– AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAH!

A primeira coisa que Lass ouviu de manhã, logo depois de acordar, ainda muito cansado, foi um belo grito fino e raivoso que o deixaria surdo por uns bons dez dias se ele não o tivesse abafado com o travesseiro.

Depois de alguns segundos, quando a seção de gritos ensurdecedores tinha parado, ele tirou o travesseiro da cabeça e se sentou.

– Bom dia, Rey. – Disse sorrindo. Rey parou o retorno da seção de gritos para apreciar a visão: o cabelo bagunçado, o sorriso alegre e os olhos reconfortantes, tudo o deixava fofo e bonito, Rey adicionou irresistível à sua lista de adjetivos. Seus olhos foram descendo até encontrar o abdômen desnudo do rapaz, e se lembrar do porque estava gritando.

– Você. – Apontou para ele acusadoramente. – Você se aproveitou de mim ontem.

– Eu não me lembro de nada disso. – Respondeu com seu sorriso aumentando.

– Não seja sínico! – Exclamou com ainda mais raiva. – Claro que você se lembra! Você sabe muito bem o que aconteceu noite passada!

Lentamente, Lass se aproximou de Rey, que estava sentada ao seu lado na cama, e sussurrou no seu ouvido com um tom de deboche:

– Depois daquele discurso de ontem sobre ' eu não tenho alma de criança ’, ' não tenho nenhuma inocência em mim’ e ' vou te mostrar quem é a garotinha inocente’, não era esse tipo de reação que eu esperava de você.

Sua satisfação aumentou ao ver a falta de reação dela.

– Por um tempo, você até que me convenceu. – Provocou.

Aos poucos, a face sem expressão foi tomada pela raiva e desdém.

– Uma garotinha inocente não faria algo como o que eu fiz noite passada. – Disse sarcástica, sua voz com um tom superior de quem não se deixaria ser atingida.

E lá estava a Rey que ele conhecia.

Ele se preveniu a não fazer mais nenhum comentário antes que uma (outra) discursão começasse. Ele segurou e afagou o rosto dela, os olhos azuis penetraram e diluíram a raiva que estava dentro dela.

– Você pode ser ou deixar de ser o que e quando quiser, Rey, desde que esteja ao meu lado.

Os poucos resquícios da fúria que ainda tinham persistido ficar foram completamente anulados com a frase e o beijo que a seguiu.

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Depois de mais algumas horas, os dois desceram escadas, a casa completamente em silêncio, os dois desconfiaram um pouco, mas continuaram a prosseguir. Passaram por diversos quartos e nada se ouvia. Juntos entraram na sala de estar, a área que sempre tinha alguém, e enfim, encontraram... Uma sala vazia.

Frustrados, os dois foram para a cozinha, já devia ser quase a hora do almoço.

– Não tem nada na mesa. – Lass observou a mesa limpa, brilhando, provavelmente porque foi encerada, e vazia. Ele olhou desesperado para Rey. – Sempre tem comida na mesa, sempre.

– Calma, deve ter algo na dispensa. – Ela andou até o outro lado da cozinha e abriu a porta.

– E ai?- Disse o albino, esperançoso.

– Anh... Na geladeira, quem sabe?

Na frente da geladeira, grudado com um imã rosa claro, estava uma carta endereçada aos dois.

– Lass, vem cá. – Chamou a asmodiana. Ela abriu a carta assim que ele chegou ao seu lado. Assim que puxou um papel rosa do seu envelope ainda mais rosa, muita purpurina caiu aos pés deles e um cheiro doce os atingiu.

– Amy. – Disseram os dois ao mesmo tempo antes de se quer ver o que estava escrito na carta.

' O amor está no ar! Eu posso sentir!

Meus pombinhos favoritos (pelo menos por enquanto), para a total felicidade de vocês, sua querida diva (e aqueles dois lá) fez um imenso favor a você. O que fiz foi... Os tambores, por favor, bambambambam ... Eu (e aqueles inúteis) esvaziei a casa inteirinha, o que quer dizer que, por hoje, a casa vai ser só de vocês. Tcharam!

Eu sei, eu sei, eu sou incrível, podem agradecer ao seu cupido rosado ( e aos seus ajudantes ) depois. Mas para convencer o povo a sair, tivemos que levar toda a comida pronta que tinha, ou seja, vocês vão tem que preparar o próprio alimento de vocês, deve ter algo na geladeira ou nos armários, não tenho certeza.

O amor é incrível, espero que vocês o curtam.

Com carinho da sua diva,

Cupido Amy (e seus ajudantes, os cupidetes)

P.S.: Dio e Arme, aqueles chatos, me fizeram incluir eles na carta porque supostamente eles me ajudaram, eles são muito sem-graça (e aparentemente eles não gostaram nada de serem chamados de 'cupidetes’)’

– Ela nem sabia se realmente tinha comida na casa. – Lass suspirou.

– Acho que não vou querer ser a ' pombinha’ favorita dela. – Rey disse fazendo aspas com a mão.

– Ah, não sei, pode até trazer alguns benefícios. – Discordou Lass.

– Hum, como o que? – Rey soou em tom de desafio.

– Ela nos juntou.

– Ela nos trancou em um quarto com fortes chances de brigarmos e alguém sair seriamente machucado ou morto. – Ela olhou seria para ele. – Esse alguém não seria eu.

– Um a zero para você... Hum... Ela deixou a casa inteira para nós.

– Sem nenhuma comida. Grande ajuda de ela nos dar a casa, mas nos deixar com fome.

– Touché. – Ele pensou por mais um tempo e concluiu: - Nem deve ser tanto assim, deve ter algo para comer por ai.

Rey abriu a geladeira.

– Só tem ingredientes. Sabe cozinhar?

– Não. E você?

– Nunca precisei aprender. – Ela suspirou. – Agora é verdade, a gente vai passar o dia inteiro com fome.

– Ah não ser que...

– Que...?

– Eu sei fazer brigadeiro.

– Brigadeiro? – Perguntou Rey enquanto observava Lass procurar algo na geladeira.

– Uhum. Nunca comeu? – Ele levantou a cabeça para observar ela negar com a cabeça. – Então se prepare para comer a melhor coisa da sua vida.

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– Hum, o sabor não é nada mal, apesar de muito doce, a textura é cremosa, mas não é das melhores. Bem, Lass, não é a melhor iguaria que eu já provei.

Lass encarou a asmoadiana cético.

– Você não pode estar falando sério. – Disse ainda encarando a asmodiana com cara emburrada que assistia à tv enquanto lambia lentamente uma colher de brigadeiro.

– Eu sou Rey VonCrimson, e quando eu estou com fome acho que mereço mais do que algum chocolate em uma colher.

– Então é com a forma de comer que você está brava... – Observou Lass.

– Não gosto de brigadeiro.

– Não devia ter dito isso, é uma afronta contra mim, agora é um desafio, você vai gostar de brigadeiro. E sei exatamente o que fazer.

Rey apenas bufou em resposta. E ficou séria até sentir a cremosidade do chocolate ser espalhada perto do canto de seu lábio e logo depois ser limpa de um jeito bem peculiar pela boca garoto.

– O que você pensa que está fazendo?

– É divertido. – Ela olhou crédula para ele. – Tenta – Disse oferecendo a colher.

Sem muita certeza, ela repetiu exatamente o que o garoto fez, e, quando ela acabou, ele a puxou para um beijo.

– Não é divertido?

Ela desviou o olhar e sorriu.

– Acho que posso gostar de brigadeiro, mas ainda não estou certa...

Ele riu.

– Então eu vou ter que continuar até você ter a plena certeza. – Disse sorrindo.

– Vamos ver se você consegue. – Ela acompanhou o sorriso dele.

Chocolate, beijos, amor e talvez algo a mais foram os ingrediente que fizeram com que aquele dia fosse perfeito para ambos. Talvez eles ainda não saibam direito o que é o amor, mas gostam muito dele, pelo menos por enquanto.

No final da tarde, os dois deitados de frente a tv, quase dormindo, o cansaço batendo sobre eles.

– Lass. – Rey sussurrou.

– Hum?

– Acho que eu gosto muito de brigadeiro. – Disse com a voz sonolenta.

Ele beijou levemente os lábios dela.

– Eu sabia que você ia gostar. – Falou, praticamente dormindo.

E assim, nos braços um do outro, entraram juntos no mundo dos sonhos.

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Os três entraram rapidamente na casa, muito antes do resto da Gc chegar.

– Eu não quero entrar no quarto, não preciso ver o que eles andaram fazendo. – Comentou a maguinha, caminhando para a sala.

– Nem deve. – Acrescentou Dio.

– Oh My God! – Exclamou Amy, pulando loucamente e fazendo algo com as mãos, deveria ser alguma coisa haver com uma dancinha da vitória.

– O que foi...? – Arme se aproximou para então ver os dois deitados no chão. – Isso é chocolate?

– Eu não quero nem saber o que eles fizeram. – Dio comentou.

– Nem deve. – Arme imitou Dio.

– Ouou, para que essas caras? Vocês não entenderam? Eu consegui! Eu sou o melhor cupido que existe! Eu sou demais, aham, ninguém segura esse cupido! – Disse ela cantando e dançando ao mesmo tempo.

– Nós ajudamos. – Reclamaram os dois ao mesmo tempo.

– Vocês são chatos, hein? Ok, nós conseguimos. – a garota pulante de alegria parou sorrindo e fez um ' v’ de vitória com os dedos. – Amy e os cupidetes arrasam!

– Não somos os cupidetes. – Não adiantou nada reclamar, Amy continuou dançando no meio da sala, comemorando sua ' incrível’ vitória.

– Cupidetes lalalala Amy e os cupidetes vão te pegar lalalala