Leah escrita por Jane Viesseli


Capítulo 24
Passeio em Seattle – Parte I




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Lucian parecia ter tudo planejado, conseguira as entradas e até mesmo um carro, tudo com a ajuda e o apoio dos pescadores, que criaram certo afeto por ele e queriam vê-lo se dar bem com a garota que amava. Leah ainda se sentia receosa por estar sozinha com ele, mas decida a agir normalmente para não fazer papel de idiota e dedurar o quão inexperiente era sobre certos assuntos.

O casal pega a estrada para Seattle, onde pretendiam passear, almoçar e, depois disso, assistir ao tal filme. A quileute olhava fixamente para o cherokee durante quase todo o percurso, parecia adivinhar que algo o incomodava...

― Está bravo pelo que aconteceu mais cedo?

― Não, nunca! – Lança um rápido olhar para Leah, voltando para a estrada em seguida. – Fique despreocupada pelo que aconteceu, não farei nada que você não queira...

― Então por que parece incomodado com algo? Não minta para mim, eu sinto que tem algo errado.

― É que... – Sorri sem graça. – Eles me acharam, Leah.

― O quê? Como? Quero dizer, quem?

― Os Volturis, eles me encontraram – encara a loba surpresa rapidamente, voltando a olhar para frente. – Pela primeira vez em décadas, eu estou com medo.

― Do que você tem medo?

Lucian para o carro no acostamento e vira o tronco para encarar a loba, queria dar total atenção aquela conversa e sabia que, dirigindo, não seria possível.

― Tenho medo de que ataquem La Push e machuquem você, tenho medo de que todas as boas pessoas da reserva se machuquem por tabela, tenho medo de ter que fugir novamente. Eu não quero ir, não agora que te encontrei, mas também não quero que o bando seja afetado por minha causa...

― Você não precisa partir e eles não podem te alcançar, não ousarão enfrentar o bando todo por sua causa, e se ousarem... Acabaremos com eles, com todos eles...

― Você jura que o bando pode vencer?

― Sim, eu juro! – O abraça.

― Que bom. – Cheira os cabelos femininos. – Mas fique sabendo que se algo der errado, que se você estiver em perigo, eu vou me entregar!

Leah se afasta rapidamente, encarando o rosto sério do cherokee, ele definitivamente não estava brincando, mas ela não poderia deixá-lo com uma ideia daquelas em mente. Só em pensar na possibilidade de vê-lo nas mãos dos Volturis, ela se arrepiava...

― Não me subestime, sou uma excelente lutadora e a mais rápida do bando, nada vai me acontecer.

O carro volta para a estrada e Leah puxa alguns assuntos triviais somente para descontrair o ambiente e desfazer o ar pesado formado pelo assunto anterior. Quando chegaram a Seattle, os ânimos já estavam renovados e o casal logo estaciona perto de um shopping, aquele seria o primeiro local de seu passeio, apesar de Leah não estar habituada a lugares cheios e Lucian nunca ter passeado num local daqueles.

Eles andavam de mãos dadas, se abraçavam e se beijavam sempre que tinham certa privacidade, olhavam lojas e compravam besteiras para comer. Poderiam até ser considerados um casal normal, se não fosse pela alta temperatura corporal e o grande segredo que guardavam...

― Poderia vestir isso, por favor? – pergunta Lucian depois de um bom tempo de caminhada, estendendo o casaco que vestia para Leah.

― Eu fiquei horas tomando coragem para entrar neste vestido e você quer que eu vista seu moletom? Está maluco? Por que faria isso?

― Algumas pessoas aqui estão começando a notar sua presença e a achar seu vestido muito sexy – comenta irritado. – Esses pensamentos pervertidos estão começando a me irritar...

― Você está com ciúmes? – debocha.

― Ah, ciúmes! – Pausa. – É claro que estou com ciúmes, tem alguma mulher bonita neste lugar além de você? – Cruza os braços emburrado, ainda com o casaco em mãos. – Na reserva os homens respeitam a garota dos outros, por que eles não podem fazer o mesmo por aqui?

― Relaxe, não tem nenhum homem que me interesse neste lugar além de você. – Sorri.

― Que gostosa! – comenta um rapaz que passava pelo local, nitidamente querendo ser ouvido. – Tinha que ter uma dessa lá em casa.

― Ora seu... – ameaça Lucian, antes de ser detido pela quileute.

― Lucian, não faça nenhuma besteira. Deixe-o pra lá...

― Pra você é fácil falar, duvido que deixe aquelas duas garotas impunes se souber o que se passa na mente delas nesse momento...

Leah corre os olhos para as garotas em questão, uma loira e outra morena, de corpos esculturais e roupas coladas, provavelmente estavam à caça de homens, ou melhor, à caça do cherokee, pois seus olhos estavam vidrados nele.

― O que elas estão pensando? – pergunta já irritada.

― Elas acham que eu sou um pedaço de mau caminho e estão listando todas as perversidades que fariam comigo se tivessem chance. Mas como sabem que não têm chance, estão se contentando com a ideia de apalpar meu bumbum quando passarem por aqui. – Sorri malicioso.

― Elas não teriam essa audácia – esbraveja.

Foi quase que imediato. As garotas saem de seus lugares, dão algumas voltas para disfarçar suas intenções e caminham em direção ao casal despreocupadamente, apalpando as nádegas do cherokee.

― Ei, ei, ei! – Salta, desviando das mãos ousadas.

― Que vagabundas! – Xinga Leah, já avançando contra as garotas que saíam com passos acelerados.

― Leah, não faça nenhuma besteira. Deixe-as pra lá – copia a frase da loba de forma debochada.

― A partir de hoje, eu odeio shoppings!

― Eu também – concorda o lobo sorrindo. – Vamos para outro lugar, de preferência com poucos homens.

O casal sai do shopping e caminha em direção ao carro, mas seus estômagos sem fundo logo começam a se pronunciar. O cherokee retorna para a lanchonete na entrada do prédio, enquanto Leah o aguardava do lado de fora do carro.

Muitos rapazes e moças passavam pela quileute, olhando, comentando e cochichando, mas alguém em especial a admirava fixamente, sem que ela percebesse. E este mesmo alguém decide se aproximar, quando percebe a ausência do cherokee.

― Oi, Leah, lembra de mim? – cumprimenta ele.

Leah o analisa com cautela, reconhecia aquele rosto da escola na reserva, mas em momento algum se recordava de seu nome, lembrando-se somente que o rapaz fora embora há muitos anos, antes mesmo dos genes lupinos se manifestarem...

― Oi, quanto tempo – responde ainda cautelosa.

― Faz anos que não a vejo, mas você não mudou nada, inacreditável. Continua jovem e bonita como antes... Estive morando em Nova Iorque todos estes anos, voltei para matar as saudades. – Analisa a loba dos pés a cabeça. – Nossa você está linda...

Aquela definitivamente não era uma boa hora para dizer que as lendas quileutes eram verdadeiras, por isso, Leah decide continuar a conversa como se nada demais tivesse acontecido durante todos aqueles anos.

― Ah, obrigada. Meu namorado acha o mesmo!

― Namorado? – A analisa com cuidado. – Cadê a aliança?

Opa! Agora estava encurralada, como poderia explicar isso? Eles nem sequer estavam namorando de verdade, afinal, o lobo nunca pedira tal coisa. Como poderia explicar a ausência da aliança?

― Estamos juntos há pouco mais de um mês, ainda não compramos as alianças – inventa.

― Incrível, ele é um homem de sorte... Quem dera fosse eu no lugar dele, você sabe, eu sempre tive um interesse especial por você quando estudávamos na reserva...

― Me desculpe, mas nunca soube disso – desconversa. – Tenho que ir, meu namorado está demorando e eu preciso procurá-lo.

Leah se vira em direção ao shopping, realmente disposta a sair dali, mas seu corpo é puxando de volta pelo rapaz, que lhe rouba um beijo. Sem nenhuma dificuldade ela o afasta com um empurrão, estava enojada, podia sentir claramente seu estômago embrulhar. Ela arca seu tronco para frente, caso o lanchinho de mais cedo decidisse voltar e logo sente a cabeça girar, seu corpo sabia que aquele não era o toque de Lucian e estava reagindo quanto a isso...

― Não exagere, não foi tão ruim – diz o rapaz se aproximando.

― Não só foi ruim, como também foi uma péssima decisão sua em fazê-lo – comenta Lucian se aproximando.

Lucian certamente tinha visto a cena, pois estava irritadíssimo. Sua fera pulsava dentro de si e se pudesse arrancar a língua daquela criatura infame naquele exato momento, ele o faria, mas, provavelmente, Leah não aprovaria. Então, teve que se contentar com um soco médio, mas que arrancara o maxilar do rapaz do lugar.

― Se eu vir você perto da minha garota de novo, não será somente o maxilar que irei quebrar! – ameaça.

O rapaz corre em desespero, levando as mãos à boca por causa da dor, imaginando que dali para frente, tomaria sopa por canudinho com toda a certeza, isso sem contar o fato de nunca mais querer matar saudades daquela região.

― Você está bem? – Se aproxima de Leah.

― Sim, eu acho que sim. Meu Deus, que beijo mais nojento, nunca senti algo tão asqueroso em toda minha vida...

― Isso é fácil de resolver – diz, envolvendo-a pela cintura.

Lucian beija os lábios da quileute, que não oferece nenhuma resistência ao seu toque. Ele prende o seu corpo num abraço forte, pois não se daria por satisfeito até que arrancasse qualquer rastro do beijo roubado da boca de Leah.

― Não respiro, não respiro – fala Leah em meio ao beijo.

― Queria que não precisasse respirar, assim não precisaríamos parar. – Sorri.

― Melhor irmos embora, estamos chamando muita atenção!

O cherokee olha ao redor e vê as várias pessoas os observando: uma idosa com a mão na boca, provavelmente os taxando de depravados, um grupo de adolescentes animadas com a cena, uma solteirona achando aquela cena a mais romântica de todas e muitas outras, que estavam saindo do shopping naquele momento...

― Vamos logo! – Pega os lanches que havia deixado no capô do carro. – Está quase na hora do nosso filme começar...

O casal entra no carro e, depois do lanche e de alguns minutos de direção, chegam ao cinema lotado. Lucian olha os ingressos e junto com Leah, se encaminha para a sala e para a poltrona correta.

A loba analisa o ambiente e sente o receio de estar sozinha com ele retornar, aquele, com certeza, não era o cenário adequado para eles: sentados lado a lado, no fundo, com a escuridão característica das salas de cinema... Leah sente o coração acelerar, será que ele tentaria alguma coisa?

Lucian percebe a inquietação no coração da loba e fica a se perguntar o que estaria se passando em sua cabeça, que conflito estaria acontecendo em sua mente?

As luzes se apagam e o filme logo se inicia. Os dedos da quileute se apertavam fortemente em sua palma todas as vezes que o cherokee se movia, e ele, percebendo isso, encosta seus cotovelos nos braços da poltrona decidindo se aquietar.

O filme já passava da metade quando Leah se sente incomodada pela quietação de Lucian. Estar com ele, mas não ouvir sua voz, nem sentir o seu toque, lhe trazia uma imensa sensação de vazio... Naquele momento, ela pôde se dar conta que com o imprinting, qualquer toque se fazia necessário, ouvir sua voz era sinônimo de alegria e estar junto era essencial para sua sobrevivência.

Leah observa o rosto sério de Lucian, ele estava mesmo prestando atenção no filme? Ela se aproxima de seu braço e deita em seu ombro, sentindo a maravilhosa fragrância vinda dele. O cherokee sorri com a atitude e deita sua cabeça sobre a dela.

― Esperava ansioso por uma reação sua. Vê-la tão perto de mim sem poder abraçá-la, me faz pensar e sentir muitas coisas dolorosas. – Enfia a mão livre dentro do bolso da calça. – Eu queria esperar um pouco mais, mas acho que este é o melhor momento para isso.

Lucian retira uma caixinha de veludo azul do bolso e entrega para Leah, que a abre imediatamente, deixando o queixo cair com o par de alianças que se encontrava em seu interior.

― Quero oficializar nosso relacionamento – sussurra ele. – Leah, quer namorar comigo?


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado :D
A responsável pelo comentário nº 230 foi a Vivi Costa. Ela me enviou a seguinte mensagem: "Uau que legal, amei isso!!!! Eu quero saber se na fic a Leah vai ter um bebe, pois esse sempre foi o maior sonho dela e eu adoraria se ela conseguisse. Então ela terá um bebe?"
.
E aqui esta a resposta para a campeã da primeira etapa da promoção: Siiiim, Leah terá um bebê, será um menino como no sonho e Lucian dará o nome dele de Harry, em homenagem ao pai dela :D