Subi as escadas depressa, parando somente na frente da porta do meu quarto. Abri-a com pressa, me deparando com uma silhueta muito conhecida. E isso não era nada bom.

– O que você está fazendo aqui?

Frank POV

– Frank, eu senti saudades! – Jamia andou em minha direção, me puxando para um abraço.

– O que você está fazendo aqui? – Retornei a perguntar, sem retribuir o gesto.

– Bom, eu ando com vontade de vê-lo desde o dia que encontrei a Lyn junto de um garoto na festa do Steve, falamos de você, o que fez minha vontade se multiplicar. – Me soltou, abaixando a cabeça. – Eu nunca consegui entendê-lo, fiquei muito triste quando terminamos. Na verdade magoada. Mas claro, fiquei muito brava com você, também. – Suspirou triste. – Mas toda raiva que senti se transformou em saudade, então eu tive que vim vê-lo. – Ergueu o rosto, estampando um sorriso doce.

– Eu estou meio ocupado agora, na verdade. Tenho coisas mais importantes para fazer. – Cocei a nuca.

– Você trocou de perfume? – Mudou de assunto, me abraçando novamente e enterrando o rosto na curva do meu pescoço.

Acho que ela não está falando do meu perfume de verdade, mas okay...

– Jam... Eu acho melhor você ir embora... – Tentei ser paciente.

– Você nunca me amou, não é Frank? – Me olhou magoada.

– Jam, você sabe que eu te amei, mas não deu certo. – Me desvencilhei, passando a mão pelo seu rosto.

– Eu posso esperar o quanto for preciso, Frank. Eu não preciso de sexo. – Falou desesperada, com os olhos arregalados. – Eu só quero tê-lo por perto. Eu estou me sentindo vazia sem você! Eu ainda tenho todas as nossas fotos coladas na parede.

– Jamia, eu não quero te enganar, eu não te amo como eu amava antes. Eu sinto muito. Não há nada que você possa fazer. – Após minhas palavras, ela passou as mãos pela cabeça, puxando os cabelos de maneira aflita. Suspirou fundo, e eu sabia que aquela reação não era nada boa. Colocou a mão na cintura e voltou a me encarar, e eu pude ver que seu olhar continha ódio.

– Quem é a garota, Frank? Quem é a vadia que te roubou de mim?! – Disse de inicio.

– Não há garota alguma, Jam! – Caminhei em direção a minha cama, me sentando na mesma. Jamia tinha o dom de me tirar do sério.

– Você está com a Lindsey não está? Eu nunca gostei daquela vadia, eu sabia que ela tinha uma quedinha por você, sempre te roubando de mim. – Desviou o olhar para a janela, eu sabia que por dentro ela deveria estar parecendo um vulcão em erupção. – Se você realmente estiver com aquele traveco, eu vou...

– Hey! Não fala mal da Lyn, ela não tem nada a ver com a gente! – Pela primeira vez elevei o tom, apontando o dedo na cara dela. – Não ousa falar dela novamente, ouviu Jamia? – falei sério, e ela fez um biquinho birrento.

– Desculpa... – Disse em meio a uma careta.

– Olha, eu estou gostando de alguém sim, okay? E não há chances que algum dia a gente volte. Fui claro?

Por alguns segundos seu rosto não mostrava uma única expressão, mas logo ela sorriu de canto, caminhando em minha direção. Tirou o casaco, jogando-o em um canto qualquer do meu quarto.

– E essa vadia te “consertou”, Frank? Te consertou pra mim? – Sentou em meu colo, entrelaçando as pernas em volta do meu corpo.

– Jam... – Ri nervoso. – O que você vai...

Colocou as mãos em meu peito, me empurrando e jogando meu corpo para trás, assim me obrigando a deitar na cama. Ela mantinha um sorriso malicioso. Apoiou as mãos em meu abdômen, as colocando vagarosamente sob minha camiseta. Aproximou seu rosto do meu, se mexendo propositalmente no meu colo.

– Você é louca. – Ri alto, de forma nervosa. Passei as mãos em seu quadril, segurando-a para que eu pudesse empurrá-la.

– Sou louca por você Frank. – Riu, mordendo o lóbulo da minha orelha.

– Jamia, sai, não há chances de que eu faça algo. Ou de que alguma coisa possa te responder nesse corpo. – Falei e acabei rindo da cara brava que ela fez. – Eu não sei o que você quer! Você que terminou comigo!

– Eu me arrependi, okay? Eu sinto sua falta Frank. – Falou baixo, e deitou o rosto no meu peito.

– Jam... – Afaguei seus cabelos. – Acho melhor você ir embora, e eu falo sér... – Fui impedido de continuar a frase, pois Jamia simplesmente selou seus lábios aos meus. Seus cabelos negros caíram sobre meu rosto, enquanto ela fazia movimentos maliciosos por cima de meu corpo.

Eu apenas fitava o teto entre seus cabelos, enquanto ela mantinha os olhos fechados, ainda pedindo passagem. Senti-a pegar uma de minhas mãos, colocando-a sobre seu abdômen e movendo-a devagar para cima. Arqueei uma sobrancelha.

– Jamia! – Empurrei-a de leve quando senti minha mão sobre seu seio. – Para com isso!

– Frank... – Falou manhosa, mordendo meu pescoço e movendo-se levemente para baixo.

– Você tem que parar com isso! Nada vai acontecer entre a gente, Jam... O que você...? JAMIA! – Sentei rápido quando a senti passar a mão entre... Bem... Você sabe onde.

– Me deixa tentar! – Selou nossos lábios de novo, mas dessa vez eu recuei no momento.

– Não! Vá embora, Jamia! Agora! – Tirei-a de meu colo e levantei da cama, abrindo a porta.

– Você vai se arrepender disso! – Pegou o casaco que havia caído em cima do abajur. – Eu mudei de casa, sabia? É bem perto da sua escola, o que me faz ir estudar lá também. – Sorriu cínica. – Eu vou descobrir quem é a vadia, e vou acabar com ela. Escreva o que estou dizendo!

– Você é louca. – Ri pelo nariz, mas sem um pingo de ânimo.

– Você ainda não viu nada, Frank. – Andou em minha direção, parando bem próxima a mim.

– Eu já vi mais do que eu queria ter visto. – Olhei para o decote gigante que ela insistia em praticamente esfregar na minha cara.

– Olha pra cima, Frank. – Olhei. Ela sorria vitoriosa.

– Eles... Só... Chamam atenção. Nada vai rolar entre a gente. – Olhei superior.

– Você vai voltar pra mim. Espere e verá. – Deu de costas, e saiu rebolando porta afora.

– Jamia, querida, quer bolo? – Pude ouvir minha mãe perguntar.

– ELA NÃO QUER BOLO, MÃE, ELA QUER IR EMBORA! – Gritei.

Fechei a porta e caminhei devagar em direção a minha cama, me jogando na mesma. Encarei o teto e logo depois o relógio em cima do meu criado mudo, que marcava18hrs34min.

Decidi tomar um banho e comer alguma coisa. Depois sentar e ver um filme com a minha mãe, já que eu passava pouquíssimo tempo com ela. E então dormir e sonhar com um novo dia sem interrupções de alguém chamado Jamia.

Levantei da cama, pronto para colocar mais planos em ação.

Gerard POV

– Você é uma anta, Mikey! – Falei, seguindo o pequeno Way pelo shopping. – É obvio que ela não viajou, é segunda feira, Mikey, quem viaja na segunda feira?

– Eu nem percebi, Gerard! –Parou de andar e me olhou bravo. – Onde você viu ela pela ultima vez?

– Eu já disse! Na praça de alimentação! Porra, Mikey, estamos andando há uma hora! Eu ‘tô com fominha. – Fiz bico e passei a mão na barriga.

– Nós vamos olhar o shopping inteiro, Gerard! E eu não sou o Frank que você convence com essa carinha, okay? – Seguiu para a praça de alimentação de novo.

– Como você é chato! Pensa Mikey, onde uma menina nerd estaria a essa hora?

– Eu que vou saber?! Eu sou uma menina nerd por um acaso?!

– Argh, Mikey... – Revirei os olhos.

– Ali ela! – Apontou para uma menina que estava observando as roupas de uma vitrine. – Vamos lá!

– ‘Tá louco? Eu não vou lá com você. – Ri. – Boa sorte.

– Vai sim! – Me puxou contra vontade até a tal da garota.

– Você é insuportável! – Esbravejei.

– Cala a boca! – Me xingou, parando ao lado da menina. – Joan? – Ela virou devagar, olhando espantada para o Mikey.

– Olá Michael. – Seus olhos passaram a encara-lo dos pés a cabeça.

– Porque você falou que ia viajar, mas está aqui? – Finalmente me soltou, para parar de frente com a morena. Colocou as mãos na cintura, olhando-a de maneira... De uma maneira que não consegui distinguir.

– Eu não queria sair com você, mas não queria te magoar. Mas você descobriu, sinto muito. – Deu dois tapinhas no ombro de Mikey e saiu.

– Mas porque você não quer sair comigo, Joan? – Mikey perguntou inocente, segurando-a pelo braço.

– Primeiramente, me solte. – Puxou o braço. – Porque eu não sou essas vadiazinhas que você “dá uns pegas”. Eu não vou ficar com você, Mikey. Eu ainda não sei por que eu saí com você.

– Vamos, Joan, me dê uma chance! – Mikey suplicou, juntando as mãos.

– Quanto mais você fala, mas longe de você eu quero ficar... – Joan suspirou, pegando o celular da bolsa e discando alguns números.

– Joan, para poder ficar com você eu fico mudo! – Mikey se aproximou um pouquinho, o que fez a menina recuar. E eu ri né, olha que ridículo.

– Pai? Vem me buscar no shopping, okay? Tô com medo de ir sozinha. – Olhou para Mikey e riu. – Certo, até logo. – Guardou o celular. – Bem, foi bom falar com vocês. – Sorriu, virando as costas e saindo.

– Joan! – Mikey correu até ela. – Por favor, me dá uma chance.

– Mikey, não, eu sinto muito. Eu tenho medo de me magoar. – Suspirou fundo. – Eu nem devia estar falando com você... Bom, eu vou indo. – Saiu correndo, de cabeça baixa.

– Ah cara... – Mikey me olhou derrotado. – Viu como ela é linda? E não me quer... – Fez bico.

– Mikey, você tem que mostrar que quer ficar só com ela! Não adianta dizer que fica mudo por ela – parei para rir, colocando a mão em seu ombro. – o que foi ridículo, e continuar ficando, ou sei lá o que você faz, com qualquer garota.

– Você não sabe de nada. – Disse bravo. – Você só sabe conquistar anões. – Saiu emburrado.

– Ela não é das mais altas. – Falei enquanto o seguia. – Mas espera ai... – Corri para o seu lado. – Você... Viu alguma coisa?

– Vi mais do que eu queria. Vi o corpo pequeno do Frank te abraçar, você o envolver com seus braços gordos e vocês se engolirem. – Fez cara de nojo. – Cara, eu prefiro a Lyn, mas você que sabe.

– Mikey, você...

– Eu não vou contar pra ninguém, okay? Mas... Você tem certeza do que está fazendo? Digo, ficar com o Frank não é algo muito inteligente. – Encarei-o confuso.

– Como assim?

– Ora, ele é um cara, para começar. O Frank é carente, ele só tem a mãe dele e nós. Apegar-se a alguém deve ser muito fácil, entende? E outra, você vai magoa-lo se fizer as coisas por fazer. E tem a Lyn também. Eu pensei que gostasse dela.

– Eu gosto dela...

– Então, Gee? Não faça nada com o Frank, por favor, para o bem de todos. Se ter certeza que gosta dele, okay, vai ter meu total apoio para tudo. Mas se não tiver certeza, não faça nada, pois você vai magoar o Frank e a Lyn.

– Ouh, eu não tinha pensado por esse lado. – Abaixei a cabeça, encarando meus sapatos. Suspirei pesado.

Continuamos caminhando, procurando pelo meu carro, e seguimos para nossa casa assim que o encontramos. Mikey conseguiu ficar calado o trajeto inteiro, e dessa vez eu não cantava, permanecendo em silêncio também.

Assim que chegamos em casa, Mikey seguiu rumo a seu quarto, ainda emburrado por causa da Joan, enquanto eu fui para o térreo. Por conta do frio abracei meu corpo assim que cheguei por lá, a piscina só ajudava a esfriar o ambiente, que não estava dos melhores. Me aproximei de um dos parapeito, observando o meu redor.

O que eu fiz? Beijar o Frank duas vezes? Um cara? Não, isso não era típico de Gerard Way, certo?

Certo.

Balancei a cabeça para os lados, tentando me livrar de certas lembranças. Respirei fundo, encarando as luzes brilhantes que cortavam a escuridão daquela noite fria de New Jersey.

Mikey tinha razão, aquilo foi muito errado, na verdade, uma burrice. Se eu arriscar, corro o risco de magoar Frank e Lindsey, e eu não quero magoá-los. Eles não merecem.

Mikey está certo.

Não está?