The Secret escrita por Ronnie


Capítulo 17
Capítulo 17




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Ou pelo menos durante certo tempo...

 -Melany! – ouvi alguém berrar em meu ouvido. A voz era estridente e finíssima, sabia quem era e mesmo que eu não quisesse, fui obrigada a abrir os olhos, em total e completo espanto, após ouvir aquela voz em meu ouvido. –Eu não acredito no que meus olhos estão vendo! – disse Lara com o rosto espantado com um leve sorriso nos lábios, em falar em lábios... Os dela estavam cortados e estava com um esparadrapo na testa, ela era a única, eu acho, que não havia se machucado tanto.

 Acho que ela ainda não estava pronta, ou algo assim, para colocarem-na naquela situação. Se os outros, que tinham mais experiência, se machucaram bastante, ela com certeza não estaria viva.

 -O que foi Lara?! Pare de gritar! – odeio gente escandalosa, apesar de eu mesma ser um tanto escandalosa às vezes.

 -Você não está... – disse ela olhando-me em minha direção. Ela deveria estar ajoelhada ao lado da cama.

 Mas, espere! Se ela estava ajoelhada ao lado da cama e eu estava deitada sem ao menos conseguir virar a cabeça, então queria dizer... Que se eu estava vendo-a, é por que eu virei a cabeça?

 -Acho que estou um pouco melhor. – falei contente, mas sem reação facial.   

 -Um pouco?! – disse ela com um enorme sorriso nos lábios.

 Ela se levantou afoita e foi até seu armário, pareceu remexer alguma coisa ali, mas não dava para ver.

 Até que ela fechou a porta e veio até mim, aparentemente segurando um espelho.

 -Olhe só! – falou ela colocando o espelho redondo com detalhes dourados em torno.

 No momento que me vi, eu... Não sabia nem o que achar e nem o que dizer. Eu estava completamente curada! Sem nenhum arranha, hematoma, sangramento, nada! Estava exatamente como estava há algumas horas atrás.

 -Quanto... – passei a mão em meu rosto, abismada. – Quanto tempo eu dormi? – falei, conseguindo me sentar perfeitamente, sem cansaço ou fadiga, apoiando minhas mãos no lençol rosa da cama enorme de Lara.

 -Alguns minutos... – impossível! – pensei. – Entrei para ver se precisava de algo e vi que estava assim... Boa e revigorada, não me controlei e tive de te chamar para ver isto! – sorriu ela indo novamente ao armário para colocar o espelho.

 -O que aconteceu comigo? – perguntei ainda com os olhos arregalados e um leve sorriso em minha boca, tentando entender porque eu tinha ficado boa de um segundo para o outro, literalmente.

 -Não sei... – ouvi sua voz abafada por trás da porta. Ela fechou a porta de correr e se sentou na cama, olhando-me. – Isso geralmente acontece com Matthew, já que é proprietário da Nirhak da cura, mas quando ele tenta ajudar as pessoas, demoram um pouco para se recuperarem completamente, é como uma fisioterapia. – ela fez uma pausa e como viu que permaneci silenciosa, mas inquieta ela continuou a falar. Ela estreitou os olhos. – Qual é a sua Nirhak?

 -Não sei... – disse olhando para meu braço que havia a tatuagem. Infelizmente estava enfaixada, então ela não pode ver a cor dos olhos.

 Ela riu exageradamente.

 -O que foi? – disse sem entender o motivo da graça.

 -É impossível que não saiba qual é a sua! – riu ainda mais ela, pendendo a cabeça para trás e soltando sua alta e estridente gargalhada.

 Fiquei inconformada com aquilo, então resolvi tirar a tala, enquanto ela ria sem parar. Dava até um pouco de irritação, mas nada que eu não pudesse simplesmente ignorar.

 Tirei-a e vi minha Nirhak. Nunca tinha parado para admirá-la... Era uma tatuagem muito bonita e realista, mostrando uma serpente acinzentada enroscada em meu braço, com a boca aberta na palma de minha mão, seus afiados e grandes dentes, com dois olhos vermelhos.

 -Ah! – ouvi o grito de Lara e imediatamente olhei-a.

 Ela estava com as mãos sobre a boca e seus olhos pareciam lacrimejar, como se ela estivesse prestes a cair em prantos.

 -Lara?! O que foi?! – ela estava me preocupando. Seus olhos estavam centrados em meu braço e nada que eu fizesse fazia ela tirar os olhos do mesmo local.

 Tentei balançar meu braço e até o corpo dela, mas Lara estava em estado de choque, quando ouvi passos rápidos vindo até o quarto.

 -O que você fez?! – Peter estava bastante estressado.  

 -Nada! Eu apenas mostrei a ela minha Nirhak! – era estranho dizer que eu tinha um negócio daqueles em mim.

 -O que?! – gritou ele abraçando-a e tapando os olhos dela com seu próprio corpo, a esse ponto Lara já estava em prantos.

 -Não podia?! Eu não sabia Peter! – falei vendo-o carregá-la para fora do quarto em seus braços. Ela parecia estar em transe.

 -Agora já foi! – falou ele saindo do quarto e me deixando lá, sem ao menos saber o que aconteceu.

 Coloquei minha cabeça em cima de meus joelhos e finalmente chorei.

 Chorei tudo que eu agüentava e o que eu não agüentava. Fechei a porta, voltei a sentar na mesma posição e gritei, chorei, berrei! Eu queria tirar essa dor, angústia, vingança, tristeza, conflito... Tudo de ruim que havia dentro de mim eu estava pondo para fora. Eu não conseguia mais me controlar, me fazer de menina forte e segura, naquele momento eu era uma criança indefesa e sozinha que só queria que as coisas se acertassem, se acalmassem. Que tudo voltasse como era antes.

 Eu não queria saber nada disso! Nada dessa coisa de Nirhak, de Nirhakianos, de chave, de Dr. Charlie, de Matthew! Eu era super feliz com meus pais! Acho que aquele tal ditado estava certo, que não sabia que era tão feliz! Nada estava bom para mim! Nunca! E agora vejo como minha vida era fantástica!

 Quantas brigas eu poderia ter evitado para passar mais tempo com meus pais, conversando, vendo filmes, indo a museus, visitando teatros, viajando, mas eu era uma adolescente mimada, queria tudo na mão! Mal sabia eu que talvez eles estivessem me protegendo, talvez...

 Alguém bateu na porta, quebrando minha linha de raciocínio e me fazendo parar por um momento de chorar.  

 -Vai embora! – gritei e depois voltando a chorar, mais baixo para que quem estivesse do outro lado não ouvisse.

 A batida retornou.

 -Não ouviu?! Pedi para ir embora! – gritei mais uma vez e a batida retornou.

 Levantei-me revoltada e abri a porta.

 -O que é?! – falei furiosa com os braços cruzados.

 -Temos que ir. – disse Catherine fitando-me com raiva, percebendo que eu ainda chorava, mas não ligou. Apenas virou as costas, fazendo seus cabelos baterem de raspão em meu rosto.

 Tentei me controlar. Respirei fundo e saí andando atrás dela.

 -Tome um banho... – ouvi Lara dizer.

 Aquela casa era realmente fabulosa!

 Quando sai do quarto de Lara havia um longo corredor com luzes nas paredes, andei calmamente por ela, vendo as fotos de Lara com todas as idades em piqueniques com os pais, festas de aniversário, jantares e tudo mais... Depois de passar por esse imenso corredor cheguei a uma escada em espiral, a desci acompanhada de Catherine.

 Chegamos no andar de baixo e pude ver como era a casa de uma pessoa realmente rica, talvez até milionária.

 Um sofá gigantesco de couro branco, uma TV de não sei quantas polegadas instalada na parede, um tapete persa, uma linda e pequena mesinha de centro com o tampo de vidro. A voz de Lara vinha de algum lugar um pouco mais afastado.

 Entramos na cozinha. Lara estava debruçada sobre o balcão saboreando um grande sanduíche e ao lado dela mais alguns. Provavelmente para mim, Peter, Catherine e Matthew.

 -Como está Lara?! – perguntei indo até ela e mantendo contato visual.

 Queria abraçá-la, mas achei muita intimidade, então preferi não fazê-lo.

  -Melhor, obrigada! – sorriu ela abocanhando seu sanduíche.

 -Então... O banheiro é ali, a esquerda. – disse Catherine se sentando na cadeira alta para comer seu sanduíche.

 -Ok! Obrigada... – falei sem graça.

 -Não precisa agradecer! – ouvi a voz de Lara saindo por entre o espaço entre o sanduíche e suas bochechas.    


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Notas finais do capítulo

Gente, TALVEZ eu demore um pouquinho para postar o próximo, ok? TALVEZ amanhã ele já esteja postado! Beijão!