Frank POV  

Eu ainda estava acordado, sozinho na sala do Ray, às duas da manhã, vendo Os Cavaleiros do Zodíaco e esperando Gerard chegar em casa. Eu bufava na frente da televisão a cada três minutos.
Ele era uma porra de um homem de palavra! Se ele encostar um dedo na Lyn, ele vai ver.
Despertei dos meus devaneios com o barulho da porta sendo aberta.
– Olha, você está aqui! – Falou entrando e trancando a porta atrás de si. – Pensei que ia dormir lá com o Jared.
– Você estava com a Lyn, não é? – Levantei, o seguindo, já que ele ia para a cozinha.
– Sim, sim. Nós jantamos fora e depois fomos a uma festa de um amigo dela. – Pegou um copo e serviu água.
– Eu disse para que não saísse com ela!  – Rosnei, me aproximando dele.
– Por que eu não iria? – Largou o copo, se aproximando também. – Me dê uma porra de uma razão Frank.
Pensa Frank!
Ele se aproximava cada vez mais, me fazendo recuar.
Eu definitivamente não sou bom sob pressão.
– Você não é bom o suficiente pra ela. – Empinei o nariz.
– Ela não acha isso. – Sorriu cínico e continuou se aproximando.
FILHO DA PUTA!
Encostei minhas costas na parede e ali eu percebi que eu iria apanhar feio. Ele me encarava sério, respirando fundo.
– Você está com o perfume dela. – Falei baixo, mais pra mim do que pra ele.
– Uau, realmente gosta dela. – Abaixou a cabeça.
– Este perfume fui eu quem dei a ela, de aniversário, aliás, esse não é o seu perfume. – Ele franziu o cenho me encarando de forma estranha.
– Como sabe qual é o meu perfume? – Virou o rosto, como uma criança confusa.
– Bom, eu tive que sentir seu cheiro à noite inteira. – Senti minhas bochechas ficarem quentes. – Porque você está tão perto? – Perguntei baixo, levantando os olhos para encará–lo.
– Por que você fica todo errado. – Riu fraco, me deixando mais constrangido do que nunca.
– Que legal da sua parte, seu idiota! – Tentei sair, mas fui impedido por seus braços que se contornaram ao redor do meu corpo, se apoiando na parede, e me impedindo de sair. – Gerard! – indaguei ao bater a cabeça na parede.
– Frank, quem é Jamia? – O encarei sério.
– Porque a pergunta?
– Eu e a Lyn a encontramos na festa. Quando Lyn falou que você era meu amigo, ela te xingou. – Riu.
– Ela disse algo?
– Perguntou se você já havia se descoberto. – Riu. – Eu estou até com medo de estar tão perto de você. – Riu mais.
– Porra! Essa menina não presta! – cruzei os braços, bufando. – E não precisa ter medo, se eu fosse ficar com um cara, com certeza não seria você.
– Seria quem? Aquele Jared? Foi isso que você foi fazer na casa dele? – Me encarou sério.
– Não, não foi isso que fui fazer lá, mas seu eu tivesse que escolher, com certeza seria ele. – Estufei o peito de novo.
Não adianta de nada, mas eu sou machinho.
– E eu não? – Aproximou o rosto.
– Ele, com certeza, é melhor que você. – Falei sorrindo de canto.
Gerard me olhou dos pés a cabeça e se distanciou.
– Você nunca vai saber se é ou não... Mas se estiver curioso, pergunte a Lyn. – E então ele saiu da cozinha. – Te espero lá em cima, ursinho de pelúcia.
Argh! Que raiva!

X.X

SEGUNDA FEIRA – 07hrs32min

Depois de um domingo tedioso, veio uma segunda–feira tediosa, e eu caminhava sem ânimo algum para a escola.
Ray e Gerard passaram o domingo com cara de bunda, e me cortavam por qualquer coisa que eu falava, uma hora eu iria me cansar, e foi o que aconteceu. Depois que eu explodi voltei pra casa, e ainda tive que aguentar meu pai que havia chegado bêbado, e o ajudei levando–o até o quarto.
Quando cheguei à escola, Ray e Gerard já estavam lá, parados em frente ao portão.
– Bom dia. – Passei por eles.
– Hey, te acalma aí. – Ray me parou segurando–me pelo braço. – Desculpa okay? Eu não devia ter agido daquele jeito, mas não gosto da ideia que volte a ser amigo do Leto. É estranho.
– Tá. Tudo bem. Me desculpe também. – Arrumei a mochila no ombro, ficando ao lado de Ray.
– Bom dia seus lindos. – Lyn chegou sorridente.
– Bom dia. – Falamos.
Logo Ray iniciou um assunto tosco, Lindsey não parava de olhar e se encostar propositalmente em Gerard.
Qual é Lyn? Sério? O Gerard?
Argh!
O sinal tocou indicando o inicio das aulas, então nós seguimos para a nossa sala. Encontramos Mikey saindo da biblioteca com duas garotas.
Eita Mikey hein!
Chegando à sala, apenas joguei minha mochila em cima da mesa e deitei a cabeça sobre a mesma.
– Me acordem quando a tortura acabar.

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Era hora do intervalo, estávamos sentados debaixo de uma arvore grande, perto do pátio, na área verde da escola. Foi quando passamos a observar Mikey, que paquerava uma garota.
– O Mikey já teve mais namoradas que eu. – Gerard disse. – Ele já namorou umas quatro. Tirando as que ele apenas se divertiu.
– Nossa, eu tive uma namorada e durou dois meses. – Falei assustado.
– Podia estar com ela até hoje se você não viesse com defeito. – Ray riu.
– Cala a boca! – Cruzei os braços, irritado.
– Aquele não é o seu amiguinho? – Gerard falou com certa ironia, apontado para um cara com a boca sangrando que vinha em nossa direção.
– JAY! – Levantei num pulo e corri em sua direção. – Jay, você está bem? O que aconteceu? – Ele sorriu mostrando os dentes ensanguentados.
– Eu tô legal. – Riu. – Só levei um soco forte demais. – Deu os ombros.
– Quem fez isso? – Falei observando o corte, que acabou ficando igual o meu.
– Eu te dou um beijo se você adivinhar!
– O Kyle? – Perguntei preocupado.
– Dá um beijinho aqui. – Fez biquinho. Fui para trás.
– Seu bobo. – Ri.
Nossa, como isso foi gay.
– Mas você tá legal? Mesmo? – Perguntei.
– Tô bem Frankie. – Riu sem humor. – Eu gosto do gostinho de sangue.
– Ah Jared. – Coloquei a mão no rosto.
– Aquele seu amigo tá me matando com olhos. – Jared disse, apontando discretamente para Gerard. – Ou me comendo.
– Credo Jay. – O reprovei. – E ele não é meu amigo.
– É seu namorado? – Sorriu babaca.
– Não! Não mesmo! Porque o pessoal acha que sou gay?! – Perguntei mais para mim mesmo do que pra ele.
– Porque você tem cara. – Deu os ombros. – Você vai lá com eles?
– Sim, vamos? – Disse já começando a caminhar.
Se eu quero irritar o Gerard?
Imagina!
Jared concordou e me acompanhou até onde eu estava anteriormente. Sentei entre ele e Gerard.
– Hey Ray? – Jay chamou.
– Sim? – O cabeludo virou para ele.
– Me desculpa pela indiferença de ontem. Poxa, nós éramos amigos também.
– Claro, tudo bem. – Sorriu fraco. Aham, me engana que eu gosto, Ray. – Mas tá tudo bem aí cara? – Perguntou a Jared, que sorriu.
– Sim, tudo bem. Nem dói muito. – Deu os ombros.
– Pois é, eu percebi, você já até queria beijar o Frank. – Gerard falou ácido, brincando com as fivelas do coturno da Lyn. Ela nunca usa uniforme.
– Mas é claro, quem não iria querer beijar o Frank? – Olhou para Gerard, que o encarou também.
Preciso dizer que corei demais?
– Huum, Frank arrasando corações. – Lyn sorriu safada, acabando com o clima ruim, já que Ray riu.
– Nossa, o Frank seduz muito mesmo. – Ray disse irônico, rindo ainda mais.
– Pena que ninguém pega. – Lyn disse. – Frank é um menino difícil.
– Nenhuma menina pega né, porque nenhum menino tentou ainda, vai que ele gosta. – Ray disse fazendo Jay rir.
– Eu disse isso sábado. – Leto falou.
– E você não tirou a prova? – Gerard perguntou.
– Não, não tirei. – Revirou os olhos. – Mas eu posso fazer isso depois, ou você vai ficar com muito ciúme?
E então o clima ficou pior ainda.
– Não entendi o seu ponto, Leto. – Gerard o encarou de novo.
– Você entendeu sim. – Levantou. – Bom, eu vou à biblioteca procurar um livro que tenho que ler. Nos vemos depois, okay? – olhou para mim e Ray.
– Claro. – sorri e Ray também.
– Eu vou com você Jay. – Lyn levantou. – Eu tô sem uma matéria de história e preciso colocar o caderno em dia.
E então eles saíram, indo para dentro da escola.
– Pode tentar ser um pouco mais simpático? – Olhei para Gerard.
– Porque eu seria simpático com ele? É você que quer dar pra ele, não eu. – Deu ombros. O olhei chocado.
– Falou gente, vou lá tomar agua. – Ray levantou, saindo rápido dali.
– Mas o quê?! Gerard, ele só estava brincado! – Falei sério.
– Ah claro, daqui a pouco você chega falando "o Jay me comeu, mas foi de brincadeira.". – Tentou me imitar, fazendo uma voz fina.
– Ah para Gerard! Porque você não gosta dele, o que ele te fez?!
– Me diz o que eu te fiz, pra você não gostar de mim?
– Eu já disse que... – Abaixei a cabeça. – Eu já disse que gosto de você. Mas não gosto da maneira que trata Jared!
– Você diz que gosta de mim, mas continua me tratando no mesmo jeito, Frank! – Levantou.
– Você está é com ciúmes de mim. – Ri, cruzando os braços.
– E você com ciúmes de mim, já que não é da Lyn que você gosta, como você mesmo disse. – Meu sorriso desenformou enquanto em seu rosto se brotava um sorriso vitorioso – Eu sei que aquilo de ontem era mentira, Frank. Você me prefere, e não ao Jared. – Piscou, saindo.
Fiquei algum tempo sozinho xingando Gerard e seus antepassados, e então resolvi ir para dentro. Caminhei em direção à escola e segui por um corredor, encontrando Ray que lia alguns avisos no mural.
– Tudo bem? – Perguntou quando parei ao seu lado em silêncio.
– O Gerard me assusta. – O olhei e ele devolveu o gesto.
– Vocês se amam. – Riu.
E quando eu ia xingar o cabeludo, o sinal tocou, e então ele me deu as costas, indo para a nossa sala.
O segui, praguejando baixo.
– Hey! – Jared surgiu na minha frente. – Quer ir lá em casa hoje a tarde?
– Hoje? – Olhei para os lados e vi que Gerard estava se aproximando. – Hoje? Na sua casa? Claro, eu apareço por lá.
Ele sorriu e saiu, indo para sua sala.
Logo entrei na minha sob os olhares fuziladores de Gerard.
Sai com a Lyn de novo, babaca.
Mas porque eu tô fazendo isso?
Suspirei e sentei no meu lugar, vendo a professora de geografia entrando logo depois do Gerard.
– Ray Man? – Chamei.
– Hum?
– Me acorda quando a tortura acabar. – Deitei o rosto sobre a mesa.