– Ãhn? O que? - eu disse fingindo não saber do que ele falava.

– Não se faça de boba!

– Ah, não sei cara! A Katrina é uma vadia, piranha, suja...

– Tá bom, Melina! Já entendemos... - Annie disse me interrompendo.

– Por que é que você odeia ela assim? - Becky perguntou.

– Oras, porque ela é uma vadia, hipócrita. Vive espalhando mentiras à meu respeito para as pessoas e fazendo de tudo pra me ferrar. Poxa, isso é frustrante!

– Quem diria que essa anjinha de olhinhos verdes pode guardar tanto rancor! - Becky disse, surpreso.

– De anjinha ela só tem a cara mesmo, Becky. - Annie contou - Ela é cruel. Uma pessoa má e sem coração.

– Annie, linda do meu coração? - a chamei. Ela olhou pra mim com um sorrisinho, como se dissesse "oi, Mel da minha vidinha?" - Vai se foder. Eu não sou má. E se você repetir isso, eu te esfrego no asfalto quente.

– Ai, santa mãe, ela pretende me matar! - Ann exclamou, dando um passo pra trás, se escondendo atrás de Becky. Infelizmente minha amiguinha não sabe ser sarcástica.

– Eu sei onde você mora, hein? - ameacei de novo, mas agora, me esforçando para não rir.

– Olha que coincidência, eu também sei onde eu moro! - falou, fingindo uma voz de retardada. - Ah, meu Deus, eu sou uma comédia!

– Claro, Ann, claro... - Becky concordou, num tom de "tá bom, tá."

– Vaca, por favor... ele me acha um anjinho. - murmurei dando um tapa nos ombros de Ann na intensão de provocá-la.

– Vá tomar no cu, garota! - ela retrucou.

– E então, o que querem fazer agora? - Zack perguntou olhando para os lados, provavelmente a procura de algum entretenimento.

– Que tal irmos no fliperama? - Becky sugeriu.

– Hmm... seria legal. Quero dizer, não sei. - sim, sou uma retardada. - Annie (?)

– Por mim, tudo bem. Zack... (?)

– Pode ser. - fomos andando até lá, mas obviamente, eu e Ann dávamos umas olhadas nas vitrines.

– AI MEU DEUS, ANN! - gritei - Olha que linda essa saia!

– Ai caralho! Isso é a perfeição em forma de tecido! - ela exclamou, ao meu lado, dando ataques de "fangirl". Por uma saia. Somos retardadas demais. - Garotos, vão indo, acho que a gente encontra vocês lá... - completou, sem ao menos olhar pra eles, enquanto via uma blusa num cabide perto da porta. Assenti com a cabeça.

– Vão lá.

– Ok... Então a gente se vê lá. - Zack concordou. Ele e Becky foram embora, enquanto Ann e eu procurávamos uma calça 38 para mim.

E não que eu seja gorda. É que meu quadril é muito largo, algo que sempre odiei.

Acabei não levando a calça, só a saia mesmo. Annie comprou uma camisa xadrez e um shorts jeans azul claro.

Fomos até o fliperama, onde os meninos jogavam The King Of Fighters. Amo jogos de luta, porém, sou muito ruim. Então eu nem joguei.

Fui direto para uma máquina de dança chamada Pump It Up.

Sou meio viciada nesse jogo, pois sempre que venho no fliperama tenho que dançar pelo menos uma vez na famosa máquina. E isso tem sido rotina há anos, desde que me mudei pra Farmington.

Tá ai uma coisa que você não sabe sobre mim, pelo menos não sabia... eu simplesmente AMO dança, sério. Quando pequena eu fazia aula de ballet e street dance, nada a ver uma coisa com a outra, né? Foda-se, eu gostava.

Dancei um pouco com a Ann, depois fui jogar outros jogos com Becky e Zack, claro. Até que eu me diverti nesse encontro, fora a parte de encontrar o Mason quase que engolindo aquela vadia mal comida.

Bem, chegou a hora de ir embora. Eu e Zack nos despedimos dos dois pombinhos, amo falar isso. E ele me levou até em casa.

Chegamos em casa e Zack ficou me encarando. Comecei a rir do nada olhando pra cara dele, e a vontade de enfiar a minha cabeça dentro de um buraco fundo acaba de chegar. Ele riu e perguntou:

– O que foi?

– Sei lá, cara. Você fica me encarando assim desse jeito...

– É, né... tá ficando chato. - ele comentou voltando seus olhos para o chaveiro pendurado no espelho retrovisor.

– Então, tá né. Tchau! - eu disse e fui abrindo a porta.

– Não, espera!

– Quê?

– Sabe, - ele começou quebrando o silêncio. – vai ter o baile de outono daqui a uma semana e eu não convidei ninguém. – O quêê? Isso é um convite. Calma Mel, calma! Respira. – Então, eu queria saber se você quer ir comigo? – OMFG! Vai, Mel, deixa de ser lesada, e responde logo!

– E-eu não sei. – EU NÃO SEI? EU NÃO SEI???! Tá louca, SÓ PODE! – Na verdade, eu nem ia, porque eu não tinha com quem ir, e também eu não comprei vestido.

– Problema um resolvido, problema dois a gente pode resolver depois.

– É. – Sorri amarelo. DÁ UMA RESPOSTA DECENTE LOGO MELINA! – Então, eu aceito. – Ele sorriu, se aproximando, DISTÂNCIA PERIGOSA, DISTÂNCIA PERIGOSA! Quando dei por mim, ele tinha me puxado pela nuca me deixando tonta com seu hálito de menta. Eu correspondi ao beijo. Terminamos quando nós dois precisamos de ar e também depois de Mason aparecer batendo frenéticamente no vidro do carro. Droga de irmão de criação!

– É... Então, tchau. - me despedi rapidamente. Depois de quase chutar a porta para longe, praticamente pulei para fora do carro e fui correndo para dentro de casa. Logo Mason estava do meu lado. - PORRA, QUAL SEU PROBLEMA? - gritei.

– Bom, uma guria tem me stalkeado no twitter e ela é muito estranha...

– E o que eu tenho a ver com isso? - perguntei, respirando fundo e o encarando com cara de "what the fuck".

– Bom, você queria saber dos meus problemas... - deu um sorrisinho sacana. Logo dei um tapa bem dado no seu ombro - Ai! Você tá brava comigo porque eu quebrei o climão com o seu querido Zachary?

Mason, vá se foder! implorei, mentalmente contando até 10. Eu já estava no 6 e não tinha me acalmado.

– Melina, Melina...

– Eu não te suporto! Guri irritante! - urrei, correndo na escada em direção ao meu quarto. Sinceramente, quando o Mason vai crescer? Bati a porta com muita força.

– Você é muito nova pra namorar, mocinha! - ouvi meu "irmão" gritar, ainda rindo.

Me joguei em cima da cama encarando o teto. Decidi apenas ignorar o último comentário de Mason. Zachary me beijou... Ele me deu um beijo, dá pra acreditar?!

Fico em paz absoluta no meu quarto por 10 minutos. Até que Mason abre a porta:

– Preciso conversar com você, Melzinha. - ele disse caminhando até minha cama.

– "Melzinha" é o caralho, seu... escroto! Agora sai daqui! - gritei enquanto jogava um travesseiro no garoto.

– Há, não vai dizer que você tá brava assim porque eu interrompi o seu "momento" com aquele Zé Ninguém!? - ele disse devolvendo o travesseiro. - Você ficou feliz depois de interromper meu beijo com a garota mais linda da escola, né?

– Porra, a Katrina é diferente! Ela é uma vaca e só vai te usar pra fazer ciúmes no Austin e ter ele de volta. - respondi quase gritando. Austin é o ex namorado corno da Katrina. - E mais uma coisa: Como é que você pode ficar com aquela boqueteira de quinta?

Ele riu e respondeu:

– Como assim? A Katrina não é como você diz, e você só odeia ela por ela ter espalhado uma mentirinha boba sobre você.

– Espera... a Katrina não é como eu digo? Não mesmo, ela é bem pior! Não lembra do acampamento de verão do ano passado? Ela passou o rodo em quase todos os garotos lá.

Mason ficou me encarando como se eu estivesse louca.

– A fama dela anda baixa por isso, vai dizer que você ainda não percebeu? Mas, se você ainda quiser ficar com aquela fábrica de chupetas - se é que você me entende... - vá em frente. Seu corno! - eu disse saindo pela porta e a batendo. Mas voltei porque... - Espera, esse quarto é meu. Fora daqui! - eu disse segurando a porta a espera da saída de Mason.

Mason saiu rindo cinicamente. Quando ele chegou na porta do quarto, parou em minha frente e disse apertando minhas bochechas:

– Meu bem, não fica com ciúmes não. Você sempre terá um espaço guardado no meu coraçãozinho. - ele comentou pegando minha mão e a posicionando em seu peito.

Dei um soco em seu ombro.

– Sai logo daqui, porra!

Me deitei na cama, com a roupa do corpo e enterrei minha cara no travesseiro. Já eram 21h30m e eu estava exausta.