Highway To Glory - Season 2 escrita por ThequeenL


Capítulo 3
Três - Clove


Notas iniciais do capítulo

Demorei infinito.
Agradecimentos á Clovely pelos nomes "Pia (que eu só coloquei um h, mas a ideia inicial foi dela) e "Thorment" que eu estava sedenta para usar :)
Espero que gostem do capítulo (de verdade, estou com os dedos cruzados)



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/231095/chapter/3

Foram embora. Se ao menos tivessem levado a pirralha e o gato com eles. Além disso, nos deixaram apenas um pacote marrom. Cato trouxe-o para a cozinha, onde começamos a abri-lo, Phia nos ajudando a rasgar o envoltório. Dentro havia roupas similares às que usávamos nos jogos, além de armas e dois celulares. Cato olhou para o conteúdo meio preocupado

“Confuso?” Perguntei, me aproximando

“Um pouco. Pensei que Katniss tivesse dito que Haymitch nos enviaria o que fosse necessário amanhã de manhã, mas já está tudo aqui”

“Verdade. Talvez amanhã venha um mapa ou algo do tipo, Afinal de contas, não fazemos nem idéia de como sair da cidade antes do Snow chegar, e pelo que parece já começaram a contagem regressiva”

Cato deu de ombros e foi deitar-se no sofá da sala, onde a TV permanecia ligada 24 horas. Ao contrário do rádio, ela emitia apenas notícias triviais pró- governo, dando a entender para os telespectadores leigos que estava tudo na mais perfeita ordem em Panem. Juntei-me a ele na sala e não tardou muito para cairmos no sono com as luzes ainda acesas. 

                                                 ...

Acordei ansiosa, sentindo que o tempo já estava prestes a esgotar, sentindo que alguma coisa muito errada ia acontecer. Cato ainda dormia com os braços cruzados sobre o peito e a expressão fechada, preocupado também mesmo em sonho. Preparei duas canecas de café e deixei uma sobre a mesa, esperando por ele. Fui até a varada e sentei de pernas cruzadas no chão frio enquanto tomava um bom gole do café fervendo. Lá fora estava tudo tão parado que chegava a ser preocupante. Seria bem o estilo de o Snow retornar fazendo o maior rebuliço, então porque ainda não havia começado? O prazo já expirara faz certo tempo e ele já devia ter voltado com os reforços das “nações amigas”. Eu nem sabia que existia algo fora de Panem digno de atenção. Mas Snow deveria estar esperando uma situação como esta para dar alguma atenção para tais nações também.

Fiquei vários minutos em silêncio profundo, apenas respirando sem sentir sequer um suspiro sussurrar sorrateiro saindo das sombras dos prédios solados de sol pelo céu. Só um leve zumbido em som de SS feito pelo vento enquanto batia nas folhas das árvores sintéticas da praça lá embaixo. Então no meio do silêncio pude ouvir um assovio claro e alto, e arrepiei assustada. Dei um salto e me pus de pé segurando na grade do parapeito, procurando alguém nas ruas lá embaixo. Não encontrei nenhuma viva alma vagando pelas construções, e, no entanto, o assovio só fazia aumentar. Comecei a reunir minhas adagas e prendi o cabelo rápido, porque agora além de um assovio ritmado, havia o som muito próximo de alguém subindo escadas. Parei de frente para a porta de entrada do apartamento e esperei ofegante, com armas em punho, mas ao invés de arrombar, a pessoa do outro lado tocou a campainha. Abri a porta rapidamente e quase caí das pernas:

Parado na minha frente estava Filos, o garoto do distrito 3 que eu tinha certeza, até agora, que Cato havia matado na arena!

Abaixei a adaga e levantei uma sobrancelha, confusa, antes de chamar por seu nome

“Filos? É você mesmo?” Perguntei sinceramente surpresa. O rapaz na porta deu um sorriso torto e ajeitou os cabelos sobre a testa, enquanto encostava-se à soleira. Revirou os olhos e começou a falar

“Não acredito que me confundiu com ele, você parecia mais observadora pela televisão, Clove. Meu irmão mais novo está morto, se lembra? Foi o seu príncipe encantado quem matou. E, além disso, eu sou muito mais bonito do que o Filos, não acha?”

Irmão?

Agora observando melhor pude entender o que ele falava. Ele era muito maior e mais forte que Filos, além de ser claramente mais confiante e comunicativo que o irmão. Tinham a mesma pele bronzeada, os mesmos cabelos castanhos e os olhos azuis, mas fui obrigada a concordar que a combinação caia muito melhor no mais velho. Enquanto avaliava sua imagem percebi que ele vestia roupas iguais às que Haymitch havia nos enviado pelo pacote de ontem, e fiquei ainda mais intrigada com a situação toda. Ele cortou minha linha de pensamento antes que eu pudesse perguntar alguma coisa

“Vou ficar para sempre aqui fora, ou você vai me convidar para entrar?” Ele perguntou aproximando o rosto do meu sem nenhum precedente. Fui rápida e me esquivei, deixando de ele passasse e caminhasse em direção a uma cadeira na bancada da cozinha.

“Você não tem nome?” Perguntei rude. Ele pegou a caneca que estava sob a mesa e tomou um gole do café sem ser autorizado, depois limpou as botas no carpete demonstrando rebeldia antes de levantar o olhar para mim e sorrir pretensiosamente outra vez

“Thorment Flagel, Irmão mais velho de Filos Flagel, soldado encarregado de guiar você e o “Encantado” até o distrito 1, e depois até o distrito 2.”

“Pensei que Haymitch nos mandaria um mapa!” Disse indignada. Eu e Cato não precisávamos de babá.

“Eu sou o mapa de vocês” Thorment respondeu, tentando ser engraçadinho. Pensei em como ele ficaria ótimo triturado num liquidificador junto com Phia e o gato dela. Assim que pensei em seu nome, a criaturinha apareceu pelo corredor e foi correndo em minha direção, esfregando os olhos e bocejando sonolenta. Esticou os braços esperando que eu a carregasse, e eu dei impulso na perna para chutá-la, mas Thorment levantou-a no ar a tempo e colocou-a no colo.

“Vocês são rápidos ein, Ruthless? Já tem até uma filha! Ela é a cara do Greedth, devo dizer.” Ele provocou, avaliando Phia. Rosnei para ele e espetei minha adaga no forro da mesa, bem próxima ao braço dele, antes de me sentar na outra ponta da mesa.

“Esse treco não é nosso. Tive o azar de encontrar por aí e nos mandaram ficar com ela e com o gato dela também, ele não deve demorar aparecer. Você pode ficar com eles se quiser Thorment”

“Chame-me de Thorm, e não, obrigado, mas não tenho interesse nenhum nessa criatura. Agora me diga, onde está o seu herói? Ou será que estamos sozinhos nessa casa?” Perguntou audacioso, piscando para mim e tocando meu joelho de leve. Fiquei indignada com tamanha ousadia e pensei em atravessar o braço dele com aquela faca, que já estava tão próxima dele. Era natural que ele não nutrisse um carinho por Cato, já que este tinha matado seu irmão, mas ainda assim era meio exagerado ficar debochando dele a toda hora, e pior ainda era pensar que poderia tocar em mim. Antes que eu pudesse retrucar, Cato despontou vindo da sala e ao ver Thorm sentado já foi ficando vermelho de raiva. Thorm apenas virou a cabeça na direção dele e lhe deu um sorriso provocativo. Isso vai ser problema, esse garoto não vai durar dois dias.

“Olá Cato, você estava aí? Desculpe, achei que a Ruthless já tinha enjoado de você e te picado com alguma lâmina. Eu sou Thorm, seu guia” Sua voz soou idêntica àquelas propagandas falsas da Capital, e vi as mãos de Cato se fechar ao lado do corpo. Levantei depressa da cadeira, apreensiva.

“Dê-me dois motivos para eu não matá-lo agora.” Ele me pediu, ansioso para matar Thorm da mesma forma que matou Filos. Eu não me sentiria triste caso Thorment sumisse, mas infelizmente ele era necessário, e não poderia ser morto agora.

“Precisamos dele para sair da cidade, e estamos em dívida com a família, já que você matou o irmão dele sem precisão nenhuma.”

Cato olhou confuso, e então reparou na semelhança e ligou os pontos. Contrariado, ele falou quase sussurrado para Thorment

“Toque nela de novo e eu arranco o seu braço. Você ainda poderá nos guiar se estiver faltando alguns pedaços”

“Ta certo, ta certo. Juro que não encostarei um dedo nela, a menos que ela queira”

“Seu...” Comecei levantando a mão, mas ele jogou Phia em cima de mim e tive que segurá-la.

Ele se virou para Cato novamente para tripudiar: “Viu? Disse que não a tocaria com um dedo sequer, e ela já veio me tocar com cinco!”

Cato teria avançado nele se não tivesse caído uma bomba lá fora. Viramos todos para a janela e pude sentir meu rosto ficando lívido de pavor. Centenas, milhares de aerodeslizadores cobriam o céu da cidade, formando uma imensa nuvem metálica. O míssel era apenas um alerta, eles não pretendiam destruir a cidade. Eles queriam reocupá-la. Estávamos terrivelmente atrasados. Não daria mais de vinte minutos para ter alguém da Capital cercando o apartamento.

Eu e Cato corremos para colocar as roupas da missão enquanto Thorment fechava todas as cortinas e trancava as portas, além de recolher tudo que iríamos levar inclusive as mochilas, Phia e o gato. Em menos de dez minutos estávamos todos devidamente alinhados e armados para a situação. A face descontraída de Thorment tinha sumido e dado lugar a um rapaz sério e autoritário, que disparava ordens para cada um de nós na velocidade de uma flecha

“Cato, você vai comigo na frente, nós vamos descer pelas escadas porque as pessoas da Capital nunca vão pelo caminho mais trabalhoso, e quando chegarmos lá em baixo vocês me seguirão pelas ruas que eu apontar. Clove, você leará a menina e o gato, eles são sua responsabilidade, se acharem os dois, nos acharão também.Há cerca de dois quilômetros existe uma estação de trem controlada por pacificadores, ainda em funcionamento que pega cargas de outros distritos e traz para a Capital, e é em um dos trens em que vamos viajar clandestinos para o distrito 1. Pode ser que vocês conheçam alguns dos pacificadores, já que eles são treinados e recrutados no distrito de vocês, mas é terminantemente proibido entrar em contato com qualquer um deles. Estão todos caçando vocês em nome do governo, e não queremos que ninguém descubra, pelo menos por enquanto, que vocês, Katniss e Peeta ainda estão vivos. Vamos ser rápidos e silenciosos, nada que vocês não tenham sido treinados para ser. Entendido?”

Acenamos positivamente, e cada um com sua mochila nas costas (eu com Phia e o gato presos contra meu peito) desceram as escadas correndo, a adrenalina espalhando por todo o corpo. Finalmente um pouco de diversão. Já estava quase me esquecendo de como era vivo estar em uma batalha. Se tivesse sorte, talvez pudesse até matar alguém no caminho até a ferroviária.

Felizmente não fomos vistos o longo do percurso, e ao chegar à estação Thorment cortou o pescoço de um pacificador para que pudéssemos entrar num vagão de cereais sem alarde. Ficamos escondidos atrás das enormes sacas de grãos, e Thorm tirou da própria mochila um macacão branco de pacificador e vestiu rapidamente por cima da roupa. “Fiquem aqui” ele ordenou, e saiu do vagão em direção à cabine do maquinista. Estávamos em um vagão próximo, e conseguimos ouvi-lo conversar com o maquinista de maneira surpreendentemente descontraída, como se fossem realmente do mesmo time.

Ele soltou uma risada verdadeira quando o Pacificador que conduziria o trem fez uma piada racista sobre os rebeldes e por um tempo cheguei a pensar que ele tinha mudado de lado. Thorm comentou sobre a volta do pessoal do governo e o homem lhe deu mais algumas informações e disse que teria de acabar a conversa porque já estava na hora de ir pegar mercadorias no distrito 4, e Thorment se despediu dele como se fossem melhores amigos, dizendo que iria para o centro da cidade comemorar a chegada do Presidente. Assim que o maquinista voltou sua atenção para a máquina, Thorm pulou para dentro do nosso vagão e se juntou a nós enquanto o trem começava a entrar lentamente em movimento.

“Você é bom nisso” Comentou Cato, também surpreso com a performance de minutos atrás.

“Vocês acharam que eu tinha entrado na equipe especial apenas pelo físico? Os rebeldes também sabem treinar bem um exército. Vocês não estão no lado desorganizado.” Ele respondeu enquanto nos passava outros dois macacões brancos

“Estes são para quando formos descer do trem. Seus rostos são conhecidos, por isso mesmo com essas vestes é melhor não facilitar.”

Peguei meu macacão e olhei em volta. Phia e o gato dormiam alinhados em um saco de trigo, Cato me fitava sem expressão no rosto, e Thorm olhava para longe. Segui seu olhar e encontrei a fresta no portão do vagão por onde a luz entrava. Consegui ver lá fora, ao longe, uma infinidade de homens e mulheres fardados descendo dos aerodeslizadores, escoltando famílias de cabelos coloridos e roupas exorbitantes que retornavam. A Capital havia entrado na guerra de vez.

E num palanque montado na praça principal, subiu um homem vestindo um terno branco com uma rosa rubra no bolso. Sua voz ecoou por todos os prédios quando Snow falou para a multidão que só aumentava

“Bem vindos de volta ao lar, hora de colocarmos ordem na casa, não acham?”.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

eu preciso MUITO que vocês vejam como eu imaginei o Thorm galera, então taí o link da foto que eu me baseei para escrever ele:
http://a5.sphotos.ak.fbcdn.net/hphotos-ak-prn1/532131_447510578612592_1948675062_n.jpg
quem ver me fala o que achou dele, rs :)



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Highway To Glory - Season 2" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.