O sol estava nascendo lá fora, novamente, mais rápido do que da ultima vez, isso me fez pensar em quantas horas dormi, com certeza foram muitas.

Ao sair da cabine vi Will perto da lateral do navio, fique animada, era ótimo vê-lo em pé novamente depois daquelas horas terríveis na cama, Annabel fez um bom trabalho.

- Bom dia Will, vejo que já se sente melhor – falei chegando ao seu lado.

Ele se afastou assim que me viu ao seu lado.

- Bom dia, estou sim, obrigado por se preocupar.

Eu o encarei arqueando uma sobrancelha. Will mantinha um semblante sério, coloquei a mão na boca para abafar uma risada.

- Will – falei pegando seu rosto, o fazendo olhar diretamente para mim. – sou eu, Alice, lembra?

Ele pegou minha mão e a tirou de seu rosto.

- Eu sei quem você é – ele disse e soltou meu braço – com licença.

Virou de costas e saiu, assim, simples assim. Fiquei olhando para ele até que sumiu no meio dos marujos. Ainda sem entender comecei a rir.

- Alice?

Virei para trás e vi Annabel ali parada me analisando, eu parei de rir.

- O que foi?

- O Will está estranho, como se nem em conhecesse, sei lá.

- Hum... – Bem falou.

- E você também está, desde quando você me responde com um “hum”?

Bell deu um sorriso amarelo.

- Estou tentando fazer ela se conter, falar menos, é uma aposta. – Daniel falou.

Ele abraçou a Bell e deu um beijo em seus cabelos.

- Coitada Daniel, você vai matar a menina assim.

Nós três rimos.

- Oi garotos, como está o Will? – minha mãe perguntou.

- Bem, ele está muito bem. – Annabel respondeu.

- A Bell fez um bom trabalho, o vi de pé hoje – falei – alias vou atrás dele, não entendi o que ele fez.

Fui atrás de onde o vi pela ultima vez.

Rodeei o navio algumas vezes, eu tenho certeza que já havia procurando em todos os cantos, mas eu não o achava.

- Não acho que essa seja a melhor forma. – ouvi Bell falar.

Espiei por trás dos barris, ela estava falando com o Will.

- É o único jeito Annabel, você deveria ter dito se não seria capaz.

- Eu sou capaz – ela falou brava. – só acho que a Alice vai ficar muito brava quando descobrir.

- Descobrir o que? – perguntei saindo de trás do barril.

Os dois não me esperavam ali, é claro, eles me olharam surpresos.

- É... – Bell engasgou.

- Que eu enganei você – Will veio para o meu lado sorrindo – Alice querida, eu não gosto de você, eu nunca faria uma parceria com você, na realidade, eu só queria isso – ele tirou de seu sinto um colar... um colar não...

- O meu colar – falei confusa.

- Precisava de sua confiança para pegá-lo novamente e eu consegui, mas as coisas saíram um pouco erradas com aquele monstro me machucando, mas nada que eu já não tenha arrumado.

- Como conseguiu pegá-lo? Quando?

- Você nem notou não é mesmo, deveria estar ainda suspirando por mim – ele falou irônico. Eu não o estava conhecendo.

- Como. Você. Pegou. Esse. Colar?

- Ah, ai Annabel pode te contar melhor do que eu. – ele disse guardando o colar, pendurando-o no seu pescoço.

Annabel estava com os olhos esbugalhados e incapaz de proferir uma palavra.

- O que você fez com ela? O que você fez com você?

- Bom eu precisava de alguém para pegar o colar, já que estava fraco demais na ultima noite em que você estava lá, então Annabel fez esse trabalhinho para mim, mas diretamente não fiz nada a ela, enquanto a mim, não entendi sua pergunta.

Soltei uma risada nervosa.

- Isso é uma brincadeira?

- Bom, se você considera o fato de sua amiga ter roubado o colar para salvar a vida dela e do amorzinho dela, uma brincadeira, pode ser.

- Desculpe, mas cheguei agora e não estou entendendo nada.

- Vou resumir para você então. Annabel não teve escolha quanto pegar o colar,ou ela pegava o colar ou ela e o Daniel iam pra prancha. – Will disse – E bom, acho que você sabe para que eu quero o colar.

- Você precisa do outro também.

- Qual, esse? – ele disse pegando outro colar de seu bolso, arregalei os olhos.

- Mas...

- Annabel é uma boa pessoa, todos confiam nela, não foi difícil.

Eu não estava acreditando no que eu ouvia. Como ele pode ter mudado tanto em apenas algumas horas? Ou ele então nunca mudou e estava apenas mentindo nesse tempo de “parceria”

- Está confusa ainda querida? – ele falou levando sua mão até o meu rosto.

Eu dei um tapa na sua mão.

- Não foi isso que você me disse na outra noite Willian – falei com raiva.

- Eu falei alguma coisa? Alice para de ser ingênua – ele disse irritado – eu estava ardendo em febre, acha mesmo que vou me lembrar de algo, ou que algo do que eu disse fazia sentido?

- Depois que a Annabel tratou de você sua febre baixou consideravelmente.

- Pare de se agarrar nisso, eu não me lembro de nada, a não ser da dor horrível que senti enquanto ela esmagava o meu braço.

Meu olhos encheram-se de lágrimas, eu estava com raiva, muita raiva.

- Tadinha, fiz você chorar? – Willian falou.

Dei um tapa no seu rosto.

- Você me paga Willian, você vai se arrepender de um dia ter atrapalhado meus planos.

- Eu fico até com medo. – falou irônico.

- Cale a boca. – falei, a essa altura não controlava as lágrimas de raiva que caiam – e não me subestime Willian, não me subestime.

Peguei Annabel pelo braço e sai dali.

- Você não deveria ter pego o meu colar, a gente daria um jeito – falei quando estávamos longe dele.

- Lice, meu braço, esta doendo – falou.

- Oh, me desculpe, não foi minha intenção;

- Tudo bem – ela falou – me desculpe pelo colar, mas ele nos ameaçou e eu fiquei com medo, realmente com medo Alice – ela disse chorando.

Eu a abracei.

- Calma Bell, está tudo bem, eu vou recuperar esse colar.

Eu fungou e assentiu.

- Eu achei que vocês estavam se dando bem e de repente...

- Melhor assim, ao menos ele mostrou a cara antes que eu estivesse mais envolvida.

- Mais envolvida do que você já esta? Serio Lice?

Dei de ombros e suspirei. As lágrimas que se formavam no meu rosto agora não eram mais de raiva, bom, não raiva dele e sim raiva de mim mesma, por ter acreditado no que ele disse. Mas Annabel não precisava saber disso.

- Vou pensar em alguma coisa para recuperam meu colar, com licença Bell – falei e me virei, não queria que ela me visse chorar.

Não fui para minha cabine, muito claro, todos saberiam que eu estava lá. Fui então para a proa do navio, não tinha movimento e não me notariam ali.

Eu queria formar um plano para pegar o meu colar, mas não conseguia me concentrar, só pensava no que ela havia dito, no que ele havia feito, no como ele me enganou direitinho, isso é inaceitável, eu deveria ter previsto isso. Chutei uma garrafa de rum que estava perto.

O Willian me paga, tanto por me fazer de boba, quanto por ter roubado meu colar e o de minha mãe, afinal, se eu tenho algo da minha mãe é a vontade de vingança e passei tempo suficiente com o Jack para aprender as artimanhas dele.

Aguarde-me Willian Turner.

POV Will

O tapa no rosto não doeu tanto, o pior foi ver a raiva que faiscavam de seus olhos castanhos e o brilho das lágrimas – de raiva – em seu rosto.

“É preciso” falei para mim mesmo.

- Ela está acabada Will. Isso não é certo – Annabel apareceu novamente falando, junto dela veio o Daniel.

- Eu falei para vocês que ia ser difícil, mas não sou eu quem  decide, fiquem feliz que Barbossa não vai mais matá-la, é um bom começo – falei.

- Não sei se ela te perdoará por isso, a Alice é bem cabeça dura – Anna falou.

- É um risco que tenho que correr, o templo não está muito longe, mais algumas horas, um dia no máximo e chegamos.

- Espero que não seja tarde demais.- ela suspirou.

- Para onde Alice foi? – perguntei

- Não sei, eu procurei ela mas não a achei – Daniel falou.

- Deve estar pensando em um jeito de tirar o colar de você. Alias, se eu fosse você ficava de olho nele de noite – Bell falou – a Alice não iria te machucar, mas amigo, se ela fizer isso, ai a coisa ficou séria.

- Vou me lembrar disso – falei – vou ver se a encontro.

- Você não tem amor a vida não é? – Daniel falou.

- No momento? Não – respondi e sai.

Primeiramente queria ir atrás da Alice como falei que faria, mas desisti, se ela me visse ali poderia por tudo a perder, se eu a visse sofrer... eu tinha que manter o plano, era o melhor para todos. Espero que eu mesmo coloque uma espada no peito do Barbossa, velho imbecil.

O quanto menos eu ver a Alice hoje, melhor. E é com esse pensamento que volto a minha cabine e espero, só mais um dia, não é possível que ele demore tanto assim.