The Secret escrita por Ronnie


Capítulo 16
Capítulo 16




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Ninguém sabe como é ruim você apagar e quando acordar não ter a menor idéia de onde está. Bem, isso estava acontecendo comigo naquele exato momento.

 Paredes ásperas em tom de branco, pelo que pude perceber, teto baixo com uma simples luz central que balançava com o vento que vinha da janela aberta, fazendo sua cortina cor de rosa esvoaçar, um armário grande e branco com portas de correr, uma escrivaninha no mesmo tom e na mesma madeira que aparentava ser nova e a cama alta de casal em que eu estava deitada.

 Pus a mão na testa, ainda desnorteada e tentando descobrir o que havia acontecido e onde eu estava. Minha cabeça estava enfaixada, juntamente com meu braço e havia algo no meu nariz que dificultava minha respiração. Pus as duas mãos nele e senti algodões nos orifícios, os puxei e dei uma analisada, estava escorrendo sangue.

 Tentei ficar pelo menos sentada, mas eu não conseguia. A pressão atmosférica me puxava para cama, sem falar que quando eu levantava sentia uma dor sem igual na parte exterior da cabeça. Sempre me orgulhei de ser persistente, mas em relação a isso, tive de deitar minha cabeça de novo no travesseiro macio.

 Ouvi passos perto da porta, o que me fez estremecer.

 A porta ficava do lado de minha cama pelo que vi e não conseguia nem virar a cabeça para os lados, então tive de ficar no suspense de quem era por alguns segundos, que já foi o suficiente para me torturar.

 -Que bom que acordou... – a voz era masculina, contente, grossa e melódica. Obviamente era...

 -Matthew? – falei com a boca seca.

 -Sim, sou eu. – disse ele, até que vi seu rosto.

 Estava aparentemente pior do que eu, com o rosto com arranhões e mordidas, o braço engessado e com olheiras profundas.

 -O que houve com você?! – perguntei preocupada.

 Espantei-me em estar preocupada com Matthew. Ultimamente eu só estava me preocupando comigo e acho que ele não precisa de alguém como eu sentindo pena de si.

 -Sua Nirhak fez isso comigo. – me senti a pior pessoa existente na face da Terra. Eu sem querer machuquei-o.

 -Desculpe-me, eu não... – as lágrimas já estavam vindo aos meus olhos. Lembrei-me de mamãe e papai. Eu não pude fazer nada contra a pessoa que os matou e dessa vez foi similar, quando pude fazer algo eles já beiravam a morte. – Eu não queria...

 -Sei que não queria. Nós que fomos tolos. – ele se sentou perto de mim e colocou sua outra mão sobre minha cabeça. A mão que havia sua Nirhak.

 -Tolos? – tornei a repetir, para que ele me dissesse o que haviam feito.

 Pude sentir mais uma vez minha testa e tala serem rasgadas e algo adentrar em minha cabeça, mas desta vez não senti tanta ardência quanto das primeiras vezes.

 Era incrível como eu estava menos machucada que Matthew e ele ainda se dispunha a cuidar de mim, mas é óbvio! Aquela era a função dele. Como ele disse antes, ele estava ali somente para isso.

 -Sim. – ele abaixou a cabeça. – Já que sei que não gosta quando digo para ficar calma, testei sua força quando fica com raiva e... Bem... Eu esperava que não estivesse já tão forte. – falou ele tentando parecer despreocupado.

 Sei que era errado, mas me senti um pouco bem em saber que eu era a mais forte e mais sem experiência, mas por outro lado me senti super mal, pois havia machucado gente inocente.

 -Me desculpo, novamente. – falei fechando os olhos e as lágrimas escorriam em cascata.

 -Está tudo bem Melany... Logo nós nos recuperamos e voltamos a treinar. – ouvi sua voz bem aberta, como se estivesse rindo.

 Silêncio.

 Aquilo me torturava! Era como se ele estivesse me fazendo uma terapia e eu não queria ficar em silêncio todo o tempo. Tinha tantas coisas para aprender e saber sobre tudo aquilo, então me pus a falar.

 -Matthew, como conheceu meus pais? – perguntei inquieta.

 Ele riu. Pela primeira vez pude ver seus dentes claramente. Eram branquíssimos e perfeitos.

 -O que foi? – sorri olhando-o.

 -Você nunca está satisfeita com minhas respostas não é? – disse ele pendendo a cabeça para trás e rindo.

 -Se você me desse as respostas como as quero, não precisaria fazer tantas perguntas. – parei imediatamente de rir quando pronunciei tais palavras. Desta vez, pelo menos, ele teria visto que eu queria respostas completas e não pedacinhos largados em minha mente.

 -Você neste ponto é muito parecida com sua mãe. – disse ele sério, analisando meu rosto.

 Cheguei a ficar envergonhada com a intensidade em que olhava para meus olhos e meu rosto. Buscava apressadamente algo para arranhar, mas meus braços doíam, então o máximo que pude fazer era desviar o olhar, coisa que era quase impossível, já que seus olhos verdes eram tão cativantes.

 -Matth... – ouvi uma voz feminina vindo da porta, mas não pude ver seu rosto. Deveria se Catherine.

 -Já estou indo. – falou ele olhando-a.

 -O que foi? – perguntei. Nunca tinha percebido como eu sempre queria saber de tudo, mesmo que não fosse ao meu respeito.

 -Daqui a pouco precisarei dar uma saidinha, mas ficará bem aqui com Lara e Peter. – falou ele com seu sorriso rasgado.

 -Ok. – eu estava doida para perguntar aonde ele ia, com quem, por que... Mas, aí eu seria posta como fofoqueira na mente dele, coisa que eu definitivamente não queria. Já era uma menina complicada normalmente, imagina com mais isso para me por de defeito? – Onde estou? – eu já havia notado que estava no quarto de Lara ou de Catherine, mais provavelmente de Lara, Catherine era mais o estilo gótico.

 -Está na casa de Lara. – Bingo! – Já que a casa dela é enorme ela nos deixa vir para cá, quando... – ele não terminou a frese e eu também não gostaria nadinha que terminasse.

 -Entendi. – disse por fim.

 -Matth. – ouvi mais uma vez Catherine.

 Ele olhou para porta e acentiu. 

 -Tenho que ir... – disse ele. Particularmente acho que ele não queria ir, mas quem sou eu para achar alguma coisa quando se trata de Matthew.

 Ele retirou sua mão cuidadosamente, para não me machucar e depois deu um beijo em minha mão, fechando os olhos e apertando os lábios fortemente sobre minha pele. Não queria admitir para mim mesma, mas havia ficado um tanto balançada com aquele ato.

 -Não faça nada que eu não faria. – disse ele ao sair do quarto.

 Não respondi, achei que o silêncio já fosse uma resposta.

 Ouvi a porta se fechar ao meu lado e mais uma vez estava sozinha, eu e meus pensamentos.

 Pensei em todos os jeitos de fugir, escapar, mas nenhum deles daria certo, Dr. Charlie iria a qualquer lugar e a qualquer hora se soubesse qualquer pista de onde eu estava. Tinha medo de ficar sozinha por essa razão. Tinha medo que a qualquer momento ele abrisse a porta com um chute e atirasse sua Nirhak em direção a mim. Eu sabia que era forte, mas com certeza, não mais que Dr. Charlie.

 Fechei os olhos novamente e acho que pela primeira vez em dias, consegui dormir tranquilamente.   


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