Rowry se vira de costas e sai correndo da melhor maneira que pode sem um dos pés. Minhas costas doem muito e eu realmente precisso saber o que aconteceu. Por que diabos Lucky tentou me matar? Por que ele deixou ela fugir? Minha cabeça dá mil redemoinhos.

_Gemmy...? - é a voz do meu irmão me chamando, mas a voz soa fraca, sofrida.

Tento chamar seu nome, mas sai algo como "luisqui". Com esforço mexo uma das mãos, preciso dar um jeito de chegar até ele. Sinto o efeito passando, mas ainda é díficil me locomover. Isso sem contar minhas costas. Me movo uns dois centímetros para o lado. O suficiente para ver o sangue escorrendo das minhas costas.

Estou lutando para sair do lugar quando ouço um grito agudo. Veio de algum lugar bem a frente de nós. O grito foi tão forte e sofrido que fez com que um choque percorresse meu corpo dando-me a chance de me mexer.

Sei quem gritou Rowry. Provavelmente caiu, ou então seu pé saiu de vez. Tenho que reprimir uma enorme vontade de vomitar ao pensar na cena.

Estou cansada de lutar para sair do lugar e não conseguir. Resolvo que não estou nem aí se eu tô entorpecida ou não, eu preciso ver Lucky agora e pelo que ouvi sei que não ele não vai conseguir chegar até mim.

Com muito esforço me viro e consigo vê-lo. Sou tomada por uma sensação muito estranha, é como se minha vida se resumisse a uma bolsa bem grande onde eu guardasse várias coisas. No início ela estava bem cheia, mas todos começaram a tirar as coisas. No início eu estava bem, ela estavabem cheia mesmo, talvez até aliviasse o peso dela. O problema é que algumas pessoas começaram a tirar dela mais do que deviam. Ela já está quase vazia restam poucas coisas. E agora eu estou lutando para não tiraram mais uma, e não é uma qualquer é aquela coisa que se tirarem vai fazer a bolsa ficar tão leve e pequena que vai ser difícil não perder.

_Lucky! -minha voz surge de algum lugar que desconheço, é quase como se tivesse me dado uma injeção muito forte de adrenalina. -Não!

_Gem... 

_Não! Não! Não! -estou ofegando, nada em volta m importa. -Você... você... quer dizer, você tá bem né? -como eu sou tão idiota? Meu irmão te um enorme buraco na barriga causado provavelmente pela faca dela. -Aguenta só mais um pouco, tlavez se eles te levarem para casa eles consigam te curar...

_Gem, não adianta, eu sei que não adianta. -não quero ouvir essas palavras, quero que tudo suma e eu volte para casa com ele. 

_Não fala isso! -pego minha espada caída ao lado dele e me preparo para... Não sei bem o que quero fazer. Me matar e assim talvez com muita sorte ele sobrar? Não adianta, qualquer um pode ver que ele não vai durar muito mais... Solto a espada com um baque. -Você não pode me deixar sozinha...

_Gemmy, não fica assim... -não quero que ele fale mais sei que isso causa dor. - Eu preciso te esclarecer algumas coisas... -tento silencia-lo, mas ele me impede. -É sério eu preciso falar isso agora. -Não concordo, mas deixo. - Eu não te machuquei de propósito... Quer dizer, eu não queria te matar, só parecer que eu te matei porque sabia que assim a Rowry te deixaria em paz. _

Lucky, não precisa me esclarecer nada... Você é meu irmãozinho e eu confio em você minha vida... 

_Vem aqui... - fico feliz por ele ter pedido. Com alguma dificuldade me coloco ao seu lado com a cabeça em seu ombro, infelizmente não fico por muito tempo, pois seu corpo não aguenta.

_Lucky por favor!! Não me deixa sozinha! -estou me controlando muito para não perder o controle. -Eu te amo muito e não sei viver sem você. Não iporta o quanto tenhamos brigado, e não importa que não fomos os melhores irmãos do mundo... Ou talvez tenhamos sim, mas a nossa maneira. Você não pode me deixar assim, não consigo pensar em uma vida sem você... -e nesse momento estou chorando feito louca.

_Nós realmente fomos os melhores irmãos do mundo né? -ele tosse e vejpo sangue saindo de sua boca, mais uma vez quero pedir para ele ficar quieto se calar, que não precisa mais dizer nada, porém sei que talvez essa seja sua última chance. -Gemmy, você tem que me prometer que vai cuida do papai e da mamãe, que não vai deixar nenhum dos dois sofrer. Você vai explicar que o que aconteceu aqui deve ser esquecido.

_Mas Lucky! Como eu posso pedir essas coisas? Isso aconteceu sim! Eles nunca vão poder remover minhas cicatrizes...

_Eles são médicos tenho certeza que eles vão saber... -diz Lucky em deboche, mas mesmo seu deboche soa triste.

_Você sabe que não falo desse tipo de cicatrizes e se você for agora vai ser criado um buraco tão grande que talvez nunca se feche.

_Gemmy, eu não queria, mas nós dois sabiamos que só um de nós ia voltar... -Suas palavras são como espinhos perfurando toda minha pele. -Você lembra de quando éramos pequenos e você me ensinou a cantar a musiquinha do pássaro? -dou um sorriso em concordancia, tinhamos entre 4 e 5 anos e eu o ensinei essa musiquinhas. Por ser mais velha eu tinha aprendido na escola. Depois desse dia passamos dias e dias cantando. -Dúvido que você ainda saiba cantar...

_Pois saiba que ainda sei muito bem...

_Então prove.

Sento ao lado dele segurando sua mão e juntos começamos a pequena canção.

O passarinho voa / o passarinho voa / e vai levando tudo / e vai levando tudo / Leva minha história / leva minha verdade e a felicidade / Será que o passarinho volta? / Passarinho volta e me traga o que roubou / Quero de volta o tempo em que era criança / quero a paisagem cheia de esperança / passarinho volta / Passarinho não suma / Passarinho  deixe só um bilhetinho / me dê uma dica para achar o meu caminho / O passarinho se foi / o passarinho morreu / E todos os meus sonhos ele levou de mim.