Capitulo quinze

Blake Walker

-VOCÊ NÃO ENTENDE A RAIVA QUE SINTO SÓ DE TE VER FALANDO COM OUTRA PESSOA! ELAS NÃO ENTENDEM, HUM? ELAS NÃO ENTEDEM QUE VOCÊ É MEU? MEU NAMORADO, MEU FUTURO MARIDO, MEU AMIGO COM BENEFICIOS, MEU AMANTE, MEU.

E essas são as palavras que eu imaginava que Penny diria assim que me visse ao lado de Helena Sweet naquela manhã. Estávamos sentados sozinhos na sala de historia mundial esperando o resto dos alunos chegarem e eu posso dizer, ali realmente fazia calor, para completar a garota além de dar em cima de mim, abriu alguns botões da camiseta minúscula que ela vestia. É de conhecimento geral da população do Sebastian L. que Helena Sweet é a maior vadia desse colégio, e a maior gostosa também como eu gostaria de lembrar.

Não me levem a mal, eu não estava dando mole para a cerejinha de cabelos negros e corpo escultural, não, eu só queria que minha namorada sentisse ciúmes de mim. Por que é isso que namorados sentem, não é? Ciúmes? Pois é, eu estaria grato se minha namorada mostrasse pelo menos um pouquinho que não quer me perder.

-Hum.

Ela disse assim que viu Helena se inclinando para o meu lado, na verdade Penny nem ao menos olhou para Helena, ela me fitou como se o céu estivesse lindo lá fora e tudo estivesse perfeitamente bem.

Mas não estava! Por que, fala sério, eu sou um cara. Se eu quisesse uma garota só para dar uns pegas eu não estaria namorando!

Mas parece que minha suposta namorada não entende isso.

-Você me leva para casa hoje?

Ela perguntou passando a mão pelos cabelos loiro mel e abrindo o livro de historia mundial.

-O que aconteceu com o seu carro?

-Não está mais comigo.

Ela disse simplesmente sem se importar em dar nenhuma explicação para mim. Cara, eu sou super romântico com ela, não chego bêbado em casa e não transo com outras garotas e é isso que eu recebo em troca?

Caralho, acho que meu relacionamento está indo em um salto mortal para o espaço.

-Eu ia sair com os caras – mentira – Até ia dar uma carona para a Helena, levar você não estava nos meus planos, Amor.

-Tudo bem, eu pego o ônibus.

Ela disse com um sorriso parecendo avoada. Suspirei e encostei-me à cadeira, eu não ia aguentar isso por muito mais tempo.

-Não precisa, eu levo você.

-E Helena?

Penny perguntou como se não quisesse mesmo estragar meus planos, me perguntei se ela era uma ótima atriz ou se realmente não sentia ciúmes algum de mim. Aposto na segunda opção.

-Ela não vai se importar.

Ela soltou um pequeno sorriso e se voltou para o seu celular, havia recebido uma mensagem e o pequeno sorriso no seu rosto se dissolveu. Penny parecia mais triste, como se houvesse recebido uma péssima noticia.

-Aconteceu alguma coisa?

-Não.

Ela disse rápido demais e eu já sabia que minha namorada me escondia alguma coisa, talvez a mesma não fosse me contar e eu seria forçado a perguntar para a pessoa mais próxima a ela. Olhei em volta procurando a bruxa, mas não havia sinal da garota de cabelos negros e camiseta do Batman, sinceramente, ela não podia usar roupas mais feminino, não? Tipo, um vestido? Pelo menos de vez em quando?

Bem, a aula não demorou muito para passar, sabe como é, historia mundial é só mais uma matéria em que eu olho para a cadeira ao lado e vejo o que o nerd da sala está copiando, às vezes até pago pelas repostas. Não é como se eu me importasse no final das contas.

Senti o meu celular vibrar no bolso da calça jeans enquanto eu saia de aula e ia em direção ao meu carro, já que era a hora do almoço, meus planos eram ir até o McDonalds mais próximo.

De: Bruxa

Onde você estáaaaa? Estou com fome, me leve para almoçar escravo! Deixei meu carro em casa e vim andando com Penny, mas ela deu uma desculpa esfarrapada de que tinha coisas para fazer... Imagine?!

Revirei os olhos e iria responder, mas ela mandou outra mensagem. Juliet me mandando mensagens, lindo. Sabe o nome disso?

Tédio.

Bruxa: Não está sentindo nenhum chifre crescer na sua cabeça? Talvez você esteja virando um alce... Ou um unicórnio quem sabe ^^

Alguém tem que mandar essa garota calar a boca às vezes, digitei com raiva para ver se ela entendia alguma coisa.

Eu: Minha vida não te interessa Juliet, por que você não vai comer um pouco de capim? Acho que está precisando u.u

Apertei enviar e no mesmo momento esbarrei em alguém, se eu não fosse um jogador de basquete lindo e forte teria derrubado a pessoa, mas dessa vez a beleza e a força não estavam do meu lado e eu cambaleei, quase caindo no chão.

Talvez eu não seja o super-homem a final de contas.

O celular não teve tanta sorte quanto eu e caiu no chão, olhei para minha frente para ver que a pessoa que eu tinha esbarrado era Math e que sua expressão não era nada amigável.

-Você agora anda trocando mensagens com a Campbell?

Ele disse pegando meu celular no chão e me fazendo levantar uma sobrancelha.

-Campbell? Dês de quando ela é “Campbell” para você?

Esperei ele dizer algo como “Só estava brincando cara, vamos lá pegar uma coca cola” ou “qual foi o placar do Red Sox na noite passada?”, mas Math só me olhou com raiva.

-Você não devia se interferir nisso.

-Palavras bonitas cara, engoliu o Wikipédia?

-Cala a boca, Blake. Eu não to a fim de brigar com você.

-Foi você que começou, cara.

Math andava estranho ultimamente, mas nunca havia chegado ao ponto de me tratar assim.

-Foi mal, Blake.

-Algum problema?

Ele apenas suspirou me devolvendo o celular. Alguma coisa estava errada e se esse fosse o Math e não um sócia - sabe como aquela historia do Paul McCartney, sabe... Ah, vocês entenderam – ele iria terminar contando.

-Só... Deixe para lá.

-Vamos lá Math – disse dando uns tapinhas no ombro dele – Cadê o cara sincero, aí?

Ele riu pelo menos, olha aí um progresso.

-As coisas não estão bem.

-Alguma coisa com Dexter? Ele está bem?

Math assentiu, parecendo não querer lembrar sobre o irmão e os problemas que tinha que lidar em relação á ele.

-Não é nada com Dexter, ele está bem. Até melhorou nesses últimos dias, os médicos acham que ele pode até sair de lá.

Eu não levava tanta fé, mas não disse nada.

-E então?

-Você vai saber cara, eu só...

-Entendo, você só quer um tempo.

Ele assentiu e me lançou um olhar que poderia significar “que bom que você me entende irmão” ou até “eu odeio mostarda”. Senti o celular vibrar novamente e olhei a tela, revirando os olhos.

Bruxa: VENHA ME BUSCAR ESCRAVO! ESTOU NA SALA DE RÁDIO E COM FOME, NÃO CONSIGO ME MOVER. E não me chame de vaca, ótario -.-

-É melhor eu ir, antes que ela tenha um ataque.

Math assentiu, se estava com ciúmes, não mostrava um resquício disso. Bati no ombro dele mais uma vez antes de ir buscar minha futura irmãzinha na sala de rádio. Essa estava parcialmente escura e eu só conseguia ver uma luz vermelha piscando incandescentemente no final da sala.

-Juliet? Você está aí?

Ela respondeu com um murmúrio e eu coloquei minha mão na parede procurando pelo receptor. Quando acendi vi Juliet sentada com a cabeça encostada na mesa, ela parecia soltar uma áurea de “não chegue perto de mim, ou você vai ferver no fogo do inferno, ótario”.

Processei a informação e me virei de costas, pronto para sair correndo.

-É melhor você ficar bem aí, Walker.

Ela tinha um olho na parte de trás da cabeça, agora?

-Er, oi.

-Nada de “oi”, venha aqui e me ajude a levantar.

O que essa garota acha que é agora? Uma rainha?

-Eu não sou seu escravo.

-É meu irmão postiço, então passou a ser.

Imagina como Juliet irá tratar os próprios filhos. Caminhei até ela, Juliet estava com a cabeça levantada, me fitando com seus olhos cor de cimento. Eu sei, eles não são cor de cimento, mas eu não tinha uma palavra melhor para descrever os olhos estranhos dela.

-O que você quer de mim, ó rainha toda soberana?

Isso a fez rir. Juliet segurou meu braço, me olhando com cara de filhotinho de cachorro.

-Me carrega?

Só me faltava essa... Segurei Juliet como se ela fosse minha noiva e estivéssemos indo para a lua de mel, mas a sala ainda continuava parcialmente escura e Juliet pesava.

-Você devia emagrecer alguns quilos.

-Não ouse me chamar de gorda, já basta ser chamada de bruxa e vaca no mesmo dia.

Não disse “foi mal”, nem nada do tipo, por que ela realmente estava pesando.

E bem, não foi minha culpa ela tentar fazer mais peso e eu “acidentalmente” a deixar cair. Só fui me tocar que não havia sido uma boa ideia deixá-la cair quando Juliet bufou, encostando as mãos no chão e aquela áurea negra saindo de cima dela.

-Desculpe?

Ela levantou uma sobrancelha e eu já sabia o que viria nos próximos capítulos dessa novela.

-Me desculpe? Sério? Vou mostrar a você onde eu vou enfiar esse seu pedido de desculpas!

Ela gritou se levantando e me fazendo correr. Mas quando ela finalmente veio atrás de mim, estava com alguns cadernos na mão, com os cabelos arrumados e um sorriso no rosto. Como se nada houvesse acontecido, depois disso eu tive certeza que ela era mesmo bipolar.

-Vai ficar me olhando ou vai andar? Minha barriga está roncando aqui.

Assenti e caminhamos até meu carro, ela não parou de falar a viajem inteira até o McDonalds mais perto. Para falar a verdade, eu nem ao menos sabia do que ela estava falando, só dei de ombros, tinha tantas coisas para me preocupar ( meu namoro que não estava indo nem de vento em poupa nem de vento em água, o irmão problemático de Math, o casamento da minha mãe, o retardado do meu pai, o próximo jogo de basquete e o que eu iria comer quando chegasse ao McDonalds ) que nem me importei de entender o que ela estava falando.

Quando finalmente entramos no lugar, Juliet saiu correndo para pedir o que iria comer me deixando com seus cadernos na mão, revirei os olhos, por que ao invés de ser uma menina boazinha e ter deixado esse monte de papeis no carro, ela prefere me fazer de escravo.

Peço para ela pedir qualquer coisa para mim e deixo uma nota de vinte dólares com ela, indo me sentar. O lugar está parcialmente cheio, mas a maioria das pessoas ali não é do Sebastian L.

-Ai, isso está uma delicia!

Juliet exclama quando senta ao meu lado, ela me mostra seu duplo cheeseburger e me dá alguns nuggets de frango. Meu sanduiche está na bandeja junto com a coca cola light.

-Por que você comprou coca cola light para mim?

Pergunto de mau humor dando uma mordida no meu sanduiche, é de carne, hum.

-Você é meu escravo, eu não te devo explicações.

-Está vendo Deus? O que essa menina faz comigo?

Ela riu e puxou um dos papeis que estava em seu caderno, jogando em cima de mim.

-Treine comigo.

-O que é isso?

Pergunto reconhecendo as falas, parece uma peça de teatro ou algo assim.

-A Sra. Patil me pediu para substituir Leslie na peça desse mês.

-Você? Em uma peça?

Ela revira os olhos.

-Só estou fazendo isso por que a culpa é minha de Leslie não poder participar da peça.

-Como assim?

-Eu meio que joguei a bola de basebol nela forte demais na aula de educação física.

Balancei a cabeça rindo, Penny não havia me contado isso.

-Assassina.

-Pare de conversa e leia, escravo.

Ela está levando essa coisa de escravo a sério demais, olhei para o texto, lendo em voz alta.

-Eu sei que não lhe surpreende, mas meus sentimentos não covem a ser recíprocos.

Juliet levantou uma das sobrancelhas rindo.

-Não sabia que você queria tanto ser Madeleine.

Ri com ela e pulei para a próxima fala, essa felizmente era de Nicolau.

-Estas a mentir, bela jovem. Apenas por não querer mostrar o que sentes.

-Sinto repugna.

Disse Juliet parando de mastigar, seu sanduiche estava metade depositado na mesa e sua voz saia leve, como se ela já tivesse praticado essas falas milhões de vezes.

-Amor.

-Entre outras coisas.

Ela deu de ombros.

-Serei eu aquele que fará seu coração derreter, Madeleine? Ou congelar mais ainda?

-Posso sentir a chama insistente, meu caro. Mas não tenho certeza se terás sucesso.

-Sempre tenho. Por essas palavras é que tenho certeza que posso fazer...

-Pode parar agora.

Ela disse tentando tirar o papel das minhas mãos, mas fui mais rápido e olhei o resto da fala.

-Eles se beijam?

-É, já está suficiente, acho que já decorei.

Balancei a cabeça, com um sorrisinho de canto no rosto.

-Está com medo de me beijar Madeleine?

-Pare de ser idiota, cão. Tenho o resto do meu cheeseburger para terminar.

-Covarde.

Ela ia morder o cheeseburger, mas parou na metade, me olhando com raiva.

-Como é que é?

-Covarde, você é uma covarde Jules.

Eu sei que eu estava atiçando Juliet a beijar e isso não é lá justo, já que ela é a melhor amiga da minha namorada e minha futura irmã postiça. Mas não pude evitar rir da cara dela, eu só fiz aquilo por que sabia que ela nunca iria se inclinar na mesa e me beijar.

Mas foi exatamente isso que ela fez.

Quase cai de costas, olhando assustado para ela. Tipo, não era para ela me beijar de verdade! Sério, nunca mais chamo essa garota de covarde na minha vida.

-Juliet!

Disse quando ela se afastou, não foi um beijo de língua e não durou mais que três segundos, mas ela sorriu satisfeita, mesmo que eu não estivesse nada satisfeito.

-Por que você fez isso? Não era para você beijar!

-Não era mesmo.

Quase sorri pensando que ela finalmente estava concordando, mas quando notei de quem era a voz, a cor no meu rosto resolveu dar uma volta e eu fiquei pálido, olhando para o dono dela.

-Math, cara...

-Não precisa pedir desculpas Blake, eu já sabia que isso iria acontecer.

Ele disse dando as costas e saindo do McDonalds, ele não deveria estar ali, ninguém vinha ali.

Cara, como eu fui me esquecer de que o lugar favorito do meu melhor amigo sempre foi o McDonalds?

-Droga!

Eu xinguei jogando um guardanapo no chão e correndo atrás de Math, de acordo com os meus cálculos, ele devia estar muito puto comigo agora.