F R A G I L E escrita por Scorpion


Capítulo 26
25. Visitas.


Notas iniciais do capítulo

Sem muito papo. Queria agradecer de coração á minha pretinha, Líís, pela recomendação fofa que ela deu antes que eu postasse o ultimo capitulo, mas que eu nao tinha visto. E tambem a littlera. Obrigado mesmo. Este vai pra voces duas.
Quero avisar que irei postar um capitulo e meio hoje, e amanha o mesmo. Ok?
Certo. Até mais.



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25. Visitas.

Abrir os olhos nunca havia me custado tanto na vida. Era mais difícil até que as sexta-feira pela manha, ou acordar a meia noite porque alguém bateu na minha porta com força.

Abrir os olhos foi cansativo, e logo me arrependi de ter feito.

Tudo era brilhante, e depois desejei voltar ao mundo de trevas.

Pisquei um monte de vezes para me acostumar com a intensa luz e comecei a mover a cabeça tentando me centralizar. Escutava murmúrios. Vozes dispersas e cobertas por uma capa invisível chocadas contra elas e chegando até meus suaves ouvidos.

Tudo era branco e o exagerado resplendor vinha da lâmpada que estava em cima da minha cabeça. Abaixei o olhar e varias manchas coloridas se pousaram em frente a mim. Algumas eram longa, outras cursas, algumas redondas ou muito finas. Pisquei umas vezes mais. As manchas se moviam de um lado para o outro e falavam sem parar.

Fechei por uns segundos os olhos e ao abri-los as manchas se encontravam ao meu redor, mas já podia distinguir seus rostos.

-Gerard, filho! –Virei meu rosto para a esquerda. Minha mãe estava chorando e tentando segurar meu braço, mas duvidava como se eu tivesse algo contagioso, ou minha pele queimasse. –Acordou... –Murmurou com a voz rouca.

Sim, acordei. Mas porque todo esse escândalo? Todas as manhãs faço o mesmo. Abro meus olhos depois de um sono profundo, o qual explicaria a intensa dor que tenho nas costas e no final desta.

-Você está bem senhor Way? Se lembra do que aconteceu? –Perguntou uma mulher que, nunca havia visto na vida, bem atrás das costas de minha desesperada mãe. Me sorriu e pude observar seu avental branco, resplandecente  como todo o quarto.

Tentei responder, mas só pude abrir a boca quando uma pergunta se chocou com força contra mim. “Onde estou?” me perguntei de repente sentindo medo.

-Se lembra porque você está em hospital?

-O que?? –Minha voz soou horrível. Foi uma combinação entre rouca e pastosa que soou como o canto de um passarinho agonizando.

-Filho. –A voz de minha mãe voltou a se pronunciar. –Você sofreu um acidente. Você caiu... Você... Rolou pelas escadas e...

Parei de escutar. O sentido da audição se perdeu.

Me concentrei em tentar lembrar.

Acidente... Queda... Escadas...

E chocou. Tudo voltou á mim me golpeando como um grande balde de água fria.

Havia tropeçado tentando fugir, tentando escapar de uma realidade que não queria conhecer. Lembrei. O golpe, a dor, seu nome...

-Frank... –Sussurrei com minha horrível voz tão doente que, aparentemente, ninguém conseguiu me escutar.

-Querido, é verdade que não se lembra do que aconteceu? –Disse Ray com lastima.

Sorri ao meu amigo tentando lhe passar confiança através de meu falso sorriso.

-Lembro. –Falei assentindo levemente com a cabeça.

Depois disso minha respiração se interrompeu graças aos braços de Donna. Em seguida chegaram mais braços protetores, os quais não pude distinguir o dono ate que a mulher de avental branco falou.

-Bom, acredito que tenham sido emoções demais para todos. Sei que querem estar com ele, mas é preciso fazer alguns exames e preciso que saiam do quarto.

Deveria me sentir indignado, ou ao menos triste, porque tiraram minha família, certamente terão que me contar muitas coisas, ou que queiram me ver simplesmente. Lamento a preocupação que lhes causei, e os planos que arruinei, mas agradeço infinitamente a essa medica porque, apesar de que meu traseiro dói infinitamente, a ultima coisa que preciso nesse momento é Donna com seu braços e choramingo.

Passei a tarde relativamente só e tranquilo. Entre testes de rotina, enfermeiras desconhecidas e esporádicas visitas daquela mulher que depois soube se chamar Sarah Beckham, e o pior, soube ser minha medica.

No fim da tarde minha primeira visita foi aproveitada por meu irmão Mikey que entrou no quarto tranquilo e sentando ao meu lado em uma cadeira preta.

-Como você se sente? –Falou depois de uns momentos onde nossos olhares se concentravam nos olhos dos outros.

-Como se um trem tivesse amassado... O traseiro. –Sorri. –E você, como está?

-Você é incrível. –Negou com a cabeça. –Está em uma cama de hospital, com uma terrível dor na bunda, nas costas e mesmo assim se atreve a perguntar como estou...

-Bem, esqueci que tenho uma fome que me deixaria capaz de devorar um boi inteiro.

-Fico feliz de saber que estar em uma cada de hospital te deixa de bom humor. –Sorriu. –Eu estou bem... –Suspirou. –Bem, meu irmão estava inconsciente por vários dias e minha noiva está um pouco irritada comigo... Então suponho que estou tão bem como qualquer pessoa em minha situação.

-O que houve com Britt?

-Cancelei o casamento. –Me olhou fixamente. –Não podia me casar se meu irmão não estivesse presente no dia mais maravilhoso de minha vida.

-Mikey... Você é um idiota! Porque fez isso? Eu arruinei... –Murmurei triste. Realmente tudo parecia ser uma surpresa para mim. O fato de saber que ainda inconsciente podia chegar a arruinar uma data importante para meu irmão me fazia voltar até minha infância e adolescência onde tantas vezes arruinei os planos de meu irmãozinho por minha estúpida doença.

E voltou a acontecer...

-Eu sinto tanto Mikey... –Meus olhos se fecham, meu rosto triste queria se enfiar na terra como um avestruz, mas Mikey se colocou de pé para segurar com ambas as mãos meu rosto.

-Gee... Não importa. Você é meu irmão é um dos seres mais importantes em minha vida. –Sorriu. –Faria o que fosse por você. –Beijou minha testa. Seus suaves lábios me fizeram sorrir. –Te amo e não tem que agradecer por eu ama-lo.

-Te amo.

Merecia que alguém me amasse assim? Merecia que meu irmãozinho se tornasse o irmão responsável desde pequeno?

-Que bom que tenha acordado Gerard... –suas mãos ainda continuavam segurando minhas bochechas e seus olhos irradiavam um brilho encantador. –Senti tanto sua falta...

Fez um ligeiro bico antes de deixar sair duas lagrimas que limpei rapidamente.

Beijei seus lábios ligeiramente e me abracei a ele como se tivesse medo do branco das paredes.

A visita seguinte foi de Donna. Minha mãe começou com as simples perguntas de: “Como está?”, “Precisa de algo?” e terminou me perguntando se o desgraçado (que facilmente identifiquei como Frank) havia me empurrado.

Não quis responder. Comecei a fazer caretas de cansaço e dor, para que assim ela tivesse que ir. Insistiu em ficar durante a noite, mas lhe pedi para que pedisse a Ray que me fizesse o favor de ficar.

Minha mãe saiu atrás da porta cinca e por fim respirei tranquilo.

Se Frank havia me empurrado?

Não. Nem sequer diretamente, porque minha covardia chega ao extremo e eu nunca me atreveria a me deixar cair. Foi um acidente, um estúpido acidente que não importou nada pra ele.

Talvez nem sequer tenha notado minha ausência. Talvez esteja fazendo sexo com outro homem, que gemerá seu nome e em duas horas irá embora.

Talvez eu tenha sido um sonho em sua vida, e ele já acordou. Mas o que eu faço agora porque, por mais raiva que eu deveria ter por ele, só lembro de seu olhar e me afundo novamente neste amor autodestrutivo e cruel.

Que faço agora com esses desejos por ir procura-lo...

“Quem dera que você tivesse se importado com o nível de minha devoção.
Quem dera que te amar tanto fosse suficiente para que voltasse para mim.
Quem dera que você pudesse desaparecer, se queimar e se enterrar no esquecimento.
Quem dera que pudesse te odiar. Mas que infelicidade a minha que, apesar de você me apunhalar, como um mosquito seguindo a luz, te sigo onde seja, com meu inquebrável carregado nas costas...”

Quando meus olhos voltam a se abrir tudo está escuro. Toquei minhas bochechas e descobri, sem surpresa, que estavam molhadas.

“Como não chorar cada vez que sonho contigo...”

Me sento sobre a pequena cama de lençóis brancos com um pouco de esforço. Me sinto cansado, e a dor na bunda me impossibilita de tudo, assim como esta fome que aquele soro que me deram não pode conter.

Uma figura está de pé ao meu lado.

-Olá querido... –Sussurra e eu sorrio. Meus olhos poucos a pouco se acostumam com a escuridão, e posso ver melhor a figura de Ray em frente a mim, assim como o brilho de seus olhos castanhos.

-Olá Ray. –Respondo de forma igual, em um sussurro.

-Como você está?

-Com uma terrível dor no traseiro e muita fome...

-Quer que eu traga algo? –Falou com a voz preocupada se aproximando mais da beira da cama.

-Não. –Neguei com a cabeça. –Quero falar contigo...

A cadeira escura ao lado de minha cama lhe serviu para poder se aproximar mais de mim colocando sua mão sobre os lençóis brancos.

-Diga.

-Bom, primeiro quero saber porque permitiu que meu irmão cancelasse o casamento.

-Gerard, você sabe que dia é hoje?

Esperei em silencio e abaixei a cabeça. Não, para dizer a verdade não sabia. A doutora Beckham me havia informado que tinha estado inconsciente por vários dias, mas não me informou a data em que estamos.

-Bem, pois é a madrugada de sexta, o que a torna sábado. O sábado em que seu irmão se casaria, precisamente.

-Poderia ter feito. –Disse apertando os lençóis contra os punhos cerrados.

-Claro, podíamos.  Podíamos ter ido celebrar enquanto você estava sobre uma cama minúscula de hospital... Mas como você pensa que nos sentiríamos bem sabendo que você está em um hospital sem querer acordar?! –Parecia que alguém fez Ray se calar com um sussurro ao ar. Certamente meu companheiro de quarto estava irritado por nossas vozes. –Se não está conosco não há razão para celebrar. –Disse meu amigo com uma voz muito mais suave.

-Brittanty me matará...

-Não acho. Sua cunhada te ama. –Começou a rir. Mas o riso se foi tão rápido como chegou. –Gerard... –Sua voz se tornou extremamente séria.

-Diga.

-Por que... –Suspirou pesadamente. –Por que não me disse que tinha hemofilia?

 Fiquei em silencio, culpado demais para responder. Meia vida que nos conhecíamos, e eu não me atrevi a lhe confessar quem eu era.

-Entendo... –Suspirou. –Mas você sabe que eu teria cuidado de você...

-Não queria que ninguém me visse de forma “especial”...

-Qualquer pessoa que estivesse ao seu lado te veria de forma especial. Porque você é especial, não por sua doença, mas sim por sua alma Gerard...

Levantei o rosto abaixado para poder lhe olhar no rosto. Ray me sorria e a mão que uma vez estava sobre o lençol branco agora estava sobre meu braço me dando um leve aperto.

-E também, isso não é tão importante como o que tenho para te dizer... –O vi se colocar de pé. –Vá para o lado. –Disse em tom autoritário e divertido ao mesmo tempo. Fui para o lado lhe deixando pouquíssimo espaço na cama de igual tamanho. Ray colocou seu braço rodeando meus ombros. Ele suspirou e eu sorri pelo gesto. –Bem, você não sabe quem veio te visitar enquanto você fingia ser o belo adormecido.

Ri um pouco negando com a cabeça. Apesar de estar em condições nada otimistas estar ao lado de meu melhor amigo desde os treze anos me fazia sentir cômodo sem me importar com algo mais...

-Frank...

Esse nome. Minha mente relaciona uns olhos redondos quando escuta esse nome. Me lembro de uma voz, e um suave sorriso. Me lembro de uns lábios, e uns braços protetores que me dão calor, que me faziam sentir... Que me faziam acreditar...

Quão distantes parecem esses braços agora, e que simples esse nome, mas continua me fazendo estremecer.

-Oh, fim? –Pronuncio enfim enquanto fecho os olhos, rezando para que meu amigo não visse o tremer de meu queixo.

-Sim. Chegou muito “manso”, calado e preocupado em te ver. Gerard, você o entregou a rosa!

Certo. Sorri para mim.

Depois de ter entregado meu coração, meu corpo, minha vida em uma bandeja de prata, não me conformo com isso e lhe entrego a rosa...

-E como está? –Perguntei me referindo a flor.

-Como você...

-Então está uma merda... –Disse com um amargo sorriso adornando minhas feições. Me encostei contra o peito de meu amigos, suspirando e fechando os olhos com tristeza.

-Não Gerard, está despedaçada...

Me apertei mais ao corpo de Ray começando a liberar pequenas gotas salgadas.

* * *

Me deram alta no dia seguinte e minha mãe insistiu que fosse morar com ela. Sem ter uma segunda opção não tive mais o que fazer senão me deixar levar até sua cama, onde meu amigo Steve me saudou e ficou um momento comigo antes de ir trabalhar.

As onze da manha não havia mais o que fazer na casa de Donna. Meu quarto era azul marinho e não havia mais do que uma cama e moveis para colocar a roupa.

-Precisa de algo filho? –Neste mesmo instante, em que pensava em aproveitar meu tempo olhando as manchas do teto, minha mãe entrou no quarto carregando uma bandeja com um copo amarelo sobre esta.

-Sim. –Respondi ao tempo em que me sentava sobre a cama e aceitava o que minha mãe me oferecia. –Quero um caderno e uma caneta azul.

-Não seria melhor um lápis Gerard?

-Não mãe.  Uma caneta azul, por favor.

Donna levantou os ombros sem dar importância ao assunto da caneta e saiu em busca de meu pedido.

Quando voltou peguei o caderno entre minhas mãos e a coloquei sobre minhas pernas dobradas.

O desenhei?

Apenas pude fazer linhas de esboço que representavam o contorno de um rosto sem dono, quando a porta de meu quarto voltou a se abrir. O que me fazia pensar que Donna, definitivamente, não tinha modos.

Atrás dela chegava Elizabeth com um estranho chapéu de cor rosa.

-Gerard... –Murmurou a mulher.

-Ola Elizabeth. –Respondi mostrando meu melhor sorriso.

Estava doente, mas ainda sim me coloquei de pé para receber seu abraço.

-Garoto, não sabe a alegria que me dá saber que você está bem.

Nos separamos e pude ver minha mãe sair com cuidado.

-Como você se sente?

-Bem... –Disse com voz monótona. Cheio de responder a mesma pergunta sempre.

-Te trago uma noticia, que espero, que te faça sentir melhor. –Sorri em resposta. –Nem, falei com meu chefe e... Ele aceitou que exponha seu trabalho em nossa galeria! –Elizabeth me segurou as mãos enquanto ria contente. –Ele se encantou com seu trabalho, disse que você tem muito futuro e que espera que continue no mundo da pintura. Não parece maravilhoso? A exposição começaria a partir da próxima semana, mas se quiser adiar eu posso falar com ele...

Abracei a mulher interrompendo seu discurso.

Feliz demais para responder algo mais que um “obrigado”, Elizabeth pareceu entender e só se ocupou em me abraçar e sussurrar que tudo ficaria bem. Quer seria um sucesso.

Em minha mente não parava de escutar aquela frase dita por pequeno garotinho a sua avó.

“Quero ser um artista vovó...”, “E você conseguirá querido. Será um sucesso”.

Abracei muito mais forte o ser que Helena enviou pra mim.

Sim, porque eu sei. Conheço minha avó e sei que onde, quer que ela esteja, enviou Elizabeth a minha vida para me dar um raio de sol entre as trevas em minha vida.

* * *

Era aproximadamente as nove da noite quando minha porta soou três vezes. Estava provando de um delicioso ensopado com pouca carne e batatas demais, mas parecia a gloria.

-Sim? –Falei ainda tentando de engolir um pedaço de carne.

-Gerard, um amigo seu, Bob.

Bob? Meu cérebro demorou meio segundo para se lembrar de quem era Bob, mas para perceber minha mãe e lhe pedir para dar passagem ao loiro me custaram uns segundos mais, já que no mesmo momento em que me lembrei do dono desse nome comecei a me questionar sobre todas a possibilidades do porque estaria aqui em minha casa. E também da forma com que ele conseguiu me encontrar...

Quando o loiro estava em frente a mim eu não havia terminado o jantar e agora estava de pé ao lado de minha cama.

-Gerard! –Exclamou o loiro com uma voz entusiasmada. Da mesma força, e me tirando a respiração, me abraçou e beijou na bochecha contente. –Que alegria sabe que está bem! Frank me disse que você teve um acidente. Fiquei muito preocupado!

Esse nome. Outra vez.

Como era possível que com o simples fato de mencionar esse nome sentisse desejos de correr? Por que minhas pernas tremem quando escuto essa palavra?

-Mas fico feliz de saber que você está bem. –Sorriu.

-Desculpe Bob, mas, como conseguiu saber onde eu estava?

-Oh, sim. Bom... Conheço um amigo, que conhece uma amiga, que é enfermeira e que conhece seu amigo, Ray, acho que se chama. –Assenti com a cabeça. –Sim... Então lhe disse que era seu amigo e ele me deu o endereço. Espero que não se chateie, nem irrite com seu amigo por minha culpa.

-Não foi nada. Simples curiosidade. –Sorri e ele também.

Passamos aproximadamente uma hora e meia conversando.

Mentiria se digo que vê-lo não me lembrou de Frank e seu mundo na radio. Mentiria se disse que não morria de vontade de lhe perguntar pelo locutor. Mas preferi falar de sua vida e sua fixação por gatos do que jogar, novamente, limão em minha ferida aberta.

-Então prometo te visitar dentro de dois dias. Amanha tenho muito trabalho na estação. –Me mirou triste.

-Não importa Bob, quando quiser vir será muito bem recebido. Muito obrigado por me visitar.

Nos juntamos novamente em outro profundo abraço.

-Gerard. –Escutei sua voz suave se chocar contra meu ouvido. –Ele virá. Te ama, eu sei. É o melhor que havia passado na vida dele, e se ainda o quer, o perdoe quando vier.

Me afastou dele e sorriu se dirigindo até a saída. –Nos vemos logo! –Agitou sua mão e saiu sem me dar tempo de reagir.

Me amava? Se desculparia e veria para mim?

Eu gostaria de acreditar. Mas isso é o pior que posso fazer...

Segurei novamente entre minhas mãos aquele caderno com linhas redondas.

Arranquei a folha, como se quisesse arrancar este amor por você.

Porque me mata.

Porque me quebra.

Porque, como uma rosa, e como Ray havia me dito, me despedaça.

No lugar de continuar com minha sessão intitulada espontaneamente como “Frankie em tinta azul” decidir escrever.

Outro desabafo e outra arte.

Eu gostaria que fosse original, que pudesse capturar a frustração que sinto e a entrega que eu gostaria de ser. A entrega implica compromisso, e entre nós não houve nada disso.

Mas que titulo eu precisava Frank Iero?! Morava em sua casa. Isso não demonstrava nenhum nível de compromisso? Não te entendo. Quanto mais indagações de sua personalidade faço mais confuso e ferido saio. E já não vale a pena...

Estou procurando uma palavra
no limite de seu mistério
quem foi Ali Baba

Quem foi o místico Simbad
quem foi o poderoso feitiço
quem foi encantador.

Escrevo os versos com tinta azul me lembrando de suas palavras e seus ideais.

Suas loucuras e meu mau.

Esta é sua musica Frank, e neste momento não posso fazer mais do que lembra-lo ao mesmo tempo que a canto suavemente. É sua musica e fico com muita raiva que seja...

Estou procurando um capacete
no fundo do mais de ilusões
quem foi Jacques Cousteau


quem foi o capitão Nemo
quem foi o batiscafo de seu abismo
quem foi o explorador.


Coração, coração escuro
coração, coração com muros
coração que se esconde
coração, onde está coração?
coração em fuga, ferido de duvidas de amor


Estou procurando melodias
para ter como te chamar
que fosse rouxinol
que fosse Lennon e McCartney

Sendo Garay Violeta, Chico Buarque
que fosse seu trovador

Coração, coração escuro
coração, coração com muros
coração que se esconde
coração, onde está coração?
coração em fuga, ferido de duvidas de amor.

Quem era o mágico poeta que você aparenta ser.

Quem era o musica que compunha a canção perfeita para te conquistar.

Quem fosse o explorador que se atrevia a profanar a terra onde escondem seus mistérios.

Uma vez quis ser aquele que conseguiria. Mas vez quis lhe conquistar com palavras e frágil valentia.

Mas aprendi que não sou quem poderá conseguir.

‘Coração frágil com armadura, como faz mal. Como dói, mas contudo, é mais frágil que eu. Te desejo sorte, e de mim, já tem meu perdão...’

Sob a escuridão da noite Bob Bryar chega ao seu destino. Atravessou o corredor e entrou na sala correspondente rapidamente.

-Pega. –Um papel cai sobre a mesa onde um homem tinha a cabeça recostada. –Vá a esse endereço e recupere sua vida. Deixa de ser um maldito zumbi por orgulho!

Tão rápido como chegou Bob saiu da sala, se dirigindo a sua cabine pensando em voz alta.

-Estúpido. Erra e mesmo assim espera que lhe peça desculpa... Se não for Iero, eu mesmo te levarei pelas orelhas!

(*) Quien Fuera – Silvio Rodriguez.


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Notas finais do capítulo

Volto depois.