Lips Of Deceit escrita por Victims


Capítulo 1
My Misery


Notas iniciais do capítulo

Heeey people!
Essa é minha segunda fanfic e eu estarei postando-a paralelamente a "Remenissions" que para quem não sabe, é a segunda parte de "Forgotten Faces" logo logo estará a disposição para leitura.
Então aproveitem e me digam o que acharam desse primeiro capítulo, pode estar meio chato mas é apenas o começo!
Boa leitura.



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POV Erika.


Entrei no colégio disfarçadamente prendendo a cabeleira ruiva em um coque para esconder a preguiça dos cabelos despenteados. O sinal acabara de bater e se eu chegasse atrasada mais uma vez a senhorita Swan não ia me deixar entrar na aula de química. Os corredores da Marina High School estavam movimentados como sempre, hordas de pessoas felizes ou simplesmente ocupadas passavam por mim me dando cada vez mais a certeza de que era invisível. Era chato lembrar que pelo menos, não fora sempre assim. Um dia já fui até requisitada e admirada, não que eu quisesse, porém quem não resiste a uma carne nova no pedaço? Suspirei me desligando dos pensamentos idiotas e com certa coragem abri a porta da sala recém-fechada. Mesmo sendo recebida com o olhar desgostoso da Sra. Swan por cima dos óculos meia taça, não fui impedida de me dirigir timidamente até o meu lugar nos fundos da sala. Percebi que Tyler Dawkins me olhava divertido com o deboche de costume. Ignorei, sabia que cedo ou tarde ele viria encher o meu saco e eu teria que estar aquecida para socar o dele.


A aula correu normalmente sem muitos sustos, fui ignorada e desprezada como sempre. Sim, esse é um dos melhores dias de escola. Por quê? Acontece que eu sou tipo “a fracassada, estranha e vândala” que merece ser repudiada por todos, principalmente por Tyler. Ele é membro do time de futebol, e por isso tem uma moral bem alta aqui na escola, e quando decidiu virar meu inimigo mortal consequentemente botou o resto do campus inteiro a seu favor. Não liguei, no fundo não ia muito com a cara dele, sei que fui estúpida de fazer o que fiz, só que eu nunca ia imaginar que o Tyler que conheci na época seria apenas o disfarce para a verdadeira monstruosidade de hoje. Sou idiota, não precisam me lembrar.


Mas, isso não é história para agora, o sinal bateu revelando o horário do intervalo, catei o pequeno caderno de desenho que eu mesma customizei com colagens e corri até o pátio da frente. Sentei embaixo do grande carvalho símbolo auge da escola, a sombra daquele local era perfeita combinada a luminosidade e calor excessivo de Huntington Beach. Comecei a rabiscar no caderno, tentando pensar em uma nova tela que queria pintar essa semana, não sei se comentei anteriormente, mas eu adoro pintar.


– Arquitetando seu próximo roubo Wells? Não me admira ter as mãos tão leves. – Ouvi a voz grossa aveludada de Tyler chegar a alguns passos de mim.


– Na verdade é mais um jeito de invadir seu quarto, te assassinar parecendo suicídio. – Não desgrudei os olhos do papel, na verdade só os cravei ainda mais tentando não demonstrar meu pequeno desequilíbrio com a chegada dele.


– Eu sei que você gostaria de fazer outra coisa no meu quarto ao invés de me matar Erika. – Ele ajoelhou-se ao meu lado puxando violentamente minha cabeça para que olhasse para ele. Fitei por algum momento seus olhos castanhos levemente dourados que pareciam analisar meu pequeno corpo encolhido por inteiro. – Mas sabe como é, eu não durmo com ladras. Ainda tenho muitas coisas de valor na minha residência.


– Pena que você mesmo não é uma delas. – Retirei rispidamente sua mão de meu queixo empurrando-a para longe. Ele gargalhou baixo ainda com ar triunfante.


– Se não tivesse sido tão teimosa poderíamos estar bem agora... Você seria minha princesa, não acha? – Eu bufei com o comentário ridículo e encarei-o tentando mostrar a impaciência em minhas palavras.


– Prefiro mil vezes ser tratada como lixo sozinha do que como uma princesa do seu lado. Você é nojento Tyler. – Tentei levantar mas ele segurou meu braço com força prendendo-me em sua direção.


– Eu posso transformar a sua vida em um inferno garota, guarde minhas palavras. – Seu olhar era de tom sério e misterioso agora, suas maçãs perfeitamente definidas continham tensão no eixo inferior perto dos lábios carnudos.


– Minha vida já era um inferno muito antes de você aparecer nela. – Consegui com que ele soltasse meu braço e sem piscar levantei impedindo-o que viesse atrás de mim.


– Você não é nada Wells, não passa de uma mosca afogando no mar de merda que é essa sua insignificante vida. Pega o que sobrou da sua dignidade, isso é se você ainda tem alguma coisa dela, e mantenha-se no seu lugar. – Não respondi, apenas apertei o caderno contra o peito levantando o dedo do meio para trás.


No caminho para a sala novamente ainda tive o infeliz azar de esbarrar em Marcy Freeman, outra que me rebaixava pelo mais puro prazer. O problema é que Marcy era o centro das atenções antes da minha chegada, não vou mentir, sou até bastante atraente devido o meu estilo exótico, porém nada de mais. Ela se sentiu ameaçada ainda mais quando percebeu que Tyler estava na minha cola, a paixão da vida dela. Não parei apesar da ombreada desequilibrante que trocamos, sabia que seria pior. O que não precisava era do veneno corrosivo de Marcy para estragar o meu mal começado dia. Voltei para a sala bem mais cedo, tentando me concentrar na arte enquanto todos estavam fora. Meu segundo esconderijo era lá porque sabia que era improvável alguém manter-se lá dentro durante o intervalo, diferente das outras pessoas eu não tinha necessidade nenhuma de manter algum contato social.


Estava concentrada em deixar as linhas do rascunho perfeitamente simétricas quando fui interrompida pelo estalar da fechadura. A figura alta tinha cabelos negros e rosto delicadamente arredondado, duas argolas prateadas enfeitavam a pequena e ofegante boca avermelhada pelo estado de agitação. Com seus incríveis olhos esverdeados ( mais verdes até que os meus) varreu a sala até posicioná-los em mim.


– Oh! Desculpe interromper, mas aqui é a sala de história? É que mudei o horário a pouco tempo e não faço ideia de onde são as novas salas. – Falou timidamente passando a mão atrás do cabelo.


– É sim, mas ainda faltam alguns minutos para a aula começar. – Respondi sem dar muita bola. Ele sorriu agradecendo porém manteve-se parado à porta um tanto quanto indeciso.


Ele me parecia familiar, conhecia de vista se não me engano. Já estudava aqui quando entrei, mas nunca havia se quer passado perto, quanto mais frequentado a mesma sala que ele. Olhei-o novamente na porta trambolhando os dedos na maçaneta, estava desconfortável com alguma coisa, seria a minha presença?


– Então... você se importaria de eu ficar aqui? É que não conheço ninguém da nova turma e meu amigo parece não ter vindo hoje. O intervalo é deprimente sozinho. – Com a voz baixa ele perguntou sorrindo simpaticamente. Esse tagarela ia mesmo ficar aqui para me torrar a paciência? De qualquer modo não tinha outro jeito...


– Ahn... Tudo bem. O intervalo é um saco mesmo. – Tentei parecer indiferente enquanto ele se sentava justamente do meu lado. Ou tinha algum problema mental sério, ou esse cara não sabia de fato quem eu era.


– Zachary Baker. – Estendeu a mão para mim exibindo os dentes por trás das minúsculas argolas metálicas.


– Erika Wells. – Apertei cuidadosamente confirmando que ambas as hipóteses estavam corretas.


– Belo desenho. – Ele esticou o nariz fazendo menção ao minotauro inacabado que eu rabiscava perto do templo destroçado de Athena. – Gosta de mitologia grega?


– Uhum. – Continuei concentrada no papel sem encara-lo novamente. Não queria fazer amizades, ainda mais com quem não está por dentro dessa história idiota que me envolve... Assim que conhece-la irá se virar contra mim com o mesmo nojo e despreso do resto. Ficamos em silêncio até o alarme soar novamente e a sala ser preenchida de pessoas aleatórias. Bufei ao ver Marcy entrar rodeada de suas babadoras de ovo e lançar-me um olhar provocante, depois correu os límpidos olhos azuis até Zachary e sorriu. O que seria um ato de simpatia para uns, porém tratando-se dela era a mais pura malícia.

Botei o dedo na boca como se fosse vomitar assim que Marcy se sentou arrancando um pequeno sorriso abafado de Zachary.


Adimito que esse garoto já estava me dando nos nervos. Não gosto de pessoas risonhas. Essas me tiram do sério. Esperei até o final de todas as aulas saindo aliviada quando os portões de ferro se abriram, desviei de Tyler que tentou me impedir, mas como sou minúscula comparada aos garotos da escola escapei facilmente entre seus braços, seguindo meu caminho para o “lar doce lar”. Sexta-feira me aliviava de tudo e todos por simplesmente não ter que voltar à aquele inferno novamente, passando pelo velho barzinho na esquina da minha rua comprei o companheiro perfeito rechiado de nicotina para essa tarde, escondendo-o na bolsa surrada que carregava nos ombros.


Entrei em casa murmurando algo só para a velha perceber minha presença. Subi as escadas de dois em dois degraus entrando primeiramente no quarto de Lucy que se encontrava vendo TV como de costume. Lucy tem apenas 13 anos e é portadora de uma doença rara degenerativa do sistema nervoso, por isso passa a maior parte do seu tempo na cama, estuda em casa e no momento faz um pesado tratamento para tentar recuperar alguns dos movimentos já devastados pela doença. Sim, é um quadro sério e desanimador, mas nem por isso Lucy fica abalada. Nunca vi uma criança tão sorridente e tranquila na minha vida, mesmo depois de tudo isso, ela vem fazendo tratamentos e cirurgias dês de os 4 anos, quando perdeu quase todos os movimentos da perna esquerda. Ela é minha inspiração, o único motivo pelo qual ainda levanto toda manhã. Minha vida não é perfeita, porém quando vejo Lucy esqueço meus problemas, paro de reclamar de mim mesma e dedico toda a atenção e afeto que ainda guardo apenas para satisfazê-la. “Meu pequeno anjinho, pedacinho do céu” eram apelidos que papai dera a ela quando descobrimos a doença. Tão meiga, doce... Seu otimismo as vezes me contagiava e por algum momento acreditava que achariam a cura para ela, mesmo não acreditando em Deus, eu sabia que ela acreditava e rezávamos todas as noites para que as coisas melhorassem.


– Erika! – Seus pequenos olhinhos castanhos reluziram quando encontraram minha pessoa parada na porta.


– Como está hoje? – Entrei abrindo a mochila e retirando de lá lições e matérias que os professores mandavam para Lucy. – Olha quantos presentes eu trouxe para você. Não precisa agradecer, mas se quiser me xingar fica a vontade.


Ela riu e me abraçou fragilmente. – Eu gosto dos deveres, mas preciso do Tonny para entendê-los. – esse era o professor particular que vinha aqui em casa toda tarde.


– Se quiser posso rasgar assim e a gente fala que o cachorro do vizinho entrou pela janela de novo! – Levantei as folhas como se fosse picota-las arrancando alguns risos e puxões de desespero de Lucy.


– Nããão! Me devolve. – Ele gritava enquanto gargalhava, joguei as folhas na cômoda e comecei a fazer cócegas na sua barriga. Continuamos brincando por algum tempo até mamãe entrar reclamando.


– Para de encher o saco da sua irmã Erika, ela precisa descansar antes do Tonny chegar.


– Mamãe, não estou cansada! – Lucy choramingou fazendo biquinho.


– Mas vai ficar se continuar saracutiando desse jeito meu amor. – Ela sorriu para Lucy, mas sua expressão se fechou quando voltou o olhar para mim. – Não tem nada para estudar não? Carmem nunca deixava de estudar um dia se quer quando chegava da escola, por isso esta lá agora em Yale.


Começamos de novo, ela e sua mania infernal de me comparar com a minha irmã mais velha. Parece que não entrava na sua cabeça que somos completamente diferentes, e isso nunca iria mudar. Se sou burra ou incompetente o problema era meu! Levantei beijando o topo da testa de Lucy e passando a mão em seus curtos cabelos cor de cobre.


– Hey, amanha vou trazer uma surpresa para você. Chega de ler essas matérias chatas, vou te mostrar o que é leitura de verdade! – Seus olhos cintilaram mais uma vez e o desânimo foi substituído por empolgação!


Fui até meu quarto e liguei o notebook, ficando no meu blog até de madrugada. Assim que desliguei-o, encarei as paredes salmão cobertas por desenhos e pinturas sobre todos os deuses e heróis que mais admiro. Uma das pinturas que mais gostava era de Hércules e Perseu batalhando contra Ares, o Deus da guerra. Senti a visão embaçar-se lentamente enquanto o corpo adormecia. Já havia programado o dia de amanha, e se tudo desse errado... foda-se nada iria piorar a fama que já tenho.


No fundo eu só queria que alguém me conhecesse de verdade.


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Notas finais do capítulo

E então o que acharam ? Vale a pena continuar? Sou toda ouvidos para críticas e sugestões !