O Filho Do Vitorioso (Jogos Vorazes) escrita por Cíntia


Capítulo 18
O caçador


Notas iniciais do capítulo

Diamond e Tulip procuram alimentos.
Obigada a todos que leem a história, e especialmente a Mary L S, pelo seu comentário no último capítulo. Ele realmente me animou e se você não tivesse comentado, eu não ia colocar um capítulo hoje. Nem sei se o escreveria.Gente, o que houve que alguns pararam de comentar? Não estão gostando da história? Pararam de ler?Sò um comentário no último capítulo. Tô com medo que caia para zero, ai eu vou ficar triste.Então, espero que gostem desse capítulo e comentem, sem comentários, eu realmente me desanimo.



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Depois que acordamos, eu e Tulip caminhamos na margem do riacho em direção a vegetação conhecida por ela. Lá encontraríamos alimentos, ou melhor, Tulip poderia reconhecer as plantas comestíveis.  Durante a caminhada conversamos bastante. Tulip era divertida, um pouco irônica, mas era agradável conversar com ela. Ela falou da sua família, do seu irmão e irmã mais novos, dos seus pais, do trabalho nas plantações. Eu falei da minha família também, e de como eram as coisas no distrito 1, os edifícios e os objetos fabricados lá. Tulip parecia encantada com as coisas que eu descrevia. E eu tenho que admitir que o distrito 11, pelo o que ela me contou, também parecia bem bonito, com seus vastos campos verdes e suas árvores.

Chegamos num ponto em que a vegetação e o clima pareciam mudar. As árvores eram mais espaçadas e o ar mais frio e seco.  Tínhamos chegado ao nosso destino. Tulip colheu algumas frutas e pegou raízes. Nós comemos um pouco e ela continuou a sua coleta. Voltou com umas folhas e pediu que eu tirasse a minha jaqueta. Pegou o kit de primeiro socorros que tinha na sua mochila, me levou para o riacho, limpou minhas feridas dos braços e das pernas, colocou folhas em certos pontos e a pregou com uma fita que tinha no kit.

Depois ela continuou com sua coleta, e eu comecei a me sentir um inútil.  O que eu estava oferecendo a Tulip naquela parceria? Sem ela, eu já estaria morto, mas o que ela ganhava comigo, além de uma boca a mais para alimentar?  Queria fazer algo para ajudar, mas na coleta não era necessário, e só a atrapalhava.

Tulip sugeriu que eu caçasse. Um pouco de carne seria bom, segundo ela.  Mas eu também não sabia caçar. Não sabia fazer armadilhas. Ela sugeriu que usasse as minhas facas e tentasse acertar algum animal, e naquela hora havia uma quantidade razoável deles.  Não era a melhor tática de caça, mas podia dar certo.

Tentei por algumas horas, mas não consegui nada. Eu ficava de tocaia, mas os animais sempre corriam e minhas facas nem encostavam neles.  Voltei ao ponto onde Tulip fazia a sua coleta e sentei desanimado. Ela olhou para mim e disse:

- Então já conseguiu o nosso jantar de gala?

- Eu não consigo, não nasci para isso.  – disse desanimado

- O que? Vai desistir assim? Pensei que tinha mais força de vontade.  

- Força de vontade! Nem sei o que estou fazendo aqui. Às vezes,acho que deveria ter morrido no primeiro dia, teria sido melhor. Ou então ter deixado meus aliados me matarem.  Pelo menos eu teria a mente tranqüila.

A expressão de Tulip mudou para a raiva, ela correu em minha direção e me empurrou com força no chão, eu caí, ficando deitado, ela ficava em pé e praticamente gritava para mim:

- É, tá cansado de tentar! Cansado de matar! Cansado de viver! Pois eu tenho uma novidade para você! Sei que há muita culpa na sua cabeça. Na minha também há.  Eu não vou desistir. Há pessoas que me esperam lá fora e você também tem essas pessoas.  Você não quer morrer. Se quisesse mesmo, teria deixado seus companheiros te matarem ou teria defendido Cairo.  Mas não. Sempre buscou a sua sobrevivência. Não fique dando uma de arrependido e coitadinho agora. Você já fez muitas coisas ruins para desistir. Tem que continuar.  Volte lá e continue tentando, não quero um derrotado ao meu lado.

Depois disso, ela voltou para sua coleta.  Aquele momento de fúria me assustou. Normalmente, ela era tão serena. Eu realmente a tinha irritado. E ela tinha razão, eu não queria mesmo morrer, e não podia continuar agindo como um derrotado.

Comi alguma coisa, e voltei a minha tentativa de caçada.  Joguei várias facas, e todos os bichos escapuliam. Mas eu continuava jogando.  Então uma hora, eu acertei um esquilo bem pequeno. Não me contive,  pulei e gritei de alegria. Tulip correu assustada até a mim, quando viu que eu estava bem, disse:

- O que foi? Tá querendo  que nos encontrem?

- Não.  Eu consegui! – disse mostrando o esquilinho

Ela sorriu e me deu um abraço:

- Parabéns!

Tulip pegou uma das minhas facas e  cortou o esquilinho, enquanto  eu comecei a acender uma fogueira.  Ela tinha fósforos e eu tinha aprendido como acender uma fogueira no treinamento. Fiquei orgulho, quando estava pronta e acesa.  Tulip colocou algumas raízes em cima dos paus e o esquilo já sem pele encravado em um galho fino, que servia como um espeto.  Enquanto esperamos ficamos conversando:

- Hoje nós teremos uma boa refeição. – eu disse

- É, uma refeição de gala! Desde que entrei na arena não comi carne. Mas isso não é tão difícil para mim, já na minha casa, era raro ter carne.

- Na minha sempre tinha ... mas vocês deviam ter outro tipo de alimento lá, não? O distrito da agricultura não deve faltar comida.

Tulip deu uma risada e depois continuou:

- Você é ingênuo. Acha que eles nos deixam comer o que colhemos? De jeito nenhum, se fizermos isso, somos bem castigados.  A gente via tanto alimento na nossa frente, mas raramente eles chegavam em nossas mesas.  Falta de tudo, há muita fome lá. Há muitos doentes por falta de comida. E alguns morrem por causa disso. Na minha casa, todos nós dávamos duro para conseguir dinheiro ecomida, mas as vezes faltava. Eu sou a mais velha e se não voltar tenho medo por eles, não conseguirão mais tessera  do governo. Minha irmã tem apenas 10 e meu irmão 8.  E mesmo com a tessera que eu conseguia, já faltava comida...- ela ficou calada por um momento e depois disse arrependida- Eu não devia ter falado sobre isso.

-  Que nada, foi bom saber essas coisas – ela realmente não devia ter falado sobre suas dificuldades, os Gamemakers não iriam gostar, mas de qualquer forma foi bom descobrirmais sobre o distrito 11 e a vida de Tulip, eu devia mudar o assunto, então sorri e falei -  Então, seu irmão tem 8 e sua irmã 10.  E você, qual é a sua idade?

- Quantos anos você acha que eu tenho ? – ela me perguntou sorrindo

- 13 ... 14.

- Tenho 16 – ela  sorriu mais uma vez

- Mas você é tão pequena... Minha irmã tem 14 e  é maior do que você.

- Bem, não são todos que tem pais altos e comida farta na mesa.

- Sim... é verdade... Tulip ... Tem mais uma coisa que eu gostaria de saber...

- Então fale.

-Espero não trazer más lembranças, mas como você conseguiu se livrar da Cammis? Ela era bem maior e mais forte que você.

Ela me olhou de forma triste, mas depois mudou o olhar, algo que não chegava  a ser excitação, mas que mostrava um pouco de orgulho,  e começou a contar o seu feito:

- Eu estava correndo e vi o penhasco. Próximo dele tinha uma árvore, resolvi subir nela, mas antes disso peguei duas pedras. Cammis estava passando e parou... Ela me procurava.  Estava prestes a me enxergar na árvore.  Não queria que ela me visse ali, então pensei rápido. Joguei uma das pedras na beira do penhasco, ela se aproximou para ver o que era. Eu pulei da árvore, e a empurrei, ela se desequilibrou, mas não caiu. Então eu bati a pedra que ainda estava na minha mão na cabeça dela e ele caiu no buraco.  Depois disso em fugi para a mata.

- Você foi esperta.

- É ... estou viva, não estou?

Depois da conversa, comemos o esquilo e algumas raízes. Tulip colocou as que não tínhamos comido na sua mochila.  E caminhamos para procurar uma árvore para dormir. Já era noite, e não houve nenhuma imagem projetada no céu. Não houve vítimas nesse dia. Mais um dia sem mortos,  e eu sabia que isso provavelmente não duraria. Os Gamemakers não deixariam o tédio tomar conta do show deles.

Tulip ainda teve que me ajudar a subir na árvore, mas não tanto como no dia anterior. Dessa vez, eu consegui subir um pouco mais alto. Eu me ajeitei, o clima daquela região era diferente da outra.  À noite o ar resfriava muito e o vento era mais forte.  Encolhi, coloquei folhas para tampar algumas partes mas não adiantava. Senti muito frio.  Olhei para Tulip que estava acima de mim, e vi que ela também sentia.

- Aqui é pior para dormir – falei com ela

- Sim, é mais frio. Mas dá para suportar.  Lá é melhor para dormir, mas aqui é mais fácil de encontrar comida.

- Sim... dá para suportar...  –  eu tremia, então resolvi mudar um pouco de assunto – sabe uma lança seria melhor para caçar, ela tem a ponta mais fina que as facas.

- Eu entendo. Mas você não tem uma lança.

- Eu tinha, mas tive que deixá-la .

- Isso é uma pena. – ela disse encerando a conversa e se virando para dormir.


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Notas finais do capítulo

Então gostaram? Comentem, por favor. O que estão achando dessa aliança? O que estão achando da Tulip? O que acham que vai acontecer? O que querem que aconteça? Comentem, recomendem, isso me deixa feliz.



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