Eu Campista 2 escrita por Katagyu Suzuki


Capítulo 3
Capítulo 3: Revejo um amigo.


Notas iniciais do capítulo

Demorei, mas aqui está o capítulo 3!



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– Rachel – me aproximei dela, minhas mãos tremendo – Qual seria minha missão?

A ruiva se dobrou novamente, os olhos verdes. Eu não fiz nada para ajudá-la, fiquei olhando para a menina com um olhar um pouco frio e impaciente, apesar de por dentro estar morrendo de medo da profecia.

Ela levantou a cabeça pra mim, e colocou suas mãos em meus ombros. Argh. Agora a coisa tinha ficado séria.

– Navegará, por sua culpa, em morte demente.

Em busca do titã numa missão urgente

E no meio dos caminhos encontrarás

Aquele que o mundo poderá salvar

Isto ocorrerá quatro dias antes do solstício,

No lugar onde não se encontra nenhum benefício.

Ela caiu novamente, meu olhar ainda frio como gelo, e Guilherme ajudou-a a se levantar.

– Porque isso vai acontecer no solstício? – perguntei, quando ele sentou Rachel em uma das cadeiras espalhadas por ali.

– Sei lá. – disse Guilherme– Mas pelo jeito não tem um limite de pessoas dessa vez. Eu não vou.

Olhei assustada para ele, até ela suspirar novamente.

– Eu vou fazer uma missão já. – falou, se levantando – Não vai ser dessa vez, Daniella.

Dito isso, ele saiu da sala. Ele por acaso tentou ser dramático? Camila suspirou, rindo baixinho.

– Deixe ele – ela colocou uma mão no meu ombro – Ele começou a gostar de uma filha de Afrodite faz alguns meses, mas não foi bem sucedido como certa “Nix” que eu conheço.

Eu olhei pra ela com um olhar sinistro, mas Camila riu. Pelo meu jeito meu rosto estava vermelho. Sr. D apenas revirou os olhos.

– T-Tá bem. Estou com pena dele. – falei, cruzando os braços. – Mas e aí?

– Nossa missão vai ser no Mundo Inferior novamente – disse Nico, ao meu lado – Suas missões são entediantes, maninha.

– Quem disse? – respondi.

– A profecia, duh. – ele disse, rindo da minha cara, mas Quíron o interrompeu.

– Na verdade não, Nico. – e ele olhou surpreso como se dissesse “e em que outro lugar não há benefícios?!” – Estou desconfiado que seja em Roma.

– ROMA?! – engasguei. – E porque lá não teriam benefícios?!

– Porque gregos e romanos juntos sempre dá algo errado.

Engoli em seco. Aquilo talvez fosse verdade. Camila estralou os dedos.

– Então... – ela começou – Érebo por acaso tá indo pra Roma? O que ele quer fazer lá?

– Provavelmente derrubar o Império Romano. – respondeu o Sr. D. Ele havia dito algo útil? Wow. – Mas sua missão começa quatro dias antes do solstício. Ou seja, Danete, Carolina e Nicolas, podem ir.

– Treinem. – disse Quíron, antes de eu fechar a porta.

– “Treinem” – repetiu Camila, de um modo engraçado – Como se eu não treinasse todo dia! Olhe com quem ele tá falando, aquele centauro!

– Você esqueceu de me cumprimentar, sabia? – disse uma voz em um sussurro pra mim.

Eu levei um susto. Dei uma cotovelada no peito de quem quer que fosse, para logo depois puxar seu braço direito e torcê-lo. Depois chutei a perna do garoto (que agora eu notei que era um) e ele caiu no chão, de joelhos, gemendo de dor.

– P-Poxa, eu só ia te dar um oi! – ele virou o rosto, e eu reconheci imediatamente como o filho de Apollo do ano passado, Vinícius. Eu conversei bastante com ele ano passado, e nos tornamos amigos, não muito próximos. Quem sabe nesse verão. – Desde quando está tão violenta?!

– Você me assustou. – ofereci minha mão, e ele aceitou.

– Você faz isso com as pessoas que te assustam? – disse ele, rindo, depois que se levantou. – Vou contar pro Murilo te assustar então.

– O Murilo! Eu esqueci de cumprimentá-lo! – falei, dando um tapa em minha própria testa.

– Vamos lá pro chalé de 7 então. – Vinícius disse, apontando o chalé com a cabeça, fazendo o seu cabelo virar um pouco na direção de onde ele tinha apontado. Seus olhos azuis claros brilharam um pouco quando ele sorriu, logo em seguida. Desde quando ele tinha ficado tão bonito?

Ok. Eu sou pervertida. Admito isso aqui porque o Connor não está me ouvindo.

Nico estava me encarando com aquele olhar frio e sinistro dele, de braços cruzados. Eu tinha ficado muito tempo olhando para o rosto do Vinícius? Camila riu baixinho.

– Vai lá, ô princesinha. – ela disse, me empurrando. Aquele maldito apelido manchou a reputação que eu não tenho! – Eu vou “treinar” como Quíron aconselhou pra fazermos.

– Eu também. – Nico virou de costas e marchou em direção à arena de combate. Estou com a impressão que ele vai imaginar a cara do Vinícius em quem está socando. Eu adoro quando ele sai irritadinho assim. É engraçado. Então fui acompanhando Vinícius até o chalé 7, conversando e rindo com ele, perguntando sobre o acampamento.

Descobri que Murilo havia conseguido uma namorada, uma garota do chalé de Démeter, chamada Vanessa. Se for aquela garota que “me dedou” pro Percy, isso não diminui minha vontade de fazer uma pegadinha com ela. Vinícius continuava solteiro, como poucos irmãos em seu chalé.

Olha, do jeito que ele é (lindo, fofo, bonito, legal, gente fina, lindo, quente, lindo, legal), não vai demorar pra arranjar alguma.

– Ooooi. – disse, abrindo a porta do chalé – Licença aê.

Então, sabe quando aqueles personagens de anime sangram pelo nariz? Era exatamente o que eu queria fazer agora. Por um impulso, levei minha mão ao nariz, cobrindo ele e minha boca, que tinha um sorrisinho bobo nela.

Imagine que não tenha garotas no chalé de Apolo. Pronto, simples não? Acho que vi elas indo treinar na quadra de vôlei quando estava correndo de Percy.

Agora... Imagine que os garotos do chalé de Apolo estão voltando de algum treino, e a maioria deles está sem camisa, outros despenteados, enfim, se trocando pra fazer alguma coisa.

É. Ali a situação tava linda. Maravilhosa.

E eu poderia adicionar um milhão de adjetivos aqui pra descrever a cena, mas não seria o suficiente. Sério.

Senti um tapa na parte de trás da minha cabeça, que me empurrou pra frente. Vinícius estava sorrindo maliciosamente, como se dissesse “calma, você nunca viu tantos garotos quentes desse jeito reunidos antes?” e depois riu. Eu cruzei os braços e virei a cabeça.

– Essa aqui é a Dani, filha de Hades, uma amiga minha. – disse, me apresentando.

– Ah, eu sei quem ela é. – disse um dos garotos sem camisa. Ele tinha cabelos castanhos com um pequeno topete pra cima e olhos azuis. Sua pele era bem clara, e tinha feições bonitas, como se tivessem o “feito” com muito cuidado. Seus olhos eram redondos e grandes, o que destacava o lindo azul escuro que eles possuíam. – Você é aquela que pintou o cabelo do Percy de azul, não foi? – depois ele riu. – Haha! Ele ficou muito engraçado!

– Diz aê, o que você usou? Foi tinta mesmo? – perguntou um garoto de cabelos pretos e espetados, com olhos verdes e inclinados, semicerrados naturalmente. Acho que tinha algo de descendência asiática. Ele, infelizmente, já estava vestido.

– Não foi. Não posso contar o que é. Os Stolls me matariam. – eu comentei, fazendo algumas pessoas do chalé rirem. – Só posso dizer que ele vai ficar daquele jeito por algum tempo.

– Brilhante. – um garoto de cabelos negros pulou da beliche, batendo palmas. Reconheci imediatamente como Murilo. Abri um sorriso ao vê-lo.

– Heh. – caminhei até ele de braços cruzados com um sorriso malicioso. Ele estendeu a mão, e eu a apertei e a balancei. – E aí?

– Estou bem. E você?

– Também.

– Estava com saudades.

– Idem.

Alguns podiam levar essa conversa pro lado malicioso, mas todos naquele chalé sabiam que eu e ele estávamos namorando pessoas diferentes.

E que eu poderia cortar o pescoço de quem me contrariasse.

Namorando...

– Epa... – sussurrei pra mim mesma, depois aumentando o tom de voz – Preciso ir. Tem alguém me esperando.

– É com muita urgência? – Vinícius perguntou, me oferecendo algo que eu vi que era um violão. – Quero saber se você toca algum instrumento.

– Porque tá me perguntando isso? – olhei para o violão, levantando uma sobrancelha.

– Porque eu quero ouvir você tocar. – ele me estendeu o violão, e Murilo pegou uma cadeira pra eu sentar. Os filhos de Apolo me olhavam curiosos.

Desculpe-me, mas ninguém resiste a pelo menos uns dez ou quinze olhares de garotos LINDOS.

– E-Eu sei. – peguei o violão, me sentindo um pouco incomodada pelos olhares. Mas depois comecei a tocar uma música da minha banda preferida, Skillet.

Falling in the black
Slipping through the cracks
Falling to the depths can I ever go back
Dreaming of the way it used to be
Can you hear me
Falling in the black
Slipping through the cracks
Falling to the depths can I ever go back
Falling inside the black
Falling inside falling inside the black…

Tá. Aquilo não foi a melhor música que eu já cantei. Mas é uma das que eu mais gosto. Eu achei que eu tinha ido muito ruim, porque eu simplesmente odeio minha voz, e acho que eu toco pessimamente ruim.

Mas pra minha surpresa, eles bateram palmas.

– Parabéns, Dani! – disse Vinícius, se levantando. Ele me entregou uma palheta e uma capa de violão preta. – Ele é seu.

Meu queixo caiu. Eles estavam me dando um violão assim, na lata? Eu virei o violão com as mãos, várias vezes, observando os detalhes. Ele era todo preto, de uma madeira reforçada. As cordas estavam novinhas. As tarrachas eram de ouro. A marca do violão era Takamine (que é uma das melhores marcas do mundo, aliás). Lógico, nunca vi violões da Takamine com tarrachas de ouro, eles devem ter as trocado. Mas se eles vendessem... Quantos dracmas poderiam ganhar? Eles estavam doidos de dar aquilo de graça pra mim! A palheta era toda preta, com os dizeres “Symmetry” em branco. Pelo jeito todos do acampamento sabiam dessa minha mania por simetria agora.

– Eu não posso aceitar isso! – eu gritei pro Vinícius, que riu. – É sério! Vocês são loucos de dar isso pra mim!

– Hey. – Vinícius passou um dos braços dele pelos meus ombros, abrindo um sorriso maravilhoso – É sério. Eu consegui isso de graça.

Dei um olhar malicioso pra ele.

– De graça? Roubou?

– Não! – ele pareceu chocado por um instante. – Pedi à um filho de Hefesto pra concertar meu velho violão.

– V-VELHO? – eu engasguei. – ISSO AQUI É UM VIOLÃO DA TAKAMINE!

Ele deu de ombros.

– E daí?

– Cê é rico demais! – eu olhei espantada pra ele.

– Ahn... – Vinícius colocou uma das mãos atrás da cabeça, bagunçando os próprios cabelos (o que me fez ter um ataque interno). – É. Eu sou meio rico sim, por parte mortal. Mas de qualquer forma, eu comprei vários outros violões. Estão lá com minha mãe mortal.

Meu queixo caiu novamente. Se ele era tão rico assim, imagina como seria a casa dele! Cheia de instrumentos, cheia de pôsteres, e é claro, enorme. Eu queria ir lá conhecê-la um dia!

– Aí eu pedi pra eles concertarem... Alguns queriam me cobrar, mas um amigo meu disse que faria de graça, se eu conseguisse um encontro com uma irmã minha... – ele deu uma forte tossida nessa parte. – Enfim, eles tão namorando agora. Mas isso é pra uma outra conversa.

– Certo... Mas as tarrachas precisavam ser de ouro?!

Ele riu novamente.

– É aí que tá a parte legal. – ele tocou nas tarrachas – O violão é uma arma.

– Uma arma? – então aquilo era ouro celestial? – Cê tá brincando!

– Tô não! Vai, gira o violão nos dedos.

Eu nunca fiz isso, mas pelo jeito eu consegui. No começo, o violão estava pesado, mas no meio da volta ele ficou bem mais leve, e minha mão se fechou em um punho de espada. Era uma espada dourada, com o punho preto. No fim do cabo que unia a lâmina com o punho, de cada lado tinha uma caveira dourada.

– Eu...

– Essa espada é feita pra filhos de Hades. – ele me explicou. – É sua! Vai, é um presente meu!

Tem como alguém ser mais fofo que isso?!

– Valeu Vinícius! – eu o abracei forte. Ora, não é todo dia que isso acontece. – Mas agora eu preciso ir. – eu dei um beijo na bochecha dele agradecendo mais uma vez o presente, e com um aceno de cabeça, dei tchau pro Murilo, e com um aceno de mão, dei tchau ao chalé dos garotos lindos.

Fechei a porta do chalé, admirando a espada. Depois a transformei em violão novamente, coloquei a palheta no meio das cordas que ficavam perto da pestana, prendendo-a lá. Guardei o violão na capa de couro, e segui rumo ao chalé 13.


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Notas finais do capítulo

E aí? Gostaram da minha nova arma? ┌(・。・)┘
A música é Falling Inside the Black, da Skillet.