PARTE DOIS

POV FINN

Dês que Primrue voltou me sinto excluído pela minha família.

Ah, é claro que estou contente com sua volta, porém...

Nunca fui o primeiro da família e nunca serei. Prim recebe toda a atenção, e meus pais acabam ignorando minha presença, principalmente quando vou contar uma novidade da escola, eles simplesmente pedem para eu ficar quieto e ficam babando pelos acontecimentos de Primrue dês que reviu seus amigos na sala, e como eles ficaram impressionados e tals.

Será que ninguém, mas ninguém mesmo, nota minha presença?

Não tenho sequer uma noite de sono tranquilo sem acordar com a Primrue se remexendo na cama, se debatendo.

Tudo bem, eu entendo que foi duro para ela como para todos, mas será que eles não compreendem que eu também posso ter pesadelos com o que eu vi na tela na praça?

“FINN! VENHA JANTAR!” minha mãe, Katniss, chama-me.

Murmuro e desço as escadas, com a esperança de finalmente conseguir contar que meus professores vão nos levar numa excursão aprovada pela Capital até a floresta.

Entro na cozinha e já me deparo com a cena de minha mãe servindo a comida para Prim, que está com seu prato erguido.

Sento-me e dou um sorriso ao ver meu pai distraído com a TV.

Ergo meu prato, esperando minha mãe também me servir e colocar uma concha de ensopado de ganso silvestre com ervas colhidas e frescas.

Minha mãe apenas põem o ensopado na mesa.

“Mamãe, você poderia pôr pra mim esse ensopado de ganso silvestre?” pergunto, mantendo a calma, com um sorriso.

“Você têm mãos.” Diz ela friamente, comendo.

“Mãe, bota suco de morango para mim?” Primrue pergunta, e com um sorriso bobo, minha mãe coloca o suco.

“Poxa mãe, pra ela você serve, e para mim não!” explodo.

“Ela sofreu muito, ela passou por coisas que você nunca irá passar e...”

“E é por isso que ela deve Receber tratamento especial?!” corto-a. “Você acha que eu não sofri vendo-a na arena? Acha que eu nunca passei por um aperto, ou deixei de ter esperança alguma vez na vida?”

Levanto-me e apenas pego brutalmente a caixa de suco de morango e vou tomando enquanto saio de casa, em direção a floresta, sem me importar com pacificadores inúteis ou não.

“Finn!” Prim grita, tentando me acompanhar.

“Vá embora!” digo, passando por baixo da cerca que separa o Distrito 12 da floresta.

“Finn, por favor!” ela diz, seguindo-me.

“Será que você não vê?!” irritado, digo, já em frente ao lago qual minha mãe mostrou, mas nunca me permitiu entrar.

“Não vejo o quê?” Prim se aproxima.

“FAZ UM MÊS QUE EU TENTO CONVERSAR DECENTEMENTE COM PEETA E KATNISS! NÃO CONSIGO SEQUER CONTAR ALGO SOBRE A ESCOLA QUE LÁ VÊM VOCÊ, INTERROMPENDO, E ELES SE TRANSFORMAM EM IDIOTAS! EU MEREÇO ATENÇÃO TAMBÉM! Eu preciso de atenção...” eu grito, com lágrimas nos olhos.

“Eu...NÃO ERA DA MINHA INTENSÃO!” ela grita também.

“Eu apenas confiei em uma pessoa, Primrue. Eu sabia que podia contar com ela, confiar meus maiores segredos! Minha única amiga! E agora? Eu falei com você alguma vez neste mês sem ser para pedir para você parar de berrar de noite?”

“Finn...” ela diz com calma, botando a mão em meu ombro.

“Tira!” grito, retirando a mão de Prim, e ando para trás, me afastando.

Até que caio no lago.