Vortex escrita por Dayse Aoi


Capítulo 1
Capítulo 1 - Naraku


Notas iniciais do capítulo

Segundo o tempo em qe essa fic foi prometida já era pra ela estar postada a anos kkkk!
Tipo... essa fic é de presenta pra minha seguidora fiel de Give me you heart *Aline V-Kei*
Mas isso não impede que outras pessoas leiam nee!!!
E se por acaso as pessoinhas que foram ler essa fic não quizerem deixar reviewn apareçam pra dizer ao menos um *oi eu tou akie* que eu agradeço...
Agora vamos ao que interessa!!!



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Capítulo 1 – Inferno







E eu que prometi a mim mesmo que não voltaria pra esse
lugar...





Por que essa agonia toda afinal?





Às vezes eu me sinto emotivo de mais, talvez esteja ficando
doente, misturo muito as coisas e acabo sofrendo no fim.





O único que sofre.





Esse meu jeito de ser, compreensivo, amigo, eu não era
assim, costumava ser agressivo, mal educado, porém um pouco da minha arrogância
eu ainda tenho.

Não aturo que me tirem a razão, apesar de ter mudado muito tem certas coisas
das quais eu não consigo abrir mão.





Eu sei que devemos nos aceitar da maneira que somos, mas
acredito que mudar pra fazer bem a si próprio ajuda muito...





Olhar para as pessoas que considerei “amigos” me embrulha o
estomago, todos falsos, e eu burro, idiota!



Fiz tanto por eles, e eles só me usaram, mas essa palhaçada
acabou, e mesmo que eu use palavras carregadas de ódio, eu não os odeio, simplesmente
não consigo odiar nada, e me sinto um inútil por isso, é evidente que eles não
são dignos nem de serem odiados.









- Aki! – uma voz feminina me tirou de meus devaneios





- Clara. – disse simplista logo a reconhecendo com aqueles
cabelos longos e escuros que se destacavam na pele mais clara que a minha.





- Não vai me dar um abraço?





- Ah... Claro! Desculpe-me. – levantei para abraça-la,
alguns segundos depois me desfiz do abraço e me sentei na carteira.





- Me disseram que você ia mudar de escola.





- Eu ia... Mas a meu pai não quis que eu mudasse...





- Mas do jeito que você é, nenhuma escola iria te agradar.





- Realmente Clara, mas eu não quero um lugar que me agrade
eu só quero não ter de aturar esse lugar, essas pessoas, com exceções é claro,
ainda tenho você, e alguns colegas, mas eu preciso de um lugar onde eu fique só
no meu canto, sem ninguém pra me criticar.







- Eu sei que é dificil pra você, estar em um lugar onde
perdeu a confiança na maioria das pessoas que você considerava “amigos”, mas se
isolar não ajuda Aki, você e os meninos deveriam converssar pra pelo menos
acabar com esse clima chato.





- Eu nunca corro atrás Clara, a não ser que eu esteja
errado, eu ainda não absorvi tudo sabia? Eu não preciso de pessoas falsas ao
meu lado, perdoados eles já estão, não guardo rancor e você sabe... – suspirei
fundo vendo algumas colegas de classe entrar e acenar pra mim, comprimentei
elas e voltei meu olhar para Clara.






- Tudo bem Aki... – ela ficou me fitando por um bom tempo
sem dizer nada, às vezes tenho a impressão de que ela está esperando que eu
diga algo, mas isso deve ser besteira minha, admito que Clara me desperta algo
que desconheço e sei que não se trata de amor, por isso é melhor que eu fique
assim quieto no meu canto, pois sempre que tomo uma iniciativa eu me fodo
legal!





- Saindo desse papo chato, e ai como foram seus dias de
férias?





- Férias... Nem deviam existir se o intuito é ficar com os
pais pegando no seu pé o tempo todo! – ela fez uma careta de desagrado e eu me
desmanchei de rir.





- Não ri Akira!





- Ah não, agora a porra ficou séria, você me chamou de Akira!?
– fiz uma falsa expressão de desagrado e ela desatou a rir.





- É isso mesmo Akira Suzuki! – disse me mostrando a lingua e
me dando as costas.





- Quer gerra não é?





- O quê? – ao se virar se Clara deu conta de que eu estava
de pé e ameaçava de dar cocegas nela. – Aki era brincadeirinha, não precisa ser
assim tão precipitado... Eu posso te pedir desculpas, te chamar de lindo, o que
você quiser, mas esquece das cocegas! – disse se afastando e segurando minhas
mãos.





- Não precisa ouvir você me chamar de lindo é pior do que te
ouvir me chamar de Akira. – disse sorrindo. – Mas vou te poupar das cocegas por
ser o primeiro dia de aula.





- Ainda bem, mas o que tem a ver o primeiro dia de aula?





- Nada! – sorrimos os dois





- Mas você é lindo sim, e você sabe disso.





- Acho que eu vou agarrar alguém aqui se continuar me cantando.
– disse quase num sussurro. - logo a vi corando.





- Acho que eu vou ir beber água, por que eu não quero ver
tal cena! – rimos os dois.





- Ok, ok, talvez essa moça não me ache tão lindo só quer
levantar minha autoestima...





- Não, a moça acha que é realmente lindo, mas a moça não
está cantando você, está elogiando.





- Sei. – dei uma piscadela de lado e voltei a me sentar em
meu lugar.





- Mas eu ia mesmo beber água, não que ir comigo?





- Não eu vou ficar aqui mesmo.





- Ok, eu... Depois a gente se fala. – Eu simplesmente fiz um
sim com a cabeça, ela tocou de leve meu nariz, que estava escondido pela faixa é
claro, e saiu. Acho que ela tem essa mania de tocar o meu nariz pra ver se ele
ainda existe.







Corri os olhos pela sala, e uma tristeza me incomodou, as
coisas estão tão estranhas eu queria que minha vida tivesse parado na infância.



Pelo menos naquele tempo eu não precisava me importar com
problemas em geral, mas olhar pra trás só me faz perceber o quanto eu sou
infeliz, todos os meus amigos, primeiros amores, família, era tudo perfeito,
muito perfeito.





Ao ver mais alguns colegas de classe entrar, cruzei meus
braços em cima da mesa e fitei um ponto qualquer da lousa, deitei minha cabeça
sobre meus braços, fechei meus olhos, fiquei assim por um bom tempo sem pensar
em nada, escutando o movimento dentro da sala que aumentava de tempo em tempo.



Sai de minha posição somente ao ouvir o sinal tocar, e uma
voz masculina que talvez fosse de um professor.





- Bom dia alunos! – Era um homem alto e gordo, tinha um
bigode que se destacava em seu rosto de expressão séria. – Sou professor
Guilherme e darei aula pra vocês de Química e Biologia, bom acredito que estarei
com vocês até o terceiro ano, então teremos tempo suficiente para nos conhecer.





Não sou um bom aluno, nunca fui, mas também não sou uma
anta. Só que esse professor não me perece ser legal, e como odeio Matemática
estou a um passo de odiar Química.



Eu sei que eu tenho essa mania horrível de julgar as pessoas
pela aparência, mas até que me provem o contrário a primeira impressão é a que
fica.





Enquanto o professor falava de algo que eu não estava
prestando atenção, dei uma olhada de lado e percebi que Yuu estava me fitando,
ele me disse um “oi” e deu um meio sorriso, eu simplesmente balancei minha cabeça
e voltei a minha atenção para o nada da lousa. Acho muita cara de pau dele, mas
Yuu é um dos quais eu não pretendia perder a amizade, não ia deixar ele no
vácuo.





- Tenho que me acostumar com vocês, olha só esse garoto de
faixa! – ouvi essa ultima frase do professor que fez a sala inteira gargalhar,
o que não me agradou nenhum pouco, arqueei minha sobrancelha e suspirei fundo
para não despertar meu lado arrogante.





- E então garoto da faixa qual é seu nome? – perguntou o
professor se apoiando em minha mesa.





- Akira. – disse simplista, para não prosseguir com uma
conversa desnecessária.





- Akira... É japonês? 





- Não, nasci aqui, meus pais são.





- Hum, e essa faixa que me deixou tão intrigado, qual é o
motivo?





- Teria algum problema se eu dissesse que não me sinto bem
em responder?





- De forma alguma, devo te pedir desculpas por ser tão
intrometido, só estava curioso. – me lançou um sorriso fechado e se posicionou
novamente.





- Não se preocupe professor, já me acostumei. – disse lhe
lançando o mesmo sorriso.





Sei que muitos acham que eu uso essa faixa no nariz pra
chamar atenção, mas eu só quero mostrar que posso ser diferente e que minhas
qualidades permanecem intactas, nunca que as pessoas dessa classe vão entender
isso, são um bando de preconceituosos e infantis, mas a opinião deles não vem
ao caso.







...







- Ei Aki, posso falar com você? – Estava saindo para o
intervalo quando Yuu me abordou.





- Não deveria, não é mesmo? – Dei as costas e continuei
andando.





- Aki eu só queria entender o que aconteceu!





- Eu também, você poderia me dizer o que aconteceu? – Me
virei pra ele e cruzei meus braços. Ele deu um meio sorriso com a cabeça baixa
e voltou a me fitar.





- Você se afastou de todos Akira, eu simplesmente não
entendi o porquê de você ter parado de falar comigo.





- Por que se importa tanto Yuu, por que agora? Você diz que
eu me afastei, mas eu não deixei ninguém pra trás por causa de outros, e se eu
me afastei de “todos” não foi por que eu quis, eu tenho motivos, e com certeza
você sabe bem quais são eles, e deve saber também que eu não aturo traição e
muito menos que me excluam.





- Eu não traí você!





- Estou falando no geral.





- Eu não sou eles Aki, você aos poucos foi se afastando e eu
fiquei de mãos atadas, não me deixou se aproximar e...





- Eu me afastei sim, mas se eu não me afastasse antes você
iria me excluir de qualquer forma.





- Claro que não...





- Claro que sim! Eu não sou igual aos seus amigos, e é por
isso que você estava me excluindo.





- Ok eu admito que eu não me importei muito com o que aconteceu
ano passado, mas a sua amizade me faz falta, você me faz falta, o mal entendido
entre você e os meninos não é culpa minha. – ficamos um tempo em silencio. – E
ai, será que eu posso ter meu melhor amigo de volta?





- Você sabe que vai ser difícil reconquistar minha confiança
não é? – Yuu abaixou a cabeça assentindo.





- Eu sei Aki, e não discordo, no seu lugar agiria da mesma
forma.





- Sei... Agora eu vou... – disse apontando para um canto da
quadra.





- A sim tudo bem, desculpe, eu não queria tomar muito do seu
tempo.





- Não foi nada, então, eu vou indo ali, depois a gente se
esbarra.





- Com certeza. – Yuu deu uma piscada e saiu andando.







Caminhei até a quadra e me sentei
num canto afastado





Disseram-me uma vez que eu me
excluo pra chamar atenção, mas eu estaria sendo um completo imbecíl se tentasse
chamar a atenção das pessoas que conheço, só estaria sendo dez vezes pior se
tentasse provar algo a eles.



Querer ser diferente no estilo não
tira as minhas qualidades, e se eu me excluo é por que comecei a enxergar as
coisas a minha frente, e comecei a me afastar de tudo que não me faz bem,
começando por alguns “amigos”.





- As horas dentro dessa escola não passam. – bufei
encostando a cabeça na parede e fechei os olhos irritados pela luz do sol.





- Falando sozinho Aki? – Abri um olho e vi Clara rindo de
mim e se abaixando para sentar.





- É jeito nee... Não posso abandonar meus fantasmas! – Disse
rindo com os olhos ainda fechados.   





- Esse seu jeito é tão fofo. – Após esse comentário eu
baixei a cabeça fitando ela com uma sobrancelha arqueada e um bico de lado, o
que fez com que ela gargalhasse. – Você é realmente muito fofo Aki.





- Eu fofo? Em que? – Disse com uma falsa expressão
incrédula.





- Suas caretas, e seu sotaque japonês, é muito fofo mesmo!





- Você consegue acabar com a minha imagem, isso sim! – disse
mostrando a língua, e ela não parava de rir, o que me deixa bem, não sei o que
tem na Clara que me deixa tão tosco.





Acabei por rir do meu próprio pensamento.





- É sério, ainda mais pelo fato de você ter nascido aqui,
não devia ter um sotaque tão puxado assim.





- Minha família faz questão de que eu saiba falar em
japonês, a minha sorte é eu não trocar l por r, eu seria muito trolado. – disse
rindo novamente, é impressionante como eu e a Clara só sabemos rir juntos.





- Seria mesmo. – seu sorriso foi morrendo aos poucos assim
como o meu, essa cena até pareceu cómica, do nada ficamos sérios.





- O que foi? – perguntei.





- Nada horas, é que minha barriga já estava doendo de tanto
rir. – voltou a rir e eu segui o mesmo caminho.





- Assim vamos enfartar!





- Para de fazer graça Aki! – disse me dando um empurrão.





- Eu não to fazendo nada caramba. – disse ainda rindo.





- Ta sim...





- E o que é que eu to fazendo? – disse fazendo outra careta.





- Deixa de ser cínico Aki.





- Ta ok, eu paro. – ouve um instante de silêncio até que um
começou a rir do outro. – Ai Clara, depois eu que sou o culpado.





- A culpa é dos dois, minha por eu ser tonta, e sua por ser
palhaço...





- Palhaço?





- É... Palhaço!







Eu ia dar uma resposta a altura, mas o sinal tocou e tivemos
que ir pra sala.







...







- Você vai ver Clara, vai ter volta. – disse entrando na
sala e atraindo a atenção de uns idiotas dos quais não quero citar.





- Não seja ruim comigo Aki, eu não fiz nada de mal. – ela
fez uma expressão cínica e adorável ao mesmo tempo.





- Não fez nee! – apertei a cintura dela e dei as costas,
adorava deixar ela com vergonha.





- Você é um veado Aki! – Não respondi e me sentei mostrando
a língua pra ela.





- A Clara adora provocar né! – nem precisei me virar pra
saber que era o Yuu que falava comigo.





- É... – estava de cabeça baixa e fitando os meus anéis que
eu virava um a um freneticamente.





- Aki eu... – olhei de canto o vendo suspirar de forma
triste. – Eu sei que não posso e nem devo mais... Eu queria ao menos que
olhasse pra mim quando eu estivesse falando com você, eu me sinto mal com você
agindo como se eu não existisse.





Isso realmente partiu meu coração, mas eu não consigo
confiar em menos de uma hora em uma pessoa que não falo há oito meses pelo fato
de que ele me trocou por outros amigos, assim do nada, simplesmente me ignorou,
o que me fez se sentir um inútil por meses.



Parece ser um motivo idiota, mas eu não consegui me dar com
o fato de que fui chutado pro canto sem ao menos saber o porquê, quer dizer, na
verdade eu sabia o porquê, o motivo de eu ter sido chutado foi por que o Yuu
estava com vergonha de mim, e os novos amigos dele não me aceitavam, pois pra
eles eu sou estranho.





- Yuu, eu não consigo simplesmente te tratar da mesma
maneira que eu te tratava, isso pode levar um tempo, ele pode ser longo como
também pode ser curto mas isso depende de você, eu já deixei bem claro que a
minha confiança tem de ser reconquistada.





- Eu sei... Mas eu só queria que pelo menos você não me
ignorasse tanto... Será que é pedir de mais?





Ele sabe como me colocar contra a parede, maldito Yuu! Eu
odeio quando ele faz essa cara de cachorro abandonado, que é? Eu tenho dó sim,
eu não queria ser tão mole, mas esse desgraçado consegue fazer com que eu vire
uma gelatina quando quer.





- Ok Yuu... – suspirei pesadamente. – Eu vou tentar não te
ignorar mais. – Ele deu um sorriso mais aberto, um maldito sorriso que ele dá
como se tivesse ganhado um óscar.





Foram mais três aulas após o intervalo, o tempo até pareceu
passar mais rápido, e também não foram aulas tão chatas como pensei que seriam,
professores novos, mas comuns, todos eles tem essa cara de quem faz o que faz
só por dinheiro, nunca por amor.





E a hora que eu tanto almejava chegou a de ir embora, sai
sem me despedir de ninguém estava mais preocupado em ir embora logo.



Estava andando em passos pesados, mas não muito rápidos,
esbarrei de propósito em três lerdos que viam que eu queria passar e mesmo
assim continuavam na minha frente, são todos tão sínicos, não sei como
conseguem ser assim. Ouvi reclamações do tipo “E japonês baitola não sabe pedir
licença não!?” e “Essas porras acham que são os donos do mundo, pinto
pequeno!”, eu como não sou nenhum pouco amável me virei pra trás mostrando meus
dois dedos do meio em seguida balancei meu pênis dizendo um simples “Pega aqui
seus trochas!”, me virei como se nada tivesse acontecido e continuei o meu
caminho.





Eu não sei por eu ajo dessa forma, sempre me arrependo
depois ao perceber que eu não preciso provar nada pra ninguém, sou mesmo um
idiota!





Passei pelos corredores com alguma dificuldade, pois eles se
parecem mais com ponto de ônibus, o que tem de tão interessante em parar num
corredor pra ficar conversando eu não sei, mas eu fico puto com esses desmiolados
que amam a escola e não quer que ninguém saia de dentro dela.





Me vesti com a maior paciência do mundo até conseguir sair
daquele inferno, avistei do pátio um serzinho loiro parado perto da saída com
algumas meninas, sim era meu irmão Takanori, ou melhor Ruki como ele nos pede
para chama-lo, então fui em direção a ele.





- O que faz aqui Ruki? – perguntei chamando a atenção dele e
das garotas que ele conversava.





- Deixe de ser mal educado Aki, se apresente para as garotas
primeiro. – esse impertinente sempre me fudendo em quase todas as situações.





- Olá meninas! – disse rápido recebendo alguns “ois” e
sorrisinhos bobos. – Eu vou indo ok!





- Espera ai Aki! – fui interrompido. – Tchau garotas, foi um
prazer... – deu um beijo em cada uma delas e veio até mim.





- Apressadinho. – me deu um empurrão e fez um bico enorme.





- Passar seis horas dentro dessa escola já é o bastante pra
não querer ficar em frente ao portão dela, mas as meninas ainda estão lá pode
voltar se quiser! – apontei em direção as meninas e continuei.





- Nossa ignorância da porra! Alguém te mordeu hoje,
beliscou?





- Desculpe Ruki... – abaixei a cabeça logo sentindo o braço
dele sobre meu ombro me puxando pra perto.





- Eu sei que esse lugar é um tormento pra você Aki, mas não
vale a pena ficar triste por isso, eu não gosto de te ver assim... Vamos,
levante essa cabeça! – Ruki começou a me balançar pelo ombro, o que me fez rir.





- Ta, parei... – voltei a fita-lo, - E o que veio fazer
aqui, estou curioso?





- Eu? Na verdade a mãe descobriu que eu estava por perto e
mandou eu te acompanhar, deve estar com medo de que você fuja! – disse num tom
sarcástico.





- A mãe não cansa nee! To ficando de saco cheio já.





- É bom que se acostume, eu sou dois anos mais velho que
você e mesmo assim a mãe nos trata da mesma forma, como se tivéssemos cinco
anos. – ele não me fitava, mas pude perceber que ele estava um pouco sério.





- Algum problema Taka?





- Não posso te contar agora Aki, mas você vai saber, te
conto quando eu me resolver.





- Tudo bem.





O problema deve ser realmente sério, ele nem percebeu que eu
o chamei de Taka, não que ele não goste, mas ele diz que esse apelido o diminui
mais ainda, ele é realmente baixo pra um homem de vintes anos, mas não é motivo
pra tanta vergonha.



Tentar explicar isso a ele é mais difícil do que ir a Lua e
voltar em uma hora!



Somos diferentes em várias coisas, mas nos damos bem, não
passamos trinta minutos sem se falar após uma briga, e quando digo briga não é
simplesmente verbal, já levei cada murro desse baixinho.





Fomos o caminho inteiro conversando sobre coisas banais, se
dando tapas, apelidos, beliscões, chutes, era impossível estar perto dele e não
fazer uma piada, o que ocorria com ele também, esse veado sempre achava algo
pra me zoar.



Levamos um tempo curto de mais ou menos quinze minutos de
pura putaria, no bom sentido é claro, era só o que sabíamos fazer juntos.
Entramos em casa rindo e se dando tapas no braço.





- Já chega porra meu braço está doendo! – disse Taka me
empurrando com mais força.





- Que se foda foi você que começou!





- Ei meninos, eu estou cansado de falar sobre esses
palavrões dentro de casa! – disse meu pai saindo da cozinha e nos lançando uma
expressão séria, tremo na base com esse velho ele é realmente assustador.





- Desculpe pai não vai acontecer de novo. – O menor se
pronunciou.





- E não quero desculpas, quero resultados. – disse por fim
nos fazendo assentir ao mesmo tempo.





Meu pai é um homem muito reservado e severo, muito severo,
nunca levantou a mão contra nenhum de nós, mas a autoridade dele já é
suficiente pra obedecer sem pestanejar.





- O que aconteceu Toshio? – Perguntou minha mãe saindo da
cozinha também.





- Nada de mais Akemi. – Meu pai nunca conta a minha mãe as
coisas que aprontamos, não pra nos defender das coisas erradas que fazemos, mas
por que ele sabe que qualquer coisa que nós fazemos que não a agrada, ela faz
uma tempestade no copo d’ agua, move céus e terras e mais um pouco.





Minha mãe é linda, simpática, fofa, amável e muito mais, o
único defeito dela é ser exagerada, questionar ela é um erro.



Já da pra saber de onde o Taka puxou tanto exagero, esses
dois quando cismam com algo é melhor sair de perto, pois ai vem chumbo grosso!         





- Mas por que essas caras então? – Ai vem merda!





- Mãe eu estou morrendo de fome, o almoço já está pronto? –
tentei mudar de assunto, o que deu certo.





- Está sim meu amor, vão lavar as mãos.





- Mas e o Kou? – perguntou Taka.





- Ele acabou de me ligar e disse que já esta chegando, vou
ajudar a Ana por a mesa. – minha mãe voltou para a cozinha, meu pai seguiu para
o sofá e eu o Taka subimos.







...







Ao entrar no meu quarto larguei minha mochila em um canto
qualquer e me joguei em minha cama, fiquei alguns minutos tentando tomar
coragem pra ir lavar as mãos e voltar pra baixo.



A fome parecia ter me deixado de lado, me virei pro canto
fechando os olhos, acabei por lembrar do meu primeiro dia de volta ao inferno,
eu bem que poderia ter mudado de escola, meu pai tem condições de me colocar em
um colégio particular, mas ele acha que nós devemos aprender a ser humildes, e
que escolas particulares só iam estragar nossas qualidades.





Não sou contra, e também acho que uma escola particular pode
mudar muitos os nossos hábitos, nos tornando mesquinhos, mas ele bem que
poderia me colocar em outra escola, tem tantas, mas ele insiste em dizer que eu
tenho que aprender a me dar com minhas dificuldades.





Um barulho na porta me fez virar rapidamente, como se eu não
soubesse quem tem esse hábito feio de entrar sem pedir licença.



Por que meu irmão acha que pode ser atrevido só por que é
gay!?





Kouyou, o gay mais folgado da face da terra, nunca vi um ser
tão convencido quanto ele, dizem que devemos seguir nosso irmão mais velho como
exemplo, mas acho que meu pai me mataria se eu o fizesse.





- E ai Ue-chan, está fazendo greve de fome é?





- Existe algo chamado “educação”. – fiz aspas no ar ao me
sentar na cama. - Você poderia usa-la quando precisasse vir ao meu quarto,
talvez ela te ajudasse a bater antes de entrar.





- E eu preciso pedir licença pra entrar no quarto do meu
irmão mais lindo e mais gostoso desse mundo? – ele sempre me deu esses tipos de
subtítulos, eu não sei se fico com raiva, agradecido ou com vergonha.





- QUEEE? ELE É SEU IRMÃO MAIS LINDO E MAIS GOSTOSO – Taka
entrou gritando, eu e o Kou não contivemos as gargalhadas.





- O meu quarto está parecendo bordel, vocês entram assim sem
pedir licença, gritando, eu vou ser obrigado a trancar a porta nee!





- NÃO MUDA DE ASSUNTO AKIRA SUZUKI! – esse é o momento em
que o Taka percebe que eu quero mudar de assunto e a porra fica séria.





- Ah Taka, o Akira é sim um lindo, gostoso, se não fosse meu
irmão eu cataria! – disse Kou erguendo os braços em sinal de rendimento.





Eu corri pra trás do Taka, demostrando um falso medo do Kou,
o que fez com que ele risse muito de mim.





- Ei Kou pare de ficar assustando o nosso bebê, ou então eu
terei que tomar algumas providências. – disse Taka apontando o dedo pro Kou que
ameaçou morde-lo.





- Você vai fazer o que em Taka? – e é exatamente esse tom
desafiador do Kou que faz o Taka virar o capeta, to fudido com esses dois!





- Eu vou...





- Meninos? – interrompeu minha mãe.





- Sorte sua Kouyou!





- O que vocês estão aprontando que não desceram pra almoçar,
a comida vai esfriar.





- Estamos indo mãe. – disse Kou.





- O pai de vocês já está impaciente, ele ainda tem que
voltar para empresa. Já lavaram as mãos?





- Ainda não. - disse me direcionando pro banheiro.





- Desçam logo! – ditou, saindo de meu quarto.





- Ok. – falamos todos ao mesmo tempo.





Meus irmãos saíram depois de apertarem a minha bunda e me
mandarem descer logo.



Eu realmente não sei quando foi que pegamos tanta
intimidade, isso não me incomoda  de
forma alguma, eu acho muito engraçado o fato deles ficarem me apalpando quase
todo o tempo, acho que eles gostam de me ver sem graça só pode!



Desci logo depois de lavar as mãos.









...









- Finalmente podemos almoçar em família! – disse meu pai ao
me ver sentar-se a mesa.





Almoçamos em silêncio como de costume, eu quase não toquei
na comida, não estou fazendo birra ou algo do tipo, mas desde o dia em que
fiquei sabendo que teria de voltar aquele inferno eu havia mudado muito meus
atos, não falo muito, não como, leio bastante, coisa que não era de meu
costume, e se pudesse passava minhas vinte e quatro horas em frente ao meu
computador, pois amigos virtuais não me dão desgosto.





- Filho você quase não comeu, o que está acontecendo? –
disse meu pai segurando em meu pulso fazendo um leve carinho no mesmo.





- Pai está mais do que evidente o problema do Aki, por que
não o tira daquela escola? – disse Taka com uma expressão séria.





- Eu já disse que o Aki tem que aprender a...





- Lhe dar com minhas dificuldades... Eu já sei disso. – ia me
levantar quando fui impedido por meu pai.





- Aki eu não terminei, sente-se. – me sentei novamente. –
Essa sua rebeldia não vai te levar a lugar algum, não adianta parar de comer,
não adianta se trancar no seu quarto o dia todo, não adianta se comportar como
um fantasma dentro de casa, isso só reforça a ideia de que você não está se
esforçando nenhum pouco pra conseguir o que quer, e sim que está sendo uma
criança birrenta que não merece nada! – estava de cabeça baixa meu rosto estava
fervendo e meus olhos cheio de lágrimas, mesmo assim podia sentir todos os
olhares sobre mim.





- Pai deixa ele... – ouvi a voz calma do Kou que logo foi
interrompido por meu pai.





- Deixar ele o que? Vocês não são mais crianças me poupe
Kouyou, eu não admito que meus filhos se tornem pessoas mesquinhas! – disse num
tom elevado.





- Como você quer que seus filhos não sejam mesquinhos se
você esta sendo? – Kou disse no mesmo tom de voz que meu pai, o que de certa
forma me assustou, nós nunca tivemos coragem de desobedece-lo, levantei minha
cabeça para fita-los e vi que aquela conversa não acabaria bem.





- Como ousa...





- Parem, por favor. – disse minha mãe numa tentativa falha
de cessar a discussão que havia começado.





- ELE SOFRE BULLIYNG! – Kou se mostrou realmente irritado
socando a mesa com as duas mãos ao gritar. – SERÁ QUE É TÃO DIFICIL PRA VOCÊ
ENTENDER ISSO?





- ISSO NÃO SE CHAMA BULLIYNG, SE CHAMA FRESCURA! ALGO QUE
ELE APRENDEU COM O IRMÃO MAIS VELHO, QUE AO INVES DE DAR EXEMPLO FAZ TOTALMENTE
AO CONTRARIO, COMEÇANDO POR SUA OPÇAO SEXUAL! – Kou engoliu seco após essas
palavras que com certeza feriu muito ele.





- Pai para com isso. – disse Taka num tom mais baixo
tentando parar com a discussão, eu estava paralisado, toda a situação realmente
me assustava.





- CALA ESSA BOCA TAKANORI! – continuou meu pai agora se
levantando e jogando um copo contra a parede atrás de si.- Eu sempre lutei
muito por tudo isso, por minha família. – agora meu pai falava num tom audível
e choroso. – Pra que? Pra que vocês me juguem como mesquinho, pra que gritem
comigo, o pai de vocês? – pude ver as lágrimas escorrendo por seu rosto, e logo
os soluços de minha mãe se fez presente.





- Ser pai senhor Toshio... - Kou tornou a falar num tom mais
calmo. - Ser pai não significa trabalhar, trazer dinheiro pra casa e depois nos
dizer quatro ou cinco frases sobre como devemos ser, como o senhor quer que
sejamos, o senhor cresceu em um país deferente com costumes diferentes, educar,
dar atenção e carinho é uma coisa, agora querer manipular marionetes é
totalmente diferente.





Eu nunca vi meu pai se render por um ato que ele sabia estar
errado, ele nunca parou pra nos escutar, é orgulhoso demais pra isso, não o
jugo mesmo me sentindo mal com isso, pois sou muito orgulhoso assim como ele.





- Você não é pai Kouyou, e nunca vai ser, pois infelizmente
essa sua maldita opção sexual nunca vai deixar com que se torne um...





- PARA! CARALHO VOCÊ NÃO CANSA?  ELE É SEU FILHO NÃO UM ANIMAL. - agora eu me
irritei e muito com os insultos que me pai fazia ao meu irmão, minha mãe se
assustou com a minha reação e segurou em meu pulso pra que eu não me levantasse
o que não adiantou de nada, me soltei com certa brutalidade e saí de lá.





Logo percebi que minha mãe me seguia, ao entrar em meu
quarto me virei para ela e vi sua expressão chorosa e preocupada, não me
contive em abraça-la, ver ela desse jeito me destruía por completo, e só de
pensar que a culpa é minha, eu me odeio tanto, tanto...



Minha mãe me abraçava com força, seu choro aos poucos foi
diminuindo, mas a dor em meu coração continuava a mesma.



Meu rosto já estava irritado por causa das lágrimas que
molharam a faixa, mas procurei ignorar essa irritação.





- Filho por que não para com isso. – ela ainda soluçava
bastante.





- Eu não faço por que quero, não estou tentando chamar a
atenção de vocês, já estava me acostumando com a ideia de ter que aguentar
aquela escola mãe... Mas eu não posso fingir que está tudo bem comigo por que
não está. – as lágrimas se intensificaram novamente.





- E por que você não nos diz o que acontece com você, por
que não nos da espaço Aki?





- Por que vocês não me escutaram quando eu tentei falar,
tudo pra você e pro pai e algo comum da adolescência. – minha mãe se desfez do
abraço e ergueu meu queixo para que eu pudesse fita-la.





- Eu queria tanto ser a mãe perfeita pra vocês, mas parece
que eu não cumpro meu papel como deveria nee! – algumas lágrimas ainda caiam de
seus olhos.





- Não é isso mãe...





- Mãe, Ue-chan... – quando dei por mim Kou estava abraçando
nossa mãe na altura do ombro e depositou um beijo em sua bochecha, logo Taka
seguiu o mesmo caminho depois me puxou pra um abraço coletivo, pude ouvir um
suspiro longo da minha mãe, talvez fosse de alivio.





- Me desculpem Aki, mamãe, Ruki... Eu não queria ter causado
essa confusão toda.





- Eu que devo pedir desculpas a culpa é toda minha. – me
soltei do abraço e sentei na beira da minha cama fitando o chão.





- A culpa não é de ninguém, Aki você só está nervoso por
causa do seu retorno a escola, e vocês Kou e Taka só tentaram defender o irmão.





Ficamos todos em silêncio.





- E o pai de vocês? – perguntou minha mãe aos meus irmãos.





- Ele pegou as coisas dele e saiu sem dizer nada depois que
vocês se retiraram.





- Ele está muito nervoso pra dirigir, eu vou ligar pra
ele... A noite conversaremos como uma família normal, estamos entendidos?





Assentimos, e ela saiu pra ligar pro meu pai.



Eu e meus irmãos começamos a conversar sobre o ocorrido,
logo estávamos nos distraindo com algumas idiotices que saiam no meio da
conversa.





Ter eles ao meu lado já é o suficiente para que eu possa
suportar qualquer dor, essa mania de proteção que eles têm às vezes complica as
coisas, como o que aconteceu agora a pouco, eles não suportam me ver chorar ou
ser repreendido por algo, mas eu me sinto bem com isso, é o que faz parecer que
eu não estou só.



Eu gostaria de proteger eles da mesma forma, só o que eu sei
fazer é baixar essa cabeça e ouvir os insultos que meu pai de vez em quando faz
a eles.





Complicado.





Essa palavra que define todos os meus dias, como se não
bastasse ser tratado como e.t na escola, tenho de chegar em casa e causar toda
essa merda!





Quando será que isso vai mudar?


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Notas finais do capítulo

E aii??
E aii Aline???
Legal??
Não???
Criticas??? de boa, aceito sim....
Se tudo correr como espero eu posto akie de semana em semana, como não gosto de fikar enrrolando quando não tenho assunto, por hj é isso!!!
E leitores fantasmas eu ntendo vcs! kkkkkkk
Até o prox...
Kissus *o*y