57th Edição Dos Jogos Vorazes escrita por Glimmer


Capítulo 12
Capítulo 12


Notas iniciais do capítulo

Mackenzie e seus aliados encontraram Shine, e agora teriam que cuidar dela, simplesmente por que queriam, ou pelo aliado morto, Clever?



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Acordei quase caindo do tronco. De repente tive uma rápida lembrança de quando minha irmã me deixara dormir em sua cama por uma noite. Ela me avisara que eu podia me machucar. Eu tinha apenas 11 anos. Havia caído de sua cama e quebrado o pulso.

Passei a mão em volta do pulso que quebrara naquele dia e notei a pulseira.

A pulseira que Joseff me entregou por Ethan. Aquela na qual estava um pingente com o símbolo do meu distrito. A mesma a qual selou minha promessa de que eu venceria.

 Percebi que meus olhos começaram a ficar úmidos. Enxuguei rapidamente para que ninguém percebesse e desamarrei a corda que me prendia.

Guardei o cobertor na mochila. Desci da árvore e fiz uma fogueira discreta, para não chamar a atenção dos carreiristas.

Connor desceu da árvore e comeu junto comigo o coelho. Shine estava praticamente invisível. Não conseguia vê-la de tão escondida que estava. Só a percebi quando abriu os olhos.

-Ei, você sobreviveu! – disse Connor surpreso com um pouco de sarcasmo. Shine olhou séria para ele, fuzilando-o com os olhos- Parei.

Shine pegou um pedaço do coelho e deixou o último para Perk. O mesmo desceu depois que eu terminei de comer. Connor me ajudou a colher frutas. Ele sabia exatamente qual era qual. Mostrou-me algumas que, realmente eram mais mortíferas do que eu.

Apresentou-me as amoras-cadeados. Disse que com apenas uma, você explode em uma fração de segundo. Contou-me, em segredo, que colocavam na arena para enganar os tributos e matá-los.

Perk voltou a cuidar do braço incurável de Shine. Havia inchado e, uma hora ou outra teríamos que arrancar seu braço. Fiquei com arrepios só de Perk falar isso. Se eu não consegui nem ver essa ferida, imagine matando uma pessoa.

Ficamos afastados por praticamente o dia inteiro. Até que ouvi gritos.

 Connor e eu corremos em direção aos gritos. Vimos Shine com o seu braço, mais ferido do que antes. Lutava com lobos bestantes. Perk estava com duas facas na mão, cheias de sangue. Havia lobos mortos no chão, mas ainda havia três ameaçando Perk e Shine.

Shine desviou de uma mordida de um lobo, mas atingiu o chão quando outro a arranhou no rosto. Peguei meu machado e cortei o bestante ao meio. Pela primeira vez, eu consegui matar um ser vivo. Senti-me culpada, mas ao mesmo tempo, viciada. Afastei esse pensamento rapidamente. Não gostava disso. Voltei a me preparar.

Connor lançou uma flecha no coração de outro lobo. Esse capotou no chão. Restava apenas um lobo. Perk enfiou a faca na garganta dele e recuou, até encostar-se à árvore.

-Muitos lobos – ele disse arfando.

-Vamos – disse Connor entre suspiros de cansaço – pegar a carne deles.

Todos assentiram. Enquanto recolhíamos a carne dos lobos, Shine estava agachada com a mão no rosto.

-Não vai ajudar a gente? – Connor perguntou nervoso.

Shine ajoelhada no chão. Observava a mão ensanguentada, com uma cara de assustada e amedrontada. Pousou os olhos em Connor, e de repente ficou séria.

Pegou o machado e correu na direção dele. Tentou passar o machado em Connor, mas ele se abaixou no mesmo tempo em que ela lançou machado na árvore, sem querer. Rosnou para nós, mostrando os dentes. Andou com os joelhos flexionados até chegar ao machado, sem tirar os olhos de nós. Saiu correndo pela floresta, o mais rápido possível. Deu uma tropeçada no caminho, mas se levantou novamente. Sumiu entre a vegetação com a mão ainda sobre rosto.

Não paramos para descansar. Corremos para o lado oposto de Shine, para procurar refúgio. Os carreiristas não mataram ninguém hoje. Isso significava que uma hora ou outra, os Idealizadores fariam alguma coisa no dia seguinte para nos aproximar.

Andamos até não aguentar mais. Agora, não tínhamos que nos preocupar com Shine ter que dormir no chão e ser morta por alguém.

Encontramos uma árvore com bastante folhagem, que nos ajudaria a nos esconder dos carreiristas ou de outros tributos. Restavam apenas 14 pessoas na arena.

Subimos na árvore o mais rápido possível, e arrumamos nossas “camas”.

-Como acham que está Shine? – perguntou Perk

-Alguém arranjou uma amiga, é? – disse Connor, zoando.

-Alguém também arranjou, não é Mackenzie? – Perk olhou para mim sorrindo.

-Não sei – respondi quase corando.

-Pensei que fossem amigos. – disse Perk, meio rindo – Você e Connor.

-Aliados – eu disse imediatamente com Connor em sintonia.

Não sei se Connor me considerava uma amiga. E também nem sei se eu o considerava meu amigo. Já nos conhecíamos antes de entrar na arena, mas não significava que éramos bons amigos.

Amarrei a corda com o tronco e encostei a cabeça na casca áspera da árvore. Perk já estava dormindo profundamente no seu canto, e Connor estava com a cabeça virada.

-Ei, Connor – sussurrei – Está acordado?

-Estou – ele disse virando a cabeça para mim lentamente – O que foi?

-Não consigo dormir. – eu respondi. Estava impressionada com a reação de Shine depois dos lobos. Ela realmente me deixara assustada.

-Também estou espantado como Shine reagiu. – ele comentou, adivinhando o que eu estava pensando.

-Nunca imaginei que ela faria isso – comentei.

-Eu sim - ele disse.

- Como? – perguntei espantada.

-Eu imaginei que ela teria um ataque de loucura. – ele começou sem indiferença - Também, francamente. Acabou de perder o amigo, o viu morrendo na sua frente, e ainda se juntou com pessoas que nem se quer sabia quem eram realmente.

Pensei por um tempo. Ele tinha razão. Shine tinha motivos para ficar louca. Principalmente dentro da arena, onde teria que ver crianças morrendo e ter que matar para vencer e sobreviver.

Ainda havia uma coisa que me incomodava. Connor escondia algo de mim, que, bem, era confuso e ele não deixava quaisquer pistas do que era ou do que se tratava seu segredo.

Eu também estava prestes a ter uma crise de loucura. Sempre que lembrava-me de minha família, ou pessoas mortas, tinha uma sensação que me fazia querer matar alguém. Deveria afastar esses sentimentos malucos, e pensar no meu objetivo: vencer sem matar. Parecia impossível, mas era o máximo que eu podia fazer. Dizem que alguns vencedores ficam tristes e doentes depois da arena. Não queria isso.

Ninguém morreu hoje. O que nos dava e desvantagem dos Idealizadores fazerem alguma loucura, além dos lobos bestantes. Fiquei pensando em algo bem do mundo deles para nos matar, ou nos aproximar dos outros tributos.

Virei para o lado oposto de Connor e fiz da minha mão, um travesseiro. Fiquei mexendo na pulseira de Ethan, pois sempre fazia isso quando ficava nervosa.

Fechei o olho, mas não consegui dormir.


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Notas finais do capítulo

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