A Verdadeira História De Emma escrita por SeriesFanatic


Capítulo 6
Sempre te quis




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Henry se aconchegava no colo de Snow, que estava sentada ao seu lado e envolvia o menino em seus braços. Ambos estavam debaixo do edredom, já que o dia estava ficando frio. Charming deu um copo de chocolate quente com canela ao neto, que bebericou. O príncipe sentou do outro lado do neto, enquanto Snow colocava a cabeça em seu ombro; algo que fez os dois ficarem muito felizes, afinal, fazia vinte e oito anos que não tinham paz ou amor. Henry estava no meio dos avós, encarando a mãe. Emma estava sentada no pé da cama e encarava a família, ela não sabia por onde começar a contar a história da sua vida, muito menos com o imenso nó que brotou em sua garganta. Os três olharam pacientemente para a loira, que deu um longo suspiro e fez cara de inocente.

– Então... Por onde querem que eu comece? – ele perguntou esfregando as mãos.

– Que tal falar por que mentiu?! – Henry disse ainda com raiva.

Ela olhou para a mãe, lembrando-se da conversa que teve com Mary Margaret sobre o assunto. Depois voltou a olhar para o menino, cruzando as pernas.

– Meu passado... seu pai... ãh... não foram coisas... fáceis... – havia dor e tristeza em sua voz.

– Por que mentiu?

– Achei que ia te proteger.

– Proteger? Regina é a Evil Queen e me protegeu mais do que você! – exclamou.

– Henry... – Snow repreendeu.

O nó na garganta de Emma aumentou drasticamente, ela não gostou em nada do fato de Henry ter colocado Regina na história, principalmente daquela forma.

– Henry... Simon... veja bem... seu pai...

– Derek! – exclamou o menino.

– Derek não foi uma parte boa da minha vida e...

Ela não sabia como explicar. Charming notou e tentou ajudar a filha:

– Que tal contar do começo? Ao invés de em partes.

– Essa é uma excelente ideia! – Snow disse com um leve sorriso.

Os três adultos olharam para o menino que concordou com a cabeça.


(Ponto de Vista: Emma)

Eu cresci passando por milhares de lares adotivos. Anotava os sobrenomes das famílias que me adotaram na sola de um de meus tênis favoritos. Antes de você nascer, contei trinta famílias diferentes. Cresci como toda criança adotada, de casa em casa, sem uma identidade, sobrenome falso, sem uma história, sem saber quem era. A vida é dura e ela me ensinou da pior forma como o mundo e as coisas funcionam. Passei toda a minha infância nos mais diversos orfanatos do país, mas aos quinze fui mandada para Storybrooke. Morava no orfanato e ia para a escola municipal, continuei a vida como qualquer adolescente, rebelde e sem rumo. Não me lembro de quem era à prefeita, mas era uma mulher fria e malvada.

Com um ano na cidade eu fiz somente um amigo no colégio e somente lá. O orfanato era um inferno, assim como as crianças; meu único e melhor amigo se chamava Graham. Ele era um garoto engraçado, sempre com um senso forte de justiça e lealdade, amava os animais e queria ser biólogo. Erámos uma dupla estranha, a rebelde sem família e o garoto lobo, como o chamavam. Como toda adolescente com hormônios que se prese, eu era apaixonada pelo rapaz mais lindo e sexy do colégio...

– OPA! Como é que é? – Charming exclamou.

– David, quieto, deixe-a terminar! – disse Snow.

Ele era o capitão do time de basquete, Derek Spencer. A diferença entre as meninas do colégio e eu, era que eu tive a sorte de ser contratada pelo pai do Derek para bancar a babá para suas irmãs gêmeas caçulas, ou seja, ao contrário delas, eu podia ficar com o Derek depois da escola e babar por ele por mias tempo.

– Sério?! – disse Henry.

– Shiii – Snow o repreendeu. – Deixe-a terminar.

– Obrigada... Como eu estava dizendo...

Derek tinha duas irmãs gêmeas, Olivia e Aria. A família Spencer havia perdido a matriarca anos antes em um incêndio que destruiu a antiga casa da família, eles foram morar nos limites da cidade, floresta adentro. Com eles, morava Cody Spencer, único filho da irmã sumida de Patrick, pai dos meninos. Cody e Derek eram melhores amigos, apesar de Cody ter minha idade e Derek ter vinte e um anos.

– E como ele estava no high school*? – Henry parecia estar com nojo.

– Você namorou um homem quatro anos mais velho?! – Charming disse protetor.

– Emma... – pelo rosto de Snow dava para ver que ela tenta ao máximo não julgar a filha, não que estivesse tendo muito sucesso com isso.

– Podem parar! Querem ouvir a história ou não?! Então não interrompam! – Emma exclamou.

Derek repetiu um ano do colégio por causa da catapora, mas antes ele havia começado tardiamente por culpa da mãe que não queria seu filhinho longe de casa. Enfim, eu passava pelo menos quatro noites cuidando das gêmeas, enquanto Derek e Cody ficavam estudando e hora ou outra me ajudavam. Ambos queriam fazer faculdade de medicina e dado ao histórico escolar do Derek, ele e o primo estudavam feito condenados todos os dias; era bom de certa forma, já que eu aprendia alguma coisa pelos comentários deles.

As gêmeas não eram difíceis de cuidar. Era só dá um livro ou colocar alguma música, que Aria no instante viajava; já Olivia, era só ter fôlego o suficiente para brincar com ela e tudo estava bem.

"Olivia ainda vai te deixar louca!" dizia Graham.

"Preciso do dinheiro." era minha resposta.

"Sei! Do dinheiro ou de babar pelo Derek?" ele zombava.

"Cala essa boca, Graham!"

Nossa amizade era muito legal. Eu passava o tempo todo reclamando da meia barba que ele tinha e ele me questionava sobre tudo que tinha haver com a família Spencer.

"Sua barba parece um corte de cabelo mal feito!" eu implicava.

"Um dia ela vai crescer por completo e parar de parecer com costeletas. Você verá! Ficará linda!" retribuía ele com um sorriso galanteador.

Durante as férias de verão de 2001, eu tive que cuidar das gêmeas por quase todo o verão. Patrick havia tido um ataque cardíaco, Derek e Cody passavam os dias no hospital comigo e as meninas. Foi assim que nós nos apaixonamos.

– E? – os três perguntaram em uni solo.

– E...

Paixonites vão, paixonites vêm... sei que durante a festa de 'bem vindo' para o Patrick Spencer no fim de setembro, as coisas entre Derek e eu ficaram mais... avançadas.

– Como assim mais avançadas? – perguntou Henry e sua imensa inocência.

– Digamos que foi quando você foi concebido. – disse Emma.

– O que concebido quer dizer?

Emma abriu a boca para explicar, mas fechou. Snow se segurou para não rir e Charming estava a ponto de matar Derek.

– Quer dizer que foi quando eu... fiquei grávida. – Emma disse sem jeito.

– Ah... – respondeu o menino.

– Enfim... Cody e Graham foram as únicas pessoas para quem eu contei. Mas Patrick ouviu uma conversa minha com o sobrinho e... bem... eu saí de Storybrook.

– Por quê? – Henry perguntou.

– Por que... Patrick achou que uma criança ia arruinar ainda mais a vida do Derek.

Henry ficou quieto.

– Por que você fugiu? – Snow perguntou.

Lágrimas surgiram nos lindos olhos verdes da moça, ela tentou segurá-las. Snow quase chorou ao ver a expressão da filha, ela abandonou o colo do neto e do marido e segurou as mãos de Emma, com um sorriso caridoso. Demorou um pouco até que a xerife revelasse, entre soluços, com uma voz falha e com dor:

– Patrick queria que eu abortasse. – revelou.

David encarou a filha, ele estava tão imóvel quanto uma estátua. Henry ficou mais pálido que a avó, ele sabia o que aborto queria dizer. Seus pensamentos foram dominados pela culpa, mesmo sem ter ouvido a história toda.

– Eu fugi da cidade para poder te ter Henry. Eu sabia que não ia conseguir te sustentar, mas eu te queria! – falou entre lágrimas.

– Então... – o menino começou a falar.

– Patrick havia mandado pessoas me procurarem, ele me queria para poder... bem, vocês entenderam.

– Emma... – disse Charming.

– Fui presa por que Patrick era poderoso, ele me caçou e mandou me prender quando eu estava em Phonex, alegando que eu havia roubado algo dele e que quando você nascesse Henry, ele iria te pegar... – ela tentou continuar, mas se deixou levar pelas lágrimas.

O menino a abraçou e por alguns minutos, Emma parecia que estava ninando o filho.

– Te coloquei em adoção para que seu avô não te achasse e para que você tivesse a chance de ter uma vida melhor. Uma vida que não incluísse fugir pelo país para te manter vivo... – sussurrou no ouvido da criança.

Já era noite quando Emma parou de chorar. Henry e David estavam no banheiro, já que o menino estava lutando para não ir tomar banho, Charming o pegou a força pela gola da camisa e estava tentando domar a fera que é uma criança que quer dá uma de Cascão. Emma e Snow estavam tirando a mesa do jantar e lavando os pratos.

– Por favor, diga que essa é a verdade? – Snow falou com o coração pesado.

Emma deu um sorriso meio sem graça.

– É sim. – afirmou meio distraída.

– Então por que você me disse que o pai do Henry não era nenhum super-herói?

– Por que eu tentei contar para o Derek, mas ele não me deixou nem terminar de falar... foi quando eu notei que ele era o completo idiota que Aria sempre me alertou. Um verdadeiro panaca. A última vez que estive na casa dos Spencer nós tivemos uma briga feia... com o tempo e a maturidade eu fui entendendo que ele era um perfeito... não creio que haja palavrões o suficiente.

– Entendo...

Emma deu um leve e feliz suspiro.

– Estou feliz por ter contando a verdade... – ele disse, mais para si mesma.

Elas ficaram em silêncio por um tempo.

– O que sabe sobre o Capitão Gancho? O conheceu na Enchanted Forest? – Emma perguntou como quem não quer nada.

– Não cheguei a conhecê-lo. Creio que a história dele deve ser igual a de todo mundo aqui.

– Como assim?

– Completamente diferente das versões desse mundo.

Emma encarou a pia. Tinha certeza que seus sentimentos por Killian eram extremamente fortes, apesar de não ter ideia de como poderia ter se apaixonado em questão de quase um mês. Então a campainha tocou. Mãe e filha se entreolharam. Emma desejou que fosse o pirata, mas tomou um susto quando viu Regina e seu típico olhar "eu sou superior a você".


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Notas finais do capítulo

* High school corresponde ao ensino médio do nosso país.