O Filho Do Vitorioso (Jogos Vorazes) escrita por Cíntia


Capítulo 17
O reencontro


Notas iniciais do capítulo

Diamond reencontra uma pessoa na floresta.
Obrigado a todos que estão lendo essa história. E uma agradecimento especial a Julia Zanini e Mary L S que comentaram no último capítulo. Seus comentários realmente me ajudaram a escrever esse capítulo. Espero todos gostem dele.



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Olhei para trás e vi uma garota baixa de pele escura e olhos castanhos, eu não a via desde o dia que entrei na arena. Tulip! Era Tulip, e ela não tinha uma aparência ruim, estava um pouco mais magra, mas parecia bem, sem nenhum machucado visível, havia dias que ela estava na floresta, e preservava o mesmo aspecto calmo e sábio, em contraste ao meu,  que com poucas horas sozinho na floresta  havia me tornado um caco.

- Tulip! – eu disse me levantando e deixando as frutas caírem da minha mão

- Você sabe meu nome, carreirista. Isso é revelador.

- Eu sei o nome de todos os tributos... Já você não sabe o meu, né?... Por que eu não devo comer essas frutas?

- Diamond, é esse o seu nome, não? Quem não saberia o nome do filho do Vitorioso, você deve ser o tributo mais famoso desse ano.

- Então já que sabe o meu nome, me chame por ele, não por carreirista ou por filho do vitorioso, aliás esse último é pior, realmente não me trás boas lembranças. Eu poderia ter te chamado de garota do 11, mas te chamei de Tulip, pois você tem um nome. Eu também tenho, ok? E refazendo a  minha pergunta, não devo comer essas frutas, por que?

- Ok, Diamond – ela pronunciou meu nome de forma peculiar – Eu conheço bastante as plantas, mas as dessa área eu não consegui reconhecer. Então isso é só um palpite, mas acho que são venenosas.  Olha esse arbusto! Aqui é cheio de animais, mas não há nenhuma mordida nessas frutas. Lá no alto daquela árvore – ela apontou para uma árvore e vi umas frutas quase no topo – veja, dá para ver insetos e pássaros comendo em volta daqueles frutos, e se você perceber direito alguns estão parcialmente comidos, então já acho que sejam seguros. Mas esses do arbusto não.

- Boa constatação, mas eu não consigo chegar no topo daquela árvore.  E realmente estou com fome.

- Humm... coitado – disse ela de forma cínica , em seguida abriu a sua mochila  e tirou de lá um pedaço de raiz e o jogou para mim

Com uma rapidez eu comecei a comê-lo. Ele estava cozido, e não sei se era a fome, mas era delicioso:

- Bem, há quanto tempo você não come? – perguntou Tulip

- Desde hoje de manhã – disse ainda comendo a raiz

Tulip deu um sorriso irônico:

- Nossa! Vocês carreiristas não sabem passar necessidades não? Do jeito que você está comendo, achei que fazia dias. – depois ela deu uma risada

- È você tem razão, eu nunca passei fome ou sede antes, não da maneira que aconteceu hoje.

Eu terminei de comer e já me sentia melhor. Tulip me olhava, sentada próximo a mim e eu voltei a falar com ela:

- Você está tranqüila do meu lado não? Como sabe que não irei te atacar?

- Bem,  acho que você não fará isso. Pois se quisesse me atacar já teria atacado.

- Posso estar só recuperando as minhas forças ou esperando algum aliado.

- Eu te segui por algum tempo, não vi ninguém por perto. A propósito, o que aconteceu? Você se perdeu?

Havia pouco tempo que estava tendo uma conversa de verdade com Tulip. Não sei se era a sua calma ou outra coisa, mas eu me sentia bem ao conversar com ela. Também não queria mais mentir ou fingir, então resolvi ser completamente sincero:

- Eu fugi. Estou fugindo dos carreiristas.

- Por quê? – disse ela surpresa

- Dentre outras coisas, estou cansado... não quero mais matar.

Tulip me olhou por um tempo e por fim sorriu. Era um sorriso amigável, de aprovação,de solidariedade:

- Cansado de matar... Eu entendo... então estou na frente de um assassino arrependido. Eu sei o que é isso, esse sentimento de matar alguém...

-  Eu sei... Cammis, minha aliada...

- Sim.. – ela abaixou a cabeça depois voltou a olhar para mim

- Mas eu matei mais, crianças inocentes ou não, mesmo assim os olhares deles ficaram na minha mente. Ficou difícil dormir, pensar, matar de novo, não quero ser responsável mais disso.

- Aquele primeiro dia foi devastador não? Cheio de vítimas, vi quando você matou o garotinho ... foi tão rápido. E depois veio aquela garota, e você se voltou para mim... Achei que me mataria... Mas não você me ajudou, lá eu vi que você era um pouco diferente. Poderia ter me estraçalhado, mas não...

- Obrigado, realmente obrigado. Mas isso não retira essa culpa da minha mente.

A conversa entre mim e Tulip foi evoluindo. Queríamos evitar assuntos muito ruins, então ela falou um pouco dos dias que passou na floresta.  Ela havia percebido tipos diferentes de vegetação, a área que estávamos, era mais quente e úmida, e ela não conhecia bem as árvores, mas havia outra área mais fria e com plantas que ela conhecia.  Eu me lembrei das aulas de geografias e disse que essa mata devia ser o que chamavam de floresta tropical, coisa que não havia em Panem.  Enquanto a outra região, tinha tipos de vegetação existente em Panem.

A área em que estávamos, por ser mais quente, era um lugar melhor para dormir, e não sei quando passamos a tomar decisões como um grupo, mas decidimos que ficaríamos lá mesmo naquela noite. Mesmo sem dizer as palavras, nós formamos uma aliança. Nós nos tornamos cúmplices. Tulip me levou para perto de um riacho, onde eu enchi as minhas garrafas e ela a dela.

Ela tirou um pouco de frutas e raízes de sua mochila e nós comemos.  Eu não fiquei completamente saciado, mas não estava mais esfomeado como antes dela me encontrar. Percebi que a comida dela já estava quase no fim. Eu havia comido o seu estoque de reserva. No dia seguinte, arrumar alimento devia ser o primeiro objetivo. Por fim, constatei que junto dela, as minhas chances de ficar vivo tinham aumentado.

Já havia anoitecido e não houve nenhum rosto refletido no céu. Também não escutara nenhum canhão durante o dia. Ninguém havia morrido. Ainda eram 12 na arena e meus antigos aliados saberiam que eu estava vivo. Será que eles estariam me procurando? Tentavam me matar? Será que eles sabiam por que eu havia fugido?

Tulip não fazia “caçadas noturnas”, então já estava na hora de recolher. Ela dormia em cima de árvores, um lugar um pouco mais seguro de predadores animais e humanos. Mas eu não era habituado a subir em árvores.  Ela me explicou com toda paciência como eu deveria subir. As primeiras tentativas não tiveram muito sucesso, mas depois de uma ajuda de Tulip, acabei conseguindo. Não subi muito alto, mas acredito que já era uma altura suficiente para me esconder. 

Tulip se ajeitou num galho cerca de um metros acima do meu . Ela poderia subir mais, mas acho que preferiu ficar mais próxima de mim. Nós não tínhamos cobertores ou saco de dormir, então demorei um pouco para achar uma posição confortável. A verdade é que apesar da temperatura quente, a mata era bastante úmida, e com o riacho próximo, sentia um vento bater em mim. Não era um frio muito grande, mas eu me sentia um pouco arrepiado. Puxei algumas folhas e coloquei nas partes que estavam mais desprotegidas.  Não adiantou muita coisa, mas era melhor do que nada.

Depois que me ajeitei, Tulip começou a falar comigo:

- Então, Diamond, o que achou da sua nova cama?

- Dá para o gosto – eu sorri

- Já teve melhores, né? Mas deve ser melhor do que sair para caçar gente, não?

- Sim,  com certeza ... sabe Tulip, esse não foi o único motivo para eu ter fugido... – percebi que ela me olhava com atenção – Star, a minha companheira de distrito tentou me matar, ela foi impedida por outro aliado, mas os dois ainda planejavam me matar no futuro. Então eu fugi no meio da noite. Eu fui meio...

- Não fique se remoendo por isso. Você está vivo, não está? Não foi covardia, não dá para ficar em um lugar onde a qualquer momento alguém poderia te matar, se você não podia confiar a sua vida a eles, fez o certo, fugiu... Eu não seria capaz de matar assim, ainda mais sendo o meu companheiro de distrito...

- Cairo... eu o vi sendo assassinado, não fiz nada! O olhar dele era...

- Não.. não precisa me contar. Prefiro não saber. Você não teve culpa. Aqui na arena, a sobrevivência conta mais.

- Obrigado por essas palavras. Você tem um efeito calmante e acolhedor, sabia?

Ele riu e eu ri de volta. Estava cansado, mal alimentado, mas de certa forma, tranquilo. E pela primeira vez em muitos dias consegui dormir rápido e sem pesadelos para me perturbar. 


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Notas finais do capítulo

Então o que acharam? Gostaram desse capítulo? Opinem, comentem, deem sugestões e recomendem a história. ahh, Mary L S, você acertou era mesmo a Tulip, quanto a você Julia Zanini, quem sabe você acerta na próxima. Adorei a participação das duas. Realmente me animaram a escrever esse capítulo. Então, pessoal o que acharam dessa nova aliança entre Tulip e Diamond? Façam um escritor feliz (eu, hahaha): comentem e recomendem (a história não tem nenhuma recomendação) , hahaha. Até o próximo.



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