Fui dormir dentro do abraço de Beck, sentindo seu calor. E acordei sentindo muito frio. Eu não conseguia pensar direito, algo entorpecia minha mente. Tentei me levantar, meus braços não me respondiam. Tentei gritar, meu grito entalou na garganta, me sufocando. Eu não sabia mais se estava respirando, sabia que o ar estava entrando nos meus pulmões, mas era como se eu estivesse morta. Abri os olhos, eu não conseguia ver nada, só pontos brancos borrados no meio da imensidão do preto. Estrelas. 
 Logo a escuridão me dominou novamente. 

Senti algo quente em minha pele, algo quente e forte… Como se o sol tivesse forma física. Logo senti algo se encostar no meu peito, acariciar meu rosto, me abraçar forte. Que diabos estava acontecendo?
- …culpe, me desculpe…
A palavra foi dita apenas uma vez, mas ficou ecoando na minha mente. Desculpe, desculpe, desculpe… Incrível como aquela voz me soava familiar, mas eu não conseguia reconhecê-la. Eu não conseguia me lembrar de quem era, não conseguia ver onde estava, não conseguia reconhecer quem estava comigo. Não conseguia me lembrar de como abrir os olhos. 
Senti algo gelado cair sobre meu rosto, líquido e gelado… Escutei choramingos. O líquido escorreu pela minha bochecha. Eram lágrimas, alguém chorava por mim. Alguém estava chorando por cima de mim. Será que eu estava morta? Senti algo quente sobre minha pele novamente e uma luz brilhou em meus olhos. Senti minha testa enrugar, meus olhos se apertarem. Depois consegui abri-los novamente. Eu estava de volta, no meu corpo. O entorpecimento passou e senti pontadas no peito, era uma dor quase insuportável. Minha cabeça parecia martelar e meu sangue bombeava rápido demais. Eu ainda não conseguia conseguia controlar meu corpo, não conseguia mandar nos meus braços. Tentei falar alguma coisa, mas minha voz não passava de sussurros…
- Sem.. ar.
- Eu vou cuidar de você Bel, não se preocupe, eu vou cuidar de você. 
Algo naquela voz fez meu corpo estremecer ao máximo. Eu não reconhecia a voz. Forcei minha vista e consegui ver quem era. Cabelos castanhos e olhos mais castanhos ainda. O rosto quase que delicado demais para um homem. Lábios finos, sorriso doce e perfeito, sem nenhuma malícia, alargadores pretos, pele clara, nenhuma barba no rosto. Um nome veio à minha mente, mas eu não conseguia lembrar do que significava. Lembrei de beijos, lembrei de traição, lembrei de perigo. Olhei novamente para aquele rosto que me avaliava lentamente. Um nome. Eu conseguia lembrar o nome dele, mas por que não conseguia dizer? Juntei o resto das minhas forças. 
- Taylor…
Fechei os olhos e minha mente voltou a ser um abismo.