Lips Of Deceit escrita por Victims


Capítulo 32
Sit Down And Watch My World Burn


Notas iniciais do capítulo

É gente, parece que não vamos ter tempo de acabar a fic no prazo dado D: EU tentei acelerar o maximo que eu pude, tanto é que esse capítulo tá bem grandinho, o maior que eu já fiz só para caso de alguém aqui não querer acompanhá-la no animespirit. Eu sinceramente gostaria MUUUUITO que se vcs pudessem, me add lá. Assim iria postar apenas a continuação, até o final dela para vocês lerem, não tá muito longe já que passamos da metade, mas ... :/
Enfim, vocês que sabem, meu perfil é esse : http://animespirit.com.br/victims
O próximo ja está saindo e vou ver se posto amanha mesmo , independente do numero de reviews e tals, ok ?
Beijos queridas



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POV Erika.

- Eu preciso ir para casa Tyler!  - Disse empurrando desesperada o tronco duro como pedra para longe de mim. Eu não aguentava mais aquele grude, aquela melação e aquele homem quase o dobro de mim agarrando cada parte do meu corpo. – São quase dez horas e eu vou me ferrar!

- Você tem me enrolado por muito tempo Erika! – Ele rebateu nervoso socando uma almofada em cima da cama depois de me largar. – Não quero mais desculpas, nós vamos fazer isso você querendo ou não! Tentei respeitá-la dando o tempo que você precisava para estar pronta, para descobrir que me quer... Mas se não for por bem vai ser por mal. – Por fim ele catou a blusa vermelha que havia jogado no chão a alguns segundos atrás e cobriu o corpo.

Ele estava me pressionando e eu ficando sem tempo. Rolei os olhos pelo quarto sentindo minhas estruturas tremerem, ele quer sexo, ele quer sentir que estamos conectados. Porém essa ligação só existe na cabeça dele! Vim levando nossa “relação” com a maior paciência possível, porém a partir do momento que ele começou a exigir algo além de beijos roubados eu meio que surtei. A ideia de ter que me deitar novamente com ele não é nem um pouco agradável como foi a tempos atrás, agora eu não sinto desejo e sim um nojo profundo.

- Tyler eu não posso ainda... Além do mais você sabe que eu tenho horário pra chegar em casa em dia de semana.

- Tudo bem. – Ele bufou fitando as grandes janelas do quarto. – Mas de amanhã não passa Erika. Nós temos que despertar isso em você. – Agora ele avançava para cima de mim mais calmo e terno, apoiou as duas mãos em meus ombros e com olhos turvos me encarou de cima. – Você me ama e eu sei disso. – Depois depositou os lábios mornos e volumosos nos meus. Fiquei estática não correspondendo ao beijo, depois que ele me soltou abriu a porta e continuou a me encarar. – Amanhã temos o baile da sua irmã, lembra?

- Eu não quero ir, já tenho que suportar Carmen em casa, e tenho quase certeza que essa porra de baile...

- Não começa ok? Combinamos que seria no baile onde vamos nos assumir como um casal. Eu serei o namorado bondoso que perdoou a antiga “Madalena”. – Interessante como um filho da puta desses ainda tem coragem de usar referências bíblicas. Senti meu peito se contrair em dor, pois isso iria magoar muita gente, principalmente... Ele.

- Tudo bem... – Suspirei saindo apressada do quarto de paredes azuis agonizantes. – faça como quiser.

- Ok. Agora pode ir, você sabe o caminho da saída e eu to muito cansado para ser cordial com você. Até amanha minha princesa. – E com um estalo nem um pouco auspicioso a porta se fechou na minha cara.

Então além de amanha ser o dia em que o prato principal da minha desgraça será servido, ainda virarei a sobremesa de Tyler. Ótimo. As pernas bambearam enquanto eu caminhava pelo jardim da mansão Dawkins, muitas vezes já me peguei imaginando sair dali em aflição, correndo em direção ao nada e nem por um segundo parar minhas pernas. Talvez, lá no horizonte eu encontrasse uma linha que me separasse dessa realidade e finalmente pudesse dormir uma noite sem sonhar em que me sufocava em culpa. Respirei fundo gravando todos os detalhes dos jardins pelas casas que eu passava. A noite estava escura e confortável, as luzes dos postes pareciam me guiar já automaticamente para casa, mesmo com os pensamentos longes minha mente funcionava sem interrupções.

Abri o portão de casa e apenas as luzes do quarto de Lucy estavam acesas por trás das janelas de vidro quadriculado, subi as escadas com o ânimo que tinha e entrei no quarto da pequena. Ela não se mexeu, apenas me fitou entre as cobertas e abriu um pequeno e convidativo sorriso. Entrei do mesmo jeito cauteloso que fazia todas as manhãs, tirando o fato de que já estava bem tarde, acho que minha maior sorte é o fato da visita não muito bem vinda da minha irmã estar distraindo mamãe.

- Não achei que fosse estar acordada há essa hora anjo. – Disse acariciando algumas mechas de seu cabelo. – Não está um pouco quente para tantas colchas?

- Não estou com sono agora, acho que é porque dormi de tarde. – Ela disse ignorando a pergunta também não muito importante.

- Estranho. – E era mesmo, geralmente ela se ocupava bastante nesse horário e não tinha muito tempo para dormir.  – Mas preciso conversar com você... Sabe... – Cocei a cabeça desviando o olhar para outros cantos do quarto mantendo os dedos comprimidos em suas mechas. – Vou ao baile. Mas não pense que é pela Carmen, porque não é!

Ela continuou com o mesmo semblante calmo e pouco expressivo o que, diga-se de passagem, também não é de seu feitio.

- Tudo bem, isso é bom. – Suspirei aliviada.

- Mas tenho outro problema. – Além dos outros milhões, mas ela não precisava saber desses.

- Qual? – Lucy levantou um pouco inclinando a cabeça para perto de mim parecendo um pouco mais disposta.

- O vestido, digo, não que eu não tenha alguns... E não ligo pra essas merdas também, mas... – Ajeitei-me mais um pouco na ponta da cama em que me sentara trazendo sua cabeça para meu colo, a televisão emitia ruídos baixos exibindo um filme qualquer que Lucy usava para se distrair antes de minha chegada. – Todos os meus já estão um pouco surrados, sabe? E eu não quero ser vista como a irmãzinha largada, porca, pobre-coitada e...

- Achei que Carmen não tinha nada a ver com isso. – Ela esboçou um sorriso travesso.

- E não tem! Não com o motivo de eu ir. – Sempre que me lembrava dele tinha vontade de gritar com todas as forças até minhas cordas vocais se arrebentarem. – Mas já que eu sou obrigada...

- Obrigada?

- Quero chegar digna de respeito. – Atropelei sua pergunta esperando que não voltasse nela. – Se a Carmen está por trás disso, quero parecer tão elegante e ameaçadora que ela vai perceber que suas tentativas de me oprimir e humilhar não irão funcionar tão fácil.

Lucy Revirou os olhos.

- Ela é nossa irmã Erika, e te ama tanto quanto eu! É coisa da sua cabeça, esse baile não tem nada a ver entre você e ela. Só formalidades e cortesias da instituição para a aluna que mais se destaca no curso de cardiologia em Yale.

- Do jeito que você fala parece fácil de acreditar, mas ainda sim ela esconde algo. Sabe o que eu acho? Que essa “visitinha” dela tem muito rabo preso. Isso mesmo, até porque mamãe não sai do pé dela... – Respirei fundo e fiz sinal para Lucy esquecer minha linha de pensamentos, assim estávamos fugindo do assunto principal. - Mas voltando e esquecendo isso. Eu realmente preciso de um vestido, o problema é...

- O dinheiro, certo?

- Sim. – Disse envergonhada. – Eu quero pedir pra mamãe, mas duvido que ela me dê alguma coisa, gastei todas as economias que eu tinha com esse bico de ilustradora, sem falar que ando sem clientela a um tempo.

- Você não precisa se preocupar com isso. – Lucy falou tranquilamente e fazendo bastante esforço se pôs ereta na cama. Com a ajuda de uma espécie de bengala arrastou uma pequena caixinha colorida da cabeceira até a cama, depois abriu-a retirando o cadeado e de dentro um bolo de notas altas foi retirando. Fiquei boquiaberta, onde ela conseguiu isso? – Essas são minhas economias, deve ter um pouco mais de duzentos dólares aqui. Só gasto dinheiro com sementes e produtos para o jardim, mas... – Sua voz se esvaiu e ela tinha um semblante triste.

- Mas?

- Hum... Nada, só que não tenho tido muito tempo pra ele, sabe? – Ela disse rápido. – Enfim, é um dinheiro que não me fará falta por enquanto, então...

- Ou, ou, ou... Tudo isso? Tem certeza?

- Claro! Você vai a um baile! Precisa estar linda e mais deslumbrante do que já é. Eu não poderei ir a um e muito menos usar um desses vestidos lindos com pregas e rendas tipo esses de princesas. – Por mais que aquilo fosse verdade, a naturalidade com que ela dizia isso fazia meu peito apertar.

- Bem, sendo assim serei a “princesa” mais bonita apenas por você. – Sorri pegando as notas e fechando na palma da mão como um tesouro raro. Agora está na hora de você dormir, ok? – Ela assentiu com a cabeça e depois cedeu um leve bocejo. Ajeitei-a novamente embaixo do monte de cobertas e beijei o topo de sua cabeça.

POV Zacky.

Fiquei olhando para o lado de fora da janela, a tarde começava a cair e trazia com ela as luzes da cidade. Tempo morno, nem muito frio, nem muito quente, daquele jeito que as pessoas desejam para ter uma festa maravilhosa sem suar igual um porco ou tilintar os dentes. Muitos deviam estar alegres enquanto enfiavam-se em roupas elegantes gastando meio vidro de gel para arrumar o cabelo, mas eu estava ali; Fumando até o talo o último cigarro do pacote de Johnny enquanto ele decidia como ajeitar aquela porra de moicano que o deixava mais parecido com uma cacatua. Era a noite do tal baile, o mesmo que não havia decidido se ia até bater aqui na casa de Jonathan. Ele encheu meu saco, mas até ai tudo bem, quando Brian, Jimmy e Matt apareceram também dizendo que iam, não pude achar a situação menos que esquisita. Digo, aqueles moleques odeiam a minha escola e 120% das pessoas que estudam lá, porque caralhos iriam querer perder uma noite de sábado num lugar como aquele?

- E então man, como eu estou? – Johnny se virou para mim com a camisa social listrada de rosa claro e branco aberta até o segundo botão exibindo outra camiseta branca por baixo. A calça de linho era cinza e tinha bolsos largos onde um cantil prateado era facilmente escondido para a necessidade de bebidas com o teor alcoólico maior do que o do ponche. O cabelo estava penteado tão alto que poderia ser confundido com uma asa de urubu.

- Cara, as mulheres não vão te achar mais alto com esse troço na cabeça, isso não engana ninguém. – Ele torceu o nariz e me mandou o dedo do meio.

- Isso chama estilo, Baker. Não é essa sua cara de cachorro morto que vai te atrair uma buceta essa noite. – Ele disse pegando as chaves do meu carro na cômoda e tacando na minha barriga. - Vamos, combinamos de encontrar Brian e April no bar antes de irmos pro baile.

- Pera... O gayzão vai com ela? – Disse parecendo bastante confuso.

- Só pode entrar com alunos da escola, né? Mas também parece que foi ideia dela, sei lá, isso não importa. – Saímos do quarto que Johnny dividia com o irmão mais velho e fomos em direção à saída da garagem.

- Não sei como Jimmy e Matt vão fazer pra ir.

- A Valary tem uma prima que estuda lá um ano mais nova que a gente, parece que ela consegue botar o casal pra dentro. Mas o James não vai mais...

- Por quê? – Disse ligando o carro e arrumando o retrovisor deixando que a pergunta saísse com um toque de indignação, as festas nunca eram as mesmas sem ele.

- Sei lá, ele mandou uma mensagem falando que tinha que resolver uns assuntos ai de uma garota, tava indo no hospital sei lá, alguma emergência.

- Jacky? – Arregalei os olhos tirando-os momentaneamente da rua.

- Quem?! Sei lá porra, deve ser um desses casinhos dele. Quem é essa?

- Há, esquece. Só uma amiga dele, esqueci que você não conhece ela. – Ele deu de ombros baixando o espelho do carona para continuar alisando o penteado.

- Cara, essa noite vai ser memorável, sério, acho que vou comer umas quatro garotas.

- Caralho Jonathan, para de falar como um moleque virgem de quatorze anos! Parece até que nunca enfiou o pau em uma boceta! – Gargalhos juntos e ele me socou algumas vezes reconhecendo o comportamento infantil. Dirigi tranquilo porque o bar não era longe e um caminho bem conhecido. Ligamos o som dirigindo junto com James Hetfield cantando Whisky In The Jar, Johnny cantava alto com os pulmões em brasa e eu me contentava em rir, não sou tão escandaloso quanto ele e os meninos quando Metallica está tocando.

Chegamos ao bar quase que ao mesmo tempo em que Brian e April, ambos no carro dele. Ela usava um vestido lilás com vários babados combinando especialmente com as cores das novas mechas, Brian manteve-se no seu básico, mas elegante. Abracei-os jogando um pouco de conversa fora, April é uma boa garota, entretanto ficar perto dela me é desconfortável por várias lembranças. Mesmo que ainda estivéssemos bebendo e tendo um tempo divertido, Brian parecia mais apressado do que todos para chegar naquela festa, ainda faltavam alguns minutos, mas por sua impaciência percebemos que teríamos que ser um dos primeiros a chegar, deixando-me cada vez mais intrigado.

- Zacky, posso falar com você um minuto, bro? – Ele chamou encostado no capô do meu carro enquanto April e Johnny pareciam entretidos o suficiente para não nos dar atenção.

- Fala ai.

- Olha, tem uma coisa muito, mas muito importante que eu preciso que você saiba. Na verdade é mais uma surpresa. – Ele falava com um sorriso triunfante e bem convencido de si. Arqueei uma sobrancelha achando graça de seu jeito exibido e ri da pose gloriosa em que ele se ajeitara, parecia realmente orgulhoso de alguma coisa.

- Ok, e o que é?

- Não posso falar agora, essa é a merda, só no baile. Mas a boa notícia é que logo depois eu vou poder contar... Ou melhor! Te mostrar. – Aos poucos desfiz meu sorriso, isso não me cheirava bem, e parecia ter muito a ver com o motivo de ele querer ir pra essa droga de festa.

- Não sei não Brian, você tem certeza do que tá falando?

- Absoluta meu amigo. – Ele piscou dando tapinhas no meu ombro, logo depois saiu de perto e foi buscar a acompanhante para juntos entrarem no carro e seguirem pra festa, fiz o mesmo com Johnny combinando com ele de nos encontrarmos já na escola.

POV Erika.

Deixei o cabelo solto mesmo, a cor intensa era realçada quando estava vestida com o vestido amarelo clarinho de alças finas e faixa marrom, este vinha firme ao corpo até abaixo dos seios onde a faixa o comprimia e para o resto ele era solto como o vento. Lucy havia adorado, disse que eu estava mais para uma fada do que princesa, usei um salto de camurça bege que até então nunca havia visto utilidade. A maquiagem era algo neutra também marcada apenas por cílios volumosos e batom rosa claro e fosco, quase cor da pele. Gosto de me arrumar, me sentir bonita e acima dos outros, o problema era que eu não me sentia assim, pelo menos não aquela noite. Estava pálida, mais que o normal e nem o blush disfarçava a falta de circulação no meu rosto. Continuei encarando o espelho com os olhos verdes, estes vinham me irritando a muito tempo por ter uma coloração que apesar de mais clara , me lembrava muito os olhos de Zachary.

Zachary.

Muito tempo não pensa ou pronunciava seu nome, era quase que uma palavra estranha para mim. Meu amigo, um conhecido agora distante. Alguém que eu cuido e prezo para manter a salvo. Quando passei a me importar com as pessoas de novo? Seria tão fácil antes afastá-lo, ou tentar de novo a meses atrás, mas hoje... Eu não consigo imaginar o que teria sido os últimos cinco meses sem ele por perto, simplesmente seria um período em branco, sem sentido. Não costumo dar importância às pessoas, acho que nem minha própria amiga me faria tanta falta assim, conseguiria sobreviver se nossa amizade acabasse, mesmo que me incomodasse um pouco no início. Aqueles olhos, escuros, vívidos, penetrantes que invadiam minha alma sem ser convidado, do mesmo jeito que ele fizera com a minha vida. Vários momentos eu o odiei e muitos outros tentei odiá-lo, pessoas normais não se aproximam de alguém que não deseja sua companhia, mas Zachary... Ele é assim, às vezes muito tímido e cerimonioso, outras vezes tão sagaz que quase não parece o mesmo, possui uma doçura encantadora e muito irritante, sorte a dele de ter muita paciência, outra coisa a qual me tirava do sério.

- Erika! Anda logo nessa porcaria de banheiro, metade da escola já chegou enquanto você fica ai dentro! – Tyler rosnava atrás da porta, eu sabia que uma hora ou outra eu teria que me desgrudar do balcão de alumínio e deixar a imagem bonita e triste do meu reflexo. Eu precisava desse tempo, eu precisava me olhar uma última vez antes de terminar minha fracassada e ser definitivamente propriedade de Tyler. Apenas uma boneca para seus prazeres pessoais. Suspirei pesadamente me mantendo ainda firme, fechei os olhos e um distante dia na praia me veio à mente, uma lembrança simples e boba de uma garota desajeitada e desesperada correndo atrás do menino por qual tinha sentimentos confusos, e sem desgrudar os olhos dele, o puxava e o beijava. Ele estava muito corado aquele dia, não sabia se era pelo calor ou pelo beijo desprevenido. Sorri involuntariamente, apenas por um breve segundo antes de abrir de novo as janelas para a realidade e sair do banheiro direto para a minha sentença.

POV Zacky.

Havíamos chegado não fazia muito tempo, mas Johnny não tardou em conseguir companhia para dançar e depois levar para um “passeio” atrás das arquibancadas do ginásio. A festa rolava tranquila como qualquer baile escolar, alguns anúncios para rei e rainha do baile já haviam sido lançados, e várias garotas quiseram se inscrever, coisa de gente fútil. Eu conversava com Matt e Val perto da mesa de salgadinhos onde podia me abastecer a vontade, ela parecia entusiasmada com o lugar e a decoração, mas ele assim como eu apenas contava as horas para dar o fora dali. Vi que Carolyne Wyat não parava de passar por perto e me lançar olhares, ela era da minha turma de cálculo e nos falamos algumas vezes. Não era feia, até um pouco atraente e considerei passar algum pedaço da minha noite conversado com ela. O diretor Dawkins reservou uma pequena área apenas para professores e convidados de honra, lá pude ver entre algumas pessoas uma mulher não muito alta de cabelos ruivos cortados na altura dos ombros, ela tinha um sorriso pequeno e familiar que realçava as bochechas. Era a Carmen Wells e parecia bastante com a irmã. Suspirei percebendo que a mesma também não havia chegado, mas não sabia se isso era uma boa ou má noticia ainda; Decidi então que precisava de mais ponche, já havia tomado uns cinco copos e nem um pouco de efeito havia surgido, realmente eles devem regar essa porcaria com água. Andei pelo salão contendo o mau humor, não sou de falar com muita gente das outras turmas. Foi então que percebi o casal chegando, ele a abraçava pela cintura de forma possessiva e desfilava como quem carrega um troféu, já Erika olhava para baixo como quem tentava não encontrar pessoas indesejadas. Pararam por perto, porém sem notar minha presença, Tyler sussurrou algo em seu ouvido e vi seus olhos se arregalarem, ela parecia nervosa e com a carranca de sempre, mas... Será que eu estava vendo direito ou o álcool havia surtido efeito? Seus olhos pareciam um pouco apavorados, nada que alguém percebesse de imediato, mas para mim que já tinha passado horas os observando, conseguia facilmente dizer que alguma coisa estava essa no ninho amoroso do casal de cascavéis.

Erika estava linda, e eu não queria admitir para mim mesmo. Deslumbrante de um modo único em que um vestido tão simples ficasse fabuloso apenas de ser usado por ela. Sem querer, ela exalava esse poder e nem se quer fazia noção, por isso muitas meninas a detestava, era boa demais para estar no meio de tanta gente superficial. Balancei a cabeça e dei leves socos na minha têmpora, aproveitei meu despertar para me virar de costas e engolir mais dos copos do liquido adocicado. Eu queria que toda aquela confusão e dor sumissem, que a mágoa não ardesse fresca na minha pele e acima de tudo eu nunca tivesse vindo nesse baile idiota.

POV Brian.

Passaram-se pouco mais de meia hora e finalmente Tyler ficou sozinho graças a ajuda de April que com certo custo arrastou Erika para outro canto. Parece que a única pessoa que ainda podia ter algum momento de privacidade com ela era a amiga. Claro, já havíamos combinado tudo, a própria Erika não desconfiaria de nada, pelo menos não naquele momento. Fui na direção do cara de mesma estatura que eu, porte físico também similar, o que dificultaria se as coisas ficassem fora de controle. Simplesmente estava lá jogado na parede igual o bosta que ele é, ar superior como se todas as outras pessoas do recinto fossem peças de xadrez em seu jogo sádico com a vida dos outros.

- Hey man. Você é Tyler, certo? – Seus olhos castanhos viraram-se lentamente em minha direção, fechando a cara no mesmo instante em que pousaram em mim.

- O que você quer? – Áspero.

- Por acaso vocês aprendem a falar com todo mundo que não conhecem desse jeito por aqui? – Estava um pouco indignado com a educação do povo dessa escola.

- Eu sei quem você é, amigo daquele perdedor, o Zachary. – Levantei as sobrancelhas contendo-me internamente para não virar o punho diretamente contra aquele nariz empinado. – Por falar nele, como está? Fiquei sabendo que foi trocando  pela vadiazinha, eu tentei avisar que ela não prestava. – Um sorriso sádico começou a se formar em seus lábios.

- Bom, Tyler, eu não sou uma pessoa que gosta muito de rodeios, então vou direto ao ponto. Liberte Erika, eu sei que você está chantageando ela para que fique com você. – Agora ele gargalhava, de virar a cabeça para trás e quase perder o folego.

- Se enxerga amigo. Ela me ama e pode não estar ciente disso agora, mas logo, logo descobrirá.  Você é só um mais um merdinha que acha que tem alguma chance contra mim.

- Tem razão. – Cerrei os punhos mais uma vez e contive os espasmos no cenho. – Só que somos dois merdinhas, e a única diferença é que eu não tenho o rabo cheio de ideias malucas sobre uma garota que cospe no chão que eu piso.

Ele se virou e com violência me pôs contra a parede agarrando no colarinho de minha blusa, o baque não foi tão forte, mas sua fúria me pegou de surpresa. A respiração era forte e compassada e nos encarávamos como dois machos alfas disputando território. Sorri para ele cinicamente apenas fazendo com que seus dedos se comprimissem ainda mais no pano da camisa.

- Se acha muito espertinho não é? Mas o que você pretende fazer? Vai me dar uma surra assim como eu fiz com o seu amigo? – Outra gargalhada esganiçada. – Por favor, consigo fazer com que você e mais meio mundo se fodam apenas de encostar em um fio de cabelo meu!

- Não vim aqui pra gastar minha beleza com você. Tenho algo que eu acho que te pertence, mas não gostaria de ver aqui. – Ele me largou lentamente ainda fitando meus olhos. – Podemos nos encontrar na sala de vídeo?

Tyler parecia bastante atordoado. Fomos apressadamente até o corredor passando por locais que agora eu havia mapeado em minha mente, a sala não era longe e guardava apenas uma televisão e algumas cadeiras. Botei a fita da câmera de segurança para rodar e acelerei o filme até a parte importante, nisso percebi que uma veia no pescoço de Tyler saltava tão intensamente que parecia prestes a explodir a qualquer momento. O vídeo rodou em seus minutos exatos e assim que acabou deixou uma imagem vazia na tela. Retirei novamente e fita e guardei no casaco esperando cautelosamente a reação dele. Nada, nem um pio. Os olhos permaneciam vidrados no televisor já desligado, a cor castanha clara oscilava com o negro da pupila me fazendo arrepiar, se esse cara tivesse um ataque aqui eu não tinha certeza se conseguiria fugir ileso.

 - Onde conseguiu isso? Só pode ser montagem... Isso não é verdade.

- Você sabe muito bem que é Tyler, assim como eu sei que a fita de vigilância foi muito bem adulterada. Essa belezinha aqui – Dei dois tapinhas no peito onde a fita encontrava-se coberta e protegida. – Tem o poder de abrir toda uma investigação novamente a partir do momento em que for comprovada a falsificação da outra.

Debrucei-me mais para cima dele vendo seus ombros encolherem na defensiva pela primeira vez. Continuávamos no velho jogo de olhares onde o primeiro que o abaixasse se dava por vencido. Ele não piscou, mas mordi o lábio com muita força, demostrava-se bastante irritadiço.

- Vocês não podem me prender só com isso. Tenho álibi e mais um monte de coisas que provam a minha inocência.

- Coisas que podem ser desmascaradas se as pessoas que trabalharem no caso não forem subornadas ou deverem favores ao seu pai. E fica frio que eu conheço essas pessoas. – Um belo blefe, se eu tenho alguma relação com a polícia não é das boas. – Entenda Dawkins, não estou dizendo que vou acabar com você ou ternar essa fita pública, isso claro se você fizer o que te pedi.

- PORQUE SE IMPORTA COM ELA? – Ele levantou de supetão e começou a andar para todos os lados da sala. – Por acaso ela também fodeu com você e deixou de quatro por ela?

- Não, mas se eu tenho um amigo envolvido eu também estou. Sem falar que não fui com essa sua cara de cu azedo.

- A ERIKA É MINHA! – Duas cadeiras voaram para longe, mas nenhuma me acertou. Ele fulminava em ódio e amargura, chegou a botar a mão no peito como se o mesmo ameaçasse a expelir o próprio coração.

- Não Tyler, ela não é de ninguém. – Disse calmo ainda encostado perto à porta. – E então, o que me diz?


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Notas finais do capítulo

Heeeeeey fuefos, e ai ? Como vai ser? Irão me acompanhar no anime ou o que ?