F R A G I L E escrita por Scorpion


Capítulo 12
12. Bem vindo.


Notas iniciais do capítulo

Olá minhas povas. q
PERGUNTA: Pra vocês, qual a idade do Gerard? E do Frank? HM
Queria aproveitar o capitulo e dizer: Bem vindas
zumbi da vingança e littlera. *-*
Desculpem se eu não disse pra alguem ):
Vão ler. Aposto que vocês vão gostar do capitulo *-*



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12. Bem vindo.


Essa noite compreendi que não sou invisível.

Essa noite compreendi que as luzes coloridas me fazem esquecer. As luzes e vários goles de uísque.

Essa noite compreendi que não há lábios como os de Frank. Não há beijos, não há caricias nem corpo como o seu, mas há outros disponíveis para consolar.

E acordei aqui. Em minha cama. Entre braços que não eram os dele, mas que me abraçavam com força. Senti um aroma que não era o meu, que não era o dele, mas que parecia doce e relaxante.

Tive uma noite de sexo. Não rápido e apaixonado. Não na sala, no tapete ou na cozinha. Uma noite de sexo na cama, lento, terno, cuidadoso.

Uma cabeleira loira se movia entre meu peito e uns olhos castanhos se abriram pesadamente. Lhe olhei e sorri. Suas jovens bochechas se coloriram de um lindo tom rosado.

Shane. Seu nome é Shane e é um garoto de 18 anos. Tímido ao lado do balcão estava ele. E eu triste, perdido, e novamente decepcionado. Ao vê-lo foi como cruzar com minha própria insegurança. Todo inocência e ternura, o garoto me inspirou o necessário para leva-lo ao meu apartamento. Ele se deixou ser dominado facilmente e meu corpo logo cobriu o seu. Meu membro profanou sua virgem entrada e meu ego pisoteado levantou quando gemeu meu nome.

Foi lindo ser sua primeira vez. Ser a primeira ilusão de alguém.

-Olá. –Me sorriu. Mexi um pouco seu loiro e longo cabelo e sorri.

-Bom dia. –Respondi.

Nos levantando e tomamos banho juntos. Voltei a fazê-lo meu e de seus lábios voltou a sair meu nome em um gemido de completo êxtase chegando ao orgasmo.

-Deus... –Sussurrou Shane com a testa apoiada na parede de mosaico do meu banheiro.

Sorri e sai. Me seguiu. Sequei seu corpo e senti que tinha em meus cuidados um pequeno garotinho. Me fez feliz por umas horas. Doce e inocente. Entregado a mim.

-Espero te ver outra vez.

-Eu também espero, Shane.

Nos demos um ultimo beijo.

-Cuide-se Gee.

E lhe vi pegar seu modesto carro verde escuro. Incrível que um homem mais de vinte anos mais novo que eu já tenha um carro e eu, com medo da vida, não tenha.

Fechei a porta e me deixei cair de novo sobre o colchão de minha cama. Uma hora mais, só uma hora e iria trabalhar.

Me encolho com o silencio. Minhas recordações estavam se escurecendo até se perder em algum lugar de minha mente. Olhos marrons e um emaranhado de cabelos loiros são o ultimo que vejo antes de cair dormindo.

* * *

Uma hora depois.

Disse a mim mesmo que iria ao meu trabalho em uma hora depois, mas quando abri meus olhos eram duas da tarde.

Molhei meu rosto e corri para a livraria.

Em quanto virava uma rua para ver meu objetivo a figura de minha mãe me surpreendeu. Tinha entre seus braços abraçando ao seu peito varias pastas com papeis que  saiam destas. Estava de costas para mim e pensei que Mikey já tinha ido, mas não, antes de abrir a porta meu irmão a abriu e seu olhar me fez sentir pequeno de repente.

-Gerard! –Exclamou ao me ver, obrigando a mulher que antes não notava minha presença virar com rapidez perante o grito de Mikey.

-Gerard, filho...

-Olá Donna, olá Mkey. –Disse com voz neutra e sem olha-lo nos olhos. Seus olhares lançavam reprovações mudas, ou ao menos era o que sentia.

-Onde você estava idiota!? –Bem. Acredito que isso confirma que estavam me reprovando.

-Mikey, não grite na rua. Vamos para dentro. –E como um garotinho obediente fiz o que minha mãe mandou e entrei na livraria.

Novamente gritos de Mikey me exigindo que lhe explicasse onde diabos eu estava.

-Não entendo o problema. –Olhei meu irmão nos olhos. –Eu entro para trabalhar no turno da tarde. Estou no meu horário.

-Te deixei três mensagens em sua caixa de mensagens dizendo que teria que vir pela manha porque já estávamos conseguindo o segundo local! Mas, claro, Gerard Way não escuta suas mensagens nem está em casa!

-Estava ocupado. –Desviei o olhar.

-Ultimamente sempre está!

Não respondi. Não tinha que dar explicações ao meu irmão, não tinha que...

-Estava... Com Frank? –Minha mãe falou enfim e ao pronunciar esse nome só pude vê-la com assombro refletido em meu rosto.

Neguei com a cabeça.

-Gerard filho, você não era assim. Não abandone seu trabalho para ir a quem sabe onde.

-Você não sai irmão. –Falou Mikey com voz zombeteira. –E era feliz.

-Cale-se Mikey, você não sabe nada de minha vida. –O olhei. Estava irritado. Muito irritado. –Sempre fiz o que haviam pedido, não posso acreditar que comecem a gritar comigo só porque não verifiquei as mensagens na caixa. –Cruzei os braços.

-E então, onde você estava Gerard?

A voz de minha mãe, tão tranquila e ofensiva ao mesmo tempo. Virei o rosto.

Não ia falar. Porque o faria? Eles compreenderiam?

Entenderiam que foi uma noite “feliz”? Simples instantes de paz, mas boas recordações. Como explicar que com uns copos de bebidas a mais e luzes coloridas me sentia muito mais “normal” que nunca.

Nesse escuro clube não havia forma de ser especial, era simplesmente mais um. E isso me parecia realmente muito bom. A musica, os corpos úmidos de suor...

Era uma situação estranhamente agradável.

-Não direi nada. –Falei enfim olhando minha família. –Não lhes interessa se decido sair ou não, ou se era feliz ou não, porque vocês não tem nem uma maldita ideia de como me sinto todas as manhas. Não tem ideia do que é ser como eu tenho que ser. Não tem ideia então vamos deixar de lado isso de me digam, como sempre, o que tenho que fazer!

O ar acabou e eu sentia o vermelho se amontoando em minhas bochechas.

Minha mãe me olhava com olhos fortemente abertos enquanto meu irmão Mikey tinha seus olhos semi cerrados e os lábios formando um sorriso de desgosto.

-A partir de hoje você vai trabalhar em tempo integral já que Mikey ficará no novo lugar. –Disse Donna olhando-me nos olhos. Seu corpo foi avançando até mim e suas mãos quiseram pegar minhas bochechas. Me separei. –Gerard... –Suspirou. –Sabe que sempre estarei contigo, não é?

-Não sei pra que isso! –Disse com incomodo. –Só cheguei atrasado um dia, pelo amor de Deus!

Minha mãe me sorriu com o ar melancólico e assentiu com a cabeça.

-Quando você for ao hospital me avise para que eu te acompanhe. –Lhe dei as costas. E ai estava Donna me lembrando minha condição. Colocando o dedo sobre a ferida. –Dê meus cumprimentos a Frank. E, bom... Te amo filho. –Se aproximou de mim e antes que pudesse ou quisesse evitar minha bochecha sentiu a suavidade de seus lábios me dando um beijo. –Vamos Mikey.

Meu irmão avançou até a saída sem deixar de me olhar e, uma vez que Donna havia saído, ele encostou suas costas contra a porta e me disse:

-Não sei quem é Frank. –Suspirou. –Não sei nada de você Gerard, tem razão. Só sei que o Gerard de antes era meu irmão. Já não sei quem é este Gerard.

-É seu irmão Mikey. Seu irmão com sono que chegou tarde ao trabalho. Só isso.

Me aproximei e beijei seus lábios. Meu irmão me segurou pelo pescoço e ao nos separarmos manteve seu abraço.

-Te amo Gerard. Não quero que você mude.

“Mas eu gosto”

Me movo em sigilo entre as figuras escuras com naturalidade que me aterroriza e ao mesmo tempo me parece bom.

Ao ritmo da musica topo com desconhecidos que me sorriem, que se aproximam de mim. Que me fazem sentir normal. Igual a todos os demais.

Ao ritmo das luzes vejo seus olhos me perseguindo como há dias. Olhos esmeraldas banhados em um mel suave que me vigiam do segundo andar. Olhar indecifrável que me manda quando aquele de cabelos castanhos me segura pelo pescoço distribuindo curtos beijos por toda a extensão deste.

Estou aqui em minha nova rotina como á dias.

Sei o que vem depois. Levarei este homem ao quarto escuro no final do corredor, ele ficará de joelhos e provará de meu membro ao seu bel prazer. Puxarei seu cabelo e apenas lançarei um gemido de prazer quando me derramar em sua boca.

Bem vindo a minha nova rotina.

Bem vindo a “normalidade”.

E apesar de tudo eu não gosto. Gosto de estar aqui. Gosto chegar as dez da noite, depois de fechar a livraria e ir tomar um banho. Gosto de jantar só alguns pares de goles de uísque. Gosto da incrível surpresa diária que me traz a vida. Porque poderia ser que levasse algum para minha casa ou poderia ser que não.

Eu gosto de estar aqui porque me sinto parte de seu mundo. Porque sei que me vigia e quero que sinta orgulho de mim. Eu gosto que Frank me olhe e assinta com a cabeça todas as vezes em que me vê ir embora.

Fico sempre até as três da manha. Entro para o trabalho as oito da manha e saio as oito da noite. Meu corpo dói por minha agitada rotina, mas daria o que fosse para ver em cada noite esse olhar. Não escuto mais o radio, não encontro sentido.

Eu gosto de estar aqui. Sentir o olhar de Frank se impactando contra mim.

Eu gosto de me mover ao ritmo da musica com timidez.

Eu gosto de sentir o ataque de umas mãos sobre meus quadris.

Eu gosto do aroma de rum. Eu gosto desse Gerard.

Gosto de chegar tarde ao trabalho e que Mikey me vigie, que grite e me exija. Eu gosto de estar doente demais para lhe dar uma resposta e adoro quando se vai derrotado bufando pela irresponsabilidade de seu irmão.

Me canso mas não fico entediado. Conhecer o significado da palavra “livre” não tinha influencia sobre mim. Agora me sinto livre sem querer saber o significado. Só sei que me sinto assim.

-Vamos? –Escuto uma voz. Desço o olhar e vejo a cabeleira castanha e repicada. Não tenho um “tipo” de homem, meu corpo aceita com gosto o desconhecido que decida se aproximar.

-Sim. Vamos pra minha casa. –Lambo sua bochecha e ele se empenhora em meu pescoço.

Levanto o olhar. Ali está. Meu Frankie me vigiando. Já é uma e meia da manha. Olha o abraço que me dá o de cabelos castanhos e só assente com a cabeça em um gesto desconhecido pra mim. Não sei se está concordando, se me dá sua aprovação, sua permissão ou apoio moral, mas eu gosto que me veja. Amo seu olhar, seu sorriso de meio lado e o brilho em seu rosto.

“Se não pode com o inimigo, una-se”

Sorri e vamos embora dali. Uma nova oportunidade para lembrar.

Lhe direi meu nome e ele gemerá durante todo o ato. Assim como eu gosto.

Não sei em que momento deixei de ser como era antes.

Não sei em que momento as luzes coloridas se tornaram minhas amigas.

Não sei porque não quero escuta-lo.

Não sei porque não me interessa que fale comigo.

Já não sei quem sou nem me preocupo com isso.

Ele quebrou minha rotina. Ele me mudou.

Foi muito rápido. Me preocupo de estar traindo a mim mesmo. Minha personalidade.

...Se é que alguma vez eu tive uma.

Nunca aconteceu contigo que saber tanto de você te chateie?

Nunca aconteceu contigo que sente que nada está acontecendo com você?

Eu sei que todos esses homens não são Frank. Mas eu fiquei uma semana sem lhe ver, sendo consolado em outros braços e escutando a voz de desconhecido que gemem meu nome.

E eu sei que tê-los em minha cama não me fará esquecer o amor por meu Frank. E agora sei que não posso reclamar de nada.

O amo. Continuo o amando e apesar de tudo o seguirei fazendo. Mas, como não cair rendido perante essa resplandecente vida? Te suga. Te deixa apaixonado. Te vicia.

Sou igual aos demais. Sou normal. Sou visível.

Things have changed for me, and that's okay.
I feel the same (*)

* * *

Bocejo novamente. São dez da manha e tenho apenas quinze minutos na livraria. Encosto minha cabeça contra o balcão e fecho os olhos sentindo as lagrimas se derramarem sobre minhas bochechas.

Estou com sono. Muito sono, pra dizer a verdade.

Tive uma noite divertida com dois garotos que era primos.

Sorri por minhas recordações.

Mas a maldita campainha fez sua aparição e me deixa ver um homem de meia idade. Paletó preto e óculos com armação vermelha. Olhei aborrecido para meu cliente esperando que pegasse um livro, me pagasse e ai eu poderia continuar me encostando sobre o balcão. Mas pela milésima vez a maldita e estúpida campainha soou novamente. Virei meu rosto aborrecido e o vi.

Com uns jeans desgastados, jaqueta preta e um lindo sorriso. Sincero e brilhante.

O homem de terno no final não comprou nada e meu novo convidado aproveitou o momento em que saiu para colocar a tranca na porta e fechar as cortinas.

Me coloquei de pé para encara-lo. Só nos olhávamos. Ou ao menos isso eu fazia. Olhando seus lábios que pareciam friamente deliciosos.

Tantos homens só me deixavam com mais vontade, com vontade de Frank, mas minha covardia e meu frágil orgulho preferiam me afastar. Talvez tentar pagar com a mesma moeda, mas só me arrastou ao seu mundo, onde fui “feliz”.

Mas fui feliz porque ele estava ali.

Sorri timidamente. Abaixei o olhar. O Gerard de sempre saia facilmente com sua presença, me intimidando, acusando. Seduzindo...

Seu corpo correu contra o meu me imprensando contra o balcão. Deixei um gemido de dor sair, mas seus lábios calaram qualquer outro som que não fosse de nossas bocas colidindo e nossas línguas se movendo.

O agarrei pelos cabelos e suas mãos seguraram minha cintura, senti que havia chegado o meu Oasis no deserto.

Bebi de Frank como o mais sedento dos homens e me fundi nas profundezas de sua quente boca. Era meu refugio. Meu lugar seguro. Beija-lo foi como entender, novamente, que ele é tudo o que preciso para ser feliz, para acordar, para sentir...

A paixão volta a nos deixar nu
Porque sem você eu não sei viver

-Frank!

-Gerard!

Gritamos em uníssono. Vitimas do intenso orgasmo guardado entre as paredes desta livraria. O olho. Corado, molhado e ofegante.

Pele sobre pele
E a alma acalma sua sede (**)

-Eu te amo. –Sussurro olhando o nos olhos. Não sei o que acontecerá, mas não posso fechar meus olhos sem haver dito. Frágil valentia. Tenho que aproveita-la.

-Bem vindo. –Desce seu rosto até colocar seus lábios contra a pele de minha orelha. –Bem vindo a minha vida, Gerard...

Sua respiração me acaricia. Sua voz morre.

Fecho os olhos com um sorriso...

(*)That Green Gentleman - Panic at the Disco 
(**)La vida Sin Amor  - Il Divo


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Notas finais do capítulo

AAHÁ e ai? Ah? O que acham que vai acontecer daqui pra frente!?!?!? UIASGDUSYGADSYU