SasuHina :: Moon Light escrita por Nana


Capítulo 4
Inconsciente


Notas iniciais do capítulo

Olha, olha, esse capítulo saiu mais rápido do que eu pensei. Espero que gostem. *-* Agradeço a todos os reviews e espero que eu mereça mais. *-*
ATENÇÃO aqui, por favor.
Eu estou pensando em uma fic para escrever quando terminar essa. (Calma que essa ainda não vai acabar) ODHSOHISD. Gostaria de saber qual próximo casal vocês acham que eu deveria escrever. >.< (Na visão do homem, porque gostei da experiência de escrever como o Sasuke). Agradeço as pessoas que puderem me ajudar com isso. Respondam no comentário, plz. Beijos e boa leitura.



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Hinata’s POV

“Eu, Hinata, quero crescer e ser uma grande ninja... forte como o papai e gentil como a mamãe”.

Lembro-me de ter repetido isso algumas vezes durante a minha infância. Como eu era boba, não? Eu nunca me senti tão fraca quanto naquele momento. Eu apenas ouvia, ouvia e aceitava. Não movia qualquer parte do meu corpo para recusar. Eu poderia culpar Sasuke por minha incapacidade de agir. Ele parecia tão perturbado com aquela noticia quanto eu, mas ele não havia dito nada. Ele havia concordado, assim como eu tinha feito. Ele queria que eu me dedicasse ao clã, não era?

Agora eu estava ali, na sala de estar da minha casa. Meu pai se sustentava em pé com um auxilio de uma bengala. Seu olhar permanecia autoritário, enquanto me avaliava. Eu estava a sua frente, meus braços colados ao lado de meu corpo.

– Eu fiz o que o senhor ordenou, pai. – Proferi mais uma vez, esperando que ele dissesse algo.

– Eu ouvi da primeira vez, Hinata. – Sua voz saiu tão fria quanto nunca, cortante. Engoli em seco. – Ótimo que tenha feito isso.

Seus olhos me observaram atentamente, aguardando por alguma reação diferente. Mas nada veio. Eu permaneci em meu silêncio absoluto, enquanto lutava internamente pela minha estupidez e fraqueza. Finalmente, ele me deu as costas e foi para outro cômodo. Deixei que meu corpo caísse para trás e eu me sentasse no grande sofá. Encolhi meu corpo, prendendo minhas pernas e abraçando-as. “Não vou chorar”. Minha voz ecoava essa frase em minha cabeça.

– Hinata-sama sabe que é o melhor a se fazer. – A voz de Koh se fez presente. Koh era meu primo, a pessoa quem me ensinou a treinar e me levou a academia em meu primeiro dia lá. Ele sempre me afastava de Naruto. E agora... Ele quem me afastava de Sasuke. “Te proteger”, ele sempre dizia. Era apenas o que ele achava que eu precisava. Proteção.

– Koh... – Ergui meu olhar para ele, mordendo meu lábio inferior por alguns segundos e me obrigando a conter qualquer sinal de lágrima.

– Você treinou demais para abandonar tudo agora, Hinata-sama. – Ele insistia em tentar me convencer que aquela era a melhor opção. Talvez fosse. Mas eu não queria.

Sasuke’s POV

Meus dias pareciam se arrastar ainda mais, as horas passando lentamente. Seu silêncio. Até dele eu sentia falta. Era a única coisa que eu havia decidido admitir, mas apenas para mim. O primeiro dia sem ela se resumiu em treinamentos. Só parei duas vezes para lanchar qualquer coisa e depois para ler. Todo aquele sono que eu tinha, havia sumido. Raramente eu dormia todas as horas necessárias por noite. Lembrava-me de quando passei apenas um dia com dor de cabeça e inquieto por acreditar que havia magoado ela. Agora era pior.

Dois dias depois eu reparei que o novo ninja que havia sido designado para me vigiar durante o dia era Chouji. Apesar de todo o barulho que ele fazia ao comer seus pacotes de batata, ele nunca realmente tentou se comunicar comigo. Já havia se passado uma semana e eu estava disposto a seguir o mesmo plano, mas era hora do almoço quando a campainha da casa tocou. Eu não recebia muitas visitas, muito menos agora que Sakura estava ocupada no hospital e Naruto havia se tornado Hokage. Abri a porta, deparando com o loiro que deveria estar no prédio principal. Ele ergueu uma grande sacola.

– LAMEN! – Gritou, eufórico, entrando na casa sem qualquer cerimônia. Fechei a porta, com um suspiro e o segui. Ele retirou os inúmeros potes de Lamen da sacola e os espalhou pelo balcão. Sentei-me em um dos bancos altos e segurei meu rosto de forma preguiçosa. Naruto colocou uma grande panela de água para ferver.

– Não deveria estar trabalhando? – Perguntei, bocejando longamente.

– Hokages também comem, teme. – Cerrou os olhos para mim. Voltou sua atenção para a água que já começava a borbulhar lentamente. – Está tudo bem?

– Sim. – Proferi e, milagrosamente, ficamos alguns minutos em silêncio.

– Hinata está tendo problemas no clã. – Ele disse, não que eu tivesse perguntado algo, enquanto abria vários dos potes de Lamen. Eu desejei que os minutos de silêncio tivessem durado mais.

– Uh.

– Soube que ela está tentando convencer o pai... A voltar para a missão. – Continuou, colocando um pouco da água fervendo em cada um dos potes abertos. Ele estava calmo demais. Ser Hokage faz isso com as pessoas?

– Porque está me dizendo isso? – Indaguei, pegando uma das embalagens que ele me estendia.

– Por... nada. – Ele proferia com um pouco de dificuldade, já que sua boca já estava cheia do macarrão.

Eu esperava que aquilo fosse mentira, mas eu sabia que não era. Hinata era o tipo de pessoa que faria isso pelos outros. Suspirei profundamente mais uma vez. Se ela continuasse, só iria piorar sua relação com seu pai e sua situação com o clã. Eu já havia aceitado o meu futuro e o provável fim do meu clã. E não estava programado para causar uma revolta no dela. Mesmo não gostando daquilo, me obriguei a pegar uma grande quantidade de Lamen e levar a até a boca. Fazia tempo que eu não comia uma refeição decente e, mesmo sendo aquela comida... Já era algo.

– Temeeee! – Ele gritou subitamente, me despertando de meus pensamentos.

– Pare de gritar, idiota! – Apesar disso, minha voz também estava elevada.

– Você também está gritando! – Ele continuou.

– Fale logo. – Me rendi, sem muita paciência para aquilo.

– Eu e Sakura temos nos encontrado. – Ele disse, com um aquele seu orgulhoso sorriso estampado. – Estive pensando... Em pedi-la em casamento.

Ter Sakura como esposa era uma imagem que não me agradara nunca. Ela era uma boa amiga. Irritante, insistente, mas uma boa amiga. Mas na voz de Naruto aquilo parecia um sonho.

– E...?

– Quero reunir todos para pedir. – Completou. – Pode ir até o Ichiraku hoje à noite?

– Mais Lamen? – Indaguei com uma expressão de derrota.

– Claro, dattebayo!

Apesar de ele não ter sido muito convincente, eu fui até o restaurando ao anoitecer. Trajava uma calça preta e uma blusa azul, com o símbolo do meu clã nas duas mangas. Ao chegar ao lugar, reparei que eu deveria ser o último a chegar. Me sentei no lugar vago mais próximo – entre Ino e Shikamaru. Só depois que a Yamanaka começou a berrar em meus ouvidos que eu reparei quão idiota foi a minha escolha. Inconscientemente, me vi procurando por aquele par de olhos perolados. Encontrando apenas os de Neji e de Hanabi. Não consegui encontrar uma explicação para a ausência de Hinata e me obriguei a parar de buscar uma.

– Eu chamei vocês aqui... – Naruto começou com sua voz sobressaltando todas as outras e fazendo com que os presentes ficassem em silêncio. – Para presenciarem mais um momento importante para mim. – Ele voltou seu olhar para Sakura, que estava sentada ao seu lado. Retirou de seu bolso uma pequena caixa e estendeu para a antiga companheira de time. – Eu já realizei alguns dos meus sonhos, Sakura-chan. E só você pode concretizar o maior deles... Você aceita casar comigo?

– Owwn, não é que ele sabe ser fofo? – Ino quem comentou, agarrando fortemente o braço do namorado enquanto observava o outro casal.

– Claro que eu aceito, baka. – Não me lembrava da ultima vez que Sakura havia dito algo em voz baixa, mas ela havia feito isso desta vez. E estava corada, com um pequeno sorriso no rosto.

Pode parecer estranho, mas eu realmente não prestei atenção em mais nada do que foi dito pelas pessoas daquela mesa. A última coisa que eu vi foi quando Sakura abraçou seu noivo. Eu sequer realmente estava presente ali. Eu esperava, pacientemente, que as horas se passassem. Que aquela minha luta interna acabasse. E que eu parasse de pensar nela. Ou no motivo de sua ausência. Mas acho que fiquei tempo demais alheio ao mundo. E só reparei nisso quando meu corpo se movimentava em direção a ela.

Meus passos rápidos e incrivelmente silenciosos me guiavam até a área do clã Hyuuga. Adentrei o mesmo, tendo cuidado para passar despercebido pelos moradores da região. Não sabia bem o que estava fazendo ali. E pensar em uma justificativa era irritante demais. Suspirei, ciente de que minha expressão estava alternando entre séria, irritada e muito irritada. Pelo jeito, estava indo tudo realmente bem, já que a segurança estava tão descuidada que sequer me viram passar. Apenas continuei meu caminho, esperando que fosse o certo. Lembrava vagamente por ter ido até lá há muitos anos. Meu maior problema realmente fora encontrar o quarto dela, pois era mais do que óbvio que a maior mansão era onde ela estaria. Dei a volta pela casa e parei em uma árvore ao vê-la em um quarto, no segundo andar da casa, que possuía uma simples varanda com uma grande porta e dava vista para o jardim. É, eu devia estar ficando louco. Pulei para a varanda de seu quarto e fiquei em pé ali por um tempo. Ela procurava alguma coisa dentro do ármario, distraidamente e sequer percebeu a minha presença.

– O que está procurando? – Indaguei, tentando não parecer curioso. Ela deixou um livro cair no chão e tampou os lábios, abafando um grito.

– Sa-Sasuke! – Ela gaguejou meu nome, se recompondo. Parecia aliviada, mesmo que surpresa. Ela se apressou até a porta e a abriu. A primeira coisa que reparei fora seu olhar: Tinha aquele mesmo brilho de quando eu lhe disse "boa noite" pela primeira vez. Ou de quando eu ficava lhe observando cozinhar. Misturados com o cansaço, provavelmente causado pelos problemas que estava enfrentando por causa de seu pai.

– Você é descuidada. – Observei, adentrando o quarto sem muitas cerimônias e o avaliando por um momento. Uma cama de casal, um armário, uma escrivaninha de madeira. Nada de muito especial. Encima da escrivaninha havia um quadro pendurado. Repleto de fotografias, em uma delas ela ainda estava com o cabelo curto, exibia um sorriso alegre no rosto enquanto Akamaru lambia seu rosto. Em outra reconheci Naruto, que mantinha o braço sobre o ombro dela e nessa quem sorria animadamente era ele, Hinata estava completamente vermelha e com um sorriso envergonhado.

– Desculpe. – Ela disse, chamando minha atenção. Poucas palavras. Sempre.

– Desculpas pelo que? – Questionei e virei para encará-la. Só então, reparei a roupa que ela trajava. Uma camisola lilás, com renda nas pontas e no decote avantajado. Ali se tornava ainda mais fácil ver suas curvas, sua cintura e coxas bem torneadas. Não sei por quanto tempo lhe observei e não era um costume fazê-lo com mulher alguma, mas parei quando ela corou e se sentou na cama, colocando uma almofada sobre o colo.

– Po-Por ser descuidada... – Proferiu, brincando com os próprios dedos.

– Hm. – Resmunguei, de forma indiferente. Só então, reparei em outra foto jogada sobre a cama. Aproximei-me, sem tirar o olhar da fotografia. – Tudo parece bem no clã.

– Ahm, sim... Eles estão felizes. – Ela comentou, parecendo nervosa com a minha aproximação. – O que veio fazer aqui, Sasuke?


–... Incomoda-lhe? – Indaguei, depois de um tempo, tentando fugir da pergunta que eu mesmo me fazia.

– Nã-Não! Cla-Claro que não. – Ela se apressou em dizer.

– Onde conseguiu isso? – A pergunta veio quase que casualmente, enquanto eu observa a foto que já estava em minhas mãos. Era a primeira foto do meu time. Puxei a cadeira da escrivaninha e me sentei, de forma que pudesse encará-la.

– Sakura-chan me deu. – Foi apenas o que ela disse, abraçando a almoçada. Irritante. Porque ela tinha que ser tão... Complicada? Ficamos um tempo em silêncio, até que ela se pronunciou mais uma vez, me encarando. – Está tudo bem?

– Não. – Eu admiti um tanto irritado comigo mesmo, me levantando. Estava ficando desconfortável, o que era incrível. Essa mulher deveria ganhar um prêmio. – Por que não foi hoje?

– Eu... – Fiquei esperando, mas ela não terminou sua frase. Eu a encarei, inexpressivo, apesar da minha vontade de tirá-la dali e leva-la comigo. Ao meu lado, esse era o lugar dela. – Tive... Coisas a fazer...

– A verdade. – Interrompi. Ela ergueu o olhar para mim, sua expressão tão triste quanto o dia em que saiu por aquela porta e não voltou mais.

– Eu não podia olhar para você novamente.

– Por quê?

– Por que está me perguntando tudo isso? – As palavras saíram rápido. Abaixou o olhar novamente, se encolhendo mais. – Você mesmo disse que seria melhor eu ficar aqui. Por que está aqui agora?

– Eu não sei. – Bufei, inquieto por realmente não saber a resposta.

– Hinata-sama! – A voz masculina veio do outro lado da porta. – Está tudo bem? Eu ouvi um barulho.

– Tudo, Koh. Não se preocupe. – Ela aumentou um pouco a voz para que ele lhe ouvisse. Me perguntei quem era este, mas tinha coisas mais importantes para pensar. Ela passou a sussurrar – Não deveria ter vindo aqui, Sasuke...

– Não fale como se eu me importasse com isso. Ou não soubesse. – Eu disse, querendo falar aquilo para mim mesmo. – Eu não sei o que passou pela minha cabeça quando eu te disse aquilo. Também não sei o que está passando pela minha cabeça agora.

– Sasuke... – Murmurou, se levantando da cama.

– Então... Só esqueça que eu vim até aqui. – Terminei de falar quando ela se aproximou o suficiente para que eu me sentisse... Estranho.

– Por que você sempre faz isso também...? – A pergunta veio em um tom cortante misturada com todo aquele sentimento de decepção e tristeza que eu sabia que eu era o culpado.

– O que?

– Tenta esconder tudo o que sente por baixo de mil barreiras. – Acusou, se aproximando ainda mais. Me surpreendeu que ela tivesse dito aquilo tão facilmente. Deveria ter pensado bastante sobre o assunto.

– Não tenho nada a esconder. – Teimei, dando-lhe as costas.

– Então prefere que eu continue aqui? No clã...? – Proferia palavra por palavra, lentamente, sabendo que estava certa sobre tudo aquilo. Só queria me tirar do sério. Eu já estava com a mão na maçaneta da porta de vidro.

– Sabe que não. – Respondi e foi ali o meu limite. Eu sabia todos os meus motivos, mas nunca iria confessar nenhum deles. Em passos tão rápidos quanto os que eu cheguei até ali, eu fui embora.

Exatos três dias se passaram. Três noites inquietas e banhadas por sonhos irritantes, onde a imagem de Hinata aparecia em todos eles. Mesmo com as janelas fechadas, era possível ouvir o barulho da chuva forte que caia lá fora. Abri os olhos, lentamente, de forma preguiçosa. Deixei a cabeça cair para o lado, pousando o olhar sobre o relógio. Marcava pouco mais de três horas da manhã Após um suspiro, joguei o cobertor para o lado e me levantei. Caminhei até o banheiro e liguei a torneira, deixando um pouco de água cair sobre minhas mãos dobradas e juntas em forma de concha. Abaixei o rosto e o molhei, apoiando-me na pia em seguida. Fiquei encarando o meu reflexo no grande espelho. Meus olhos mostravam meu cansaço por todas as noites em claro. Por um segundo, me lembrei dos olhos de Hinata. Tomei meu banho, como sempre fazia e me arrumei. Desci as escadas, me jogando em uma das poltronas e pegando um livro sobre a mesa de centro.

Eu já lia a última linha de uma das entediantes paginas do capítulo 3 de um livro sobre a história de Konoha. Para mim, todos os livros pareciam escritos pela mesma pessoa. Quando virei a página, o barulho da porta se abrindo chamou minha atenção. Hinata se esgueirou para dentro da casa, sobressaltando-se a me ver. Alucinação?

– Bom dia, Sasuke. – Ela disse, naturalmente, ainda não tirando minha dúvida sobre aquilo ser real. Cerrei os olhos, tentando imaginar o que fazia ali. Não havia me feito ficar mais de uma semana sem dormir direito? – Eu... Vou continuar com a missão.

– Seu pai mudou de ideia? – Com ironia aparente em minha voz, voltei meu olhar para o livro.

– Eu mudei. – Se explicou. Ouvi seus passos se direcionando para a cozinha e me esforcei para não pedir uma explicação. Mas ela veio mesmo assim. – Eu... Eu não vou mais herdar o clã.

Aquilo foi o suficiente para eu erguer meu olhar para ela. Mas ela estava de costas, procurando algo dentro da geladeira para preparar o café da manhã. Fiquei imaginando o que aquilo significava. Por que ela não iria mais herdar o clã? Havia enlouquecido? Mas ela me parecia completamente bem. Voltou seu olhar confuso para mim.

– Você andou comendo o que? – Indagou, provavelmente por reparar que a geladeira estava praticamente vazia, apenas procurando uma forma de mudar de assunto.

– Lanches. – Proferi, voltando meu olhar para o livro em minhas mãos.

– Não dormiu?

– Não. – Respondia automaticamente. Parecia que havíamos trocado os papéis, já que ela quem fazia as perguntas ali. Decidi mudar aquilo. – Não vai mais herdar o clã?

– Ahn. Não. – Ela disse, sem se dar ao trabalho de me encarar, seu pequeno sorriso muito mal forçado ainda estava presente. – Eu fui expulsa de casa.

Larguei o livro sobre a mesa, causando um barulho considerável ao bater contra a madeira. Levantei-me, da cadeira fazendo um ruído irritante ao arrastar pelo chão. Meus passos em sua direção eram rápidos, meu humor não estava um dos melhores. O que ela achava que estava fazendo? Deixar o clã dela de lado? Pra que?

– O que pensa que está fazendo? – Vociferei, sem me preocupar em esconder minha raiva, me esquecendo de controlar pelo menos a altura de minha voz.

– Por... Por que est-tá grit... – Ela gaguejava, não conseguindo terminar sua frase e me olhando de forma amedrontada.

– Porque está sendo burra. – Respondi, da mesma forma fria. Não se engane, não estava sendo tão fácil quanto parecia.

– E-Eu só... – Seu olhar fixo no chão, algumas lágrimas já podendo ser vistas. Respirei profundamente, procurando ar suficiente para aguentar aquilo.

– Não seja boba, Hinata. – Não gritei, muito pelo contrário. Minha voz soou mais serena do que nunca. Ergui minha mão até seu rosto, obrigando a me encarar. Mais uma daquelas atitudes que eu não encontrei justificativa. – Eu não tenho mais um futuro aqui. Se eles me aceitaram, é porque tem outras ideias em mente.

– Na-Naruto-kun não deixaria que fizessem nada de mal a você. – Pareceu confiante.

– Naruto não é hokage há tanto tempo. – Argumentei, mesmo sabendo que aquilo não mudava nada. Ele já era capaz de mobilizar a vila inteira, tamanha confiança que os moradores tinham sobre ele.

– Eu acredito em você. – A falta de seu gaguejar me deixou intrigado. Ela parecia dizer a verdade, alguns vestígios de lágrimas ainda em suas bochechas. Imaginei que parte daquilo fosse culpa da minha ideia idiota de visita-la.

– E vai abandonar sua família por isso? – Rosnei. Era idiota. Uma atitude irritante que ela não deveria ter feito. Assim como eu não deveria ter ido até o seu quarto.

– Eu não sou digna do clã... E... Meu pai prefere assim... – Ela disse, levando a mão até a boca, parecendo só ter pensado naquela frase agora. As lágrimas rolaram no mesmo instante. Sua escolha não tinha volta, seu pai não lhe aceitaria. Eu havia conhecido Hyuuga Hiashi, quando eu ainda era pequeno, mas eu me lembrava de sua personalidade.

Suspirei profundamente mais uma vez, dando um passo em sua direção. Envolvi seu pequeno corpo em meus braços, suas lágrimas molhando minha camisa. Não me pergunte por quê. Não me pergunte sobre mais nenhuma de minhas malditas ações se eu as fizesse na presença de Hyuuga Hinata.

– Me des-desculpe... – Ela murmurou, em meio a lágrimas e gaguejos, envolvendo minha cintura com seus braços e enterrando seu rosto em meu peitoral.

– Você deveria ter ficado. Não precisa fazer nada disso por mim, Hinata. – As palavras surgiram automaticamente, sinceras. Ela me apertou mais e se encolheu mais em meus braços, sem pronunciar qualquer coisa em resposta.

Após se recompor, Hinata insistiu e começou a preparar o almoço com o que restava na geladeira e eu voltei a me concentrar no entediante livro. E durante esse tempo, eu pensei naquilo.

– Hinata. – Ergui meu olhar para ela.

– Hai? – Indagou, mesmo estando concentrada mexendo alguma coisa no fogão.

– Onde está morando? – Perguntei e só então ela me fitou.

– Ah... Minhas coisas estão na casa da Tenten-chan, por enquanto. – Respondeu, voltando seu olhar para a panela.

Tive meus bons minutos de preparo físico e psicológico até que eu decidisse continuar:

– Pode ficar aqui, se quiser. – Sugestionei, olhando para o livro e apenas para ele. Não me daria ao luxo de olhar para ela, depois de dizer aquilo. Era Hinata, mas eu ainda tinha meu orgulho. Não era uma coisa que eu estava acostumado a fazer.

Não me lembro bem de como ela aceitou morar lá, mas lembro de ela ter prometido que só ficaria por algum tempo, enquanto procurava um lugar acessível, apesar de eu ter explicado algumas vezes que não me importava. Tenten havia aparecido no dia seguinte, com as suas coisas.

Já haviam se passado mais de duas semanas que Hinata estava morando ali e no dia seguinte eu iria fazer minha prova “particular” para me tornar um ninja de Konoha novamente. Assim que acordei, tomei meu rápido banho e me dirigia até a cozinha, como de costume, mas parei meus passos ao perceber que tínhamos uma visita pouco agradável. Hinata mantinha sua cabeça baixa enquanto ouvia algo que um ninja – que eu desconhecia até então – lhe dizia. O Hyuuga ergueu o olhar para mim, se aproximando furiosamente.

– Isso é tudo culpa sua. – Constatou, rosnando para mim como um cachorro vira-lata. Lembrei de sua voz, o curioso do outro lado da porta do dia em que eu visitei Hinata. Não imaginei que os Hyuuga’s fossem pessoas de “bater boca”, mas essas pessoas estavam me surpreendendo cada vez mais. Cerrei meus olhos para ele, sem muita vontade de discutir. Só queria que ele saísse da minha casa e de perto de Hinata, seja lá qual fosse o assunto, era obvio que ela não estava gostando.

– Quem é esse? – Perguntei, ignorando sua acusação, voltando meu olhar para Hinata.

– Esse é o Koh... Meu primo. – Respondeu, abaixando o olhar novamente. Ótimo. Havia percebido que eu havia julgado o primo errado.

– Vim ver como minha prima está e tentar entender o que você quer com ela.

– Você deveria mostrar um pouco dignidade ao seu clã e deixar Hinata em paz. Não estou a obrigando a fazer nada. – Retruquei.

– Você é apenas um traidor da vila, deveria ficar longe dela. Sabe que é melhor para ela ficar longe de você. – Ele cuspiu as palavras e aquilo me enfureceu. Talvez por eu concordar com ele. Hinata não deveria se envolver comigo. Deveria? Mas a ideia de outra pessoa achar isso, me tirou do sério. Ainda mais aquele shinobi ignorante que eu sequer havia visto antes. Lhe desferi um soco certeiro que o fez cair no chão. Estranho ele não ter tentado desviar. Já fazia duas semanas que Hinata estava ali, o que ele queria, afinal?

– SASUKE! – Ela gritou meu nome, suas pequenas mãos sobre meu peitoral, tentando me afastar de seu primo.

– Saia da minha frente, Hinata. – Grunhi, tentando afastá-la. Não queria machuca-la, ela sabia disso, tinha que sair dali.

– Não faça isso, sabe que pode ser preso novamente! – Implorou, segurando meu rosto entre suas mãos quentes, me obrigando a encará-la. – Por favor, pare...

– Ele tem razão. – Admiti, retirando suas mãos de meu rosto. – Você deveria ficar longe de mim.

– Sasuke... – Me chamou, sua expressão perdida enquanto tentava absorver minhas palavras. Dei-lhes as costas, subindo as escadas, absorto em meus pensamentos e nos motivos idiotas que me fizeram agir daquela forma. Os motivos que me faziam sempre dizer algo que machucava Hinata. Nenhum dos meus atos tinha nada parecido comigo. Pude ouvir seus passos me seguindo, cada vez mais apressados. Ao me alcançar, ela segurou minha mão, me fazendo parar de andar. Não me virei, não poderia encará-la sem ter vontade de negar o que havia acabado de dizer. Ela não podia se afastar. – Não diga isso...

Esperei que ela terminasse sua frase, mas ela não o fez, apenas soltou minha mão. Virei-me para lhe encarar e ela olhava para o chão, abraçando o próprio corpo. Ergueu seu olhar para mim, sua expressão demonstrando um sentimento que eu não pude decifrar.

– Não... Não diga que eu não deveria estar aqui. – Implorou, se encolhendo ainda mais. – Não faça isso novamente.

– Hinata-sama! – A voz do tal Koh ecoou pelo corredor, seus passos cada vez mais próximos.

– Você não deveria. – Repeti. A expressão que dominou sua face fez com que algo dentro de mim se quebrasse. – Mas não significa que eu não queira você comigo.

– Você... – Seu rosto se iluminou por um instante. Koh parou ao seu lado, tocando em seu ombro. Contive-me para não lhe desferir outro soco. – Eu estou bem aqui, Koh-san.

– Eu posso falar com você lá embaixo? Sozinho. – Ele pediu. Meu autocontrole estava sendo testado com força máxima.

Eles desceram as escadas e eu fiquei ali, parado, imaginando o que eu iria fazer. Passaram-se longos minutos até que optei por ir até o andar inferior. Beber uma água, ou algo do tipo. Claro que eu sabia me controlar.

– Eu prometi te proteger, Hinata-sama. – Eu pude ouvir sua voz enquanto ele saía da casa. Continuei meus passos até a cozinha e peguei uma garrafa de água. Dei um bom gole na mesma e voltei meu olhar para a Hyuuga. Ela respirou fundo e deixou seu corpo cair sobre o sofá.

– Desculpe por isso... – Murmurou para mim.

– Está bem mesmo?

– Sim. – Sorriu. Sussurrei-lhe um "Certo" e voltei a beber minha água. Tinha menos de vinte e quatro horas para me preparar para o teste, mesmo que psicologicamente, então era melhor esquecer aquela aparição de Koh.


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Notas finais do capítulo

É isso, minha gente. Espero que não achem que eu mudei muita coisa na personalidade do Sasuke. >.
Enfim, aceitando dicas, elogios, reclamações e tudo mais.
E eu não te falei do Koh para não dar spoiler, Rarah-chan. Não era o Neji. u_u OHHDOSISD.
Beijos pra vocês, nindas e nindos. :*