Are You Falling? escrita por nina staff


Capítulo 1
Capítulo 1 - Confusa




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Acordei com o sol diretamente no meu rosto. Praguejei, me espreguicei e bati no despertador. Era segunda feira, praguejei novamente e levantei da cama. Tomei um banho rápido, coloquei a roupa e fui me arrumar. Seria mais uma manhã tediosa; sempre com a mesma rotina: trabalho, curso, faculdade. Parece fácil falando deste jeito, porém era muito cansativo. Minha vida havia mudado muito desde que eu me mudei para Fresno. Me lembro de como eu era antigamente: uma garota interiorana, inocente, boba, frágil. E em menos de 6 meses tudo estava diferente. Não sei porque decidi morar sozinha, precisava do meu espaço, da minha bagunça, de algo que fosse só meu. Confesso que comprei o apartamento apenas para alimentar meu ego, escolhi não dividir o "apê" com ninguém por puro egoísmo. Na verdade, eu tinha um problema inexplicável, eu sentia que nenhum lugar era minha casa. Sorri ao lembrar do medo que senti antes de me mudar, olhei no relógio, estava atrasada. "Ótimo, maravilha, perfeito!". Peguei a bolsa no sofá e a chave na estante, desci correndo as escadas e abri a porta do meu Novo Uno. Eu provavelmente era a única maluca que andava com um carro azul nas ruas. Ajustei o retrovisor e vi uma mancha suspeita no meu pescoço. Era totalmente preta, tinha a forma parecida com uma pena, quando toquei-a não senti dor. Arrumei meu cabelo, o ruivo já estava começando a se desbotar, revelando alguns fios loiros. Deitei a cabeça no volante e comecei a respirar devagar. O que eu estava fazendo? Já deveria ter me acostumado com tudo isso, porém a monotonia, muitas vezes, é algo desafiador. Senti lágrimas escorrerem pelas minhas bochechas e logo suspirei. Não podia mentir, eu sentia falta de casa. Dei a partida no carro e de repente tive me vi tentada a desistir. Seria mais fácil se eu simplesmente largasse a faculdade, vendesse o apartamento e por fim, voltasse a ser a menina estúpida de antes. Suspirei. Tudo parecia perfeito até a nostalgia me dominar novamente. Por tantos anos eu procurei a liberdade, a solidão... Mas por quanto tempo eu aguentaria tudo isso, sem que meu coração virasse pedra? Havia algo perigoso na solidão: com o tempo, você descobre que nunca está sozinho. Pisei no acelerador, eu já havia decorado o caminho. Virar pra esquerda, passar duas esquinas, virar a direita e ir reto pela avenida. Parei quando vi o sinal vermelho, olhei no relógio, eram 8:40, eu estava 10 minutos atrasada. Liguei o rádio e coloquei meu CD Diamonds In The Rough, eu escolhia sempre a mesma música. Comecei a cantar Girl I Know e a bater no volante, logo escutei Until The End e Walk. O transito estava realmente parado. Olhei novamente no relógio, eram 8:40; bati o dedo indicador no vidro e percebi que estava parado. Abri a janela, buzinei e ninguém pareceu reclamar. Olhei para os outros carros, por que ninguém estava se mexendo? Abri a porta e sai, já com o coração acelerado. Um casal de jovens estavam na rua, totalmente paralisados. Olhei no relógio da menina, os ponteiros imóveis marcavam 8:40. Arfei e voltei para o carro, deitei novamente a cabeça no volante e tentei me acalmar. Encostei a cabeça no banco e fechei os olhos, respirei fundo. Eu devia estar louca, todas as aulas e as contas de matemática me deixaram horrivelmente maluca. Abri os olhos lentamente, o sol iluminava o parabrisa e causava ardência nos meus olhos. Senti o vento passar entre meus cachos e logo percebi que havia uma pena grudada debaixo do limpador de parabrisa. Peguei-a, era preta assim como a mancha no meu pescoço, acariciei-a e senti que nela havia uma força particular, um poder. Guardei a pena no porta luvas e ri de mim mesma, a televisão estava me deixando alienada. E tudo aconteceu muito rápido: escutei vários barulhos, de uma só vez. Abaixei a cabeça e tampei os ouvidos, permaneci assim até que o barulho se amenizasse. Quando olhei pela janela, o casal não estava mais na rua, meu relógio estava funcionando normalmente, o sinal estava verde e meu carro era o único que permanecia parado na rua. Ignorei todos os xingamentos que ouvi e dei a partida novamente. O que tinha acontecido aqui?


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