Erza caiu violentamente contra o chão, sua armadura mesmo que leve retiniu alto e quando a ruiva tentou se levantar, sua costela quebrada a perfurou por dentro, fazendo com que a Scarlet caísse novamente. Kuwabara levantou sua pequenina mão, e num piscar de olhos, uma espada grande e negra brilhou maleficamente na sua mão, como se a própria escuridão servisse ao caprichos do rosado. Kouji bateu palmas, como se apressasse o irmão a matar a maga que os encarava com raiva.

Kuwabara segurou a espada com firmeza, pronto para executar a mulher, a lâmina desceu, mas quando iria atingir o pescoço de Erza, a arma explodiu em milhares de fragmentos, se espalhando pelo ar. Os gêmeos arregalaram os olhos, não só pela espada destroçada, mas ao ver quem havia feito aquilo. Makarov ainda não havia sido notado pelas crianças por ser baixinho e velho, mas agora elas se amaldiçoavam de tê-lo matá-lo primeiro.

Afinal ninguém nunca chegou perto de causar um arranhão na “Espada do Caos” já Makarov a havia destruído sem nem precisar lutar. O grisalho irradiava uma energia pulsante, uma luz dourada que destruía qualquer monstro e mau que viesse ao seu encontro. Kuwabara trincou o maxilar ao ver mais uma das suas gárgulas ser destruída pela áurea do velho, virando pó, como a espada.

—Desista desse ataque ridículo, e eu os pouparei.—Disse o Dreyar, sua voz ecoou por todo salão, mas mesmo assim as duas crianças não recuaram, eles estavam no mundo deles, e seus inimigos se curvavam aos seus domínios, suplicando por piedade ou por uma morte rápida.

—Não iremos parar até que todas as fadas estejam mortas!—Berrou Kouji, colérico e Makarov manejou a cabeça, como se não quisesse ter que lutar contra os rosados.

Mas foi então que o grisalho encontrou a Scarlet ainda no chão, sendo corroída pela dor. Mesmo que não quisesse lutar contra crianças, os gêmeos representavam uma ameaça para sua família e se ele não acabasse logo com aquilo, coisas piores certamente vão acontecer.

—1...—O velho fechou os olhos e enquanto juntava as mãos, uma esfera dourada foi tomando forma e foi crescendo rapidamente, para o assombro de todos os presentes.—2...—Quando o Dreyar abriu os olhos, eles estavam completamente brancos, sem qualquer sinal da pupila.

No chão, Erza olhou para as crianças e disse com pesar:

—Não precisava terminar desse jeito.—Apesar de terem ouvido essa frase, os garotos estavam amedrontados demais para responder alguma coisa.

E quase no mesmo instante, Makarov gritou:

            —3! Fairy Law!

A luz na mão do grisalho se expandiu como se uma estrela tivesse explodido em suas mãos.

            O salão ao redor deles começou a trincar, como se tudo fosse feito de vidro, tudo estava ruindo e se quebrando com um som irritante de vidro sendo estilhaçado, o mundo dos gêmeos estava morrendo. Dois círculos mágico dourados pairavam acima da cabeça de ambos, e ao perceber que aquele seria o fim, os irmãos deram  as mãos e se abraçaram com força enquanto a Lei das Fadas os julgava dolorosamente e sem piedade. Quando Natsu abriu os olhos novamente, seus olhos não estavam muito acostumados por causa da forte luminosidade vinda da magia de Makarov, mas o rosado logo se recuperou e pode enxergar o ambiente ao seu redor.

            O Dragneel quase caiu para trás quando viu o salão voltar como era antes, o que antes era um mar negro e gélido, voltou a ser o lustroso piso de mármore, as pinturas renascentistas os encaravam com amabilidade e bondade, sem nenhum traço do desdém e da maldade de antes e por fim as esculturas continuavam no mesmo lugar, sustentando os pilares, como se nunca tivessem saído dali e tentado matá-los. A confusão martelava na cabeça dos magos ali presentes, tudo naquele salão estava silencioso como antes e até Laxus que estava inconsciente, já estava se levantando do chão tão confuso quanto seus companheiros.

            “Talvez nós estejamos loucos...” pensou Gajeel, mas foi então que ele viu algo, a única coisa que comprovava a veracidade da batalha. Os gêmeos. Os dois estavam caídos, mas mantinham o abraço fraternal, como se estivessem adormecidos. Um silêncio quase mórbido pairou pelo ar, como se cada um estivesse tentando entender o que havia acabado de acontecer. A Scarlet se levantou agilmente do chão, como se nada tivesse acontecido.

            —Erza, está tudo bem?— Indagou Gray, procurando alguma ferida no corpo da ruiva.

            A maga olhou para o próprio corpo e tocou com as mãos o tórax, a procura de alguma costela fora do lugar, mas felizmente ou infelizmente não encontrou nada.

            —Não se preocupem, todos estão bem.—Disse Makarov, sua voz estava cansada.—Essas crianças têm uma magia bem peculiar e rara.—Todos os magos mantinham seus olhos cravados no mestre, esperando que ele prosseguisse com a explicação:—Um verdadeiro dom ou maldição, tudo depende de como é usada. Toda aquela batalha que travamos a pouco foi uma ilusão.

            Um burburinho passou por entre os magos, discutindo de como isso seria possível.

            —Mas várias pessoas se feriram.—Disse Happy, levantando a pequena patinha azulada.—Isso não acontece durante ilusões.

            —Mas as pessoas não se feriram de verdade, olhe para Erza por exemplo.—Respondeu o grisalho.—Ok, deixe-me explicar de outra maneira... Aquele ali.—Disse o Dreyar apontando para Kuwabara.—Vivia falando que aquele era o mundo deles, era a ilusão montada por ele para confundir e matar as pessoas, com gárgulas, o chão que vira água e etc. Já o outro menino, ele tem um dom que é similar com a ilusão, mas é um pouco mais complexo, nem eu tenho certeza se o que eu vou falar é certo, mas, eu acho que a magia dele é mais psíquica, ele consegue entrar na mente da pessoa e descobrir seus piores medos...—Ninguém ousou perguntar o porque ele achava isso, cada um ali havia provado um pouco de seus medos mais segredados, até mesmo Makarov.

            —Er... Eles morreram?—Indagou Levy, olhando com compaixão para os dois rosados inconscientes.

            Antes de responder, o grisalho sorriu e disse:

            —Mesmo Fairy Law sendo uma magia extremamente poderosa, eu a usei dentro de uma ilusão, eu só os afetei psicologicamente, assim como eles fizeram conosco, ou seja, eles estão vivos, mas vão passar um tempo desmaiados.

A azulada sorriu e se aproximou sem medo os gêmeos, afinal, eles ainda eram crianças. Gajeel a observou cuidar das crianças com carinho e bondade, e não deixou de imaginar como ela seria uma boa mãe daqui a alguns anos.

            Antes que o DragonSlayer de ferro se aprofundasse nos pensamentos de família e de como Levy ficaria adorável grávida, Elfman interrompeu seus pensamentos falando com sua voz grave:

           —Bem, acho que deveríamos prosseguir nossa busca pela Lucy.—Todos os magos assentiram, menos a Mcgarden, que parecia aflita.

            —Mas não podemos simplesmente deixá-los aqui, como se não fossem nada.—Defendeu a maga da escrita, se referindo as crianças.

            —Eles nos atacaram, deixá-los ai é o mínimo que nós podemos fazer.—disse Lissana, ressentida, irritando assim Levy.—Se quiser pode ficar com eles.

            —Obrigada pela idéia Lissana —Disse a garota em um tom amargo.— É isso mesmo que eu irei fazer, eu vou ficar e tomar conta deles!—Retrucou se levantando do chão e estreitando seu olhar sobre a albina.

            —Mas você não pode ficar sozinha aqui.—Disse Cana.

            —Eu fico com ela.—Respondeu Gajeel, cruzando os braços na frente do peito.