Bella recusou-se a ir a consulta médica com meu pai e foi impossível convencê-la do contrário. Aceitou, apenas, tomar mais dois comprimidos de Amoxicilina ao longo do dia, pois ainda não estava bem.

Eu não fui embora. Permaneci com a mesma roupa da festa o dia todo, me sentindo o pior dos homens. A hora que chegasse em casa, a primeira coisa que faria seria queimar aquela calça jeans, a camisa de botões, a cueca e as meias.

Bella ainda estava distante, mas aceitou minha presença. Eu realmente daria um dedo para saber o que se passava em sua cabeça, mas, quando perguntei, ela mudou de assunto rapidamente. - Vou a Port Angeles esta semana para a escolha do meu dormitório.

Apesar de termos sido aceitos em Harvard não era lá que estudaríamos os quatro anos seguintes. Aplicamos para Seattle e, sem me contar, Bella também aplicou para a Universidade de Port Angeles. Quando as cartas de aceitação começaram a chegar conversamos sério sobre o assunto.

Ela só aplicou para Havard porque eu insisti. Eu apliquei para Seattle achando que ela também o faria. Porém, Bella decidiu aplicar para Port Angeles. Não precisava dizer que era porque não tinha dinheiro para uma Universidade melhor, mas eu realmente achei que ela optaria por Seattle. Não houve brigas. Eu entendia que ela jamais aceitaria meu dinheiro.

Mas ainda existiam nossos pais.

Charlie não se importou com nada. Para ele, tanto fazia se Bella estudasse ou não passasse de uma dona-de-casa. Todo o dinheiro que ela usou para pagar sua matrícula veio de seu trabalho. Fosse vendendo doces na escola, cuidando de alguma criança ou mesmo cobrando para fazer trabalhos de nossos colegas que não eram muito fãs dos estudos.

Já meus pais ficaram inconformados quando eu avisei que estudaria em Seattle para ficar mais perto de Bella. Eu jamais a abandonaria. Carlisle ficou várias semanas sem me dirigir à palavra e deixou claro que se orgulhava muito do meu irmão, que tinha conseguido Bolsa de Estudo por causa do beisebol. Emmett já tinha sido contatado por dois ou três times da Liga Principal que o viram na Liga Universitária. Esme tentava me convencer a ir para Harvard usando a desculpa de que eu poderia oferecer uma vida melhor à Bella quando me formasse.

O que me adiantava oferecer uma vida melhor para ela se não a teria por quatro anos? Apesar de novos na idade, nossos sonhos eram os mesmos de qualquer casal. Formar nossa família, ter nossos empregos e poder oferecer uma boa estrutura aos nossos filhos. Não precisávamos estudar em Harvard para conquistar isso tudo. Teríamos um casal de filhos – Eric e Elizabeth, um cachorro labrador e uma casa na árvore.

E lembrando de cada um desses detalhes, a dor no peito latejou mais uma vez. Talvez nada disso se realizasse por minha culpa.

Voltei para casa perto do horário do jantar. Meus pais estavam na sala abraçados e vendo um álbum de fotos antigas.

- Fiquei esperando por você e Bella para a consulta – Carlisle acusou discretamente.

- Bella não quis incomodar. Ela acordou bem melhor.

Corri para meu quarto e, então, me permiti desmoronar. A culpa me consumindo. Chorei como não fazia há muitos anos. Dormi por causa do cansaço mental e emocional, pois a imagem de Bella triste não saia de minha mente por um só segundo. Eu tinha sido um grande cafajeste.

Nos meses seguintes me transformei em outro homem. Todos comentavam que eu estava diferente do Edward Cullen de antes. Abandonei as festas de vez, amadureci e busquei recuperar o respeito de minha namorada. Foi fácil justificar minha mudança de comportamento: “Eu quero aproveitar nossos momentos juntos antes de irmos para a Universidade”.

Foi às vésperas do feriado de Ação de Graças que todo o meu mundo perfeito ruiu. Eu tinha passado um dia inteiro com Bella em Port Angeles. Aluguei um quarto de hotel e ficamos horas e horas nos amando.

Minha mãe e a senhora Denalli estavam na sala – Boa noite – desejei.

- Edward, seu pai, Tanya e o senhor Denalli o esperam no escritório.

“Merda!”

Por que eu sentia que estava em um grande problema eu não tinha a mínima ideia. Dei duas batidas na porta e entrei sem esperar autorização.

- Querem falar comigo? – perguntei logo de início, sem muita paciência para ter educação.

Tanya chorava silenciosamente. Meu pai e o senhor Denalli estavam sérios.

- Sente-se, Edward.

Minha única opção foi acomodar-me ao lado de Tanya, em um sofá de couro do escritório. Esperei que começassem a falar.

- Tanya está grávida e você vai assumir – assim, sem enrolação, foi como eu recebi a pior notícia de minha vida, vinda de um homem que mal troquei três palavras ao longo dos anos. O pai de Tanya estava bem seguro de tudo.

- Filho – Carlisle deve ter percebido minha cara de choque -, já arranjamos tudo. Vocês seguem para Cambridge em três dias. Já temos um apartamento mobiliado esperando por vocês.