Hard And Fast (nova capa) escrita por youcanrideher


Capítulo 8
Curiosidade, Pânico, Possibilidades, Sono e Pressa




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A primeira coisa que fiz depois de trancar a porta foi olhar para os lados, procurando Steven e Saul. Duvidei muito que fosse avistá-los, eles devem ter corrido ao tal lugar onde a "massa" havia chegado, porque Steven parecia apressado.

De qualquer forma, subi na bicicleta, fui para a o comércio e desci a rua para a esquerda. Resolvi descer a rua porque me lembrei de quando Saul me atropelou, ele estava apressado do mesmo jeito que Steven estava quando invadiu a minha casa. Depois que fui atropelada eu o segui para alguma esquina. Aquele podia ser o lugar.

Pedalei o mais rápido que pude, precisava descobrir aonde os meninos tinham ido, porque esse negócio de "massa" estava suspeito, esquisito, ainda mais porque eu nunca havia escutado aquela expressão antes.

Avistei a esquina e resolvi parar, vi de longe um grupo de cinco pessoas, sendo duas Saul e Steven. Cansada e suada, desci da bicicleta e olhei em volta. Não sabia aonde me esconder, mas continuei mantendo uma distância razoável. Avistei uma árvore à minha direita, no meio de um beco cheio de sacolas pretas de lixo. Me escondi atrás dela e e deixei minha bicicleta no pé da árvore. "Que coisa bonita que você está fazendo, Demi!" Pois é, la estava eu espionando mais uma vez!

A cena era a seguinte: Uma rua com vários prédios médios residenciais. Do lado direito da rua, eu estava atrás de uma árvore no meio de um beco sem saída. Do lado esquerdo à uns 12 metros à frente, os meninos encostados em um prédio velho. "Muito bonito mesmo, Demi!!" Briguei comigo mesma. Bem, já que eu estava ali, resolvi ficar e ver, a merda estava quase feita mesmo.

Me acomodei atrás da árvore, estava certa de que ninguém podia me ver. Comecei a observar.

O grupo era composto por 5 pessoas: duas eram homens, vestiam jaquetas e calças (O que eu achei muito estranho por causa do calor que estava fazendo), eles eram baixos e seus semblantes estavam relaxados, tranquilos. Os dois homens estavam fumando um cigarro que emanava um cheiro amargo e enjoativo. Havia também no grupo uma menina ruiva, de 15 ou 16 anos, ela usava um vestido colado e florido... Ela estava sorridente conversando com Saul, a ruiva era bastante bonita... De repente um dos homens entregou discretamente um pacote branco de papel muito pequeno para Saul, o menino o guardou no bolso de sua calça e Steven entregou sutilmente algum dinheiro para o homem e sorriu... Arregalei os olhos, "Não pode ser!" sussurrei para mim mesma. Observando perplexa o grupo conversar, senti um peso em um dos meus ombros, olhei para trás e vi um homem sorrindo maliciosamente para mim :

– Olha, o que temos aqui... Uma menina... - disse ele chegando perto do meu rosto- e uma menina bonita...

Seus olhos eram azuis quase cinza, eles me davam medo. O homem era alto, pardo, com a barba por fazer, ele cheirava a tabaco e álcool, sua voz era grossa e tinha um quê de maldade mesclado com malícia:

– O... O— tremi- o que você quer?

O homem me fuzilou com seu olhar. Engoli em seco:

– Ora... - o cara disse rindo segurando o meu braço com sua mão e alisando meu rosto com a outra- Nada demais...

Queria gritar bem alto, para que todo mundo ouvisse, mas não consegui, aquele homem me deixou estática e com pânico. Vi pelo canto do olho que os meninos ainda estavam ali, longe, sem ter a mínima ideia de que eu estava perto. Ninguém podia me ajudar.

– Venha cá. Deixe eu dar um jeito em você, garotinha gostosa!

O homem me puxou para perto de seu corpo e colocou sua mão dentro de minha blusa. Meu coração ficou acelerado de medo. Meus olhos estavam arregalados de desespero. Minha mente gritava em pânico.

– Me largue- gemi-Me solta, agora!

Tentei me soltar de seus braços, mas foi em vão. O homem riu, aproximando seu rosto do meu:

–Nananina não.- disse ele me encostando na parede do beco- É melhor nem tentar fugir.

O homem chegou bem mais perto de meu rosto, olhando em meus olhos. Senti sua respiração. Vi aqueles olhos terríveis sedentos de maldade. O cara abriu a boca para falar, nesse momento ele afrouxou suas mãos de mim, e sem pensar duas vezes me soltei de um de seus braços e o empurrei com toda força que tinha. Ele ainda estava com um dos meus braços em sua mão, em questão de segundos, enquanto o homem cambaleava, dei um chute com toda a minha força em sua canela. Ele soltou o meu outro braço, e rapidamente o empurrei, fazendo-o cair em cima das sacolas de lixo que haviam entre o beco. Com agilidade, montei em minha bicicleta e pedalei com força. Olhei para trás e vi que o homem estava correndo bem atrás de mim. Pedalei mais rápido ainda, para o meio da rua, no meio dos poucos carros que passavam por ali, só então o desgraçado parou de me seguir, mas ele me deixou um aviso:

– Da próxima vez, garotinha- gritou o homem- você vai ver, não vai ter nem chance de piscar!!

Tremi. Que homem horrível era aquele! Em plena luz do dia! Só dei graças a Deus por estar longe dele... Que sorte eu tive. O homem devia ser umas dez vezes mais forte que eu! Caramba, que sorte!

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Cheguei em casa ofegante e apavorada. Tranquei a porta e fechei as janelas. “Que se danem Saul e Steven agora! Aqui pelo menos é seguro!”.

Eu não ia contar pra minha mãe o que aconteceu, não queria deixá-la preocupada. Desejei que eu tivesse muita sorte para não encontrar-me com aquele homem de novo.

Bebi um copo d’água e fui para a minha bagunça, meu quarto. Avistei o papel que Saul tinha me entregado, o do endereço. Caminhei até ele, sentei no chão e o peguei. O endereço que estava escrito era familiar para mim, acho que já passei por ele. Me levantei e fui colocar o papel em cima da escrivaninha.

No meu quarto havia um espelho pregado na parede, do lado da porta. Passei pela frente dele e me encarei. “O que será que as pessoas vestem para ir à showzinhos como aquele? Salto alto?” Me imaginei de salto alto e disse para mim: “Nãaao mesmo!”... “Vestido?” Me imaginei com um vestido de minha mãe: “Também não.” Ri. “Saia? Não”, “Bota? Não”. Parecia que nada ficava bem em mim a não ser calça, blusa e tênis.

Suspirei.

Provavelmente, naquele bar, teriam muitas garotas e mulheres lindas, com saias, vestidos, sapatos maravilhosos e tudo mais. E eu seria a única de calça jeans, blusa e tênis.

Lembrei-me daquela ruiva que estava conversando com Saul, era bonita, eu podia ser que nem ela! Saul devia ser caidinho por aquela menina... E eu era caidinha por ele... Mas que droga!

Suspirei de novo.

Caminhei até a minha cama e me joguei nela. Só então que me lembrei da “massa”. Então era aquilo hein... Até o momento eu nunca havia visto aquele tipo de coisa, só sabia que existia, só sabia que era algo ruim... Minha mãe sempre falou para ficar longe daquilo... Mas agora eu não sei... Dava até vontade de experimentar... Que tal? Maconha? Cocaína? Heroína? Não me interessava qual delas, já era, fiquei curiosa. Pensamentos iam e viam. Adormeci

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Acordei [sim, já]. Olhei em volta e vi que já estava escurinho, talvez umas seis ou sete horas da noite e estava mais fresco, aquela era uma boa noite para assistir um filme, comer pipoca e... “Ah meu Deus! A hora!” Levantei com um susto e corri até a cozinha para ver a hora. “SETE E VINTE E OITO!!” Corri pro meu quarto, peguei uma toalha e fui em disparada para o banheiro. Chegando lá liguei a luz e fui para dentro do box, liguei o chuveiro e me enfiei de baixo dele. Peguei o shampoo e espremi na minha mão, esfreguei tudo no meu cabelo. Fiquei tão afoita que o meu olho ardeu por conta do shampoo que escorreu. Lavei meu corpo depressa e peguei o condicionador e espalhei por meu cabelo todo. Enxágua, enxágua, enxágua, enxágua. PRONTO! Saí do box, me sequei rapidamente e corri para o meu quarto. Procurei que nem louca por uma calçinha e um sutiã, tropecei trocentas mil vezes nas minhas roupas do chão e caí também. “Mas que MERDA!” Com as peças íntimas no corpo parei. Enrolei a toalha no cabelo e pensei... “E agora? Que roupa? Droga!” Andei para lá e para cá. Sentei, deitei, resmunguei, rolei no chão, vasculhei meu guarda roupa inteiro e não tinha NADA para a ocasião!

“TOC TOC TOC!” Alguém batera na porta. “QUEM É?!” Gritei. E em resposta ouvi um grito de Steven:

–SOMOS NÓS, DEMI!!

“Mas o que? Já chegaram?”:

– JÁ TO INDO! UM MINUTO!

Filhos da mãe! Chegaram mais cedo! Que raiva! Agora mesmo que eu ia sair que nem uma mendiga. Peguei uma calça jeans no armário e vesti a primeira perna.

“TOC TOC TOC”:

– ANDA, DEMI!

– JÁ VOU, SEU PORRA, ESPERA!

Vesti toda a calça, procurei por uma blusa. Achei uma regata branca justa e a vesti. Ouvi risadas, parecia que eles adoravam me provocar:

– DEMIIIIIIIIIII! SE APRESSA!

Dessa vez foi Saul.

– JÁ DISSE QUE EU TO INDO SEU IMBECIL!

Ótimo, faltava agora só um par de tênis , olhei em volta e não o achei:

– DEEEMIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIII!

Os dois gritaram. Resolvi não gritar mais, fui procurar em baixo da cama:

– DEEEMIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIII!

Achei! Nem quis colocar meias, enfiei os tênis nos pés:

– DEEEMIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIII!

Corri para o quarto da minha mãe e peguei um lápis de olho. Delineei as pálpebras superiores e só:

– DEEEMIIIIIIIIIIIIIIIIIII!

Não aguentei:

– PORRA SEUS MERDAS!! CALEM A BOCA! JÁ DISSE QUE EU ESTOU INDO!

Risadas e risadas. Odeio que fiquem me apressando.

Peguei um pente e penteei o cabelo, dei uma bagunçada nele, fui até a porta e a abri:

– DEEEEMM...

“CLAP, CLAP” Dei um tapa na cara dos dois:

– Só levando porrada que vocês calam a boca?

– Ai, sua vadia!

– Doeu, Demi!

Os dois reclamaram. A única coisa que fiz foi rir. Em seguida falei rindo pegando os dois pelo braço:

– Vamos gente, temos que ir.




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Notas finais do capítulo

Demi pensando: 4I C0M0 EH B0M S3R VIDA L0K444