Leah escrita por Jane Viesseli


Capítulo 22
Agora é Recíproco




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Em dois dias, Lucian já estava completamente recuperado. Estava forte como um touro e não havia sinais do ferimento em seu corpo. Sue o mantinha sob vigilância total, para certificar-se que o rapaz não faria nada que pudesse prejudicar sua recuperação.

Leah ganhara um colchão novo, devido à mancha de sangue e os buracos feitos pelas garras do lobo, mas fora impedida de dormir com o cherokee na segunda noite, já que ele estava bem melhor e Sue não queria “sem-vergonhice” debaixo de seu teto.

Uma semana se passou, aproximadamente, depois de sua total recuperação. Os ânimos estavam estáveis, o bando quileute estava contente sob a liderança de Jacob e Sam tentava se reconciliar com Emily, apesar dela não querer ouvi-lo. O quileute também lutava para conseguir a confiança dos amigos, antes de voltar a fazer parte da matilha, como um membro, mas sabia que o progresso seria lento. Seth ajudava Hana em seu trabalho, para garantir a ela o seu salário semanal e Lucian, dividia seu tempo entre seu trabalho, a oficina de Harry e o seu imprinting.

― Venha, vamos dar uma volta na praia – chama ele, agarrando às mãos de Leah. – Nossos últimos dois encontros terminaram de um jeito meio trágico, então vamos tentar fazer as coisas direito.

― O que você quer dizer com: fazer as coisas direito?

― Quero dizer que precisamos deixar de ser azarados e terminarmos nossos encontros de maneira positiva – Ri.

O casal sai de mãos dadas e logo, tempos depois, chega à praia, que estava deserta devido à ameaça de chuva. O mar parecia revolto e os ventos sopravam forte, uma tempestade estava a caminho...

Lucian contempla a fúria do mar, lembrando-se do que lhe ocorrera alguns dias atrás na campina, de como abrira seu coração para Leah, revelando todo o seu passado, e da maneira como ela o confortou e conseguiu espantar os fantasmas que lhe atormentavam.

― Sabe, Leah – começa ele –, eu não lhe agradeci por aquele dia, na campina... Lembrar-me de Piatã sempre me deixava péssimo e colocar tudo o que sentia para fora foi a melhor coisa que fiz. Só agora percebo o quanto aqueles sentimentos ruins estavam me fazendo mal!

― De nada – responde ela, estranhando o assunto.

― Você nunca me contou sobre seu passado...

― Não gosto de falar disso – rebate, evidentemente desconfortável.

― As coisas que eu lhe disse sobre meu passado também não foram fáceis de dizer, mas eu confiei em você e abri meu coração... Eu só quero que confie em mim também!

Leah sente seu coração se apertar e os olhos lacrimejarem, por que ele queria falar sobre aquilo logo agora? Sua vida estava indo tão bem, estava apaixonada e feliz, por que trazer os dias ruins à tona? A quileute engole o nó na garganta como sempre fazia, não querendo fraquejar e chorar na frente dele.

― Não quero falar disso – frisa de forma mais dura.

― Você não confia em mim, não é?

― Não é questão de confiança, Lucian...

― É questão de que então? – insiste.

― A questão é que foi ruim o suficiente para mim e eu quero que o passado fique no passado.

― Eu sei de sua história com Sam, eu sempre soube... Desde que a vi pela primeira vez, pude ver e sentir todas as suas lembranças mais marcantes através do imprinting, como se fossem as minhas próprias. – Pausa. – O passado só deve ficar no passado quando não há nenhuma marca dele em você...

― Se você sabe de tudo, por que insiste numa resposta minha? – grita irritada.

― Eu quero ouvir de sua boca...

― Acho melhor ficar calado, Lucian, você está conseguindo me deixar muito irritada! Isso não é da sua conta, já lhe disse que não quero tocar no assunto.

― Vamos, Leah – insiste –, diga-me o que ninguém mais sabe...

― Pare com isso, por que me tortura assim? – tampa os ouvidos já sentindo o corpo tremer.

― Vamos, Leah, diga-me o que sentiu e o que pensou naquela época, faça o que deveria ter feito há muitos anos...

― Cale-se, cale-se, cale-se – grita.

Leah não sabia por que Lucian estava fazendo aquilo, por que a estava torturando, trazendo aquelas lembranças cruéis à tona. Sua raiva era tamanha, que ela simplesmente deixou o calor se espalhar pelo seu corpo, explodindo em sua forma lupina e mandando pelos ares as roupas que usava.

Ela avança contra Lucian tentando uma mordida, não pretendia machucá-lo de verdade, apenas assustá-lo para que parasse de falar, mas o lobo parecia não se intimidar, pelo contrário, parecia provocá-la ainda mais. Leah tenta outra mordida, mas o cherokee agarra seu pescoço com força.

A garota se debate nos braços do cherokee, numa tentativa frustrada de se soltar. Passam-se segundos, minutos, uma hora e ela já estava exausta; havia dado tudo de si, mas não conseguira escapar de seu abraço.

Seu coração estava em pedaços, não conseguira fazê-lo se calar e por causa disso, as lembranças do passado lhe voltavam à mente, o choro entalava sua garganta e as lágrimas começavam a embaçar sua vista. Tudo o que ela menos queria estava prestes a acontecer: chorar e bancar a fraca!

― Algumas pessoas não choram porque são fracas, Leah, choram porque foram fortes por muito tempo.

Aquilo foi como um martelo numa vidraça. Lucian nem sequer lera sua mente, apenas disse o que sentiu vontade de dizer e suas palavras arrebentaram o escudo que ainda protegia o coração da loba. Um ganido ressoa da garganta de Leah... Ela estava chorando...

Seu enorme corpo cinzento logo começa a diminuir, ainda sob o abraço de Lucian. O cherokee sabia como ela estaria após retornar a forma humana e por isso fecha os olhos. O ganido logo é substituído pela voz chorosa da garota, que sucumbia descontroladamente nos braços de seu amado.

Lucian sente uma forte dor apertar-lhe o peito, sabia que ela guardava muita coisa de seu passado, mas não imaginava que era tanto, não imaginava que sua dor fosse tão profunda a ponto de afetá-lo. Ainda de olhos fechados, ele retira o casaco que vestia e joga sobre os ombros da loba, cobrindo sua nudez.

― Como eu lhe disse antes – começa ele –, eu quero saber o que ninguém mais sabe, eu quero que coloque para fora estes sentimentos que sufocou por tanto tempo... Você foi forte por muitos anos, se manteve de pé diante de muitas coisas, nenhuma mulher quileute teria forças para aguentar o que você aguentou, mas eu estou aqui agora, pare de lutar sozinha, deixe-me lutar com você!

Os soluços invadem o choro de Leah, fazendo com que Lucian a abraçasse forte, afogando o rosto feminino em seu tórax. Uma onda de conforto toma conta da quileute, dando-a coragem para finalmente pronunciar algo:

― Minha prima era minha melhor amiga, Sam era meu namorado... Mas eles me apunhalaram pelas costas. – Chora. – Eu me senti traída, rejeitada, trocada. No começo achei que era por causa da beleza, me senti um grande lixo, tive muita vergonha de mim mesma, por não ter sido capaz de segurar o homem que amava...

― Então descobriu que as lendas sobre lobisomens eram reais.

― Sim. – Soluça. – Me transformei em loba e minha vida desmoronou, me odiei muito por ter aceitado aquela história de imprinting tão facilmente, por não ter lutado por ele. Tive que vê-lo, dia após dia, feliz com outra mulher. Isso foi tão humilhante... Tentei me fazer de forte e joguei toda a culpa nele, mas não demorou muito para que o bando passasse a me ignorar e me odiar por causa disso. Sei que me tornei uma pessoa chata e difícil de lidar, mas doía muito ser pisoteada pelos que se intitulavam "meus irmãos de bando".

― Em seguida aconteceu o falecimento de seu pai...

― Minha mãe e meu irmão ficaram acabados, não sabiam o que fazer. Tive que me tornar mais forte por eles, tive que sacrificar tudo, todos os meus sonhos, tudo o que gostava... Tive que matar a antiga Leah e sufocar meus sentimentos por Sam para conseguir me manter de pé. Estou cansada de guardar tudo isso, estou cansada de ser forte o tempo todo, estou cansada Lucian, estou cansada... – encerra num sussurro.

― Não precisa ser forte o tempo todo, eu estou aqui agora, seremos fortes juntos. E também não precisa mais guardar todos estes sentimentos, deixe-os apenas sair, deixe seu coração se esvaziar de todos eles, deixe somente o seu amor por mim, habitar dentro de você!

Pingos de chuva começam a tocar os ombros do cherokee, a tempestade estava começando e aumentava rapidamente, mas ele não se importava, queria ficar ali com a quileute até que tudo aquilo terminasse.

Leah logo toma ciência da chuva que começava a cair e se preocupa com a saúde de seu amado. Ela faz menção de se afastar, para que ele afrouxasse o abraço, e quando ele o faz, a quileute pôde vestir o casaco que estava sobre seus ombros, fechando-o na frente para tampar seu corpo nu. Com suas curvas devidamente tampadas pelo enorme casaco, Leah ergue o rosto úmido pelas lágrimas para encará-lo e ofega ao ver a grandeza do homem que estava a sua frente.

Seu coração batia forte e rápido, seus olhos arregalados observavam o rosto confuso a sua frente, que parecia não entender o que se passava. As linhas que a prendiam a terra rompem-se com golpes rápidos, fazendo seu corpo se arrepiar e suas pernas amortecerem.

Seu amor por Sam, seu amor pelos pais, seu irmão, a matilha, Emily, sua casa e até ela mesma... Tudo se desconectou de seu coração e voou para o espaço! A dormência de suas pernas toma conta de sua barriga, pula para seus braços, entorpece sua mente e se espalha vagarosamente para seu coração.

Lucian percebe que a loba estava ofegante e à deriva, o que estaria acontecendo com ela? Ele se aproxima devagar e toca o rosto feminino no exato momento em que a dormência atinge seu peito. Uma estranha energia explode em seu coração espalhando-se por todo o seu corpo de forma violenta, fazendo parte dela saltar de sua pele, atingindo o cherokee e fazendo-o recuar alguns passos. Era incrível, o que seria aquilo?

Leah, que continuava a olhá-lo, sente seu corpo se atrair a ele como um ímã, e com passos lentos, ela se aproxima do cherokee. Lucian ainda a olhava confuso, mas a quileute nada diz, nada explica, apenas segura seu rosto e o puxa para um beijo. Os lábios se tocam e uma chama percorre o corpo de ambos através de seus lábios, fazendo-os aprofundar o beijo no mesmo instante.

E com a mesma velocidade com que apareceu, aquela energia sumiu, deixando o corpo de Leah ceder com a dormência de suas pernas. Lucian a segura pela cintura, tomando cuidado para não levantar o casaco e deixá-la exposta. Ele olha para o rosto cansado da loba, o que foi aquilo agora a pouco? Tão forte e capaz de sugar todas as suas energias?

― Eu, eu tive um imprinting – balbucia ela, sorrindo, antes de cair no sono.

Agora era definitivo. Agora o imprinting era recíproco! ♥


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado...
E no próximo capitulo veremos alguns acontecimentos pós imprinting entre Leah e Lucian, o amor está no ar ♥
.
Fica aqui um agradecimento a vicsalles, pelo linda recomendação que fez da fanfic ♥