No último capítulo:

Sorri pelo menos ela era educada, pena que eu não consegui ver o rosto dela. Queria poder me lembrar dela.

O resto da semana passou se arrastando. Quando eu não estava pensando em Finty, nem no trabalho, eu estava pensando na transferência de Jonah. Eu, Dan, Finty e Kat estávamos super felizes por isso.

E, embora eu odiasse admitir, quando não estava pensando em Finty, no trabalho ou em Jonah, eu estava pensando em Ian Kabra.

Sim, eu sei que é inútil ficar pensando nele e que eu devia o esquecer, mas... Eu não queria.

Posso estar sendo infantil, porém, algo me diz que Ian não é só o que demonstra. Ele realmente parecia estar querendo se aproximar de mim na Coreia, e quando ele me deixou na caverna ele parecia arrependido. Sei que isso, provavelmente, podem ser só ilusões e que posso estar sendo besta, só que não consigo parar de pensar que eu não imaginei isso e que foi real.

Eu também estou curiosa, como será que ele está sem a mãe? Pelo que eu sabia, Isabel Kabra, a única Kabra que eu me permitia procurar noticias, continuava presa, pelo visto muitos Lucian gostaram de se livrar dela. Ainda bem, ela merece estar na prisão, não somente por matar meus pais, o que já era motivo mais que suficiente, mas atirar na própria filha?

Milhares de lembranças surgiram na minha mente, como sempre, depois de pensar sobre isso, sobre aquele dia na caverna... Isabel atirando na perna de Natalie... Natalie com uma expressão de dor e choque... O breve lampejo nos olhos de arrependimento nos olhos de Isabel para logo ser substituído por um sorriso cruel...

Como seria crescer com uma mulher daquela como mãe? Não conseguia suportar a ideia de alguém vivendo junto com ela.

Por isso, eu imagino como Ian está longe dela... Com certeza, deve ter mudado, afinal, que não mudaria depois de irmã levar um tiro da própria mãe e a mãe ser presa? Ninguém.

Parei um segundo, pela primeira vez, pensando em quem era o pai de Ian.

Nunca soube direito, mesmo ele tendo muito dinheiro e influência, será que pelo menos ele foi um bom pai? Difícil, afinal, ele se casou com Isabel.

De repente, um nome voltou a minha mente:

Vikram. Esse era o nome dele.

Lembrei-me também de uma conversa minha com Natalie depois de tudo. Ela confessou que não achava que a mãe dela era assim, não sabia do

que ela era capaz.

– E o seu irmão como está?- Eu tinha perguntado.

– Ele vai superar a dor. Só que se ele estivesse junto de alguém que ele gostasse seria mais fácil... - Natalie respondera olhando para mim.

– Mas ele tem a você- Eu respondera confusa.

– Eu não estava falando desse gostar- E se afastou.

Somente muitos anos depois é que eu entendia que foi uma indireta para mim.

Só que, por causa da minha lerdice, presumi que ele já devia estar com outra pessoa e resolvi que seria pior se procurasse ele.

E quem sabe? Podia ser melhor ou pior... Nunca saberei.

Pare, ordenei a mim mesma, você devia estar feliz com sua vida exatamente como ela está: Você tem um filho que te ama, uma casa ótima, o emprego que tanto quis, tem um irmão saudável, amigas e amigos também, tem Nellie e Saladin.

A única coisa que falta é conseguir por juízo na cabeça do pai de Finty, e... Ian Kabra. Ou seja, só falta por juízo em Robert.

Levantei da poltrona.

Ainda tinha dez minutos antes de sair de casa para o trabalho, tempo suficiente.

Suficiente para fazer uma ligação.

– Alô?- Atendeu logo no primeiro toque.

– Oi, aqui é a Amy.

– Ah, oi, Amy - Respondeu.

– Setivie- Pronunciei o nome com calma - Eu preciso que você procure informações.

– Certo - Falou, utilizando o seu tom profissional - Sobre o que?

– Não sobre o quê, e sim, sobre quem. Ian Kabra. A localização dele.

– Prazo?

– O mais rápido que puder, e, por favor, só entregue as informações a mim. Não entregue nem ao Dan - Não era porque o Dan tinha apoiado o meu relacionamento que eu ia forçar a barra.

– Vou providenciar o mais rápido o possível, chefe.

– Obrigada. Tchau.