Tremendo, jogo-me no sofá. Ouço Mason gritar inutilmente pelo meu nome. Não estava no momento de escutá-lo dizendo que tinha me avisado, que estava certo e essa ladainha toda de sempre. Abracei meus joelhos e comecei a soluçar de uma maneira que não tinha soluçado desde a morte de minha mãe. Talvez seja drama, mas meu coração doía.

A porta que eu tinha deixado aberta foi fechada ruidosamente e de repente sinto um par de braços fortes me abraçar. Ao virar o rosto vejo Mason com um uma expressão calma no rosto. Ele me abraçava e acariciava meus cabelos.

—Vai. Pode falar que você estava certo — sussurro com a voz em tom embriagado pelo choro — Eu mereço.

—Ei, não fale isso — ele responde - Foi só um erro... E a adolescência é formada por erros e... - coçou a nuca - Sei lá. Acho que eu to falando bosta.

Dei uma risada fraca e me permiti esboçar um sorriso. Ás vezes, Mason sabia agir como se tivesse um coração, que amável! Ele respondeu o meu “sorriso” com outro. A diferença é que o dele ia de orelha a orelha. Aos poucos seu rosto se fechou e de repente, se iluminou, como se houvesse uma lâmpada que tinha acabado de ser acesa acima da cabeça dele.

—Já sei! — exclamou. Me soltou do seu abraço e ficou de frente para mim. Agarrou minhas mãos que eram ridiculamente menores que as dele e sorriu novamente — Amanhã, nós dois — apontou de mim para ele repetidamente — vamos acordar bem cedinho e ir para a fazenda do tio Joe. Voltamos quando estiver escurecendo. Pode ser?

Mason me olhou com esperança. Sequei minha bochecha direita com uma mão e concordei com a cabeça.

—Então acho que eu vou dormir um pouco — falei, me levantando. Soltei minhas mãos das do meu “irmão” que surpreendentemente me abraçou carinhosamente.

Fui para o quarto, me aprontei e dentei na cama. Espero que amanhã seja melhor que hoje. Por favor, Grandão, não cague no dia de amanhã, pensei.

Precisei reunir uma quantidade absurda de força para levantar, limpar a maquiagem e vestir meu pijama. Me arrastei até o banheiro e quando me olhei no espelho, meu primeiro pensamento foi “que bicho em decomposição é esse?”. Minha cara estava inchada, meus olhos vermelhos que nem de uma maconheira e minha maquiagem destruída. Meu cabelo era o menos pior. Simplesmente lavei o rosto, penteei o cabelo e me despi. Troquei de roupa íntima, vesti o pijama, escovei os dentes e me deitei.

Achei que seria difícil pegar no sono. Por um momento foi mesmo complicado tirar os pensamentos sobre aquela noite da minha mente. Uma lágrima teimosa insistiu em escorrer pela minha bochecha, mas rapidamente me livrei dela. Fechei os olhos e peguei no sono.

Acordei meio zonza, fui tateando o criado mudo até localizar meu celular.

"Melina, o que aconteceu, garota? Voltei com as bebidas e não te encontrei mais. Fiquei lá, plantado, te esperando e nada de você. Que desperdício de noite! -Zachary sáb. 2h40"

"Bom dia, Carrie A Estranha! Fiquei sabendo das coisas, viu? E antes de tudo... você poderia ter me contado primeiro que tipo... a escola inteira. Eu ficaria realmente agradecia. Amor, srta. McPhee. -Annie sáb. 8h"

"A gente precisa conversar!!! - Zachary sáb. 8h10"

"Vai me dar o gelo agora? Por deuses! Olha, eu não sei o que eu fiz, e de qualquer forma, não acho justo isto que você está fazendo! Me liga! - Zachary sáb. 8h30"

Opa, mal o dia amanheceu, meu celular já está disputado. Mas que merda!

Me levantei e fui até o banheiro. Escovei os dentes e tomei o banho frio. Eu ainda não tinha me recuperado daquela aparência de mulher derrotada. Fiz o máximo que pude para me recompor. Saí do banheiro e me vesti.

Eu estava escovando o cabelo quando ouvi batidas na porta.

—Melina! Está pronta?

—Quê? Como assim? - perguntei.

—Como assim, o quê? Não vai mais para a fazenda? — era Mason.

—Eu tinha me esquecido totalmente. Foi mal — abri a porta e me dei de cara com ele — Mas já estou pronta sim, só vou pegar uma bolsa.

—Tudo bem, te espero lá na cozinha — ele disse e logo o vi descer as escadas. Fui até meu armário, peguei uma bolsa qualquer e nela coloquei um biquíni, um shorts qualquer, tipo aquele que você usa em casa, uma blusa, um livro, protetor solar e o carregador do meu celular.

Desci as escadas e me dirigi a cozinha.

—Bom dia - disse meu pai.

—Ah, oi!

—Como foi ontem?

—Ótimo! A noite não poderia ter sido melhor! Vou querer fazer isso mais vezes - sorri amarelo. Mason me olhou rindo cinicamente enquanto colocava suco num copo.

—Que bom! Coma um pouco. A viagem até a fazenda é meio longa - comentou a Glenn. Havia um bom tempo que não conversava com ela. Tive uma espécie de "choque" ao ouvir sua voz estridente novamente.

—Pode deixar! - sorri.

—Bem, se quisermos aproveitar o dia, temos que ir logo.

—Beleza — respondi olhando no relógio (eram 10h15, aos fins de semana os cafés da manhã são feitos mais tarde, entende?) e logo me levantei — Tchau para vocês!

Dei um beijo em meu pai e fui andando até a saída.

Ao chegar na garagem parei para o olhar o celular. Mais um turbilhão de mensagens havia chegado. Eu não estava me aguentando de vontade de responder e dizer poucas e boas para aquele desgraçado. Porém, tenho que me controlar, afinal, desejei tanto que ninguém estragasse meu dia, eu não posso fazer isso por mim mesma.

–Você vive olhando esse celular. Tem alguma coisa de errado?

—Ah, não... São só mensagens. Sabe, eu sou uma pessoa muito requisitada e tal. Óbvio que você sabe, mas achei necessário dizer e...

—Cala essa boca, pelo amor de Deus! — ele me interrompeu.

—Saudades, delicadeza...

—É o Zachary, né? Aquele aspirante a Finnick Odair... — revirou os olhos e deu partida no carro.

—O que foi? Ciúmes? — ele riu e murmurou algo como “claro que não”, mas não pude deixar de notar o rubor no seu rosto.