Eu estava me cansando de viver envolvida num enorme mistério. Peguei meu celular e comecei a digitar uma mensagem. 
- Vai falar com quem? - Fernanda perguntou. 
- Com o Taylor. 
Eu estava decidida a não ser feita de boba novamente. Se alguma coisa estava acontecendo, eu iria descobrir. 
- Você pirou Bells? O que você vai falar com ele?
Terminei de digitar a mensagem e a enviei, esperando alguma reação de Taylor. Vi ele levantar da mesa. 
- Eu preciso conversar com Taylor, mas Beck não pode saber. Me dá cobertura? 
- Vou bater uns papos com esse teu namorado. 
Fernanda foi na direção de Beck enquanto eu corria para o banheiro. Abri a porta de uma vez e comecei a procurar Taylor. 
- Olá Isabelle. 
Taylor estava usando jeans escuros, camiseta branca colada no corpo e jaqueta de couro. Tinha os olhos pequenos e a boca estava com um sorriso levemente sensual. Tirou uma das mãos do bolso e passou-a no cabelo, bagunçando-o. 
- Oi Taylor. 
- Fiquei surpreso ao receber sua mensagem. Faz tempo que nós não conversamos. Sentiu saudades? 
Percebi que Taylor escolhia as palavras com cuidado e mantinha um breve sorriso nos lábios. Ele devia estar rindo da minha cara. 
- Não brinque  comigo - em outras palavras: me provoca um pouco mais. - Taylor, o que está fazendo aqui com Beck?
- Ah! É para perguntar sobre o seu namorado? Que decepção. - Deu um passo em minha direção. - Aposto que ele não é tão bom quanto eu…
Senti o hálito de Taylor me invadir e seus lábios roçaram no meu pescoço. O que ele estava fazendo? Me afastei enquanto ele tentava me envolver nos seus braços. 
- Eu quero saber agora. O que você está fazendo aqui com Beck?
Ele riu preguiçosamente. 
- Digamos que seu namorado me deve um favor. E se ele não pagar as coisas irão ficar feias para ele. 
Pensei por um minuto. 
- Você não é capaz de pegar o seu inimigo e o Beck que paga o preço?
Vi a expressão de Taylor mudar. Seu sorriso desapareceu. 
- Então você sabe, - riu -  isso que dá confiar em anjos caídos. 
Cruzei os braços. Taylor suspirou. 
- Vou lhe explicar. - Revirou os olhos. - Quando eu descobri quem era achei que poderia fazer tudo. Roubei, matei, fui rebelde. Eu pensei que era o único assim no mundo, mas não era. Alguns meses depois recebi uma visita inesperada. Um cara de nome estranho veio me alertar de que eu trazia muitos problemas - riu alto - eu ignorei, mas deveria ter parado com tudo naquele minuto. Mais algum tempo depois o mesmo nefilim que me alertou me prendeu, ele disse que eu me arrependeria por chamar atenção para nossa espécie. Então fui torturado, por um cara que chamavam de Lord, ele comandava tudo, obrigou o nefilim a me bater e a me enterrar vivo. Eu sabia que não podia morrer, mas sabia também que precisava me vingar. Meu orgulho foi ferido. Desde aquele dia venho procurando por este maldito nefilim. Seu namorado se mostrou útil nessa busca, ele descobriu o nome do nefilim e descobriu que ele lidera um grupo, se é que podemos chamar assim. Sabe que o preço de tudo isso foi você, não é? Eu te troquei por alguém que nunca vou poder matar, que grande erro.  - Acariciou meu rosto. 
- O que estava falando com Beck?
- Ele disse que tinha novas informações para mim. Eu precisava saber. Fiz uma visitinha a vocês dois hoje de manhã. 
Não havia sido um sonho. 
- Então era verdade!
- Fui apenas para falar com Beck, mas você acabou acordando, eu só fiz com que dormisse de novo e pensasse que foi um sonho. Observei os dois a noite inteira, muito tedioso. 
Senti o sangue ferver. 
- Não tinha o direito de fazer isso - falei entredentes. 
- Sabe, você não fez uma boa troca. Quando estava comigo, nós nos divertíamos a noite toda. Se lembra? Você amava e sempre dizia que eu era o melhor. Não acredito que não sinta falta. 
Taylor afastou meu cabelo de meu rosto e voltou a beijar meu pescoço, prendeu minha pernas entre as suas, me impedindo de escapar. 
- Vou te mostrar que eu ainda sou o melhor. 
Puxou meu cabelo com força e mordeu meu pescoço, passava a língua devagar e beijava na direção do meu ombro. Respirei fundo e pedi que se afastasse. Taylor colocou a mão por dentro de minha blusa e começou a me provocar, mordiscava minha orelha e roçava sua barba por fazer em meu rosto. 
- Eu realmente senti sua falta, Isabelle - falou enquanto aproximava seu rosto do meu. 
- Mas eu não senti a sua - o empurrei antes que ele conseguisse me beijar. - Na verdade, ando tão feliz com Beck, que não tenho tempo para sentir falta de coisas inúteis como você. 
Tirei suas mãos de mim.
- Aliás Taylor, você pode até me provocar, mas não consegue me satisfazer, não chega nem perto disso. 
Vi a raiva inundar seus olhos, dei o sorriso mais cínico que pude e sai do banheiro. Procurei Fernanda, ela ainda estava falando com Beck e parecia brava. Me aproximei. 
- Algum problema aqui?
- Belle, por favor, diga a esse seu namoradinho ai, que você sempre passou a maior parte do tempo comigo e que isso não vai mudar tão cedo. 
Ri alto. 
- Vocês estão brigando por mim? Que lindo. 
- Anjo, amo esse teu sorriso. 
Olhei para Beck e senti meu coração amolecer. Seu cabelo longo estava jogado no rosto, seus olhos verdes pareciam brilhar. Meu coração vacilou. Beck era perfeito. 
- Não foi ao curso hoje. 
- Precisei resolver uns assuntos - me mandou um sorriso preguiçoso. 
Decidi que era melhor fingir que eu não sabia sobre Taylor. 
- Se ferrou, hahaha! O professor passou muita matéria - Fernanda disse. 
- Tenho uma boa professora para me ensinar - Beck piscou para mim. 
Sorri e disfarçadamente olhei para o banheiro, Taylor acabara de sair. 
- Onde vocês estão indo, senhoritas? - Beck disse. 
- Vamos fazer compras no shopping.  Aliás Bell, estamos atrasadas - disse Fer ao ver que Taylor havia saído do banheiro. 
Beck pigarreou. 
- Deixe sua janela aberta essa noite, anjo. 
Sorri e sai do restaurante com Fernanda, ao entrar no carro percebi que Taylor tinha voltado à mesa. 
- Descobriu alguma coisa sobre o Taylor e o seu homem? - Disse Fer. 
- Não coloque os dois na mesma frase, eu ainda odeio o Taylor. 
- E o que houve no banheiro? 
Suspirei. 
- Taylor é um idiota, preciso de uma batata recheada gigante para esquecer esse dia - ri. 
- Então vamos a-go-ra pro shopping!

Passei a tarde toda com Fernanda. Quando voltei para casa fiz lição de biologia e preparei um banho quente. Fui para o quarto, terminei de tirar a roupa e me enrolar na toalha e então ouvi um barulho. Fui devagar até o banheiro, de onde o barulho estava vindo, e então me surpreendi. 
- O que está fazendo aqui? 
- Tomando banho, anjo.
Beck estava totalmente relaxado na banheira. A espuma me impedia de ver qualquer coisa. 
- Entre anjo, você deixou a água na temperatura perfeita. 
Me aproximei da banheira. 
- Beck, feche os olhos. 
Beck riu. 
- É preciso muito auto-controle, me peça algo mais fácil. 
Revirei os olhos. 
- Beck, agora. 
Beck riu e fechou os olhos. Demorei alguns segundos para confirmar que não via nada. Tirei a toalha e entrei na banheira, me abaixei para que a água chegasse até meus ombros e me garanti que as espumas não permitissem um olhar privilegiado para Beck. 
- Pronto. 
Beck abriu os olhos e sorriu maliciosamente. 
- Você consegue ser má às vezes anjo.
Sorri. 
- Você aparece do nada na minha banheira e eu que sou má? Ah Beck, você me provoca demais. 
Beck se aproximou e acariciou meu rosto. Puxei seu rosto na direção do meu e o beijei. 
- Anjo…
- Não me repreenda. 
Beck voltou a me beijar com mais intensidade. Acariciava meus braços e deslizava a sua língua na minha. Mas ainda percebi que tentava me manter distante. 
- Anjo… Tem certeza do que quer?
Parei. 
- Eu quero você. 
- Anjo, venha cá. 
Fiquei de costas para Beck e sentei no seu colo. Beck me envolveu nos seus braços e beijou meu pescoço. Fechei os olhos.
- Poderia continuar desse jeito para sempre - falei. 
Beck beijou minha orelha. 
- Para sempre? 
Sorri e continuei com os olhos fechados. 
- Sim, para sempre. Mas meus dedos estão começando a enrugar - ri. 
- Quer sair da banheira anjo? Posso me arriscar a me controlar de novo. 
Concordei com a cabeça. Beck fechou os olhos e eu saí da banheira. Me sequei com a toalha e vesti uma calcinha com o símbolo do batman, peguei a camisa de Beck do chão e vesti. 
- Pode abrir os olhos. 
Beck me viu usando sua camisa e logo sorriu, joguei a toalha na sua direção e contra a minha vontade fechei os olhos.  Minutos depois Beck estava pronto. 
- Preparada, senhorita?
Ri. 
- Sim. 
Beck me pegou no colo e me levou para o quarto. Fomos diretamente para a cama. Aproveitei para beijá-lo máximo que eu podia e não tentei algo a mais. Estar com Beck era tudo o que eu queria, não importa o que estivéssemos fazendo. Dormi nos braços, sentindo seu calor e desejando que o mundo parasse pelo menos uma vez.