“Oh, é assim que começa, as luzes atingem o coração; Ele sai como uma arma, mais brilhante que o sol; Oh, nós poderíamos ser as estrelas, caindo do céu; Brilhando como queremos, mais brilhante que o sol” – Brighter Than The Sun, Colbie Caillat

Em breve o dia amanheceria, todos os pequeninos estavam sentados de frente ao castelo do Rei. O aristocrata estava sentado próximo a fogueira, e conversava com Loki deliciosamente, ambos compartilhavam um certo interesse por livros. Tho apenas olhava-os conversar de longe, e sorria quando via Loki frustrado por não conhecer algum livro que o Rei falava.

— Loki, Grande Deus. — Disse o Rei, rindo-se. — O conhecimento é relativo, não precisas conhecer todas as coisas. Por exemplo, vejo que desconhece várias coisas.

— Como o quê? ‘Por Exemplo’. — Perguntou novamente Loki, nervoso com os comentários de que Loki tinha falta de conhecimento.

— Desconhece o significado do amor. — O Rei disse diretamente ao Deus do Fogo, e aquilo deixou-o atordoado.

Loki não respondeu nada, apenas olhou para o céu, e sorriu consigo mesmo, aquela tortura estava acabando. Se ficasse mais tempo atearia fogo naquele Rei. As pessoinhas começaram a levantar-se.

Thor chegou próximo ao irmão e colocou sua pesada mão sobre o ombro do outro, a asa tocava em seu braço, desse modo teve que tirar a mão do ombro de Loki, estava sentindo cócegas, as plumas da asa eram demasiadas macias.

Em um momento tudo estava escuro, então acabou. Simples assim. Como um relâmpago, tudo aonde se podia ver iluminou-se. O rosto pálido de Loki iluminou-se, e um sorriso bobo apareceu no rosto de Thor. O calor do sol era delicioso, principalmente depois de horas de uma fria escuridão.

O Deus do Fogo era estranho, ele tinha dois opostos, o frio e o calor, mas, aquela sensação do fogo deixou-lhe sem fôlego. A respiração acelerou-se quando viu o sorriso bobo que Thor dava ao Sol brilhante.

— Agora, pequenino. — Disse Thor, com sua voz grossa, olhando ao Rei pequenino. — Tem de ensinar ao meu irmão, como voar, para prosseguirmos a nossa jornada.

— Tudo tem seu tempo, Grande Deus do Trovão. — Respondeu o pequenino, em um tom de riso. — Em algumas horas, vamos ao campo verde, Loki, então te ensinarei a voar.

O Rei rapidamente entrou para dentro do castelo, enquanto as pessoas voltavam automaticamente as suas funções no reino. Em poucos minutos estavam Loki e Thor sozinhos em frente ao castelo. Os dois se olharam, e antes que Thor começasse a falar Loki disse:

— Eu não quero voltar, irmão. Não depois de tudo que fiz. — Olhou ao horizonte. — Apesar de eu amar Asgard, eu não pertenço mais à ela. Serei banido assim que chegarmos. Não que eu seja orgulhoso, mais prefiro não encarar tal humilhação.

— Isso não está em discussão. — Respondeu Thor pesadamente, colocando sua mão pesada sobre o ombro do menor. — Nós vamos voltar, nem se eu precisar puxar-lhe pelas... Asas.

Loki sorriu levemente, via como o irmão era decidido. Sempre poderia enganá-lo, tomar o tempo, passar uma eternidade fazendo-o desistir e atrasando-o do seu destino de voltar à Asgard. Mas, um dia estariam de volta à casa, seu irmão nunca deixaria de caminhar o mais rápido possível de volta à casa.

— E não pense que fugirá de mim. — Continuou o irmão. — Eu sempre estarei olhando por você, não adiantará tentar correr, maninho.

O mais novo acenou ainda fitando ao horizonte. Talvez aquele fosse um dos motivos principais de nunca querer voltar à Asgard. Seu irmão. Se ele ficasse apenas distante... Talvez amenizasse aquele sentimento que então sempre sentiria. Não gostava da idéia de amá-lo e sempre receber de volta este amor tão puro e fraternal.

Aquela manhã estava demais cálida, naquele momento, Loki sentia a vontade de receber todo o frio do mundo. Sentia vontade de ficar com seu coração congelado, ir ao oceano, olhar distante, e... Chorar.

“Como sou patético”. O menor repetiu mentalmente.

— Loki...? ... — O Loiro estalava os dedos na frente do mais novo. — Loki...?

O moreno piscou diversas vezes, despertando de seu devaneio. Em um segundo pensou não estar vendo nada, mas logo viu algumas pessoas sentadas ao seu redor, e o Reizinho ao lado do irmão mais velho.

— Nossa! — Exclamou o loiro, rindo. — Eu pensei que eu te havia congelado! Desculpe!

Loki ficou sem saber o que falar.

— A quanto tempo estou assim? — Perguntou.

— Não tanto tempo. — Respondeu o loiro. — Uma meia hora.

— Bem, vamos ao que eu deveria já estar fazendo. — Proclamou o Reizinho. — Vou ensinar-te a voar!

Loki acenou a cabeça, ainda atordoado por ter divagado por tanto tempo.

— Claro. — Respondeu o moreno. — Por onde começamos.

— Primeiro, você vem comigo. — Respondeu o Rei. Pegando na mão do outro, e em um segundo um redemoinho sugou-lhes.

oOo

Em outro segundo, eles caíram sobre um campo rosado, aonde as nuvens pareciam estar longínquas e o céu estava em um tom rosado, refletindo ao gramado de cor rosa. Era como um eterno pôr-do-sol rosado.

— Aonde estamos? — Perguntou Loki, analisando o lugar, vendo se havia qualquer perigo.

— Não sei. — Respondeu o pequenino Rei. — Eu sei que é aqui aonde venho quando quero estar só com os meus pensamentos.

Quando Loki analisou melhor o lugar, viu que realmente o lugar parecia não ter fim, o mesmo campo rosado estendia-se como um tapete por todas as direções e o céu parecia intocado, com as nuvens paradas sem nenhum vento.

— E porque me trouxe aqui?

— É aonde te ensinarei a voar. Em verdade, você nunca precisará aprender.

— Eu não te entendo.

O pequeno Rei sorriu.

— Você as vezes realmente se parece com o seu irmão... — Refletiu o Rei, Loki tentou não encarar aquilo como um insulto. — Bem, explico-te, para voar, basta querer. O problema de voar, é que não são seus músculos que o controla, mas sim seus sentimentos. Veja bem, eu não sinto nenhum sentimento, por isso consigo me tele-transportar tão facilmente. É interessante... Cada sentimento abre caminhos totalmente novos... Agora, rápido, saia do chão, é fácil.

Loki, que não pensava em nada, a não ser no que o Rei lhe falava, acabou flutuando por alguns centímetros, sem perceber.

— Isso, foi rápido! — Aplaudiu o Rei, pondo-se a mesma altura do outro.

Em um momento, Loki conseguiu entender, suas Asas eram inúteis, apenas o que se passava em sua cabeça. Com o que estava pensando, sobre aquela chata aula, ele conseguia voar pouco, apenas flutuava. Mas, quando pensou em seu irmão, sentiu uma corrente elétrica vindo de suas costas, e rapidamente voou até quase perto das nuvens, em um segundo.

Loki piscou os olhos, e o Rei pequenino estava em sua frente, as asas dele batendo elegantemente. O moreno olhou para suas costas, e viu suas asas também batendo em um ritmo elegante, sem ele sentir elas realmente batendo.

— Eu tenho um presente para você. — Comentou o Reizinho. — Agora que você tem meu sangue junto ao seu. — Continuou, colocando a mão dentro da roupinha dele e tirando um pequeno frasco branco, que brilhava lindamente. — Você é especial Loki, acredite em mim. Por isto te dou isto. Dê a alguém. Para que continue a minha raça a circular. Ou, pelo menos, algo dela.

— Tudo bem, eu faço isso. — Respondeu Loki, e agarrou o frasco, colocando em seu bolso mais guardado.

— Vamos voltar, fazem horas que estamos aqui. — Respondeu o Rei, sorrindo travessamente.

Antes que Loki pudesse contestar qualquer coisa em um piscar de olhos estava de frente ao Reino.

oOo

— Loki! — Gritou Thor, com o Mjölnir quase batendo em um dos pequeninos súditos do rei. Ele soltou o pequenino que estava assustado e correu até o irmão. Deu-lhe um abraço de quebrar os ossos. — Eu pensei... Pensei que esse Rei louco havia-o feito sumir! Faz horas que você não está aqui...! Eu fiquei tão preocupado... Tão impotente!

Loki balançou a cabeça, tentando se indiferente. Mas, delicadamente acariciou as costas do mais velho, acalmando-o, então, com a mesma delicadeza, afastou-o.

— Estou bem Thor, como vê. Só fomos a um lugar melhor de se aprender... — Respondeu o mais novo, tentando acalmar o outro, que ainda segurava o Mjölnir, com medo de algo acontecer com o outro novamente. — Acalme-se Thor!

— Tudo bem... — Thor colocou sua arma no cinto. — E... Você aprendeu a voar? — Perguntou um sorridente Thor.

— Não... Ainda não. — Loki fez uma cara de triste. — É bem mais difícil do que eu pensei... — Mentiu.

— É claro que ele aprendeu! — Veio o Rei sorrindo, assim que ouviu a mentira do Deus da Trapaça. — Até bem demais!

O Deus do Fogo fuzilou o pequenino com o olhar. E Thor olhou com um olhar de raiva ao outro Deus.

— Me mentindo de novo...? Heim? Nós vamos embora! Agora — O Loiro Gritou.

— Eu não vou IR! — Exclamou o Moreno.

— ISSO NÃO ESTÁ EM DISCUSSÃO! — O Loiro gritou mais alto, tão alto que o céu ficou escuro, nuvens grossas com raios apareceram.

— Ótimo, force-me a ir com você. — Gritou o outro. — Mas, se eu for expulso de casa, cairei ao Limbo, irei a um lugar tão obscuro que nunca me encontrará!

— Eu já disso, NÃO SE ESTÁ EM DISCUSSÃO. — As nuvens se acalmaram. Mas mesmo assim, o Loiro continuava tempestuoso. — Pequenino. — Disse se dirigindo ao Rei. — Agradecemos a hospitalidade, mas vamos embora. AGORA Loki.

— Claro... Claro. A saída é através do grande lago, há um portal.

Thor agarrou o pulso do irmão, tão fortemente que estava machucando-o. Então, em um segundo agarrou o Mjölnir e voou. Tão rapidamente quanto um trovão, agarrando tão forte ao braço do outro que quase o cortava.