Leah escrita por Jane Viesseli


Capítulo 36
A Fuga – Parte I




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As portas do grande salão se abrem e o vampiro entra com a lobisomem branca enjaulada, causando espanto em todos os presentes. Aro se levanta de seu trono e se aproxima deslumbrado, mal se dando conta que aquele “caçador” era apenas um fantoche nas mãos de Evi.

― Mestre Aro. – Faz uma reverência. – Trouxe este animal para suas pesquisas, o encontrei vagando por Volterra. Espero que lhe agrade...

― Esplêndido, um presente magnífico de fato. Você conhece a fera, Kiary?

A cherokee se aproxima da jaula e analisa a fera branca. Evi sente um calafrio subir-lhe a espinha, o que Kiary estava fazendo ali? Seria mesmo uma traição à sua própria espécie? Ela já havia conhecido a garota numa de suas visitas aos sobrinhos, mas não sabia se havia revelado sua forma lupina a ela... Se Kiary a reconhecesse naquele momento, tudo estaria perdido!

― Não conheço nenhum lobisomem branco, mas lhe garanto que é uma mulher.

Kiary coloca o braço para dentro da jaula tentando tocá-la, mas Evi a ameaça com um rosnado. Ela não estava dopada, apenas fingia estar... A verdade é que a lobisomem apenas fingira uma briga e, no primeiro dardo tranquilizante, simulou um desmaio para que pudesse entrar no castelo com a sanidade intacta.

― Uma fêmea! Que maravilhoso! – Vira-se para o vampiro. – Leve-a ao laboratório, tratarei de recompensá-lo muito bem por este presente.

O vampiro assente com ar vitorioso e arrasta a jaula para o laboratório, fazendo Evi rir interiormente. Como estava sendo fácil, poderia ter poupado dias e mais dias de planejamento, se tivesse agido por impulso logo no princípio.

As portas do laboratório se abrem e a jaula da cherokee é colocada ao lado de outra. Aquele era realmente o seu dia de sorte, o local estava vazio, a lobisomem franzi o nariz com o cheiro repugnante daquele lugar e força os olhos a se adaptarem a má iluminação... Mas o que era aquilo ali na jaula ao lado? Aquele era mesmo quem ela pensava que fosse?

Evi se choca com a cena do sobrinho pendurado pelas mãos, seu corpo mais magro do que costumava ser, grandes olheiras abaixo de seus olhos, seus cabelos compridos que se orgulhava tanto, agora cortados e lançados ao chão como se nada representassem.

Lucian, o que fizeram com você!— pensa, com olhos agoniados.

― Evi? – murmura ele após ler seu pensamento.

Não me reconheceu?

― Não posso sentir cheiro algum – sussurra sem forças – e minha vista está um pouco embaçada...

Por que ainda está aqui? Por que não fugiu?— grita.

― Não queria estar aqui – Pensa, resolvendo dizer a verdade. – Na verdade, não queria nem estar vivo.

Pare de dizer besteiras, precisa voltar pra casa e cuidar da sua garota.

― Ela está morta! – responde num fio de voz.

Ela não está morta, quem lhe contou esse absurdo?

― Aro.

Oh céus!— Pausa, respirando fundo. – Lucian, preste atenção em mim, Leah está viva. Eu inventei sobre sua morte para que não tentassem contra sua vida. Eu lhe mostro tudo!

Evi retoma as cenas de sua chegada a La Push, trazendo à mente as imagens dos lobos em luta e da quileute ao chão, com Hana em sua guarda. Todos os acontecimentos seguintes fluíram pela mente da lobisomem com rapidez, sendo lidos com atenção pelas habilidades do lobo.

Uma lágrima solitária escapa de seus olhos, ao mesmo tempo em que um raio de esperança se acende em seu olhar. Leah estava realmente viva, seu coração acelera enlouquecidamente, como se mil cavalos corressem dentro de seu peito, enfim lhe gerando energia e fazendo a dor desaparecer. Agora tudo fazia sentido em seu mundo de novo.

― Ela está...

Não fale!— Interrompe. – Eles pensam que ela morreu e devem continuar assim.

― Eu não sei como sair daqui, mal tenho forças pra falar e nem sequer sinto meus braços, por estar muito tempo nessa posição.

Olhe bem para mim, Lucian.— Ele obedece, mesmo não conseguindo enxergá-la direito. – Você confia na Tia Evi?

― Sim.

O que estão fazendo com você neste lugar?

― Experiências e pesquisas.

Então, apenas faça o que sempre faz.— Revira os olhos. – Eu abrirei a brecha para nossa fuga!

Valeska retorna ao laboratório a passos largos, com um pequeno prato em mãos e dando uma rápida analisada em sua nova cobaia. A vampira abre a jaula de Lucian, depositando o prato no chão e saindo rapidamente.

― Hora do lanche, deixe de fazer charme e coma tudo como um bom ratinho de laboratório.

Ela tranca a portinhola novamente e caminha para o leme ali perto, que estava conectado diretamente às correntes que prendiam e cherokee. Bastou girá-lo para a esquerda algumas vezes, e o corpo de Lucian começou a descer das alturas vagarosamente, até chegar ao solo.

Seus pés tocam o chão, mas não conseguem aguentar o peso de seu corpo e logo cedem, fazendo-o se prostrar. Seus braços, que ainda estavam presos pelas correntes, caem em frente ao seu corpo de forma desengonçada.

Coma— pede Evi em pensamento.

― Comida feita por vampiro? Que nojo, aposto que está envenenada – pragueja.

― Não está envenenada – retruca a doutora, estranhando a atitude do cherokee. — Foi comprada num fastfood, agora cale-se e coma.

Lucian demora a restabelecer o controle de seus braços e, quando finalmente consegue, tenta comer. Entretanto, depois de tanto tempo de alimentação precária de alguns dias se recusando a comer, ele acaba por passar mal e colocar tudo para fora.

― Esta há tanto tempo sem comer que seu estômago rejeita o alimento – esbraveja a vampira –, mas como está disposto a colaborar, vou buscar algo mais leve. – Se dirige ao leme para içá-lo antes de sair, mas é parada pelo rosnado de sua nova cobaia. – Estava quase me esquecendo de você. – Se aproxima da jaula de forma curiosa. – Um novo ratinho de laboratório, dessa vez, branco.

Evi recua alguns passos tentando demonstrar medo, desejando que a doutora acreditasse em sua insegurança e chegasse ainda mais perto.

― Vamos, mostre-me sua forma humana, fera medrosa. – Se aproxima ainda mais das grades.

Com prazer!

A pelagem branca da fera se desfaz diante dos olhos da vampira, revelando a garota miúda de descendência indígena, que corre em sua direção e agarra seu jaleco por entre as barras de sua jaula.

― Olhe no fundo dos meus olhos, doutora – Sorri, revelando seus olhos lupinos. – Como uma vampira inteligente que é, prefere deixar o lobisomem no chão, pois a má circulação de seu corpo atrapalhará suas pesquisas...

Evi recua alguns passos, como se nunca tivesse saído de seu lugar, e quando a vampira desperta de sua hipnose, decide sair sem elevar Lucian do chão, alegando que isso estava atrapalhando em seus estudos.

Valeska sai do laboratório às pressas, deixando um vampiro qualquer como vigia dos dois prisioneiros. Evi sorri satisfeita, pensando que, ou aquilo estava ficando fácil demais, ou ela definitivamente tinha muita sorte.

― Eu estou com fome – grita, batendo nas barras de aço.

― O que está fazendo, retardada? – resmunga Lucian.

― Eu estou com fome e quero comida – grita em resposta, pedindo em pensamento para que ele colaborasse.

― Vigia, traga algo pra esta louca, faça ela se calar! – grita Lucian com dificuldade.

O vampiro entra no laboratório irritado com a gritaria e, ao tentar fazer Evi se calar, é aprisionado pela magia contida em seus olhos lupinos, que o fitavam intensamente enquanto modificavam seus pensamentos.

― Bingo! A cobaia está fraca e debilitada, precisa de comida e água. Aro ficaria furioso se ele morresse sem que a pesquisa estivesse completada...

― Doutora idiota! – resmunga o vampiro após sair da hipnose. – Trarei algo para você comer antes que morra e o mestre fique furioso. – Sai em busca de comida e água, com sua velocidade vampírica.

― Por que fez isso? Poderia ter feito ele nos libertar.

― Precisamos recuperar sua força. Seu organismo se recupera rápido e só precisaremos de uma grande quantidade de comida e de água. Não conseguirei passar pela Guarda Volturi sem você...

― Eles não estão no castelo, houve um escândalo na Coreia envolvendo vampiros e tiveram de ir resolver. A doutora não sabe controlar os pensamentos, por isso descobri.

― Eu realmente tenho sorte – resmunga de olhos arregalados. – Vou tentar jogar na loteria...

O sentinela logo retorna para a sala de experiências, trazendo consigo um grande prato de comida e um caneco com água, colocando próximo a jaula de Lucian.

― Coma e tente não passar mal desta vez – resmunga Evi em pensamento.

E antes que o vampiro saísse da sala, Evi altera sua mente novamente, bagunçando seus pensamentos para que não houvesse rastros sobre a alimentação da cobaia. Lucian começa a se alimentar devagar, respirando fundo e forçando seu estômago a aceitar comida novamente, alheio ao tempo e ao fato de que não levaria muito tempo para a doutora retornar.

― A doutora maluca já deve estar chegando, ande logo – apressa Evi, ao ouvir os passos no corredor que levava ao laboratório.

― Não dá. Meu corpo não quer aceitar!

― Que droga, Lucian, respire fundo, se controle. Este é o seu corpo, precisa tomar o comando dele de novo.

O cherokee força mais um pouco e termina a refeição, sempre respirando fundo e controlando-se para não colocar tudo para fora novamente. Valeska adentra o recinto com um copo de chá e algumas bolachas, não reparando no prato avulso em sua jaula.

― É o máximo que consegui arranjar a essa hora da noite, beba devagar.

Lucian apanha o copo com mãos trêmulas. Seu corpo ainda estava bem debilitado, mas já sentia seu organismo acelerado se fortalecendo a medida que fazia a digestão da comida que acabara de ingerir. Era só uma questão de tempo para que estivesse num estado razoável e pronto para a fuga.

Após algum tempo, ele já se sentia capaz de se colocar em pé novamente, entretanto, preferindo manter a impressão de fraqueza e debilidade, não o fez, exercendo um pouco mais de paciência para que pudesse se recuperar um pouco mais.

― Já estou pronto! – fala depois de mais algumas horas, chamando a atenção da doutora.

― Tão rápido? – surpreende-se Evi em pensamento.

― Você realmente não me conhece, Tia Evi. – Se levanta, espreguiçando-se e estalando as articulações. – Eu sou um alfa de alta linhagem sanguínea. – Fecha os olhos com força e quando os abre, revela sua íris negra.

Agora nada o deteria, sua loba estava viva e isso era tudo o que importava!


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado!!
Estou preparando duas surpresas maravilhosas para o final da fanfic, acredito que irão adorar, mas manterei no sigilo por enquanto, rs.
.
Próximo capítulo: A Fuga - Parte II
Lucian e Evi finalmente fazem as jaulas em pedaços, conseguirão eles passar por todos os vampiros e finalmente encontrar a liberdade?