os olhos e chegando mais perto dele, me soltando de minha avó.

 -E por quê?! - disse ele com o tom de voz mais potente, com o cigarro em sua mão e com o queixo levantado, como se fosse superior a mim.

 -Tortura! - falei nervosa. Foi a primeira coisa que me veio a cabeça.

 -Por favor! - falou ele, virando a cara e fumando.

 -Irá se arrepender do que está fazendo doutor! - falei confiante, enfiando o dedo em sua cara achatada.

 -Duvido muito disso, senhorita Black! - ele havia me desafiado e nunca fujo de um desafio.

 -Vou levá-la para sua casa. - disse minha avó, me abraçando e andando junto a mim.

 -Até amanhã! - gritou o homem, debochado.

 -Vai se... - minha avó não deixou eu completar a frase. Disse que era feio uma menina xingando pelos cantos como uma maluca, mas já ouvi muitas vezes, ela mesma xingando, brigando com meu pai há muito tempo.

 Entrei no fusca velho e amarelo de minha avó e fomos para minha casa. Estava chovendo bastante e a estrada estava perigosa. Minha avó era idosa e talvez pudesse se confundir, ou ver algo errado.

 -Vó... - disse no banco da carona.

 -Oi, minha filha? - seus olhos estavam espremidos e suas mãos presas ao volante com couro descascado. Ela realmente parecia estar bem cansada.

 -Não acha melhor, eu dirigir? - estava envergonhada de pedir aquilo, parecia que eu estava chamando-a de velha.

 Ela olhou para estrada e olhou-me, torceu o nariz e concordou.

 Sorri, ela estacionou o carro, desci dele e troquei de lugar com a minha avó.

 -Obrigada querida. - disse ela, ao fechar a minha porta.

 -Que isso, vovó! - sorri e dirigi calmamente pela estrada.

 Olhei aquelas gotas de água batendo no carro velho de minha avó e me fez pensar... Se eu sumisse? Fosse embora daqui? Acho que não iriam me procurar! 

 Fiquei longos minutos pensando nessa possibilidade. Olhei para o lado e vovó já estava dormindo ao meu lado, então, dei meia volta e fui em direção a casa dela e não a minha.

 Vovó morava em uma cidadezinha ao sul do país. Bem longe de onde estávamos, então, não me procurariam lá, certo? 

 Dirigi quase que a noite toda, até minha avó acordar...

 -Querida, o que eu ainda estou fazendo aqui? - perguntou ela, coçando seus olhos cansados.

 -Estou indo para casa da senhora. - falei sem encará-la nos olhos. Provavelmente surtaria.

 -Está maluca!? Não pode fazer isso! Dê meia volta já! - gritou ela, mas eu estava salvando a minha pele, então, continuei no mesmo caminho com um leve sorriso no rosto. - Olha, se não fez nada, por que está fugindo? - minha própria avó desconfiando de mim?!

 -Vovó... - falei com a máxima paciência. - Eu tenho medo! Eu era a única na cena do crime! Não quero ir presa por algo que não fiz! E aquele homem terrível sismou comigo! Ele vai querer me prender!

 -Querida, pare com isso! - ela olhou para mim, mas não tirei os olhos da estrada. Podia até ver a sua casinha. Isolada de tudo e todos. Como me lembrava.

 -É a verdade vovó! Tem algo de muito estranho naquele homem. - ele parecia ter um ódio mortal de mim. Talvez eu estivesse ficando mesmo doida, mas... Acho que não! Eu sinto que tem algo errado, só quando ele me olha.

 -Vamos para sua casa. - disse ela se virando e olhando a estrada.

 -Olha vovó! - apontei. - Já vejo sua casa. - sorri. Agora ela não podia me fazer voltar não sei quantos quilômetros, afinal... Estava esgotada. 


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Notas finais do capítulo

Gente, calma! As coisas vão começar a esquentar nos próximos caps! hahahahahahha