SasuHina :: Moon Light escrita por Nana


Capítulo 5
Autocontrole


Notas iniciais do capítulo

E aí, minha gente bonita. *-* Obrigada por terem lido até aqui e espero que gostem desse capítulo.
Se possível, leiam as notas no final.
Olha, ficou grandinho esse :O



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Hinata’s POV

Meus passos eram apressados na mesma medida em que eram desajeitados. Tenten-chan já havia se disponibilizado para me ajudar. Hanabi pareceu tão incrédula quanto qualquer outro depois da discussão que eu tive com meu pai e após o momento que eu sai da casa... Disposta a não voltar mais. Tantos pensamentos giravam em minha mente e eu não sabia mais o que fazer. Tudo pareceu claro o suficiente no momento eu que eu decidi seguir com os meus desejos, ignorar aquela ideia inútil de que eu era capaz de assumir o clã. Meu pai concordava comigo. Eu não estava preparada.

Agora eu estava ali, na casa da Kurenai-sensei. Fazia algum tempo que nosso time não se reunia com a antiga sensei – que estava, todos esses anos, ocupada dedicando-se ao seu filho. Eu precisava conversar com alguém, explicar o que estava acontecendo. E quem melhor do que os meus maiores amigos?

“Como assim você não vai herdar o clã?” A voz de Kiba soou absurdamente alta.

“Ki-Kiba-kun... Fale mais... Baixo...” Supliquei.

“Vai acordar o Aiko” Kurenai-sensei resmungou, se sentando em uma cadeira próxima. Seu filho tinha um sono leve e quando acordasse, ela sabia que o pequeno de cinco anos não lhe daria sossego. Ela voltou seu olhar para mim. “Você não havia me dito sobre essa sua relação com o Sasuke, Hinata.”

“Esqueceu-se da gente.” Shino murmurou, com aquela comum aura de depressão ou rejeição.

“Nã-Não, Shi-Shino-kun! Eu só... Não tive tempo...” Me apressei em dizer. “E... Realmente não sei explicar essa relação.”

“E o que vai fazer agora, Hinata?” A pergunta veio da sensei. Só então, eu realmente parei para pensar naquilo.

“Eu não sei...” Admiti, imaginando alguma forma de explicar a situação ao Naruto-kun e pedir permissão para continuar com a missão.

Mas acho que eu fiz um bom “trabalho”, já que consegui sua autorização – mesmo que eu tivesse uma condição a seguir. Por fim, acho só que... Naruto-kun me entendia. Na verdade, ele entendia a todos. Esse era um dos motivos de ele ser hokage, não? Eu passei por momentos... Difíceis depois que me declarei. Eu não esperava realmente um sentimento igual em troca quando eu disse que gostava dele. Eu só queria que ele soubesse. Só fui egoísta o suficiente para “usar” aquele momento, que poderia ser o seu ultimo, para que eu pudesse continuar a viver – ou morrer – em paz. Mas foi bom, de alguma forma. Eu descobri como diferenciar meus sentimentos. Eu sabia o que era gostar. Se apaixonar. Amar. Naruto-kun era importante para mim. Ele tinha um papel importante em minha vida. Ele quem me deu forças para continuar. Mas tantas pessoas haviam tido essa mesma sorte que eu. E apenas eu havia confundido esse sentimento. Gratidão. Aquela vontade de que ele fosse feliz. Comigo ou com qualquer outra pessoa – que no caso, era Haruno Sakura. Agora eu tinha um novo problema. Descobrir o que era aquilo... Que eu sentia em relação à Uchiha Sasuke. Que me fazia me importar tanto com ele a ponto de esquecer os outros. Que me fez dar as costas ao meu clã. Eu sempre soube que Hanabi ou Neji tinham mais capacidade de liderar o clã do que eu. Mas eu nunca teria coragem para deixar isso acontecer... Se não fosse por ele.


Sasuke’s POV


Não importava o quanto eu me irritasse com aquilo, eu sabia que iria chegar a hora que eu teria de admitir. Que eu estava vivendo em um mundo onde tudo era sobre eu e ela. E só de imaginar que eu havia deixado que chegasse naquele ponto, eu me sentia fracassado. Por ter me entregado para aquele par de olhos perolados. Mas nada disso importava. Eu sabia que, no fim de cada dia, eu ainda estaria ali. E quando ela sorrisse, eu iria esquecer todas essas coisas irritantes que eu ainda me dava ao trabalho de pensar.

Na noite anterior, ela havia avisado que sairia mais cedo de casa e eu provavelmente não iria encontra-la ao acordar. E foi o que aconteceu, já que eu havia voltado a dormir minhas noites durante todo o período necessário. Era o dia do tão esperado teste, então me apressei para o local marcado. Quando cheguei ao prédio principal, um Anbu me aguardava no portão. Ele proferiu um baixo “venha” e eu não consegui reconhecer sua voz apenas com aquilo. Ele me guiou pelos corredores do prédio e parou em frente a uma porta a qual eu não me lembrava. Abriu a mesma e indicou para que eu entrasse. Era uma sala pequena, com uma mesa e duas cadeiras. Sobre ela, havia um tabuleiro fechado de Hougi (Xadrez Nipônico). Meu olhar se ergueu para Sakura, que estava encostada na parede do fundo da sala.

– Olá, Sasuke-kun. – Ela sorriu e se aproximou. Reparei que ela pretendia dizer alguma coisa, mas foi interrompida pelo barulho da porta se abrindo novamente.

– E aí. – Shikamaru cumprimentou, retirando as mãos do bolso e se sentando em uma das cadeiras. Não precisava ter um QI tão alto quanto o dele para saber o que estava para acontecer.

– Seu teste vai ter três fases. – Sakura proferiu, fazendo com que eu voltasse meu olhar para ela. – Uma delas você já fez. A segunda é até que... Simples.

– Vamos jogar um pouco de Hougi. – O Nara disse, com um sorriso, enquanto arrumava as peças no tabuleiro.

Aquela ideia era simplesmente ridícula, eu nem jogava aquilo direito, imagine contra Shikamaru. Mesmo assim, me sentei na cadeira e tentei parecer confiante. Ele quem começou a jogada e eu apenas o imitei, sem saber bem o que eu estava fazendo. Não lembro bem quantas horas se passaram, mas foram suficientes para Sakura sair da sala, voltar. Ela ficou mais um bom tempo sentada, observando-nos de forma tediosa. Eu já estava tão entediado quanto ela e depois de um longo bocejo, decidi dar um fim naquilo.

– Eu desisto. – Proferi, erguendo meu olhar. Ele sorriu para mim, mas não disse nada.

– Boa sorte. – Shikamaru murmurou para mim.

No mesmo instante, a porta se abriu. O mesmo Anbu, surgindo e indicando para que eu o seguisse. Ele me guiou até a arena – a mesma onde o Exame Chunnin costumava ocorrer – sendo mais exato, até o vestiário.

– A próxima etapa do teste será realizada por uma luta. – Ele disse, parado na porta. Seu olhar inexpressivo sobre mim. Luta. Parecia simples. – No qual o oponente será Hyuuga Hinata.

A partir dali, ele desapareceu mais uma vez. O dia estava nublado, indicando chances de chover. Isto até me parecia um sinal de que as coisas não iam bem. Dentro dos vestiários da arena, sentava-me em silencio sobre um dos bancos, olhando para um ponto qualquer. Minhas mãos sempre apoiando meu queixo, e meus cotovelos apoiados sobre os joelhos. Estava pensativo, pois sabia que aquela luta era importante para mim, mas de toda forma não queria ferir Hinata. Eu não havia cogitado aquela hipótese. Na verdade, sequer havia imaginado que eles pensariam em algo do tipo. Tudo estava indo tão longe a ponto de considerarem ela uma “fraqueza” pra mim? Filmes se passavam em minha cabeça, eu sabia que o fato de o oponente ser ela me faria fraquejar na hora de executar alguns movimentos. O modo mais fácil de vencer seria encurralá-la e imobilizá-la o mais rápido possível, evitando qualquer corte ou ferimento mais grave. Esperava por um sinal, o toque de um tambor forte o suficiente para alcançar meus ouvidos. Eu estava na esperança de que demorasse, mas não foi o que aconteceu. Assim que me lembrei do som, ele soou. Levantei-me então de cabeça erguida, dei uma funda inspirada antes de passar por aquela porta e me dirigir ao campo. Com passos lentos eu rumei até lá, aquele cenário me transmitia boas lembranças, ao mesmo tempo perturbadas. Lembrou-me o dia da luta com o cara do deserto, quando as coisas começaram a fugir de ordem. Do outro lado vinha Hinata, andando sempre de um jeito meigo e hesitante. Nas arquibancadas, Kakashi sentava-se paciente, esperando pelos resultados daquele embate. Caminhei até o centro, assim Hinata também o fez. Olhei profundamente naquelas íris esbranquiçadas, meu primeiro erro.

– Se algo sair errado, me desculpe – Murmurei, meus olhos ainda focavam os seus e pensamentos cercavam minha cabeça, que rapidamente fora chacoalhada para ambos os lados visando despertar. Dei alguns passos para trás, posicionando-me em defensiva.

– S-Sim, me desculpe também... – Ela pronunciava de seu jeito gentil, mesmo naquele momento, enquanto mantinha-se em posição. Eu não estava com muita coragem para começar atacando, mas não tinha escolha, ela também não ia fazê-lo.

Meus olhos focavam-se numa abertura em sua defensiva, eram precisos, porém sem a ajuda do Sharingan tornavam-se menos eficazes. Inclinei meu corpo, pondo-me a correr, focando sua coxa direita. Ia socá-la ali para impedir que se movesse tão bem, depois atingiria a costela de leve, apenas para fazer-lhe perder o ar, e se tudo fosse como esperado, poderia já imobilizar a Hyuuga para dar fim ao combate. Os olhos semicerrados, estava tomando proximidade. Quando alcancei seu corpo, fui rápido ao preparar a mão de forma discreta, mas ela pareceu ter antecipado isto.

– Kaiten! – Sua voz alcançou meu rosto, meus olhos se arregalaram em forma de surpresa por um instante.

Um turbilhão de chakra concentrado rodeou seu corpo conforme a mesma girava, senti a palma de suas mãos por umas três vezes atingindo diferentes pontos de meu corpo antes de ser arremessado pelo quarto golpe há metros. Meu corpo voou por instantes, bati com minha mão direita sobre a terra para girar e cair de pé. Algumas marcas vermelhas cobriam meu corpo agora, dentre elas, uma estava em minha bochecha, foi a primeira vez que sua mão me acertou. Eu já ia voltar a atacar quando ela se lançou para perto de mim, ergui o joelho para bloquear a palma de sua mão que visou atingir meu estomago, meu pé que se encontrava sobre o chão foi obrigado a arrastar para trás. Apoiei meu corpo novamente, sentindo certo alivio por escapar desta.

Outra vez vi a palma de sua mão bem próxima de meu rosto, mas me abaixei desta vez. Girei o corpo para passar-lhe uma rasteira com o calcanhar, com sucesso. O corpo de menina se levantou no ar, de leve, desferi um soco em seu estomago fazendo proveito de minha posição, e ainda por baixo, segurei seu braço para realizar outro giro e atirá-la ao chão. Contudo, o receio de feri-la que era forte por sinal me impediu de fazê-lo direito. Seu pé empurrou minhas costas e meu rosto tocou o chão, Hinata usou meu corpo como apoio para saltar e evadir o ataque. Meu queixo raspou pelo chão, bati ambas as mãos sobre o chão para me empurrar para o alto novamente. Quando me virei para olhar em seus olhos, Hinata já desferia novos ataques. Duas Kunais foram lançadas desta vez, esquivei das duas saltando e rolando para a direita. Ao levantar, já me pus a correr ao redor da garota.

Meus olhos focados, abri a bolsa de armas e retirei de lá três Kunais, cujo segurava uma em cada mão e carregava uma com os dentes, na boca. A primeira Kunai fora lançada por minha mão direita, visando atingir sua coxa esquerda, tentando fazê-la saltar. Hinata apenas retirou a perna do lugar para esquivar. Frustrado, tentei outra vez, atirei a segunda Kunai com a mão esquerda, para atingir-lhe o pé. A terceira Kunai eu lancei para o alto, sacando-a e atirando logo em seguida. Quando esta fez sua trajetória, a garota saltou de punhos prontos para me atacar, mas esta era a minha intensão. Antecipei seu ataque e saltei também. Reparei que ela estava lutando a sério e imaginei que era por conta das ordens que lhe foram dadas, daria o meu melhor também. Com as costas das mãos, rebati ambos seus ataques, desferindo um chute na altura da costela, a Hyuuga tombou e caiu de lado sobre o chão. Quando toquei o mesmo, corri para alcançá-la. Atirei meu corpo por cima do seu e agarrei-lhe os braços, imobilizando-a. Seus olhos se arregalaram no mesmo instante e suas bochechas coraram rapidamente. Juntei seus pulsos numa só mão, sacando outra Kunai de dentro da bolsa para colocá-la perto de sua nuca e encerrar o embate. Kakashi se levantou.

– Forte. – Avaliei em um sussurro. Ela sorriu, mesmo ainda parecendo envergonhada.

– Certo. Podem se afastar. – O pervertido ex-sensei se aproximou, sua voz soando sarcástica e transbordando duplo sentido. Guardei a kunai e me levantei, estendendo a mão para ajudar Hinata. – Você receberá seu resultado ainda hoje, Sasuke. Encontre-nos na sala do Naruto em uma hora.

Ele foi o primeiro a sair da arena. Voltei meu olhar para Hinata que ainda sorria. Por fim, acho que ela cumplice de tudo aquilo. Mas eu sabia que ela não tinha muitas opções a não ser obedecer.

– Coma alguma coisa, Sasuke. Até daqui a pouco. – Disse e seguiu na mesma direção que Kakashi.

– Tsc. – Resmunguei para ninguém em especial.

– Parece que se deu bem nos seus testes. – A voz conhecida de Hyuuga Hanabi chamou minha atenção. Virei meu olhar para ela.

– O que faz aqui?

– Tenho que ir para o escritório do Hokage, mas queria conversar com você antes. – Ela dizia, se aproximando e parando na minha frente. Segurou na gola de minha camisa e me puxou para mais perto. – Não fiquei feliz quando minha irmã abandonou o clã.

Suspirei. Já estava me acostumando com os membros do clã Hyuuga me ameaçando. Mas ela não estava prestes a me ameaçar. Reparei quando ela sorriu para mim. Soltou minha camisa e se afastou.

– Mas também não fiquei triste. Na verdade, fiquei orgulhosa. Por ela finalmente fazer algo que ela queria. – Ela continuou. – Você deu coragem a ela, Uchiha. Saiba que isso significa algo. E não seja idiota a ponto de deixar isso de lado.

– O que espera que eu faça? – Indaguei, mesmo que eu já soubesse a resposta. Ela queria que eu deixasse de lado essa imagem que eu tentava passar. De que meus sentimentos eram inalcançáveis.

– Você sabe. – Retrucou, erguendo uma sobrancelha.

– Não tenho tanta certeza disso. – Teimei em continuar.

– Pois deveria. – Ela me disse, erguendo a mão em despedida e me dando as costas. Aquelas mesmas palavras eu me lembrava de ter ouvido no dia em que nos encontramos na biblioteca. Ela parecia irritantemente confiante demais considerando sua idade.

Teste de paciência. Eles não haviam dito, mas deveriam ter programado aquilo também. Andei em meus passos pesados até o restaurante mais próximo e comi um lanche qualquer por lá. Ainda estava cedo, almoçar não era uma opção. Fiquei enrolando durante todo o tempo que eu precisava esperar e me apressei em direção ao escritório quando o relógio do lugar marcava que já haviam se passado uma hora. Entrei na grande sala e dei alguns passos, ficando bem próximo da mesa do loiro.

– Sasuke! – O Hokage sorriu abertamente para mim.

– Não grite, idiota, estou perto de você. – Cerrei o olhar para ele.

– Eu sou o Hokage, mais respeito, teme! – Ele berrou. Voltou seu olhar para o Hatake, uma veia ainda saltando em sua testa, provavelmente por eu não dar muito valor a sua atual “autoridade”. – Kakashi, você pode explicar?

– Ahn, certo. – Respondeu. Apenas pelo tom de sua voz, era possível saber que ele estava se divertindo. – Seu teste se dividiu em três partes. Na primeira, sua capacidade “social” foi testada. Por Hyuuga Hanabi.

– Culpada. – Só então parei para prestar atenção nos presentes. A jovem Hyuuga me lançava um sorriso divertido pela situação. “Teste surpresa?”, pensei. Meus olhos passaram por todos os presentes ali, além do Hokage: Ela, Kakashi, Sakura, Shikamaru, Hinata. Então, voltei a encarar o ex-sensei.

– E sua estratégia foi testada por Shikamaru. E... Por último, mas não menos importante: A sua lealdade foi testada por mim... Durante sua luta com Hyuuga Hinata. – E aquilo me pareceu suficiente. Eles estavam se divertindo as minhas custas, óbvio. "Lealdade", pensei. Então realmente queriam saber se eu teria coragem de machucar Hinata.

– E você passou, teme! – A voz de Naruto sobressaltou todas as outras, demonstrando sua animação com o resultado. Uma gota surgiu na cabeça de Kakashi, supostamente por Naruto não ter esperado ele terminar.

– Atrapalhou tudo. – Hanabi quem resmungou.

O Hokage me estendeu um pergaminho, minha espada – kusagani – e uma bandana com o símbolo da vila. Aproximei-me, com a minha mesma face inexpressiva de sempre e peguei os objetos.

– Sua primeira missão vai ser junto a Hinata. – Ele disse, parecendo alegre. – Vocês irão treinar um time de Gennin’s.

– Dois superiores para um time? – Indaguei, até que curioso.

– Na verdade, Hinata-chan é a superior. – Naruto proferiu com orgulho, me lançando um sorriso animado. – Você precisa voltar a treinar e só depois vou te dar uma missão fora da vila.

– Por que isso? – Cerrei meu olhar para ele novamente.

– Vocês irão se encontrar na área de treinamento onde seu antigo time treinava, dattebayo! – O Hokage disse, ignorando minha pergunta e olhando para Hinata. Ela apenas afirmou com um movimento da cabeça. Estendeu as mãos e fez um sinal que nos dispensava. – Podem ir agora.

Eu não tive tempo para muita coisa. Apenas o suficiente para amarrar minha bandana da cabeça, prender a espada em minha cintura e seguir Hinata em direção a área de treinamento do time quatro.

– Você sabia disso? – Indaguei, durante o caminho, enquanto abria o pergaminho.

– Uh? – Ela voltou seu olhar para mim, devia estar distraída. Se movia rapidamente, seu corpo se movendo de forma graciosa, como sempre.

– Sabia sobre o teste?

– Ahh. Não... Eles só disseram que... Eu teria que lutar com você... Desculpe não ter dito sobre isso. – Se explicou, sorrindo para mim. – E eu não sabia que Hanabi-chan fazia parte do teste.

Aceitei aquela resposta, acreditando que ela não tinha motivos para mentir para mim. Meus olhos passaram rapidamente pelo conteúdo do pergaminho – este que explicava sobre minhas condições como ninja da vila: Eu tinha minha katana, mas o selo só seria tirado quando eu não precisasse mais ser vigiado por Hinata. Então, parei para pensar sobre o assunto. Iria chegar um dia em que ela não precisaria mais me vigiar. Um dia em que ela iria embora e não precisaria voltar. Sua missão estaria completa. Meu olhar se desviou para ela mais uma vez. Sua expressão estava perdida novamente, distraída. Será que ela nisso que ela pensava?

Continuamos nosso percurso e ao chegarmos, constatei que ou estávamos atrasados, ou sortudos por termos discípulos pontuais. Pelo menos, dois deles que já estavam ali.

– Ahn... Você é a nossa sensei? – A garota presente indagou. Era mais baixa do que o menino. Possuía um longo e liso cabelo verde, da mesma cor que seus olhos.

– Sim. Meu nome é Hyuuga Hinata. – A Hyuuga respondeu, com um sorriso gentil nos lábios. – E esse é Uchiha Sasuke.

– Sou Akane e esse é o Makoto. – Se apresentou, apontando para um menino silencioso que estava sentado sobre uma pedra, avaliando uma kunai em suas mãos. Este era moreno, com olhos castanhos. Sequer se deu ao trabalho de nos encarar. Então, a garota corou. – Kensuke-kun está atrasado... Isso sempre acontece.

– Ahn... Tudo bem.

Lembro-me que ficamos quase meia hora esperando pelo garoto. Ele chegou animado e gastou mais uns cinco minutos se desculpando e explicando como havia se perdido no caminho. De algum modo, ele me lembrou Kakashi. O treinamento demorou apenas algumas horas, já que Hinata quis “pegar leve” por ser o primeiro dia dos alunos. Ela testou a habilidade de cada um, descobrindo que Makoto era bom em Genjustu, enquanto Akane e Kensuke tinham mais habilidades com Ninjutsu.

Aquele dia me pareceu muito corrido, muitos pensamentos circulavam em minha cabeça durante o percurso de volta para casa. Tantos que eu me perdi neles o suficiente para me desligar até o momento que chegamos.


Dias depois, na quarta-feira era o dia em que íamos ao mercado fazer as compras. Escolha esquisita, mas acho que era por que fora numa quarta-feira em que fizemos as primeiras compras. Eu sempre acompanhava Hinata, mesmo que ambos soubéssemos que era desnecessário. Os moradores da vila haviam se acostumado com a minha presença, ou talvez com o fato de que iriam me ver ali uma vez por semana, sem falta. Era como se eu fosse qualquer outro, já que sequer se davam ao trabalho de me encarar. E naquele dia, todos pareciam ocupados. Durante o percurso, muitos moradores e ninjas limpavam as ruas e alguns enfeitavam os postes e até as próprias casas. Aparentemente, alguma festa estava para acontecer. Andávamos pelos corredores do mercado, enquanto Hinata colocava algumas coisas no carrinho que eu empurrava por pura falta do que fazer. Paramos nossa rotina quando uma loira muito animada, seguida de um moreno introvertido, se aproximaram.

– Sasuke! Hinata! – Ino gritou, desconfortavelmente chamando a atenção de todos os presentes que logo nos ignoraram.

– Ino-chan... – Hinata murmurou, repreendendo a amiga que nos estendeu um panfleto colorido.

– Festival de inverno! Vocês vão, certo? – Indagava, ainda com um tom alto demais enquanto seus olhos brilhavam. Hinata pegou um panfleto, ainda parada ao meu lado, de uma forma que eu podia ler o que estava escrito ali. Seria no final da semana. Isso explicava toda a movimentação nas ruas.

– Ino, você podia ser mais discreta. – Shino a repreendeu, olhando para o lado disfarçadamente.

– Fique quieto enquanto eu ainda gosto de você. – Ela disse, cerrando o olhar para o namorado que apenas suspirou. – Então, espero que vocês apareçam lá.

– Ahn... Certo. – Hinata disse, com um sorriso amigável. Satisfeita com sua muito mal feita propaganda, Ino se afastou, arrastando o namorado consigo.

Voltamos para casa após alguns minutos. Como de costume, fui o primeiro a adentrar a casa, largando os sapatos na entrada. Caminhei até a parte da sala que dava para a cozinha, deixando as sacolas sobre o balcão. Então, me sentei em um dos bancos altos, apoiando meus cotovelos. Enquanto isso, Hinata separava os ingredientes para preparar o almoço. Fiquei ali, observando cada passo que ela fazia. Lavou as folhas de acelga e os talos de cebolinha grossa, cortando-os em cubos. Fatiou a carne e, após isso, colocou a panela para aquecer, colocando um pouco de manteiga, que logo derreteu, dentro da mesma. Colocou a carne dentro da panela, seguida das folhas de acelga. Estava tão entretida no preparo do Sukiyaki que sequer percebeu quando eu me levantei do banco e me encostei à parede da cozinha.

– Quando mesmo vamos para uma missão? – Indaguei, minha voz saindo de forma tediosa.

– Sasuke! – Proferiu, quase que me repreendendo por tê-la assustado.

– Desculpe. – Murmurei, fazendo uma careta, enquanto aguardava pela resposta. Hinata suspirou.

– Naruto-kun disse que irá nos avisar. – Respondeu, parecendo não saber mais o que dizer. Hinata voltou seu olhar para mim, com aquele sorriso gentil nos lábios. – Mas não deve demorar.

– Hm. – Foi a única coisa que pronunciei, após algum tempo apenas lhe encarando. Estranhamente, ela não ficava mais constrangida quando eu lhe observava por muito tempo. Provavelmente, havia se acostumado. Dei-lhe as costas, me sentando no sofá e passei a assistir a um programa qualquer passava na televisão.

Após alguns minutos, o Sukiyaki estava pronto e servido, em duas grandes tigelas dispostas sobre o balcão. Uma em frente à outra.

– Está pronto. – Foi apenas o que Hinata disse, sentando-se. Logo, me levantei sentando-me no banco vazio, em frente a Hyuuga.

– Itadakimasu. – Ambos dissemos e logo o silêncio se instalou no local. Não um silêncio constrangedor, mas aquele agradável a ambos.

– Sasuke... – Me chamou, após algum tempo. Apenas ergui o olhar para ela, apesar de já ter uma ligeira ideia do que se tratava. – Vai para o festival? Digo... Quer ir?

– Você vai? – Perguntei, meu tom extremamente paciente, voltando minha atenção para o almoço.

– Err... Queria saber sua opinião. – Ela completou, se remexendo um pouco no banco.

– Sabe que se você for, eu irei. – Não dizia aquilo apenas por ser obrigado a estar com ela, mas porque eu iria mesmo que não fosse obrigado. Mas ela não precisava saber disso.

– Mas eu queria saber seu desejo. – Disse, abaixando o olhar, enquanto brincava com a barra do vestido.

– Se eu não quiser, nos não vamos?

– Isso. – Disse ainda me encarando. Fiquei realmente interessado em saber o motivo, mas antes que eu pudesse lhe responder, batidas na porta nos interromperam.

– HINATA! SASUKE! – A voz impacientemente animada de Naruto gritou do outro lado da porta.

– NARUTO! Pare de gritar! – Sakura o repreendeu, apesar disso, seu tom também era exageradamente elevado. A Hyuuga se levantou e caminhou até lá, abrindo a porta e se deparando com um Naruto se contorcendo de dor, graças a um provável soco na cabeça que Sakura lhe dera, e a Haruno com um singelo sorriso no rosto. – Podemos entrar, Hinata?

– Cla... Claro. – Sorriu, com as bochechas ainda um tanto ruborizadas, dando passagem para os amigos.

– TROUXEMOS LAMEN! – Naruto gritou novamente, se erguendo e entrando no apartamento.

– Ele se recompõe rápido. – Hinata reparou, em um tom baixo, olhando para o loiro de forma curiosa. Com isso, arrancou uma risada baixa da Haruno ao seu lado.

– Pois é. – Ela concordou, deixando os sapatos na entrada e adentrando a casa, ainda segurando a sacola com Lámen do Ichiraku. A morena fechou a porta e elas se aproximaram. Agradeci internamente por Hinata ter preparado o almoço e me livrado de comer Lámen.

– Vocês querem Sukiyaki? – A morena indagou, já colocando um pouco em uma tigela. Como previsto, Sakura aceitou, porém Naruto argumentou que não iria desperdiçar a enorme quantidade de Lámen que haviam comprado.

A Haruno se sentou ao lado de Hinata e em frente à Naruto, este ao meu lado. Todos já servidos e desfrutando de seu almoço, Naruto disparou a contar as novidades da vila, entretido. Sakura só falava de vez em quando, isso quando seu noivo lhe dava uma brecha, para corrigir algum fato que o mesmo exagerava um pouco. Hinata acabava rindo, hora ou outra, com a forma divertida que o loiro narrava os fatos, enquanto eu optava por permanecer em silencio. Eu estava mais entretido com o meu prato, comendo minha comida e sem me dar ao trabalho de ouvir o que Naruto falava. Quando ergui meu olhar, percebi que Hinata me observava. Sua face corou e ela desviou seu olhar para Naruto. Já fazia um bom tempo que Hinata estava ali e eu tentava me conter a me aproximar mais dela do que já fazia, mesmo que se tornasse cada vez mais difícil.

– Vocês vão para o festival de inverno? – Naruto quem perguntou, de forma curiosa, com os olhos brilhando significativamente por expectativas. Não fazia a mínima ideia do que responder, já que a conversa sobre esse assunto havia sido interrompida com a chegada deles. Hinata me lançou um olhar, parecendo buscar por auxílio.

– Vamos. – Eu disse, após um suspiro. Sakura me encarou, quase que incrédula enquanto Naruto gritava de animação. Ele começou a proferir mil e uma coisas de como estava a organização do festival e como ele estava animado para ir, mesmo sabendo que teria trabalhos a fazer.

– Ah! Sasuke! Hinata! – Ele começou, com um sorriso enorme. – Nos já marcamos a data do casamento!

– Pa-Parabéns, Naruto-kun, Sakura-chan. – A voz de Hinata soava baixa, mas eu podia captar a sinceridade. Não havia lhe perguntado o que ela sentia por Naruto agora e não me sentia a vontade para perguntar.

– Boa sorte. – Eu disse, olhando para Sakura, que soltou uma risada.

Um bom tempo se passou, até que finalmente, a visita chegava ao fim.

– Sasuke. – Hinata me chamou, olhando para o relógio na parede. Segui seu olhar e me levantei, já sabendo que se não fosse agora, iriamos nos atrasar pra chegar até a área de treinamento de time 4. Hinata recolheu as tigelas, já vazias e as colocou dentro da pia.

– Estamos indo. – Sakura quem disse, se levantando da cadeira, com um sorriso no rosto. Deu a volta pelo balcão e arrastou o noivo consigo. – Obrigada por nos receberem.

– Até mais, teme! Hinata-chan! – Naruto disse, com um sorriso animado estampado no rosto. A cada passo dado pelo Uzumaki em direção à porta, era um passo meu em direção a Hinata.

– Obrigada pela visita. – A morena disse, com um sorriso amigável nos lábios.

Assim que ouvi o barulho da porta sendo fechada, eu não me sentia mais hábil para me controlar. Já estava próximo o suficiente de Hinata, que se virou após guardar algumas coisas na geladeira e me encarou curiosa. Não sabia bem o que eu estava pensando, mas não sentia necessidade de me entender. Eu já havia pensado demais, esperado demais. Eu sabia que a única coisa que eu queria, era destruir aquela distância entre nós. Até mesmo a minha paciência tinha limites. Meu autocontrole eu já havia perdido há muito tempo. E não iria recuperá-la agora, enquanto olhava nos olhos perolados de Hinata. Ela não se moveu quando eu aproximei meu rosto do seu, nem mesmo quando pressionei meus lábios sobre os seus. A única coisa que ela fez foi fechar os olhos e esperar.

– Sasu...! – Começou, parecendo perceber o que estava acontecendo. Mas já era tarde.

Sequer lhe dei tempo de terminar de pronunciar meu nome ou tentar se afastar. Passei meus braços em volta de sua cintura, colando meus lábios nos seus novamente e a erguendo alguns centímetros do chão. Beijei-lhe com volúpia por bons longos segundo. Seus braços envolviam meu pescoço. Ela havia se entregado. A soltei, me afastando um pouco. Seu rosto nunca esteve tão vermelho, nem tão bonito... Por estar tão perto de mim.

– Vamos nos atrasar. – Percebi, lançando outro olhar para o relógio.

Dei um passo para trás, seus braços deslizando e parando ao lado de seu próprio corpo. Eu não queria realmente me afastar. E não me importava realmente com o horário. Mas eu precisava me controlar um pouco. Ela não disse nada, não se moveu. Apenas ficou ali, estática por alguns segundos.

– Hinata...? – Sussurrei, tentando encontrar qualquer vestígio em seus olhos de que ela estava consciente.


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Notas finais do capítulo

Entãaão, people. É isso ai. *-* Agradeço a todos os reviews e espero que vocês tenham gostado. Se eu merecer, comentem, tá? >.
Quero agradecer ao lindo do meu namorado que me ajudou na parte da luta. Palmas pra ele, minha gente. -qqq
E eu gostaria de pedir a vocês que me ajudassem com uma coisa. Acho que poucos leram no último capítulo... Eu estou em dúvida entre o casal para minha próxima fic. Quem vocês preferem? GaaHina, KibaHina, NejiHina, NejiTen ou NaruHina? *-* Se tiver outro, podem falar também. Beijos.