Quem Era O Pinguim? escrita por AnyBnight


Capítulo 1
Super Fantasy Party




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/220037/chapter/1

– Ei Kidou, que tal irmos a uma festa?

Tarde de um dia de folga qualquer. Os meninos que treinavam tanto todos os dias relaxavam pelas mais diversas áreas da ilha Liocott. Kidou e Sakuma visitavam os canais venezianos na área da Itália.


– Festa?
– É, amanhã a noite na área da América. Um cara me deu um folheto enquanto você comprava sorvete. Olha. - Tirou o papel amassado do bolso da jaqueta e estendeu-o ao amigo.

"Super Fantasy Party" dizia o título, uma das poucas partes do folheto que Sakuma entendera. Kidou era bom em inglês, conseguiu ler tudo sem problema.


– É uma festa a fantasia de livre participação.
– Soa divertido, que tal irmos?
– Aqui diz que é obrigatório estar fantasiado. Não temos roupas assim.
– Alugamos numa loja por aí. Vamos lá, chamaremos mais alguns amigos do time e assim não ficamos tão perdidos.
– Quer dizer você não vai ficar tão perdido, não é? - Se gabava
– Sou melhor em biologia que você - Deu-lhe as costas, de braços cruzados.
– Hum - encarava o folheto- Parece interessante.

Ao fim do passeio, voltaram ao alojamento. Depararam-se com grande parte dos outros garotos do time em volta de uma dupla de convidados: Ichinose e Domon.


– Ah, onii-chan e Sakuma-kun voltaram. - Haruna
– O que houve aqui? - Perguntou confuso.
– Há quanto tempo Kidou. - Ichinose os cumprimentou - Viemos convidar nossos amigos do Inazuma Japan para a festa de amanhã a noite na área da América.
– É, nós vimos sobre isso num folheto. Festa a fantasia certo?
– Isso mesmo.
– Como anfitriões, trouxemos conosco uns vales-cortesia. Podem escolher qualquer fantasia que quiserem na loja lá perto de onde vai ser a festa. - Domon distribuía os vales.
– Valeu caras, isso vai ser demais! - Endou respondeu animado ao receber seu vale.


– Perda de tempo. - Disse Fudou, que estava encostado numa parede perto das escadas longe do grupo. Kidou lançou-lhe aquele olhar de desconfiança, que só podia ser notado através de suas sobrancelhas.

Fudou percebeu tal encarada e seguiu escadas à cima.

A reunião no andar de baixo continuou animadamente. Ichinose sugeriu que seria divertido se todos fossem pegar as fantasias em horários diferentes, e assim mal se reconheceriam durante a festa. A maioria adorou a ideia, os poucos que sobraram foram convencidos a fazer assim depois de um pouco mais de conversa.

Aos poucos, os garotos iam até a loja e voltavam com suas fantasias em pacotes fechados. A noite, a loja já tinha fechado então os que não tinha ido ainda deixariam para o dia seguinte. Sakuma já tinha sua fantasia em mãos e Kidou ficou no grupo dos que iriam ir no dia seguinte.


– Ei Sakuma, com qual fantasia você ficou?
– Pinguim
– Ah, claro. Já esperava por isso.
– Não é pinguim tradicional, vai ficar surpreso quando me ver amanhã.

No dia seguinte, Kidou foi um dos últimos a ir até a loja. Quase não sobrara fantasias para ele. Enquanto revirava as araras com as peças restantes, conversava com o vendedor.


– Tem muitas fantasias de heróis aqui...
– Ah sim, americanos adoram heróis. Marvel, DC, essas coisas.
– Sei... Escuta, algum dos japoneses com vale levou alguma fantasia desse tipo?
– Hum... Sim, teve um garoto que levou uma fantasia bem estilosa de pinguim.
– Pinguim?
– Não conhece? É um dos inimigos do Batman.
– Não sou muito fã de quadrinhos. Não sei o que escolher
– Posso ver que gosta de capas. Já que seu amigo levou um pinguim, por que não vai de Batman?
– É, acho que o Super-man não combinaria comigo. - Brincou

Kidou experimentou a fantasia de homem-morcego e pareceu ter gostado dela. Resolveu ficar ela.

Ao sair da loja já era tarde. Não daria tempo de voltar ao alojamento então partiu direto para onde aconteceria a festa.


– Sakuma? - Falava ao telefone
– Cadê você, Kidou? Estamos te esperando pra irmos pra festa.
– Foi mal, me atrasei muito. Estou indo direto pra lá.
– Ok, a gente se vê lá. - Desligaram

O lugar era algo como uma boate no subsolo. A primeira pessoa que reconheceu foi Ichinose, fantasiado de Tuxedo branco. Ele recebia outros convidados na entrada.


– Ichinose?
– Ah, Kidou, você chegou cedo! Onde está sua fantasia?
– Na sacola, não daria tempo de voltar pro alojamento e me trocar. Pensei que aqui poderia ter vestiários, ou sei lá.
– Tem sim. Entre, tem uma porta sob uma luz azul antes da escada, pode se trocar lá.
– Valeu mesmo.
– Que nada, entre, se troque e divirta-se!

Seguindo as instruções de Ichinose, Kidou encontrou o vestiário. Era um cômodo de uso individual. Entrou e trancou a porta. Pôs a sacola com a fantasia sobre uma bancada e começou a se despir. Vestiu a fantasia sem problemas, embora tenha ficado meio inseguro quanto a máscara. Não queria tirar os óculos e também, talvez aquela roupa não combinasse nada com seu penteado.


– Estou ridículo...
– Kidou, algum problema aí? - Ichinose dizia atrás da porta.
– Tudo bem, já estou terminando.
– Ok. Todos do Japão já estão por aqui. Não demore muito.

Foi então que percebeu que tinha passado muito tempo ali. Vendo que não tinha muita escolha, seu livrou dos óculos e do elástico que prendia os dreads e pôs a máscara de uma vez. Jogou suas roupas de qualquer jeito na sacola e a pôs num dos armários do vestiário, logo pegando sua chave e guardando a no"cinto de utilidades" da fantasia.

Mal abriu a porta e já podia ouvir a música tocando alta. O corredor por onde viera agora estava escuro, como todo o resto do lugar. Na escada que dava no salão, pequenas luzes nos corrimãos guiava os passantes. No salão principal, muita gente. Kidou desceu as escadas tentando encontrar algum conhecido mas não reconhecia ninguém. Música alta, pista de dança lotada, o salão todo iluminado somente pelos feixes de luz coloridos que vinham de refletores no teto e muitos globos de espelho.


– Caramba, tá difícil achar alguém nessa bagunça toda.

Andou pela desordenadamente pela "balada". Conseguiu reconhecer Aki, mas não foi até ela por vê-la conversando com Ichinose. Mais a frente viu um príncipe mascarado cercado de garotas.


– É o Fubuki. Melhor não ir até lá agora. - Suspirou - Esse lugar precisava mesmo ser tão escuro? - Continuou procurando inutilmente por algum conhecido que não estivesse muito ocupado.

Cansou-se de ficar tão perdido e foi até a mesa com comida. Enquanto degustava de alguns sanduíches triangulares, notou a figura misteriosa na outra ponta da mesa. Terno escuro (tudo era escuro), cartola, bengala, gravata borboleta e uma mascara de nariz bem saliente, cobrindo metade do rosto. Lembrou-se das imagens de referência que o lojista mostrou e reconheceu o inimigo de seu personagem ali, o tal do "pinguim".


– Sakuma? - O outro pareceu não tê-lo escutado, então se aproximou - Finalmente te encontrei.
– Oh, estava me procurando? - A voz parecia diferente, talvez por causa do volume da música.
– Como você disse, sua fantasia me surpreendeu. Não sabia que entendia de heróis americanos.
– Tecnicamente, sou um vilão. Nunca esperaria que nossas fantasias acabariam combinando, Bat-chan.

Nenhum dos dois entendeu a frase do outro por completo.


– Você me entendeu. Esse lugar é barulhento de mais.
– Apenas não está acostumado com festas assim. Solte-se um pouco.
– Não faço ideia de como fazer.
– Eu te mostro. - Disse puxando Kidou pelo pulso até a pista de dança.

Chegando lá, a dupla se espremeu entre os outros convidados até conseguirem algum espaço para se moverem livremente. Uma música bem mais dançante começou a tocar. O Pinguim dançava conforme a batida enquanto Batman, mal se movia. Levou algum tempo e alguns puxões na capa para que Kidou finalmente se soltasse e seguisse o ritmo. De alguma forma, se divertiu com aquilo.

Após 3 ou 4 músicas, a dupla deixou a pista de dança, indo até o bar de lá. Claro que o barman fora instruído de não servir nada alcoólico naquela festa. Os dois apenas se sentaram nos bancos altos, apoiando os braços no balcão e pediram sucos cítricos.


– Nunca pensei que você soubesse dançar assim.
– E não sei. Apenas tenho um bom balanço corporal.
– Não é o que eu vejo durante os treinos. - Brincou. O outro ficou calado. - O que foi?
– Ah, nada. - O barman chegou com as bebidas - Wow, foi rápido. - O barman disse algo - O que?
– Ele disse que se quisermos mais alguma coisa, é só chamarmos. Você realmente é ruim em inglês.
– Não ouvi direto por causa da música alta, senhor bilíngue.
– Ah, toma sua bebida e fica quieto.

Continuaram rindo um do outro enquanto recuperaram seu folêgo.

Novamente a caminho da pista de dança, viram os "capitães" americanos apresentando alguma coisa. Os dois ladeavam algumas portas cercadas de pequenas luzes vermelhas. Aproximaram-se, visando descobrir o teor da tal atração. Viram que das portas saiam duplas e Kidou pensou ser algo como uma gincana. Seu companheiro não disse nada quando foi persuadido a participar. A dupla entrou e a porta foi trancada por fora. Lá dentro, apenas um lugar pequeno e completamente escuro.


– Arg, onde viemos parar?
– Os americanos chamam esse jogo de "sete minutos no paraíso"
– E você sabendo disso, não me disse nada.
– Não era você que manjava de inglês? - Disse sarcástico - Agora temos que ficar presos aqui por sete minutos.
– Fazendo o que?
– Você também não reparou que as "duplas" que saiam daqui eram casais, não é?
– Está escuro e essa máscara não ajuda.
– Então se livre dela.

Kidou bufou e sentou-se no chão, apoiando as costas na parede. O outro fez o mesmo. Ficaram em silêncio por um tempo.


– Quanto tempo falta?
– Cinco minutos, eu acho. Entediado?
– Muito. Esse jogo é idiota.
– Você quis participar, tem que aguentar até o final.
– Qual é o objetivo disso afinal?
– Não tem um objetivo. Os casais vem aqui para se agarrarem em paz. Às vezes, perdem a noção do tempo e os caras na porta abrem-na, pegando o casal no flagra.
– Ham... Sakuma. - ignorado - EI!
– O que?
– Acho que essa música tá te deixando surdo.
– E a mascara tá te deixando cego. Tá andando comigo a noite toda e ainda não percebeu que--

Kidou agarrou o nariz do pinguim, levantou a máscara e o beijou calorosamente. O outro ficou confuso no começo, mas logo retribuía com vontade. Pararam e voltaram vezes e mais vezes. Kidou foi abraçado pelo pescoço enquanto abraçava o outro pela cintura, mantendo-o por perto.


– Falta pouco pro tempo acabar. Melhor pararmos.
– É-é mesmo. - Disse se afastando e passando um dos pulsos na boca.

Enquanto se levantavam, a porta se abriu. Ao saírem do pequeno cômodo, Kidou foi deixado par trás, seu companheiro saiu correndo e entrou no meio da multidão.


– O que deu nele?

Kidou passou o resto da festa procurando Sakuma, mas não o encontrou. Ele então pensou que o que aconteceu durante o jogo tivesse constrangido seu amigo, isso explicaria sua fuga. "O que aconteceu''. Pensando um pouco mais, percebeu que aquilo foi uma imensa loucura. Já não havia tanta gente na festa e as músicas agitadas se tornavam cada vez mais leves e lentas. Reconheceu sua irmã dançando com algum desconhecido e iria até lá dar um soco no cara se não estivesse com a cabeça tão cheia.

Voltou ao vestiário, trocou-se e deixou a sacola com a fantasia com Domon, que cuidaria das devoluções, e foi embora.

Chegando ao alojamento, seguiu direto para seu quarto. Alguns dos outros meninos já haviam voltado, mas ao passar pela porta do quarto de Sakuma, a mesma estava aberta e o quarto vazio. Se Sakuma saiu da festa, ainda não tinha ido direto para casa.


– Pode ser que esteja com raiva de mim - Resmungou ao entrar em seu quarto - preciso me desculpar com ele amanhã. - Jogou-se de bruços na cama e não demorou a pegar no sono.

Embora tenha dormido cedo, acordou bem tarde, incomodado com a luz que vinha da janela. Ainda estava com o agasalho do time e usava sua capa como cobertor. Os óculos haviam se deslocado durante o sono, então acordou sem eles.

Levantou-se sonolento, ajeitou a roupa amassada e saiu do quarto. Não viu ninguém pelos corredores do andar dos dormitórios, o relógio de parede marcava pouco antes de meio-dia, na certa os outro estavam no refeitório e foi pra lá que foi.

Encontrou grande parte do time ainda comendo, incluindo Sakuma, sentado sozinho no canto do refeitório. Pegou seu café e aproximou-se do amigo com cuidado e sentou-se ao seu lado.


– Sakuma.
– Ah, Kidou.
– Olha, sobre ontem... Sinto muito. - Dizia encarando a bandeja
– É bom mesmo. Não acredito que fez aquilo comigo.
– Desculpa, eu realmente achei que qui--
– Te procurei a festa toda, onde esteve?
– Espera, o que?!
– Você disse que nos encontraríamos lá, mas não te vi em lugar nenhum.
– Mas você não estava de pinguim!?
– Sim, uma fantasia estilo pijamão de pinguim vermelho. Tinha mais alguém de pinguim por lá?

Kidou olhou em volta, percebendo Fudou no outro canto da sala, mais quieto que o normal, vezes lhe lançando olhares discretos. Após seu café foi até sala de estar onde estava sua irmã, que tremeu ao achar que seria questionada sobre seu par na noite anterior.


– Haruna. - Disse sério
– S-sim?
– Você sabe as fantasias que todos usaram ontem?
– A maioria, por que?
– Do quê o Fudou estava vestido?
– Não sei o nome, mas tinha terno, cartola e máscara... - Kidou saiu correndo no meio da frase - Onii-chan?


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!