“A confiança é um ato de fé, e esta dispensa raciocínio.”

Carlos Drummond de Andrade

Rukia saiu do escritório de Ichigo muito atordoada. Não sabia o que fazer, ela se sentia completamente sem chão. A Kuchiki resolveu pegar um táxi para ir para algum lugar o qual ela ainda não sabia. Quando de repente um carro conhecido parou a sua frente e o vidro da janela foi abaixado revelando Shiba Kaien.

- Olá Kuchiki! Você não parece bem. Quer uma carona? – ele sorriu.

- Eu prefiro ficar um pouco só, Kaien – ela soltou um suspiro cansado.

- Eu faço questão! É só uma carona – ele abriu a porta do carro.

Mais uma vez ela suspirou e acabou cedendo ao pedido do ex-noivo. – Tudo bem – ela entrou e sentou-se ao lado do moreno.

- Então qual o destino à senhorita deseja ir?

- Qualquer lugar bem longe daqui – ela falou em tom baixo.

- Pelo visto alguma coisa de ruim aconteceu. Quer me contar? – ele perguntou prestando atenção à direção do veiculo.

- Não acho uma boa ideia – ela olhava para a paisagem fora do carro.

- Foi aquele idiota não foi? O que o Kurosaki fez a você meu amor? – ele resolveu parar o carro próximo a uma praça pouco movimentada. – Sabe que pode contar comigo.

- A ex do Ichigo voltou e parece que ele ainda a ama. Prova disso foi ter flagrado ele aos beijos com ela – Rukia olhou para o Shiba e logo as lágrimas já molhavam a sua face.

- Não chore meu amor – ela a abraçou de modo acolhedor. – Se você não tivesse conhecido esse tão do Kurosaki, nós estaríamos felizes agora ainda mais por sabermos que vamos ser pais. Meu amor – ele se afastou e com as mãos tocou no rosto dela. – Volta pra mim?

- K-kaien – ela gaguejou o nome dele.

- Dê mais uma chance para o nós. Posso te fazer muito feliz pequena. Eu prometo! Volta pra mim? – ele mais uma vez perguntou a ela, mas dessa vez mantinha a face bem próxima a dela.

- Só m-mais uma chance... – ela respondeu e logo os seus lábios foram tomados pelos os de Kaien. O beijo era lascivo e nada calmo, mas logo ele se afastou dela.

- Vou te fazer muito mais feliz Rukia. Vamos pro meu apartamento eu estou com muita saudade de você meu amor. – ele mordeu levemente o queixo dela.

- Kaien, por favor, vamos com calma. Não é porque voltamos é que vamos logo pra cama. Eu to cansada e só quero dormir. Entenda-me. Quero ir para casa – ela olhava séria para ele.

- Tudo bem eu vou ser paciente. Mas é bom você me recompensar por isso – ele sorriu malicioso e logo deu partida no carro indo para a casa de Rukia.

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- Alô? – disse uma mulher que estava estirada de qualquer jeito na cama.

- Olá Riruka! Sabe quem fala né? – ela ouviu uma voz grave masculina.

- Como esquecer essa voz não é? Shiba Kaien! – ela sorriu ao dizer o nome dele.

- Que bom que sou inesquecível – ele riu convencido. – Nosso plano deu certo. Rukia estava tão fragilizada que não resitou muito em voltar para mim. Mais ela ainda não se esqueceu do Kurosaki. Dê um jeito nisso!

- Digamos que essa parte vai ser um pouquinho complicado. Vou tentar me aproximar dele, mas ele está com ódio de mim. Vou dar um jeitinho nisso. Mas garanta que a Kuchiki ficará bem longe do Ichigo.

- Eu dou um jeito nisso. Mudando de assunto, poderíamos nos encontrar hein?

- Oras! A Kuchiki não deu conta do recado? – disse ela maliciosa. – Que seja! Eu gostei do que você fez e seria muito agradável e prazeroso repetir aquela brincadeira.

- Me encontre naquela cafeteria e de lá iremos para algum lugar mais reservado.

- Você vai ter uma surpresinha Shiba. – ela disse e depois se despediu dele. – Ate daqui a pouco.

- Ate. – ele finalizou a ligação e ela foi se produzir para o encontro com o Shiba.

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Rukia estava deitada em sua cama olhando atentamente para o teto em sua mente tantas perguntas. E a que mais lhe trazia tristeza era o porquê da traição de Ichigo. Logo agora que ela tinha certeza que o amava. Talvez o que ele sentia pela tal Riruka era mais forte, mas a todo o instante lhe vinha aos pensamentos à conversa que ela teve com o ruivo onde ele dizia que não amava mais Riruka. E pra completar a confusão em sua mente ela ainda retomou o seu relacionamento com Kaien. Não que não gostasse mais dele, ela sentia um carinho muito grande pelo pai de seu bebe, mas ela sabia que esse carinho não chegava nem perto do que ela sentia pelo o Kurosaki. Rukia foi tirada de seus pensamentos por batidas na porta de seu quarto.

- Pode entrar!

- Rukia? – disse Byakuya abrindo a porta e entrando no quarto. – Me disseram que quem te trouxe em casa foi o Shiba. Porque estava com ele?

- Talvez porque nós tenhamos retomado nosso relacionamento – disse ela calmamente.

- O que? E o Kurosaki? – perguntou ele sério.

- Meu lugar é ao lado do Kaien, nii-sama. Ele é o pai da minha filha e já nos conhecemos muito bem. O Ichigo só foi algo passageiro – a cada palavra dita, Rukia sentia seu coração se despedaçar mais ainda. Seu orgulho lhe impedia de dizer a verdade.

- Você não sabe mentir Rukia. Eu já estou sabendo sobre o ocorrido, a secretaria dele me disse. Talvez você tenha tomado uma decisão precipitada. Devia ter confiado nele – ele virou as costas para ela. – E mais uma coisa, Ichigo tem muito mais caráter que você pode achar que o Shiba tem. – assim Byakuya saiu do quarto.

- É tanto caráter que o Ichigo me traiu – ela disse baixinho e deixando as lágrimas molharem sua face assim ela acabou adormecendo.

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Dois dias haviam se passado e Karin e Yuzu encontravam-se muito preocupadas com seu irmão mais velho. Ichigo não saia do escritório para quase nada. Nem alimentar-se direito ele estava. E isso estava deixando as irmãs angustiadas.

- Karin-chan será que o onii-chan vai ficar bem? – a mais nova perguntou com lágrimas nos olhos.

- Eu espero que sim Yuzu – elas ouvem a campanhia tocar e logo Karin vai ver quem era. – Ishida!

- Olá Karin-san. Como vai? – ele sorriu amigável.

- Vou bem, apenas preocupada. – ela cruzou os braços.

- Como sempre o Kurosaki só dá problema. Onde ele está? – perguntou ele ajeitando os óculos de armação simples.

- No escritório. Mas não acho que ele ira lhe receber. Ichi-nii não atendeu nem a Inoue e nem o Grimmjow.

- Mas ele vai me atender. – ele entrou na casa e logo se direcionou para o escritório de Ichigo. O moreno bateu uma, duas, três vezes e na quarta finalmente foi atendido. A porta foi aberta revelando um Ichigo pálido e com muitas olheiras devido à insônia e quem sabe ate por ele ter chorado.  – Que estado lamentável Kurosaki!

- Ah cala essa maldita boca Ishida! – Ichigo voltou a se sentar numa poltrona e olhar para o teto do lugar. – O que veio fazer aqui?

- Ah sei lá talvez espancar meu melhor amigo! – Ishida desferiu um forte tapa na cabeça do ruivo que acabou caindo da poltrona. – Não seja um lixo Ichigo! Se você não teve culpa pelo o que aconteceu, não deveria está nesse estado lamentável!

- Seu desgraçado! – ele logo se pôs de pé. – Isso doeu! – disse muito irritado.

- Voltou ao mundo real? – Ishida cruzou os braços. – Achei que eu teria que te bater mais. Sorte sua que eu não chamei o Grimmjow.

- Como soube do acontecido? – Ichigo se sentou no sofá com uma das mãos na cabeça.

- Nozomi, Inoue e Grimmjow me contaram. A propósito se a Hime esbarrar com a Riruka-san ela vai estar em apuros. – o moreno se sentou ao lado do amigo. – Ichigo, creio que você não sabe, mas a Kuchiki-san voltou com o Shiba.

- O que? – ele se espantou e sentiu seus olhos arderem, provavelmente lágrimas queriam vir.

- Isso é estranho não é? Pelo que eu soube logo quando a Kuchiki-san saiu do seu escritório encontrou com o Shiba. É como se ele estivesse esperando por aquele momento. Ou melhor, é como se ele já soubesse o que estava acontecendo. Isso não é estranho Kurosaki?

- Pode ser...

- Você deveria conversar com a Kuchiki-san.

- Ela não quer falar comigo.

- Devia tentar!

- ... – Ichigo ficou calado apenas pensando no que fazer no momento.

- Primeira coisa a ser feita! – disse Ishida. – Vá tomar um demorado banho, você está fedendo a estrume de boi! – ele ajeitou o os óculos.

- Eu não to tão ruim assim! – disse Ichigo cheirando a própria blusa. – Mas também não estou bem! Já volto! – ele saiu do escritório indo para o seu quarto.

- Tem algo muito podre nessa confusão e não é o Ichigo - falava sozinho o moreno quando foi surpreendido por Yuzu.

- Ishida-san ele está melhor? – perguntou a jovem preocupada.

- Ele já foi tomar banho, isso já é um começo. Prepare algo pra ele comer. E Yuzu poderia fazer um grande favor para o Kurosaki?

- É claro que sim!

- Que bom! – Ishida disse a ela o que tinha que fazer e logo a jovem saiu de lá e foi preparar algo para Ichigo comer.

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Yuzu e Karin saíram de casa avisando Ichigo apenas que iriam à casa de uma amiga, ele nada disse e elas rapidamente pegaram um taxi indo em direção a área nobre da cidade.

- Será que ela vai nos atender? – perguntou apreensiva Yuzu.

- É claro que vai! – disse confiante Karin.

Depois de alguns minutos elas chegaram ao seu destino, Karin pagou a taxi e assim elas saíram do veiculo e ficando a frente do grande portão que havia na mansão. Yuzu falou com um dos seguranças que logo ligou para mansão pedindo permissão para as duas que logo foi concedida deixando que elas adentrassem o local. Elas foram até a mansão e foram recebidas por uma simpática governanta. Quando Byakuya chegou.

- Meninas sejam bem vindas! – disse o Kuchiki. – Como vocês cresceram!

- Que bom não é? – disse Karin.

- Byakuya-nii-san a Rukia-san está em casa? – perguntou Yuzu.

- Isane – ele chamou a empregada. – Rukia está em casa?

- Sim Byakuya-sama. Ela se encontra na sala de musica. – disse a moça fazendo uma leve referencia.

- Meninas se quiserem falar com ela podem ir lá. Isane pode acompanhá-las? – disse ele sério.

- Claro Byakuya-sama. Acompanhem-me, por favor! – a empregada guiou as jovens até o local onde Rukia estava.

- Ela está aqui senhoritas. – a empregada tocou na porta e ouviu a permissão de Rukia. – Podem entrar senhoritas.

- Arigatou onee-san! – disse Yuzu. As meninas entraram na sala e viram Rukia tocando uma suave sinfonia no piano.

- Moolight sonata, Beethoven. Acertei? – disse Karin ao constatar a melodia.

- Karin-san, Yuzu-chan! – Rukia parou de tocar e foi ate as duas as cumprimentando amigavelmente. – E se Karin-san é Beethoven. Minha melodia favorita. – ela sorriu. – O que fazem aqui?

- Rukia-san! Viemos apenas para lhe dizer algumas coisas. – Yuzu estava séria.

- Meninas se forem sobre eu e o Ichigo, por favor, não falem nada. – disse Rukia um pouco sem jeito.

- Kuchiki-san não sabemos o que exatamente aconteceu entre você e nosso irmão. Mas o que sabemos é que tem haver com a Riruka. E é por isso que estamos aqui – disse Karin com os braços cruzados.

- Como assim?

- É muito simples, Rukia-chan. Essa mulher não presta! Desde o momento em que ela nos tratou grosseiramente e abandonou o Ichi-nii, nós realmente vimos quem ela realmente era. Não creio que ela tenha mudado nesses anos, acho até que ela está muito pior. Rukia-chan – Yuzu se aproximou dela e a abraçou. – Não vou pedir para você voltar com o onii-chan, mas peço que ao menos converse com ele sobre o que aconteceu. Pelo que pude perceber ele não teve chance de se explicar. Apenas o escute. – ela se afastou e sorriu.

- Eu... – Rukia ia argumentar, mas foi impedida por Karin.

- Talvez vocês até não voltem, mas eu tenho certeza que o Ichi-nii não te traiu! – disse ela seria.

- Como você sabe sobre isso?

- Eu descubro as coisas facilmente e por isso que viemos aqui. O Ichigo é o cara com mais caráter que já conheci e não falo isso por ele ser meu irmão. Ele nunca traiu uma namorada, ou melhor, ele nunca traiu a Riruka. E jamais trairia você. E sabe por que Kuchiki-san? – perguntou Karin.

- Por quê? – falou Rukia.

- Simples! – a morena deu uma pausa e continuou. – Porque ele te ama. E esse amor é mais que verdadeiro. Você deveria ter acreditado nele antes de tomar uma decisão precipitada.

- Eu... – Rukia não conseguiu conter as lágrimas, ela sabia que Ichigo a amava, mas ainda assim não ouviu o que ele tinha a dizer e ainda reatou o seu relacionamento com Kaien. Ela se sentia a pior pessoa do mundo por duvidar do amor sincero de Ichigo. – Eu sou horrível...

- Não fique se martirizando por isso. Faço algo! – Karin sorriu.

- Mas como? – perguntou Rukia.

- Isso só você pode saber Rukia-chan! – disse Yuzu sorridente.

Elas conversaram pelo resto do dia, obviamente regada a muitas guloseimas calóricas e outras coisas. No final da tarde as jovens já se preparavam para irem para casa quando Kaien chegou para ver Rukia.

- Quem são? – perguntou ele a Rukia.

- Essas são as irmãs do Ichigo. Yuzu e Karin – ela apresentou as meninas.

- Achei que você não queria mais saber do Kurosaki – disse ele com raiva.

- Kaien acalme-se! Elas apenas vieram me fazer uma visita – tentava ela acalmar o Shiba.

- Visita? Acho que vocês vieram fazer a cabeça da Rukia para ela voltar para o mauricinho do irmão de vocês! – ele gritou praticamente chamando assim a atenção dos empregados e de um visitante que acabava de chegar à mansão.

- Lave sua boca antes de falar do meu irmão! – disse Karin seriamente. – Ele não é qualquer um! E pra sua informação sobre o que viemos falar com a Kuchiki-san não foi para que ela simplesmente voltasse com o Ichigo. Seu idiota! – ela falava sem medo e isso despertou a ira de Kaien que levantou a mão para desferir um tapa na garota, deixando tanto Rukia quanto Yuzu mais nervosas. Karin fechou os olhos e esperou pelo o atrito da mão dele no seu rosto, mas nada aconteceu.

- Quem você pensa que é para tocar na minha irmã? – falou de modo assustador o ruivo que acabava de chegar à sala.

- Ichigo! – disse Rukia surpresa.

TO BE CONTINUED...