Santuário escrita por Mallagueta Pepper
– Essa é a primeira casa.
Ângelo notou que ela estava bastante nervosa com aquela pessoa e perguntou.
– Ué, parece até que você tá com medo!
– E estou mesmo! Esses casos costumam ser muito complicados. Você vai ver.
Os dois entraram na casa e dentro do quarto, Ângelo assustou-se ao se deparar com um homem deitado na cama, em estado moribundo. Ele parecia ter mais de setenta anos, estava pálido, magro e pelo visto, sem forças até para mover um único dedo.
– Ô D. Morte! Você tá com medo desse velhinho aí? Fala sério, ele tá mais pra lá do que pra cá!
– Humpt! Nunca subestime os moribundos! Eles costumam ser os piores clientes. Bem, lá vou eu fazer meu trabalho. Se for o caso, me dê cobertura.
Ele foi para o canto do quarto tentando disfarçar o riso. Era muito hilário ver D. Morte morrendo de medo de um homem a beira da morte. Para falar a verdade, ele até parecia aqueles velhinhos dos filmes japoneses, com os olhos puxados e o bigode característicos.
– Sr. Tanaka, eu vim te buscar! – ela falou assumindo sua pose mais assustadora.
– Quem ser você? – o homem perguntou com forte sotaque japonês.
– Eu? Eu sou a besta das bestas! A indesejável e temida! Aquela que chega sem avisar!
O homem abriu um pouco mais os olhos puxados e olhou fixamente para ela.
– Sogrinha?
– Pffff!!! – Ângelo apertava os lábios tentando conter o riso e D. Morte sacudiu os braços, furiosa.
– Sogrinha o caramba! Eu sou a Morte e vim te levar!
O homem, que até então estava moribundo, levantou-se da cama de um salto só e assumiu posição de ataque. Apesar do susto inicial, Ângelo desatou a rir, finalmente entendendo por que D. Morte tinha medo daqueles casos.
– Você não vai levar Tanaka para o outro mundo, né?
– Calma aí, meu senhor! Eu só estou fazendo meu trabalho!
– Prepare-se para encontrar seu destino!
Ele saltou da cama, deu uma cambalhota no ar e pousou no chão bem na frente dela, pronto para atacar.
– Fala sério, por que isso sempre acontece? Chega mais perto não que eu te acerto com a minha foice!
Os dois assumiram postura de combate e Ângelo tentou acalmar os ânimos antes que eles começassem a brigar ali mesmo.
– Ei, gente, segura a onda aí!
– Eu não segurar onda nenhuma! Morte quer levar Tanaka, mas não vai levar Tanaka não!
De repente, sem que eles soubessem como, o homem sacou uma espada samurai e ficou sacudindo no ar, deixando ambos preocupados.
– Peraí, vovô, o senhor vai perder um olho com isso! – ao ver que o homem não ia desistir de atacar, ele pegou-a pelo braço e gritou - Corre, D. Morte!
Eles saíram em disparada com o velhinho em seu encalço, gritando palavras em japonês e sacudindo a espada. Quando eles saíram para a rua, o homem ainda os seguia e Ângelo saiu voando dali levando D. Morte pelo braço. Quando os dois ganharam altura, ela pode se recuperar do susto e voar sozinha.
– Tá vendo, eu não falei? Esses moribundos são terríveis! Não se pode confiar neles de jeito nenhum!
O rapaz olhou para baixo e viu que o homem estava voltando para casa com passos firmes e postura confiante. Aquele ali pelo visto ganhou mais um tempo de vida.
– É... parece que esse aí não deu... Ô, fica assim não...
Ela fez beiço e desatou a chorar.
– Buáaaaaa! Eu sou mesmo um fracasso!
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– Uma festa para comemorar o início das obras na segunda-feira? Claro, por que não? Será fantástico!
Ele falava ao telefone enquanto assinava alguns documentos a sua frente. Faltava muito pouco para que seu empreendimento se tornasse realidade.
– Ah, o senhor está falando dos ambientalistas? Hahaha! É claro que eles não conseguirão nenhum relatório de espécies em extinção porque isso não existe no Recanto do Paraíso! Fique tranqüilo, tudo vai sair conforme o planejado. Nos veremos amanhã!
Andréia entrou no escritório junto com uma criada que levava a bandeja com o lanche para ele.
– Parece que você falou em festa...
– Uma festa para comemorar o início da construção do parque aquático. Chame a babá para a menina, providencie seu melhor vestido e prepare-se para amanhã. Agora nada me segura.
– Claro.
Ela saiu dali contrariada. Será que aquele idiota não sabia nem mesmo o nome da própria filha? Era só o que faltava!
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As garotas estavam reunidas na casa da Mônica, como uma espécie de festa do pijama. Juntas, elas tentavam pensar em alguma alternativa para aquele problema já que Franja e sua equipe não iam conseguir reunir todo o material necessário até segunda de manhã.
(Mônica) – Nada me tira da cabeça que aquele engomadinho é culpado por isso, só que eu não sei como provar!
(Cascuda) – O Cascão falou que o Cebola continua emburrado como sempre! A ajuda dele tá fazendo falta, não está?
(Mônica) - Tá sim. Eu até já pensei que a gente podia invadir a casa ou o escritório daquele sujeito, mas sem um plano bem feito não dá!
(Marina) – Ué, Mônica, você até que consegue fazer uns planos muito bons!
(Mônica) - Consigo, só que esse precisa ser bem planejado. Acho que vou ter que fazer isso sem a ajuda dele...
(Cascuda) – O que você está pensando?
(Mônica) - Os computadores já eram mesmo, mas de repente o engomadinho não sumiu com os documentos, pode ter escondido ou no escritório ou na casa dele.
(Magali) – Acho que deve ter escondido na casa dele.
(Cascuda) – Será? No escritório deve ter cofre, segurança, alarme...
(Marina) – Na casa dele também deve ter cofre e alarme. Ele é rico, pode pagar essas coisas. E seria mais difícil as pessoas pensarem em procurar ali.
(Mônica) – Pode ser. Eu vi em filmes que esses empresários têm escritórios em casa. É capaz de ele também ter um, com cofre e tudo. Aí é só eu arrancar a porta do cofre e...
Magali deu um salto.
– Mô, você tá doida? Se fizer isso, vai disparar o alarme! Aí danou tudo!
– Porcaria, não tinha pensado nisso! Então como vou abrir o cofre se nem a combinação eu tenho?
Ela imaginou aqueles cofres antigos, onde era preciso girar aquele botão até conseguir a combinação certa. Talvez pessoas com grandes habilidades pudessem conseguir a combinação, mas ela não conhecia ninguém assim. Mais uma vez, ela viu que ia precisar da ajuda do Cebola, que poderia conseguir decifrar a senha do cofre. Só que ele não pretendia colaborar de jeito nenhum e ela decidiu não contar mais com ele. O jeito era resolver sozinha.
– Pois eu vou entrar naquela casa nem que eu tenha que arrancar aquele cofre da parede e levar comigo!
(Cascuda) – Você vai fazer isso sozinha?
– Não. Talvez fosse melhor chamar o Cascão.
– Ih, sem chances! Só o Cebola é que consegue convencê-lo a participar desses planos malucos.
– Então vou chamar o DC. Ele deve querer ajudar. – ela pegou um caderno e começou a fazer várias anotações com a ajuda das amigas. Se tivesse sucesso naquela missão, ela poderia recuperar aqueles documentos tão importantes para salvar o Recanto do Paraíso. E aquele sujeito engomado não ia poder falar nada ou teria que explicar por que aqueles documentos estavam no cofre da sua casa.
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