Gajeel corria quase como um felino feroz, seus pés espalhavam a areia para trás e seu cenho franzido estava coberto por gotículas de suor que começavam a escorriam por seu rosto e pescoço e começavam a ensopar a gola de sua blusa, e ás vezes, o moreno cheirava o solo para logo em seguida voltar a correr incessantemente.

            Já Natsu corria com a mesma intensidade, ficando só alguns poucos metros para trás do DragonSlayer de ferro.

            O resto da guilda infelizmente não compartilhava da mesma energia e da mesma resistência física que os outros dois e os seguiam da melhor maneira possível.

            Makarov havia apelado para a magia, aumentando estrondosamente suas pernas, fazendo com que seus passos percorressem vários metros, Gray também não ficava para trás, fazendo uma “esteira” de gelo para andar, mas vez ou outra Erza tinha que lhe dar uma bronca, já que o moreno tirava a roupa sem que ninguém percebesse e justificava seu nudismo por causa do calor do deserto.

            Velhos hábitos nunca vão mudar, mas em parte o mago de gelo tinha razão, aquele deserto poderia no mínimo, ser comparado ao inferno.

            Todos ali sofriam com aquele sol escaldante que parecia fritar os sentidos dos magos, ali era realmente um teste de resistência, tanto física, psicológica e emocional, mas ninguém desistia, a Fairy tail nunca desistia.

            Happy rodopiou no ar alegremente ao ver, por entre as dunas, um imponente e sinistro castelo surgir do horizonte.

            O Redfox parou a alguns metros de distancia do castelo, e esperou até que todos o alcançasse.

            —Porque paramos?—Perguntou Levy, seu cabelos azulados grudava em sua face corada e suada.

            Ela olhava para a construção medieval a sua frente com admiração e temor, seus lábios se abriram levemente, ela estava fofa e isso não passou despercebido por Gajeel, que teve que se segurar para não apertar aquelas bochechas vermelhas.

            —Er... É aqui.—Disse o mesmo, ofegante, seu peito subia e descia rapidamente devido as batidas frenéticas de seu coração, e devemos ressaltar que não foi somente pela corrida.

            —Lucy está aqui...—Murmurou Jet estando perplexo pelo lugar onde a loira havia se escondido, não era á toa que as autoridades não conseguiram encontrá-la.

            Três segundos se passaram, as respirações descompassadas enchiam o ar e cada um estava absorto em seus próprios pensamentos, temores e desejos.

            De súbito, o DragonSlayer do fogo se aproximou das grandiosas e grossas portas de madeira e sem nenhum aviso prévio aos seus amigos, o rosado desferiu um forte e agressivo chute nas mesmas, as fazendo abrir com um estrondo.

            —Droga Natsu!—Repreendeu Droy.—Agora não temos o elemento surpresa ao nosso lado!

            Em resposta, o Dragneel virou sua cabeça e estalou a língua antes de dizer:

            —Ele já sabe que estamos aqui, vamos entrar em grande estilo pelo menos...

Droy se manteve quieto, mas ficou pensando se o calor do deserto não tinha fritado de vez a pouca sanidade que havia na cabeça do garoto.

Dentro do castelo, a escuridão reinava e um vento gélido soprava nos magos como o hálito de um demônio faminto, como se o castelo estivesse vivo e prestes e engolir suas próximas vítimas.

—Vamos lá pessoal, temos uma companheira para salvar.— Disse Natsu adentrando sem medo “na boca do demônio” e logo sendo seguido pelos outros magos.

Em meio aquela escuridão, a mão de Natsu ficou envolta de chamas e se tornou a única luz naquele lugar gélido.

—Para onde nós vamos agora?—Indagou Freed, com a mão na bainha da espada, só por precaução.

—Não importa.—Respondeu o rosado.—Só, por favor, fiquem juntos, alguma coisa me diz que esse silêncio todo não é bom sinal.

            Assim que o DragonSlayer acabou de falar, as luzes foram acesas e as pupilas dos magos foram cruelmente castigadas com aquela súbita luminosidade.

            Bickslow foi um dos primeiros a se recuperar por causa dos seus olhos um tanto exóticos.

            O mago olhou o lugar ao seu redor com surpresa e encantamento.

            O salão que antes estava envolto de escuridão agora nem parecia mais o mesmo.

            O chão de mármore branco brilhava e era tão limpo que o homem viu o seu próprio reflexo como num espelho.

            No teto uma pintura renascentista chamava a atenção de Bickslow que queria prender todos aqueles belos detalhes em sua mente para sempre, sem contar com as esculturas douradas que fingiam segurar as pilastras do salão.

            —Quem são aquelas crianças?— Perguntou Evergreen, ajeitando os seus óculos e foi só então que Bickslow percebeu que havia crianças naquele recinto.

            Os dois meninos estavam a vários metros de distância, e encaravam os visitantes inoportunos por entre a cortina de seus cabelos cor de rosa.

            —Porque diabos existem crianças aqui?—Sussurrou Elfman.

            —Seja lá o porque eles não parecem felizes em nos ver.— Retrucou Mirajane, receosa.

            Laxus cruzou os braços e estalou a língua antes de dizer em alto e bom som:

            —Não acredito que vocês estão assim por causa de meros pirralhos. Vejam só, eu resolvo isso.

            O loiro caminhou majestosa e arrogantemente até os gêmeos, sem nenhum temor.

            —Ei, vocês dois.—Disse o DragonSlayer pousando sua grandiosa mão no ombro de um deles.

            —Vão embora.—Murmuraram os dois, em conjunto.

            —O que?—Indagou o mago, sem entender o que eles haviam dito.

            Em resposta ambos levantaram um pouco a cabeça, revelando cada um, um olho amendoado e ameaçador.

            Mas, como todos sabem, o Dreyar é arrogante demais para recuar e impaciente demais para ser educado.

            —Ei! Eu quero ouvir o que vocês falaram!—Disse aumentando o tom de voz.

            —Vão embora!—Gritaram as crianças, e de súbito Laxus caiu de joelhos e tombou para trás.

Seu corpo tremia, seus olhos reviravam e sua boca se abria de maneira agonizante em um grito silencioso.

Aquela cena paralisou a todos, tanto por ter sido tão de repente e também por que Laxus realmente não era fraco para que alguém fizesse ele ficar agonizando no chão tão faicilmente.

Mirajane gritou e tentou correr até o loiro, mas Lisanna a segurou, dizendo que aquilo não era a melhor coisa a se fazer e a albina se acalmou um pouco, mas não o bastante, era difícil para ela ver o DragonSlayer tão vulnerável daquele jeito...

—Não somos seus inimigos!—Gritou Cana.—Nós viemos aqui em busca de uma amiga, a Lucy, vocês a conhecem?

As mãos dos gêmeos tremiam de cólera, a fúria pulsava diluída ao sangue em suas veias.

Ambos levantaram a cabeça lentamente.

—Por favor, só respondam...—Suplicou Natsu.—Só queremos ver a Lucy...

E aquilo foi a gota d’agua, aquela frase se repetia na mente dos meninos e a fúria se tornou descontrolada.

—Hipócritas!—Berraram e uma onda de energia fez com que os magos caíssem no chão.—Vocês nunca mais vão ver a Lucy-chan! Vocês não vão tirá-la de nós...—Enquanto falavam, o olho esquerdo de Kuwabara e o direito de Kouji iam gradativamente adquirindo um tom assustadoramente dourado.— Vocês a fizeram a chorar... Nunca mais ela vai chorar consco... Vocês...merecem... morrer!

E então tudo ficou envolto de escuridão novamente, só que dessa vez, era bem pior do que antes.