A fala de Gray teve um grande efeito nos magos ao seu redor. Ninguém nunca havia pensado naquilo até agora, mas por mais estranho que parecesse, ainda fazia sentido.

Afinal, se não existia túmulo, quer disser que não existe corpo, se não existe corpo, não teve morte... Alguns minutos se passaram, cada um absorto em seus pensamentos, surpresos com a possibilidade de Layla estar viva.

De súbito, Gajeel se agachou e cheirou como um cachorro, a grama ao redor do “túmulo”.

            —O que você está fazendo?—Indagou Levy ao ver o moreno se levantar e cheirar o ar profundamente.

            —Sangue...—Murmurou.—Eu sinto cheiro de sangue.

            —Eu não estou sentindo cheiro de nada...—Resmungou Freed, e os outros magos também concordaram, mas o Redfox os ignorou, afinal, nenhum deles tinha o faro de DragonSlayer.

            —É um rastro, o rastro do desgraçado que causou tudo isso...— Falou Natsu.—Mas está muito fraco para que eu consiga rastrear...

            O moreno estalou a língua, e disse sorrindo:

            —Você é um inútil mesmo.

O rosado lhe dirigiu um olhar feroz, mas ficou confuso ao ver o sorriso na face do amigo.

            —Eu consigo rastreá-lo.—Disse com confiança.

            —Como assim? Isso é impossível!—Retrucou Natsu.

O mago olhou para o Dragneel como se ele fosse um idiota.

            —Sou um DragonSlayer de ferro, e sangue tem ferro... Ou seja, consigo sentir esse rastro.

            —Mas como isso é possível?—Indagou Makarov se sentando num dos pedaços do que há pouco tempo era o anjo de pedra.

            Ele deu de ombros e disse:

            —É uma longa e chata história... E então? Posso começar a rastrear?—Perguntou sorrindo.

Eu irei dedicar e sacrificar tudo que é meu

Por apenas alguns segundos o conceito de como minha vida está acabando

Eu gostaria que eu pudesse saber se as direções que eu tomo

Todas as escolhas que eu faço não irão acabar por nada

Lucy estava curiosa. A loira observava atentamente o homem a sua frente. Cacius estava estranho... O loiro estava feliz demais e havia acabado de chamar a Heartfilia para conversar, interrompendo o rigoroso treinamento da mesma.

Me mostre pra que isso serve

Faça eu entender isso

Eu tenho rastejado no escuro

Procurando pela resposta

Existe algo mais

do que eu tenho ajudado?

Eu tenho rastejado no escuro

Procurando pela resposta

A loira apertou o passo, lutando para não ser deixada para trás e quase trombou no rapaz quando ele parou bruscamente.

            —É aqui?—Perguntou Lucy não reconhecendo aquele lugar.

Me ajude a seguir em frente

Assegure me que isso está bem

Para usar meu coração e não meus olhos

Para navegar na escuridão

O fim virá cedo?

Eu irei ter que ver o final da minha história?

Cacius não respondeu nada e abriu a escura porta de madeira e agiu como um cavalheiro, deixando que Lucy entrasse primeiro.

Me mostre pra que isso serve

Faça eu entender isso

Eu tenho rastejado no escuro

Procurando pela resposta

Existe algo mais

do que eu tenho ajudado?

Eu tenho rastejado no escuro

Procurando pela resposta

Ao perceber onde estava, a loira arregalou os olhos e ficou tensa.

—Seja bem vinda ao meu humilde quarto.—Disse o loiro, sussurrando no ouvido da Heartfilia que corou violentamente.

O quarto era muito bem decorado, um tapete suave ocupava boa parte do chão.Os móveis pareciam barroco, e a cama de dossel era grande e organizada, com uma aparência extremamente confortável.

            —Deite-se por favor.—Disse Cacius apontando para cama.

Lucy não moveu um músculo, tomada pela vergonha e receio. Lucy nem se moveu, e Cacius percebeu a preocupação da loira e se divertiu com isso.

Ali ele tinha mais uma chance de infernizar a loira.

— Pode ficar tranqüila loirinha... Prometo que eu não vou fazer nada, a não ser que você peça com jeitinho.— Disse com um sorriso pervertido na face, e a Heartfilia se encolheu em seu ombros, tentando se esconder do olhar penetrante de seu mestre.—Ok, chega de brincadeira.— Falou o loiro, recuperando sua seriedade.—E é serio, precisamos conversar...

Lentamente, Lucy se sentou na macia cama enquanto Cacius se servia com alguma bebida alcoólica.

—Você se lembra o que eu te prometi desde a primeira vez que nos vimos?—Indagou o loiro, olhando fixamente para o copo em suas mãos, se concentrando em ver os dois cubos de gelo derreterem na bebida.

            A loira ficou em silêncio por poucos instantes, dividida entre a confusão e o receio, mas sabia que seu mestre não era paciente, então a Heartfilia falou em um sussurro trêmulo:

            —Mamãe... Você prometeu informações sobre minha mamãe.

            Na hora, o homem virou suas orbes esverdeadas para a maga e a mesma sentiu vontade de se cobrir para que o rapaz não a fitasse de modo tão intenso.

            —Isso mesmo loirinha, isso mesmo...—Murmurou ele.—Eu descobri coisas da sua mãe.

Então quando e como eu irei saber?

O coração da garota parecia ter errado de pulsação e ela ficou sem palavras. Desde que Lucy era criança, Layla era uma incógnita para ela, algo tão próximo e ta longe ao mesmo tempo...

            —O que você descobriu?—Perguntou de repente.

            Cacius se aproximou e se sentou ao lado da loira.

            —Vou te mostrar.—Sussurrou.

O loiro e aproximou ainda mais e antes que a Heartfilia pudesse se afastar, seus lábios se encontraram suavemente.

Quão longe eu tenho que ir? (Tenho que ir)

Quanto tempo até eu finalmente saber? (Finalmente saber)

Porque eu estou vendo e eu apenas não consigo enxergar o que está na minha frente

Na minha frente

            Mesmo assim, a garota pos suas mãos no tórax do rapaz, tentando afastá-lo, mas era como empurrar uma estátua, já que o homem era firme e forte como uma rocha e a “fuga” da maga se tornou impossível quando o musculoso braço dele circundou a cintura da garota.

            Os olhos verdes a fitavam com firmeza, como se expressassem uma ordem que deveria ser obedecida, e exausta de lutar, deixou que o beijo prosseguisse, pensando que quanto mais rápido começasse, mais rápido acabaria.

            O gosto do álcool invadiu a boca da jovem que sentiu um certo nojo, já que aquele gosto era muito mais forte que qualquer bebida.

Sua língua ardia e formigava, o beijo que antes a agonizava tanto era o menor de seus problemas... Cacius se afastou e Lucy permaneceu com os lábios entreabertos, mas não era de surpresa e sim porque seus lábios estavam dormentes, assim como toda sua boca.

—Você prometeu...—Sussurrou, forçando as palavras a saírem de seus lábios.

—Eu menti.— Retrucou o loiro, com um sorriso charmoso, mas foi pena que a Heartfilia não pode ver tal sorriso, já que sua visão estava ficando cada vez mais turva, como se a maga tentasse ver dentro de uma piscina.

 —O que você fez... Comigo?—Murmurou, sentindo que seu corpo tombara na cama.

—Vou pagar a minha promessa...—Respondeu enquanto os olhos da garota se fechavam.

Quando ela abriu os olhos novamente, Lucy se sentia revigorada, como se estivesse pronta para correr uma maratona, mas o lugar onde estava não era muito propicio a corridas...

O lugar era negro, e a Heartfilia se sentia desconfortavelmente presa dentro de uma caixa de sapatos.

A escuridão dançava a sua volta, com passos sinistros e trêmulos. As vezes, Lucy ouvia sons de leves risadas e o medo começou a crescer em seu peito, até que para susto da loira, uma mão tocou em seu ombro.

Me mostre pra que isso serve

Faça eu entender isso

Eu tenho rastejado no escuro

Procurando pela resposta

Existe algo mais

do que eu tenho ajudado?

Eu tenho rastejado no escuro

Procurando pela resposta