Senti as lágrimas escorrerem pelo meu rosto até cair no volante. Suspirei. Aquele inferno não poderia durar para sempre. Passei a mão no rosto e limpei meus olhos. Levantei a cabeça e me assustei ao ver o reflexo de Beck no espelho.

– Não me disse que iria vir aqui. - Ele falou cada palavra com cautela.

Respirei fundo e demorei para lhe responder. Senti o sangue ferver.

– Não me disse que tentou matar o meu melhor amigo.

– Belle, eu não fiz nada, é complicado explicar. - Sai do carro, senti que estava prestes a chorar, mas deixei de lado as lágrimas e logo a raiva me dominou. Beck me acompanhou, estava com o cabelo molhado, naturalmente jogado em cima dos olhos, seu rosto tinha uma expressão sombria.

– Sabe Beck, não é nenhum pouco complicado. Você viu o que fez com ele? Viu o quanto ele está louco? Foi uma escolha sua Beck, você escolheu errado. - Não vi culpa nos teus olhos. Avancei e dei um soco em seu peito. - Eu amo aquele garoto Beck!

Não tive tempo de retirar o que disse. Beck se virou e começou a ir embora.

– Olha Belle, - virou-se e me encarou - se quer acreditar que fui eu, que seja. O que fez aquilo com o teu querido amigo pode tentar fazer isso com você também. E não importa o quanto queira me bater, eu não vou deixar ele chegar perto de você, nem que eu tenha que fazer alguns sacrifícios.

Conforme Beck se aproximava eu ia me afastando, até que bati com as costas no carro e percebi que estava sem saída. Beck me puxou pela cintura e roçou os lábios na minha testa, subiu sua mão por debaixo na minha blusa e passou as unhas na minha pele. Senti cada centímetro do meu corpo ferver, minha respiração estava ofegante. Passei os dedos pelos cabelos de Beck e puxei seu rosto para perto. Seus lábios encostaram de leve nos meus; e o beijo foi somente isso: um selinho aparentemente inocente. Senti o ar quente sair da sua boca e acariciar meu rosto, seu hálito fresco me dominou com uma intensidade incrível. Abri os olhos e vi que Beck ainda estava com os seus fechados, observei sua boca, os traços perfeitos que tanto me faziam delirar. Beck abriu os olhos e minha respiração parou. Nos encaramos por alguns segundos. Senti Beck apertar minha cintura, passei o dedo pela gola de sua camisa e beijei violentamente seus lábios. Beck me pegou no colo e me deitou no capô do carro, cruzei as penas atrás de suas costas e colei meu corpo no teu. Quanto mais eu o beijava, mais deseja teu corpo próximo ao meu. Mordisquei teu lábio e ele começou a beijar meu pescoço. Passei os dedos pelo teu peito e fui descendo até que cheguei em sua calça. Estava prestes a "acelerar as coisas" quando senti meu celular vibrar.

– Não atenda. - Beck pressionou seus lábios no canto da minha boca.

– Beck, não consigo pensar direito - não era mentira, meus pensamentos estavam confusos e meu estômago parecia um borboletário.

Beck colocou a mão no meu bolso e pegou meu celular.

– Celular da Belle, ela está ocupada falando com o namorado. Ligue depois.

Sorri e me joguei em teus braços.

– Idiota.

– Seu idiota?

– Meu idiota.

Beck puxou meus cabelos e beijou novamente meus lábios.

– Beck, eu tenho que ir.

– Espera, preciso te falar uma coisa. - Me levantei e cruzei os braços. Beck riu. - Não finja estar brava. - Sentou no capô do carro e me puxou para perto dele, me abraçando por trás. - Vi que me ligou hoje e outra pessoa atendeu. Eu estava no clube, no meio de uma partida importante de pôquer, a garçonete atendeu.

– Pôquer de manhã Beck? - Sorri.

– Não ria Anjo, graças ao jogo vou poder te levar pra jantar qualquer dia. O que acha?

– Acho perfeito, obrigada. - Me virei e beijei de leve teus lábios. - Eu tenho que ir, quer dormir lá em casa?

– Tentador Anjo, mas vou ter que dispensar dessa vez. Quer que eu te acompanhe? Posso ficar lá por umas horas.

– Tudo bem.

Passamos a viagem toda conversando sobre beijos na chuva e abraços no frio. Beck ligou o som e cantou Los Hermanos alto, a cada refrão virava e me dava um beijo. Paramos em uma loja e compramos vários donuts e jujubas. Beck estacionou o carro e me puxou para o seu colo.

– Não sabe o quanto tu fica linda quando esta com o cabelo bagunçado.

Sorri, envergonhada.

– Vamos entrar? - Fiz biquinho, sabia que Beck não iria resistir.

– Droga Anjo. - Riu e me pegou no colo, me levou até o apartamento. - Quais são os planos pra hoje? Beijos, doces...?

– Cama. - Sorri.

Beck roçou os lábios em minha orelha e sussurrou:

– Mal posso esperar.