Chasing Cars escrita por JuhChagas


Capítulo 3
Strawberry Juice


Notas iniciais do capítulo

Hey, estou super feliz pelos reviews meus cupcakes azuis, obrigada mesmo *--* Aqui vai mais um capitulo pra vocês!



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Mas eu, talvez o único descartando sua própria família, a conhecia o suficiente para entender que ela estava profundamente desconfortável, e que parte desse desconforto era minha culpa.

   Baixei o olhar tentando dizer a mim mesmo que talvez ela só estivesse distante hoje, e que não era a minha presença que a fazia tão desconfortável. Porque, na verdade, eu não queria ser indesejado por ela. Eu só queria que as coisas voltassem ao normal, voltassem ao que era há dois anos. Só ergui o olhar quando alcancei o balcão e uma senhora risonha me despertou:

    - Olá Percy! Você nunca mais apareceu, está tudo bem? – ela disse me fitando com zelo.

   - Eu estou bem, obrigada. Eu estive meio ocupado, mas prometo aparecer mais Dona Aurora. – respondi educado abrindo-lhe um sorriso. Era engraçado como seu rosto criava rugas quando ela sorria, me fez imaginar que se eu tivesse chegado a conhecer uma das minhas avós elas seriam assim, tão agradáveis.

    - Cumpra sua promessa, sim?- ela deu uma piscadela, fazendo ambos sorrir. - Então Percy, o que você e a sua namorada vão querer?

   - O que? – exclamei ressaltado. – Não, Dona Aurora, ela não é minha namorada.

   Poderia ser se eu não tivesse sido um completo idiota dois anos atrás, pensei entrelaçando meus dedos sem jeito. A velhinha ainda argumentou mais um pouco, mas no final, percebi em seu sorriso maroto que ela havia entendido que Annie não era minha namorada, claro, não por minha escolha. Pedi um suco de laranja para mim e um de morango com hortelã para Annabeth.

   Andei vagaroso até a mesa e sentei-me de frente para a loira que ainda estava concentrada, ou fingia estar, pelas próprias mãos. Finalmente estendeu as mãos finas sobre a mesa, seu olhar sempre evitando o meu. Suspirei e abri a boca várias vezes tentando dizer algo, mas nada saia.

   - Annie? – chamei me mexendo inconfortável no banco.

   - Annabeth. – corrigiu com a voz fria. Passei a mão nos meus cabelos, bagunçando-os um pouco. Ela não deixaria que eu a chamasse de Annie e isso me afetou de certo jeito, talvez tenha doido, não tive a chance de refletir sobre isso, ela completou: -Seus amigos são uns idiotas.

   Ela deu ênfase à “amigos”, ainda com indiferença. Dona Aurora veio silenciosamente até nós e deixou nossas respectivas bebidas na mesa e se retirou tão calada quanto veio, era perceptível que ela não queria atrapalhar, mas de qualquer forma, não havia uma conversa que pudesse ser interrompida. Eu tomei um longo gole no meu suco enquanto via a garota à minha frente bebericar o seu com delicadeza.

   - Eu sei Annabeth, me desculpe. Eu não tinha idéia que Ethan tinha planejado aquilo, você sabe que eu teria impedido se soubesse de algo. – despejei assistindo seus longos e frágeis dedos desenharem pequenos círculos na mesa, eu não teria coragem de encarar seus olhos agora. Depositei levemente a minha mão sobre a sua. Por um momento senti seu corpo se enrijecer instantaneamente ao meu toque. Ela logo puxou sua mão e cruzou os braços sobre peito, analisando algumas mechas de seu cabelo que caia sobre seu colo.

   - Tudo bem, não foi sua culpa. – respondeu num tom de voz muito baixo e depois o silêncio nos fez companhia novamente.

   Não sei por quanto tempo ficamos assim, sem dizer nada, só bebericando uma vez ou outra nossos sucos. Olhei pela vidraça e vi o céu adquirindo uma cor alaranjada, pincelada de rosa em alguns pontos. O pôr-do-sol, minha parte favorita do dia. Eu lembro quando eu e Annabeth só sentávamos lado a lado em silencio e ficávamos assim até não haver mais rastros do Sol, depois de um dia inteiro juntos. Agora a cena se repetia, nós, lado ao lado, em silêncio, não porque já havíamos conversado muito, sobre tudo e todos, mas, sim, porque não sabíamos mais manter uma conversa, nem sustentar o olhar um do outro. Senti-me frustrado por não ser capaz de consertar as coisas.

   - Annabeth, o que aconteceu com nós dois? Quer dizer, nós passávamos os dias juntos, jogando conversa fora, rindo, dizendo besteiras... Nós éramos como melhores amigos, e agora,- minha voz falhou, suspirei enquanto ela colocava graciosamente uma mecha de cabelo atrás da orelha- é como se fossemos completos estranhos.

   - As coisas mudam Percy, as pessoas mudam. Você não esperava que eu ainda te cumprimentasse com um abraço todos os dias e te tratasse normalmente depois de tudo que aconteceu, esperava? – ela respondeu ácida. Notei dor, angustia e talvez um pouco de raiva em suas palavras.

   Abri a boca, mas novamente não saiu nem um resquício de voz. Neguei com a cabeça em resposta, olhando fundo em seus olhos marejados. Ela fugiu de meus olhos, como sempre, e quando voltou a me fitar não havia sinal de lágrimas. Eu a conhecia, ela não choraria por isso, por meras lembranças do passado. Ela era muito mais forte que isso, sempre foi óbvio. Tomei um fôlego e finalmente falei:

   - Não, eu não esperava... Mas, ainda sim, na escola nós ainda somos colegas, quando você abre a sua sacada e me vê nós ainda somos vizinhos, e até agora, nós não somos completos estranhos. Apesar de parecermos, nós sabemos que eu te conheço mais do que todos, talvez ate mais do que a sua família, e você sabe ler cada expressão e pensamento meu, nós nos conhecemos Annabeth. E, sim, as coisas mudaram e as pessoas também. Mas até quando nós temos que conviver assim, pisando em ovos? – despejei de uma vez só, atropelando cada palavra. Tomei uma funda lufada de ar, fechando os olhos pesadamente.

   - Eu sei de tudo o que você falou Percy, mas você tem que admitir e aceitar, as coisas nunca mais voltarão ao normal, nunca mais serão as mesmas. – retrucou alterando um pouco a voz, como se tentasse explicar o óbvio para um bebê.

   - Mas, mesmo assim, quando nos esbarramos na rua, na escola, não é como se você não pudesse dizer mais que um “oi” para mim. – falei adquirindo um tom irritadiço.

   - Não é como se eu quisesse dizer mais que um “oi” pra você. – ela disparou se levantando e saindo correndo da cafeteria.

   Meu coração tornou-se chumbo, não é como se eu quisesse dizer mais que um “oi” para você, repassei diversas vezes suas palavras na minha cabeça, e cada vez doía mais. Enterrei a cabeça em minhas mãos e franzi os lábios para não me xingar de todos os nomes que eu pudesse lembrar em voz alto, talvez até gritando. Senti uma mão afagar meus cabelos, e levantei os olhos procurando quem estaria me reconfortando. Sorri fraco para um par de olhos acolhedores rodeados por rugas engraçadas.


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Notas finais do capítulo

GOSTARAM? ODIARAM?
vocês tem duas opções: comentem ou deixem review!haushaushaus Espero que vocês estejam gostando meus amores. Não tenho certeza de quando eu postarei o proximo capitulo, mas será em breve, relaxem s3
Amo vocês, xoxo