Madness escrita por Ayame Kioshi


Capítulo 4
IV. Ataque de pânico.




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Fui até a porta do quarto e pude ouvir os gritos de agonia de Ryuuzaki. Pensei que não era tão sério assim, podia ser exagero dos jornalistas... mas era pior do que eu pensava. Abri uma parte da porta e observei o quarto: Doces esparramados pelo chão, milhares de folhas coladas na parede onde tinha a palavra "pare" escrita com sangue. Dei passos devagares enquanto via Ryuuzaki ajoelhado no chão com o canto da cabeça sangrando. Ele continuava escrevendo nas folhas. Seu corpo tremia e ele soluçava sem parar. Levei as mãos a boca, tentando não dar um grito. Era tão assustador ver ele daquele jeito!

Me abaixei até ele e o abracei. Ele começou a gritar novamente, mas dessa vez me olhou. Seu olhar mostrava claramente sua dor, o sangue escorrendo pela cabeça demonstrava seu desespero. Escorei minha cabeça em seu ombro. Ele me empurrou pra longe e engatinhou até a cama, entrando em baixo dela.

– Saia daqui... eu já mandei você parar... - Ryuuzaki estava assustado como uma criança. Tentei me aproximar e ele se escondeu. - Saia!

– Ryuuzaki... - Tentei entrar em baixo da cama, ele rastejou pra fora e se jogou na cama. Cobriu seu corpo com os cobertores e tapou seus ouvidos com o travesseiro. Sentei na ponta da cama. - O que aconteceu com você?

– V-Você... você é a culpada... - Ele murmurou em pânico. - É sua culpa eu estar assim... você me abandonou...

– Eu... fiz o que? - Minha voz ficou rouca. Acabei percebendo que isso que ele havia falado era verdade. Eu tinha abandonado ele... mas porque ele enlouqueceria?

– Sua voz fica me perturbando, eu sinto você falando comigo... meu coração está doendo... É TUDO CULPA SUA! - Chorou. Eu estava me sentindo muito culpada.

Tirei os cobertores de Ryuuzaki e aproximei meu rosto ao dele. Ele chorava de medo, fechou os olhos pra não me ver. Me deitei do seu lado e tentei acalmá-lo.

– Eu vou cuidar de você, Ryuuzaki. Cuidarei de você assim como você cuidou de mim... você vai melhorar. - Sussurrei. Ele abriu os olhos e se aninhou na cama, parecia ouvir algo que não queria. Ryuuzaki nunca tinha sido tão medroso, nunca tinha o visto tão magoado também. Sempre pareceu alguém forte.

– Alguns homens vieram buscar você, Amane. - Watari avisou do outro lado da porta. - Deixe o L descansar.

– Diga aos homens que eles podem ir. - Acariciei o cabelo de Ryuuzaki carinhosamente. Ele tremia um pouco menos. - Eu cuidarei dele a partir de agora.

– Certo. - Falou enquanto saia da casa. Eu queria, a todo custo, fazer L voltar a ser o que era antes. Ele adormeceu e comecei a limpar o quarto. Tirei as folhas da parede e coloquei em um saco de lixo, fiz o mesmo com os doces. Deixei os sacos do lado de fora do quarto e comecei a observar Ryuuzaki. Ele estava dormindo como um anjo, parecia que não tinha dormido nada nesses últimos dias.

Me deitei de seu lado e me abracei nele, passando a mão em seu rosto. Vi a ferida que ele havia feito em sua cabeça e concluí que foi feito a mão. Ele mesmo tentou abrir a cabeça para tirar o sangue e escrever. Não entendi porque ele não pegou uma caneta em vez de usar o próprio sangue.

***

Acordei com Ryuuzaki chorando em meu ombro. Minha roupa já estava ficando toda molhada por causa dele. Eu era, praticamente, a mãe que ele nunca teve. Pelo menos eu tentava interpretar desse modo.

– Por que está chorando? - Perguntei, ele virou o olhar para mim. Me assustei.

– Eu tive um pesadelo... sua voz... - Ele engatinhou até o chão e pegou uma faca que ele usava para cortar bolo.

– E-Ei, o que você vai fazer com isso? - Corri até ele e segurei a faca. Ele fez bico e se encolheu.

– D-Desculpe... não faça nada comigo... - A voz dele parecia mais fina, mais infantil. Acho que ele não ia se matar... mas sim, ME matar. Ele choramingou, era uma criança com 25 anos na cara.

– Eu não vou fazer nada com você... - Coloquei a faca na mesa e beijei sua testa. Ele pareceu surpreso. - O que deseja fazer agora?

– Nada. Não quero fazer o resto das coisas. - Ryuuzaki ficou desanimado. - Você devia desistir de mim. Eu nunca vou melhorar. - Ele parecia maduro novamente.

– Não vou desistir de você. Se eu não cuidar de você, quem cuidará? Você está em um momento difícil, isso precisa ser tratado com calma. - Dei um breve sorriso. Ryuuzaki começou a rir sem parar. Sua risada não parecia sádica... era uma daquelas risadas que os vilões dão em filmes. Risadas maléficas.

Caiu pra trás e continuou rindo. Tremi de medo, estava paralisada. O que eu ia fazer agora? Eu não falei nada engraçado, mas mesmo assim ele riu... Continuei olhando. Ele se contorcia no chão e derrubava os móveis.

– Ryuuzaki! - Puxei suas mãos e o deixei de pé. Ele soltou uma mão e pegou a faca, colocando-a em meu pescoço. Começou a rir novamente. - Pare com isso!

Segurei a faca e a atirei pela janela. Joguei-o na cama e o amarrei ali mesmo. Fiquei sentada em cima dele por alguns minutos, ele tentava se soltar a todo custo. E pensar que a culpa disso tudo é minha...

– Me tire daqui! Você não entende! - Ryuuzaki gritou e começou a ter um ataque de pânico. Me afastei dele e chamei Watari. Eu não ia mais conseguir cuidar dele naquelas condições.

– Eu tentei, juro que tentei... - Falei enquanto abraçava Watari. - Mas só piorei as coisas...

Watari se aproximou dele. Ryuuzaki tremia e parecia ter calafrios. Não íamos conseguir perguntar o que mais ele sente, mas parecia estar desesperado. Quando o desamarraram, ele se jogou no chão e procurou uma saída daquele quarto. Eu não entendia mais nada.

Seus gritos eram agonizantes. Parecia que tinha visto um fantasma ou que tinha levado um tiro. Ele se arrastou até mim e Watari e segurou minha perna. Uma hora parecia uma criança, na outra queria me matar... agora, praticamente implorava por ajuda.


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