Na Estrada escrita por RM


Capítulo 1
PARTE I


Notas iniciais do capítulo

Olá, estamos perto de estacionar em Cannes e falta pouco pra estreia de OTR. Então, tive uma ideia e ta aí. Espero sinceramente que gostem, acho que vai ser umas três partes apenas.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/225411/chapter/1

PARTE 1

Suspirei puxando a grande caixa azul que ficava debaixo da minha cama, eu resido em Chigado, Estados Unidos, apesar da bela cidade onde moro, me entediava, hoje eu estou completando 18 anos e sem nenhuma experiência descente. A caixa continha um álbum de fotografia, um diário de estrada, um broche com a bandeira de Londres e o maravilhoso livro do Kerouac, On The Road. Depois de  anos sonhando em cruzar os Estados Unidos, finalmente tenho a oportunidade de fazer tal coisa, era meu presente de dezoito anos, um pouco de liberdade.

Na verdade, meus pais, pensava que eu iria de avião passar três meses com minha prima em Jackson. Mas, meu plano era chegar lá de carona, minha prima concordou em me ajudar, apesar de ter achado a ideia uma loucura e idiotice.

Acho que se ninguém criar ou coragem, ou impulso de fazer algo, nunca conseguimos realizar nada prazeroso na vida, como roubar um bombom de uma loja, se drogar, ou ter um porre sendo menor de idade. Aliás, eu nunca roubei um bombom, nem me droguei, e muito menos tive um porre, no máximo, fumo escondida. E nessa viagem pretendia fazer tudo que eu sempre quis fazer, tudo que me sempre tive curiosidade de fazer, de me sentir da geração beat, de conhecer hippies, gente nova, beber uma dose de tequila! E talvez, conhecer um cara legal.

Meu pais aproveitaram que eu iria pra Jackson, e foram ter uma terceira lua de mel no Brasil, eles embarcaram ontem, então eu tinha tempo de me organizar antes de sair. Peguei uma mochila e enfiei minhas economias - seiscentos dólares-, botei quatro pares de calcinha, cinco mudas de roupas, pacote de bolacha, On The Road, diário de estrada, uma câmera e o álbum.

O plano era pegar um ônibus até a rodoviária, e de lá consegui uma carona até chegar em Denver, depois Las Vegas e meu destino! Los Angeles! Me meti em um short cintura alta vintage, uma túnica, um all star velho e sujo, peguei meu óculos favorito, um vermelho de coração

http://www.twigstyle.com/albums/i-love-donuts-too-2103/thumbs290/1.jpg http://img.alibaba.com/photo/105433514/NEW_TUNIC_BOHO_DASHIKI_AFRICAN_ETHIC_HIPPIE_SHIRT_3X.jpg

http://4.bp.blogspot.com/_qZy01bSTJIM/TTO7P4iWXxI/AAAAAAAAAJ4/yYB8GWQXfac/s1600/oculos_coracao.jpg

Me olhei no espelho e me senti uma beat, cheia de coragem, pronta para ouvir jazz, fazer sexo com estranhos e louca. Cara, isso sim era o começo de uma vida, de uma viagem.

Desde os 11 anos reflito sobre como essa vida dos “adultos” era chata, de como essa geração era chata, sem proposito, sem aventura, crianças trocando a liberdade de correr em uma bicicleta por vídeo games, computadores, de como a maioria das pessoas são estressadas, odeiam seus trabalhos, odeiam suas esposas, seus filhos, de como tratam o amor como se não existisse, fomos criados através de tv pra acreditar que um dia seriamos milionários, estrelas do rock ou do cinema, a geração de hoje trabalha pra comprar coisa que não precisam, e sempre querendo pisar na pessoa mais frágil. Eu não vive nas outras gerações, mas posso dizer que eram bem melhores, revoluções, pessoas na rua protestando por seus direitos, lutando pelo que acreditam, rock bom, jazz, famílias típicas americanas, pessoas querendo serem livres, não tendo nenhum preconceito em mente.

Quem soubesse o que eu pretendia fazer, iria me chamar de louca, aliás, eu sou louca, sou uma louca feliz. Puxei a mochila para minhas costas e um guarda chuva vermelho e sai rumo ao desconhecido.

Dez horas depois....

Eu estava puta, nem um ser humano puto, tinha oferecido carona até agora, na verdade, apenas um caminhoneiro gordo que me largou no meio da estrada, mesmo pelo gesto grosseiro tirei uma foto dele. Minha primeira carona!

Já estava ficando tarde, e eu estava cansada de andar, pelo que sei não havia nenhuma estrada próxima dali.

Três horas depois..

Olá diário de bordo, já está escuro e pelo que calculei devo estar caminhando faz umas quatro horas, ninguém nessa estrada parou para me oferecer carona. Sim, o ser humano é mesmo desprezível, devem pensar que eu sou uma assaltante ou algo do tipo.

POV EDWARD

Eu realmente odiava Jessica, minha esposa chata e fofoqueira, não sei como fui cego de me casar com esse demônio. Dessa fez ela me fez largar tudo em Chicago para buscar a mãe dela que morava em Denver, que tinha medo de dirigir e odiava aviões.

Quando voltasse pra Chicago eu iria pedir o divorcio, com toda certeza! Me abaixei pra pegar uma cartela de cigarro que escondia debaixo do carpete do carro, quando ouvi uma louca gritando, arregalei os olhos freando bruscamente, oh céus.

Só me faltava atropelar uma louca.

A louca saiu da frente do carro, dando batidinhas no vidro do carro, abri o vidro a contra gosto - Ei cara, obrigado por parar. Você pode me dar uma carona pra Denver? Eu posso de dar vinte reais, por favor. –

- Ora, só o que me faltava. Sabia que eu podia ter te atropelado, sua louca? É uma suicida? –

- Ah, eu sabia que você ia parar. Então, topa me levar pra Denver? – Perguntou ignorando minhas perguntas, encarei ela chocado.

- Você é realmente louca. Eu nem sei quem é você! –

- Nem eu sei quem é você. –

- Não, vou levar você pra Denver, tens cara de que seduz e rouba os caras na estrada. – Liguei o carro, que estava em ponto morto, pronto pra dá partida.

- Eu só quero chegar em Denver! Por favor, me leva... Eu juro que não encho o saco, eu não assaltante, na verdade, eu só sou uma quase jovem adulta querendo botar o pé na estrada, por favor, cara... E já está escuro, não pode largar uma moça inocente na beira da estrada, eu posso ser estuprada. – Murmurou a jovem, encostando seu braço na janela do carro.

- Eu posso ser um estuprador. –

- Ah, olha sua roupa, e esse modo que fala. – A moça abriu um sorriso esperançoso, ela realmente não tinha cara de mal elemento e parecia ter uns dezesseis anos, como ela estava quase metendo a cabeça dentro da janela do carro, dava pra ver seus traços finos, suas pequenas sarnas bonitinhas, o cabelo parecia escuro, meio desbotado e havia um óculos de coração na sua cabeça, seus olhos eram claros e bonitinhos.

Sim, a moça da estrada era bonitinha.

- Ah meu Deus! Ok, entre jovem! – Ela deu pulinhos, correndo pro banco de carona.

- Você fala como se fosse velho, deve ter uns trinta no mínimo. Qual seu nome? – A jovem falou, revirei os olhos.

- E você fala como um gangster. Meu nome é Edward Cullen. –

- Meu nome é Bella. E eu não sou nenhuma gangster, sou de Chicago e quero chegar em Los Angeles. –

- E quer chegar em Los Angeles com caronas de estrada? Vai acabar no carro de um estuprador... Você é realmente louca. –

- Isso é um sonho, viajar pelas estradas, geração beat, yay! – Oh, então ela era uma hippie.

- E cadê seus pais? – Perguntei assustado, a tal de Bella, que exalava um calor gostoso do meu lado, aparentemente pensava que 2009, era os anos 60. Ok, hippies tinha filosofias estranhas, e fumavam maconha o que afeta o cérebro, mas, ela tinha pais não é? Não parecia ser pobre, e sim decidida.

Louca, mas decidida.

- Estão no Brasil! –

- O que diabos você quer fazer nessa viagem? Desculpe a curiosidade, mas você me lembra aquelas jovens dos anos 60, que se casam aos dezesseis anos. – Perguntei curioso, antes de me responder abriu a mochila e tirou um pacote de bolacha metendo uma na boa.

- Um pouco de Jazz, sexo, tequila, pessoas novas, algo desse tipo. – Falou sem pudor com a boca cheia, para uma menininha de aparentemente dezesseis anos ela era bem levadinha.

- Você é de Chicago mesmo? – Perguntei.

 - Sim! E você o que faz indo pra Denver? Ainda mais de terno. Ah, se importa de eu fumar? –

- Você tem quantos anos pra fumar? –

- Me responda primeiro. –

- Eu vim buscar minha sogra e trazer de volta pra Chicago, pois a nojenta da minha esposa me obrigou. – Respondi sem rodeios, nunca veria a moça de novo.

- Eu tenho dezoito. – Respondeu, puxando uma cartela de cigarros do bolso. – Você quer? –

- O que você tem aí? –

- Marlboro vermelho. – Falou, acenando a caixinha na minha direção.

-Não, prefiro meu Black. – Respondi, puxando a caixa de onde eu tinha jogado do susto de quase atropelar a louca.

- Oh, o certinho fuma! Black é bom. –

~~~~


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Logo, logo posto a 2 parte caroneiros! :B