Escolhas escrita por Rosa Scarcela


Capítulo 8
Capítulo 7


Notas iniciais do capítulo

Gente, eu consegui... Agradeçam à Gambi (gambiarra)...



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Seu sorriso de poucos dentes era encantador. Estava com muitas roupas de frio e uma touca de lã cheia de desenhos coloridos. Eu podia dizer, de longe, que era do “Charlie”, porque a preferida de Lilly era Lola.

Com passos firmes, o pequeno caminhou até nossa mesa. Incrível como a pessoa não reparou sua escapada. Meus olhos sempre estiveram onde Lilly estivesse.

- Oi – nos cumprimentou timidamente. E como adultos, Lilly e o rapazinho começaram a conversar em um dialeto próprio como se se conhecessem há muitos anos. Os observei com mais atenção e extrai apenas duas palavras: “mamãe” e “papai”, sendo a primeira balbuciada pelo pequeno homem e a outra por minha princesinha.

Foi divertido vê-los interagir já que eu nunca tinha presenciado minha filha ao redor de outra criança, nem mesmo na creche.

E, de repente, tive grande dificuldade para respirar. Bella - sim, minha Bella - aproximou-se rapidamente de nossa mesa e, disfarçando a insatisfação e me deixando de coração partido mesmo assim, desviou sua atenção para o garotinho.

- Aqui está você, fujão. – O pegou nos braços, fez cócegas em sua barriga, na qual ganhou uma sonora gargalhada de volta, sorriu para Lilly carinhosamente e se voltou a mim. – Desculpe o incômodo, senhor – destacando bem o “senhor”. Aquilo doeu mais do que eu gostaria. Não vou mentir. Cheguei a sentir meus olhos arderem, mas eu estava consciente que não era nada menos do que eu merecia, afinal, quando forcei nossa separação, deixei claro que era disso que se tratava: a diferença de nossos mundos.

Eu ainda me lembrava do nosso rompimento quando uma sensação de vazio me tomou. Bella já não estava mais ao nosso lado e Lilly me encarava em silêncio. Me perguntei se ela sabia (ou sentia) que eu estava chateado.

- Não chola, papai. Vô passá um emedinho no seu dodói e vai salá.

Minha filha, minha princesinha. Meu amor incondicional. Eu me arrependia absolutamente de quase todas as decisões que tomei em minha vida, exceto a de ser pai desse serzinho. Por ela, eu seguiria em pé.

Após perder a fome, esperei Lilly terminar sua refeição, paguei a conta e voltamos para a casa dos meus pais. Eu só precisava do meu travesseiro para chorar por alguns momentos longe de todos. E assim o fiz. Quando chegamos, Alice nos deu um apertado abraço de “Boas Vindas”, já que ainda não tínhamos nos visto, e sentiu que eu precisava de um momento adulto. Chamou Lilly para ver os presentes que comprou e, como boa Cullen, minha princesinha não pôde recusar. Me deu um beijo estalado e foi para os braços da tia.

Corri escadas acima e só tive tempo de trancar a porta atrás de mim antes de me jogar na cama e chorar como eu chorei apenas no dia em que disse aquelas malditas palavras à Bella. Chorei pelo que perdi. Chorei pelo que deixei de ter. Chorei por culpa, por remorso. Chorei de tristeza e, principalmente, de solidão.

Eu tinha Lilly e ela seria minha filha para sempre. Mais que isso, ela era minha grande companheira de todas as horas, mas não era suficiente. Ali, o meu lado pai era plena satisfação. O meu lado homem, no entanto, era escuro e vazio. A única mulher que eu quis que estivesse comigo para sempre já não me amava mais por minha culpa. E, pelo menos, a médio prazo, eu não via como consertar isso.

Participei do jantar de Ação de Graças com todos os membros da minha família, mas balbuciei cerca de meia dúzia de palavras. Eu não tinha tanta coisa a agradecer. Emmett apresentou Rosalie, sua namorada, e agradeceu por ela estar em sua vida. Alice agradeceu por ter uma família linda e meus pais por terem os filhos e a neta presentes.

Lilly e eu nos deitamos cedo novamente.

A sexta-feira voou também. Passamos um dia de preguiça assistindo filmes e desenhando. Lemos alguns livros infantis que encontrei na biblioteca da mansão e não colocamos os pés para fora da casa.

-

Meu celular tocava desesperadamente. Acordei meio perdido e demorei a me situar. Quando vi Lilly dormindo ao meu lado que percebi que deveria atender logo antes que minha filha despertasse assustada. O aparelho estava embaixo do travesseiro e não foi difícil encontrá-lo. No visor, o número do celular de Carlisle.

- Alô! – fui ríspido.

- Filho – notei que Esme chorava ao telefone. – Você precisa vir para o Hospital.

Na hora pensei em meu pai. Em meio segundo já estava em frente ao closet, procurando uma calça e uma camisa. – Carlisle está bem?

Um barulho estranho foi ouvido do outro lado da linha e a voz do meu pai soou calma demais para quem, supostamente, estava doente. – Edward, você está me ouvindo?

Parei e prestei atenção. – Sim, estou aqui. O que houve? Eu pensei –

- Não pense – me cortou. – Sua mãe está exagerando. Você poderia deixar Lilly com Alice e vir para o Hospital?

Eu não estava bem acordado, ao contrário de minha princesinha que ressonava calmamente na cama. – Pode ser mais tarde? Preciso de um banho e café.

“-Não enrola, Carlisle!” – minha mãe gritou com meu pai.

Ele respirou fundo. – Não. Precisa ser agora.

Voltei a me preocupar. Se fosse algo banal poderia ser resolvido depois, pensei. Não conseguia imaginar qualquer situação que não envolvesse um familiar para que eu tivesse que ir ao Hospital de Forks com urgência.

Desliguei o telefone e o joguei em cima de um móvel próximo, seguindo para o banheiro. Após realizar rapidamente minha higiene matinal, vesti calça jeans e camisa branca de botões com as mangas dobradas.

Peguei minha filha nos braços e, antes de abrir a porta do quarto, ela já me encarava sonolenta.

- Bom dia – desejei beijando sua bochecha vermelha.

Ela sorriu e deitou no meu ombro.

- O papai vai falar com o vovô Carlisle e a titia Alice vai cuidar de você. Tudo bem?

- Quelo falar com o vovô também – encerrou a frase bocejando.


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Notas finais do capítulo

Mereço reviews, né?