Quarter Quell escrita por BruxoBrunao


Capítulo 5
Katniss


Notas iniciais do capítulo

Desculpe-me pela demora, culpem a minha beta, ok? Mas ela sempre faz um ótimo trabalho. (:
Pra minha beta, esse capitulo. (:
Enjoy it!



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Capitulo 5

Katniss’

Sou analisada pelos olhos de serpente do Sr. Snow e, apesar de tudo, sinto-me desagradável em sua presença, trajando aquelas roupas molambentas e velhas. Obrigo-me a erguer o queixo o mais alto que posso, encarando-o friamente. Vamos, Katniss, eu penso, você é a garota em chamas, não é? Mostre pra ele que com fogo não se brinca. Mas mal formulo essa imagem de mim mesma e já me sinto completamente patética. Sei que isso é efeito deste homem na minha frente. É ele, com seu rosto amarrado e grosseiro, como quem julga um a um e se indigna com a sua existência, que me deixa nessa situação desconfortável.  Do tipo, Por que vocês estão respirando o meu oxigênio, gentinha nojenta? Com estas ideias o sentimento muda de submissão para ódio.

Trinco os dentes ao vê-lo sentado na escrivaninha do meu pai de novo. Será que ele precisa que eu desenhe pra ele? Fique longe das coisas do meu pai, seu psicopata! Mas não, ele não entende isso, ou não se importa, o que é mais provável, porque em sua cabeça tudo aqui é dele. E quem disse que não é? Oras, o que estou pensando? Eu digo. Somos os donos disso tudo, nós damos nosso suor aqui, e para que? Para sustentar uma Capital supérflua?

Conforme essa cadeia de pensamentos passa na minha cabeça como uma corrente elétrica, sinto meu corpo como uma bomba, se agitando, louca para explodir, mas Peeta segura a minha mão com carinho e eu abandono parte do meu descontrole dando lugar à razão. Atenho-me, então, a rápida tarefa de imaginar o motivo da nova visita, porém isso sempre me leva a ideias dolorosas sobre o que fazer com ele neste momento, não importando se há pacificadores lá fora ou o que acontecerá comigo se o matasse eu mesma, na raça. Contudo, a tentativa seria em vão, porque não importa quão grande é minha força de vontade, sinto-me fraca e machucada demais para ataca-lo. Provavelmente tombaria na primeira passada por causa do meu tornozelo machucado.

- Srta. Everdeen e Sr. Mellark? – ele ergue uma sobrancelha, surpreso. – Juntos, hein? Quem diria? Admirável responsabilidade. – Sinto um calafrio percorrer todo o meu corpo quando ele se levanta e dá passos em nossa direção.

- Somos noivos e apaixonados, senhor. É muito natural. – diz Peeta, com seu tom calmo e confiante, por um momento até eu chego a acreditar...

O velho dá um riso debochado.

O estalido no assoalho me avisa da sua proximidade e como um bicho fico preparada para me defender. A qualquer momento ele se dirigirá a mim com a picada fatal.

- Sei. – ele contorna nossos corpos e para na frente de Peeta. – Vocês são ótimos atores, admito, mas não esperam realmente que eu caia nesta bobagem, esperam?

Eu não digo nada, na verdade, sinto a comida remoendo em meu estômago e quero vomitar.  Vomitar em toda a cara dele e lhe arrancar aquele sorriso de escárnio. Não que seja só o sorriso que eu queira arrancar.

A verdade é que já tivemos uma conversa sobre isso, eu e Snow, e não tentei negar. Por que então voltar a este assunto? Por que tanta subjetividade?

- Não é bobagem, senhor. É a mais pura verdade. Aliás, devo aproveitar o momento para agradecê-lo, porque se não fosse pelos jogos jamais teria tido coragem de dizer a ela como me sinto e muito menos teria como ter me dirigido a ela. Então, obrigado, devo tudo ao senhor e aos Jogos. – responde Peeta, enlaçando-se em meu pescoço e mantendo os olhos fixos nos do presidente. Desafio. Esta é a palavra que me vem imediatamente à cabeça, e possivelmente na de Snow também. Não acredito que ele esteja se arriscando desta maneira com a Morte a meio metro de distância.

- É sempre um prazer saber que as ações de um presidente ajudam a população de seu governo. – diz, com o veneno na voz. Sinto até que ele o espalha quando espira, nos intoxicando de pouco em pouco.

Sinto necessidade de pergunta-lhe o motivo da visita. Afinal, ele não veio tratar sobre como estão os pombinhos de Panem e os preparativos do casamento. Mas me contenho, porque sei que a minha capacidade de falar bobagens e estragar a vida de muita gente é insuperável. Limito-me a somente reparar em como Peeta age e tento copiar-lhe como uma criança copia seu ídolo. Apesar das dores vejo que se mantém ereto e em posição de defesa, não de ataque. Imito-o. A respiração é equilibrada e o faz apenas pelo nariz, diferente da minha que é agitada e pela boca, distribuindo um hálito quente como se isso pudesse me desenvenenar. Peeta fica harmonicamente perfeito ao ambiente e a presença daquele víbora, e fico completamente entorpecida pela sua tranquilidade.

Porém, o presidente vem se aproximando, passo por passo, lento e sorrateiro exatamente como as cobras, avaliando o melhor momento para seu bote, enlaçando-nos estrategicamente. Diz coisa ou outra e Peeta se restringe a responder da forma mais curta possível. O instinto de dizer algo ofensivo é constante. Estou sentindo o corpo queimar a pele – quente como um metal na brasa. Se eu fosse impulsiva, e eu sou, pulava no pescoço dele e lhe arrancava as cordas vocais com as mãos mesmo. Tá aí uma coisa que os Jogos me ensinaram. A voracidade.

Obrigada, presidente Snow, agora já sei a maneira como quero te matar.

- Se estão assim tão bem e tão apaixonados, Sr. Mellark, diga-me porque soube, por fontes confiáveis, que sua noiva estava beijando na floresta seu primo, hã? – um sorriso mortífero surge em seus lábios e os dentes afiados, do bicho que ele é, são mostrados. Por que ele está fazendo isso? Está tentando nos destruir psicologicamente? Impressão sua, queridinha, diria Haymitch. É exatamente isso que ele pretende.

Nem preciso me virar para saber que aquilo desestrutura Peeta. Não muito, claro. Ele é firme demais para deixar se abater por tão pouco, pelo menos na frente de alguém. Porém compreendo que isso o deixa acuado e desta vez me imponho:

- Perdoe-me, senhor. – ponho um pé na frente, para apoio, porém este é o que torci quando pulei da árvore e ranjo os dentes pela dor, me recompondo em seguida. - Mas ele já sabe disso. Eu lhe disse e lhe expliquei que a culpa não foi nossa. Gale tropeçou em uma raiz e bom, não foi culpa dele. Foi um acidente e ele já me perdoou. – finalizo.

Ele olha para Peeta e ele confirma tudo com um piscar de olhos. Perfeito. Nem um movimento em falso dele para estragar minha breve encenação. Nada fora do esperado, claro.

- Ótimo saber disso, então. E eu não preciso dizer nada sobre a floresta, não é?

Negamos com a cabeça.

Permito-me, por um momento, me preocupar com Gale. Não sei para onde ele foi desde que nos falamos na floresta e ele não voltou para casa. Aquilo me aflige. Ele não fez menções diabólicas a este assunto, mas será que o presidente havia mandado mata-lo? Não, não. Claro que não. Como poderia. Isso seria um escândalo. Obviamente ele poderia arranjar um jeito de fazer parecer um acidente, mas mesmo assim... Não, Katniss, não. Nego-me a pensar nisso, pelo menos enquanto ele está lá, me observando impiedosamente como se visse além de mim e lesse meus pensamentos. Ler meus pensamentos... Será que ele podia?

- Mas afinal, o que houve com vocês? Estão ambos ralados e um tanto curvados. – Diz, e observo um leve sorriso em seus lábios, como se estarmos machucados já o satisfizesse. Imagine o que ele não sentiu durante os jogos...

- Estávamos correndo na neve e caímos. Eu caí por cima dele... – digo.

- Jura? – seu tom de voz debochado me leva ao ápice da fúria, e sinto que minhas unhas já estão cravadas nas mãos de Peeta. Ele aproxima o rosto do meu e sinto seu inconfundível hálito de sangue e rosas. Fico enjoada. - Bom, ainda bem que isso não tem nada a ver com a reatividade da cerca, não é mesmo? Não iríamos querer deixá-los ainda mais encrencados. Como disse, você não é uma pessoa difícil. Em todo o caso, fico muito satisfeito com a mudança de comportamento de vocês. Principalmente você, senhorita Everdeen. – Fica é o escambau.

A ironia em seu tom de voz é quase tão forte como o veneno de cada palavra que ele emite. Monstro! Mas ainda sim sei que ele está sendo moderado, pois não é de seu feitio a subjetividade. E é isso que eu não entendo. Por que a falta de franqueza de antes? Por que tantas palavras escondidas?

Então eu compreendo. Ele está se enrolando em nós, esmagando-nos com seu corpo comprido de réptil. É a preparação para o bote.

- Obrigado, senhor. – Peeta ainda diz, com toda a coragem que lhe resta.

- Não importa. – ele dá de ombros. Sim, agora ele está farto da nossa presença. É agora... Retraio o abdômen como se estivesse esperando um soco. – Mas, Katniss... – se vira, e seus olhos claros estão iluminados por um brilho assustador. Sinto os dentes pontiagudos de uma víbora penetrando suavemente em minha pele. – Eu te disse que tomaria providências, não foi? E o fiz, não é mesmo? Bom, espero que esteja preparada porque aquelas não foram suficientes, então novas medidas serão tomadas.

Não me mexo. Sequer olho para o lado.

- Era isso que eu tinha pra dizer, não voltará a me ver desta maneira. – completa, tomando o resto de um chá e indo embora.

O clique que a porta faz quando ele sai obriga a minha ficha a cair: O que ele quis dizer? Desta maneira seria de ele vir até minha casa, ou... Viva?


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Notas finais do capítulo

So, reviews? Se tiverem alguma sugestão ou duvida, ok?



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