Leah escrita por Jane Viesseli


Capítulo 9
Um Rápido Primeiro Encontro




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Um delicioso cheiro de panquecas se espalha pela casa, incentivando toda a família Clearwater a levantar da cama. Sue é a primeira a se levantar, trocando-se rapidamente para averiguar que milagre acontecia em sua casa, já que era a única que cozinhava ali e não era ela que estava preparando o café da manhã.

― O que está fazendo fora da cama, rapazinho? – pergunta, cruzando os braços e franzindo a testa ao ver Lucian na cozinha. – Volte para o quarto e vá se deitar agora mesmo!

― Eu já estou melhor, Sra. Clearwater…

― O que está fazendo aqui? – pergunta Leah enfurecida, entrando na cozinha com os cabelos ainda desalinhados, interrompendo-o. – Volte para o quarto agora mesmo.

Leah marcha em direção a ele, agarrando-o pela mão e o puxando de volta para o seu local de repouso. Somente ao adentrar o cômodo, é que a quileute se dá conta do que fizera e sente o aperto quente ao redor dos seus dedos. Ela encara os olhos arregalados do lobo, que não entendia a motivação de seu comportamento e, ao mesmo tempo, sentia uma corrente de eletricidade invadir-lhe o corpo fazendo seu coração acelerar.

As mãos unidas formavam uma conexão perfeita, quanto mais tempo ficava perto de Leah, mais Lucian tinha certeza de que ela era o eixo de sua vida. Leah pressiona os lábios, segurando o sorriso que queria brotar em seus lábios, ouvir as batidas aceleradas do coração dele lhe trazia uma sensação boa, algo que não sentia há muito tempo. A situação também poderia ser encarada como engraçada, pois, quem imaginaria que um lobisomem tão experiente se agitaria por um ato tão simples? Mas Leah sentia mais acalento do que graça, em toda aquela situação, e não ousou rir dele em nenhum momento.

― Agora vá se deitar – manda, de maneira estranhamente gentil, apontando para a cama. – Se quiser me levar para sair, terá que estar 100% recuperado… A não ser que não queira – cogita, dando um sorriso maroto e colocando as mãos na cintura.

Lucian abre a boca surpreso. Ela estava se convidando para um encontro? Ele não conseguia acreditar na mudança repentina do clima entre eles, e no comportamento de Leah, que tão de repente o abordava. O cherokee vinha desejando convidá-la para sair há dias, e quando a oportunidade finalmente aparece, nem sequer parecia real.

― Está falando sério? – pergunta ele, incrédulo.

― Mais sério que minha própria existência – afirma, empurrando Lucian de volta para a cama. – Porém, determino uma condição.

― E qual seria?

Leah o obriga a se deitar e o encara seriamente, deixando crescer o clima de suspense. Ela se aproxima do rosto dele de repente, fazendo-o se perder no escuro de seus olhos e prender a respiração de forma inconsciente. Agora que sabia do que ele gostava, a quileute percebeu que poderia exercer mais poder do que imagina sobre ele, o que seria… Divertido!

― Conquiste-me, se for capaz! – desafia, erguendo-se e partindo em direção à cozinha.

Lucian sorri. Estava feliz, Leah estava nitidamente o provocando, mexendo com o seu imprinting e isso o deixa muito feliz, pois significava que ela não era avessa a ideia de ficarem juntos ou de tê-lo por perto. Ele estava conseguindo se aproximar de seu coração, mas não fazia ideia de como havia dado aquele importante passo. Respirando fundo, o cherokee deixa seu corpo relaxar e se esparramar pela cama, enquanto suas narinas se enchiam do cheiro da quileute, que estava impregnado em todo o quarto.

― Eu sou capaz – sussurra para si mesmo, sorrindo abobalhado –, tenho certeza!

Levou mais dois dias para que o rapaz se recuperasse por completo e Sue o deixasse andar livremente pela casa. E durante esse tempo, Lucian e Leah acostumaram-se com a presença um do outro, apesar de dificilmente manterem uma conversa por mais de dois minutos. Ela lhe trazia café na cama, pela manhã, o buscava furiosa todas as vezes que ousava fugir do quarto e o obrigava a tomar o xarope cherokee, que logo depois descobriu não ter um gosto bom. Já Lucian, apenas a observava entrar e sair do quarto, admirava seus momentos de fúria quando fugia do seu repouso e, quando ninguém estava por perto, fuçava as coisas de Leah.

Quando finalmente se viu livre para sair da casa e parar de ser tratado como uma criança, Lucian já não encontrava mais suas antigas roupas, e, ao refletir sobre o assunto, percebeu que não as via desde que Sue o obrigou a usar as roupas de Seth.

― O que está fazendo? – pergunta Leah curiosa, ao perceber ele procurava algo.

― Minhas roupas, o que fizeram com elas?

― Ah, eu as joguei fora, estavam fedendo – responde indiferente.

Lucian faz uma careta de indignação e senta-se na cama, enquanto Leah remexia nas gavetas de sua cômoda, retirando três embrulhos e os lançando ao lado do cherokee, que os observava de forma curiosa. Ele havia visto os pacotes na gaveta, no dia anterior, enquanto remexia as coisas da quileute, mas desconhecia o conteúdo deles e não ousava a abri-los, temendo ser descoberto.

― São pra você – revela Leah, enfiando as mãos no bolso da bermuda. – Achei muito legal da sua parte usar todas as suas economias com sua irmã, então comprei isso pra você. – Olha para os lados, desconcertada, tentando fugir do olhar surpreso Lucian, que logo depois passaram a transmitir sua imensa gratidão.

Ele abre um enorme sorriso, apanhando o primeiro embrulho e o abrindo, fazendo o coração da garota acelerar com a expectativa. Como o dono de um sorriso tão magnífico e simpático, poderia ser perigoso como diziam as velhas histórias de Billy? Leah realmente não conseguia entender e tampouco acreditar nelas, tudo o que sabia era que gostava daquele sorriso, gostava do comportamento e da importância que ele dava aos seus laços familiares, gostava… De tudo.

― Uau! – vibrou ele, a cada peça de roupa nova que ganhara.

Lucian parecia uma criança recebendo um presente de Natal, não necessariamente por ter roupas novas, mas pelo fato de tê-las ganho de Leah. A alegria em seu peito foi tanta, que não pode mais ser contida, e se exteriorizou na forma de um abraço forte e alguns giros que fizeram os pés de Leah saírem do chão. Ela protesta, sentindo-se aturdida a cada rodopio, entretanto, o cherokee somente parou quando a própria tontura o fez cair sobre a cama, por cima dela.

Leah o encarava com seu olhar penetrante, ainda sentindo a cabeça girar. A parte exposta de sua pele formigava pelo excesso de contato com ele, de alguma forma a temperatura dele também acalmava o seu coração, parecendo ter o poder de fazer o tempo parar e os problemas desaparecerem. Lucian ergue uma das mãos em direção ao seu rosto, colocando uma mecha de seu cabelo atrás da orelha e se aproximando cautelosamente, até que suas testas estivessem coladas.

― Eu te amo! ♥

A quileute mantém o contato visual firme, respirando profundamente e enchendo os pulmões com o aroma de Lucian. Suas bochechas se avermelham, era a primeira vez que ele dizia tais palavras e seu coração estava batendo tão rápido, que parecia querer sair de seu corpo. Borboletas voavam intensamente em sua barriga, porém, sua boca estava travada. Leah não conseguia responder aquela declaração, será que realmente o amava? Não queria iludi-lo, não queria fazer com ele o que Sam um dia lhe fez, então, permaneceu calada.

Entretanto, para Lucian, palavras não eram importantes, o som de seu coração batendo rápido e forte era o suficiente para aquele momento.

― Venha, vamos sair! – alerta, se levantando rapidamente e puxando-a pelo braço. – Estou 100% recuperado e você me deve um encontro.

― Você ainda se lembra disso? – questiona, enquanto o cherokee retirava a camisa sem pudores. – O que está fazendo?

― Trocando de roupa, ou você acha que vou sair usando as roupas de Seth? Fala sério, são muito curtas e de um gosto um tanto duvidoso.

Lucian coloca uma camisa de manga comprida cinza e um colete jeans sem mangas, se retira para o banheiro a fim de vestir o restante de suas roupas novas, e quando retorna, com os cabelos presos num rabo de cavalo e uma bandana na cabeça, ele se posiciona na frente de Leah, com os braços abertos como uma mercadoria em exposição.

― E então, o que acha?

― Muito bonito, eu realmente tenho um ótimo gosto pra roupas masculinas – responde convencida, colocando a mão no queixo.

― E você, não vai se arrumar?

― Já estou pronta – responde, cruzando os braços –, vou assim mesmo.

Leah havia enterrado sua feminilidade há muitos anos, quando se tornara uma loba e fora impedida de sequer ter um corte de cabelo de sua preferência. Para ela, uma bermuda jeans, uma regata de qualquer cor e seu tênis velho sem meias, era a roupa ideal para qualquer ocasião. Lucian a olhou dos pés à cabeça e sorriu, não se importando com as roupas, pois tudo o que viu nela foi beleza e perfeição, como quando a viu pela primeira vez.

― Então vamos, estamos perdendo tempo! – diz Lucian, segurando o pulso direito de Leah e a impulsionando para fora da casa, ouvindo apenas um “bom passeio” de Sue ao saírem.

Por onde passavam, o casal indígena atraía olhares. Os pescadores, que já conheciam o rapaz, o saudavam alegremente por ter arranjado uma namorada tão bonita, atraindo os olhares de outras pessoas e deixando a quileute bastante encabulada. Pela primeira vez, desde seu trágico fim de namoro com Sam, Leah se sentia viva e capaz de ser a companheira de alguém. E depois de alguns minutos, como se os seus pensamentos tivessem poder para atrair as pessoas, eis que Sam cruza o caminho do casal, sendo seguido por outros lobos do bando.

Todos eles pareciam caminhar casualmente por ali, mas, ao se cruzarem, Lucian segurou a mão de Leah como se algo ruim estivesse prestes a acontecer, como se tentasse evitar que os quileute a arrancassem dele. Billy, que também os acompanhava, impulsiona sua cadeira de rodas para a frente do grupo e os encarava, enojado, com dezenas de pensamentos hostis enchendo seu cérebro.

Lucian continua sua caminhada, conduzindo-a lentamente como se nada de ruim estivesse acontecendo em todas àquelas mentes. Sam lança um olhar questionador para Leah e um desafiador à Lucian, estava nítido que ele também não se agradava com o que estava vendo, seja lá o que fosse… No entanto, o cherokee se limitou a sustentar o olhar do alfa quileute e saudá-lo com a cabeça, não parando para conversar. Ele sabia, graças ao seu imprinting, que Sam foi o responsável pela maior decepção que Leah já tivera em sua vida, e não se conteve, tinha que mostrar a ele que estava disposto a lutar e conquistar o coração dela.

― Venha – diz Lucian, arrastando a garota para a praia.

― O que vamos fazer na praia?

― Não tive tempo de planejar nosso primeiro encontro, mas não quero que ele fique marcado por olhares desaprovadores.

Ambos os lupinos caminhavam calmamente sobre a areia da praia, apreciando a brisa fria que vinha do mar e conversando sobre coisas banais, como: músicas, filmes, livros, comidas preferidas e manias esquisitas. Desde o encontro com os demais quileute, nenhum deles fez menção de soltar as mãos, que ainda estavam fortemente unidas.

― Me diga, Leah, como você se sente andando com o lobisomem mais lindo do mundo? – questiona convencido, com um sorriso mal contido nos lábios.

― Não se gabe tanto – responde irônica –, eu sei que você tem 92 anos, não passa de um velhote metido a galã. – Sorri sarcástica.

Correspondendo ao seu sorriso, Lucian agarra a quileute pela cintura, pegando-a e surpreendendo-a com um movimento rápido e preciso, unindo os seus corpos. Com uma mão, o cherokee a mantinha presa num abraço letal e com a outra, segurava a mão dela em seu peito. Ele desliza a mão da loba audaciosamente pelo seu tronco até chegar ao abdômen, fazendo-a sentir cada centímetro de seus músculos sobre a camiseta.

― Este é o corpo de um velhote? – pergunta irônico, sorrindo diante do misto de constrangimento e apreciação que brincava nos olhos de Leah. – E esse cheiro, é o de um velho? Por acaso um velho conseguiria fazê-la reagir assim?

Lucian se aproxima do seu pescoço, depositando um beijo lento e fazendo um calafrio subir pela coluna de Leah, ao sentir os lábios dele em sua pele. Aquele de fato não era o beijo de um ‘velho’! Por um momento, Leah sentiu-se como uma frágil humana novamente, presa nos braços de Lucian e sem encontrar forças para sair. Ela não sabia o que dizer, não sabia como reagir, não sabia como fazer seu coração se aquietar e nem como arrancar as malditas borboletas de seu estômago.

Outro beijo foi depositado em seu pescoço, e outro, e outro, e mais outro, fazendo com que suas pernas fraquejassem. Se não fossem os braços que a rodeavam, e seus próprios braços apoiados sobre os ombros dele, Leah podia jurar que cairia. Ela estava totalmente entregue, de guarda baixa, com os olhos fechados aproveitando cada sensação, cada beijo, enquanto sentia a outra mão de Lucian brincar em seus cabelos rebeldes.

― Fiu, fiu – caçoa um turista loiro que passava pelo local, acompanhado de uma garota. – Olha o casalzinho se agarrando na praia. – Ri. – Poderia ter tido um gosto melhor e escolhido, pelo menos, alguém que se parecesse com uma garota!

Lucian ergue o rosto e ajeita a postura, sentindo Leah abaixar a cabeça e esconder o rosto, apertando fortemente o tecido de sua jaqueta jeans. Por mais que seu rosto não demonstrasse, ela sentia-se envergonhada e muito magoada, contudo, por estar imersa em seus próprios pensamentos, Leah não foi capaz de enxergar o semblante enfurecido do cherokee, que fixou o rosto do ofensor em sua memória, pois não deixaria aquilo passar impune!


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Notas finais do capítulo

Os recadinhos me deixaram muito feliz, obrigada a todooos ♥ ♥
E no próximo capítulo: As coisas ficarão meio estranhas em La Push. Leah será chamada para uma reunião de emergência na clareira e Lucian resolve acertar um 'assunto pendente' com o turista oxigenado...
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