O Coração de um Caçador escrita por Joanna


Capítulo 34
A Última Chance.




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Viro as costas e passo por cima do pequeno cercado, mas não antes de olhar por cima de meu ombro e avistar Madge olhando pela janela que fica nos fundos. Não consigo acreditar que fiz isso – Madge é linda, inteligente, mas é a filha do prefeito. Não consigo imaginar Madge me apresentando para seu pai como namorado ou qualquer coisa mais séria. – e nem que ela permitiu. Mas aquele fora um beijo especial. Como se fosse o primeiro que realmente valia a pena.

Entro em casa com um ânimo novo. Todos estão na mesa comendo – cheguei um pouco depois do que o normal – e param assim que sento na mesa. Com um sorriso bobo no rosto.

Depois de comer, jogo-me no sofá e ligo a televisão. Com um pouco menos de chiados hoje, vejo claramente Peeta sozinho na caverna. Onde está Katniss?

Peeta olha para os lados com uma expressão de pânico, e tenta se levantar, fazendo um esforço enorme. Logo Katniss chega com um caldo de amoras e encontra Peeta desesperado. Antes de ela pedir qualquer explicação, Peeta se adianta:

- Acordei e você tinha saído. Fiquei preocupado.

- Katniss não segura uma risada – e eu não seguro um sorriso  de escárnio – enquanto ajuda-o a se deitar.

- Preocupado comigo? Já olhou seu estado?

- Imaginei que talvez Cato e Clove tivessem te achado.

- Quem é Clove?

- É a menina do distrito 2.

- Certo. Só restam eles, nós, Thresh e Foxface. Esse é o apelido que dei pra menina do 5.

- Como você está?

- Melhor que ontem. Roupas limpas, comida, um saco de dormir e... você.

Katniss sorri e toca seu rosto, enquanto Peeta beija sua mão. Finjo que não vi minha mãe suspirando ao meu lado.

- Não vai ganhar beijo até comer.

Na Cornucópia, o clima é bem mais leve. Os dois cansaram de procurar no lago, mas a camuflagem de Peeta fora bem feita e os rastros de sangue foram apagados, assim como os passos do casal. Parece que desistiram e, enquanto fazem piadas dos tributos sobreviventes, Clove tenta ajudar Cato a fazer uma armadilha. Nesse aspecto, os dois são tão bem preparados quanto os tributos que nunca treinaram na vida. Logo os dois percebem que armadilhas não são a solução e saem para caçar. Demora um pouco, já que Cato é tão silencioso quanto um mamute, mas acabam conseguindo um coelho. Isso significa que logo os dois irão perder peso.

Foxface está tão bem quanto os dois. Evita comer o que conseguiu salvar da Cornucópia e aproveita o arame que veio na sua mochila para caçar. Quase escuto seu agradecimento silencioso – o que seria dela caso se desfizesse do arame? – e pega um galho seco. Ao encontrar uma toca, ela mexe com o galho. Alguma coisa está ali dentro, e pelo tamanho da toca, é uma lebre. Finch cerca o buraco de forma que o arame não possa ser visto, e depois de algumas horas, consegue comida.

Katniss está dormindo ao lado de Peeta, que faz vigia, quando abre os olhos lentamente. Ao perceber que já é muito tarde, briga com Peeta:

- Você deveria ter me acordado antes

- Não aconteceu nada. E quando você dorme perde essa carranca, melhora sua aparência.

Katniss fecha a cara e Peeta ri. Ela cuida de todos os ferimentos, com exceção da perna. Assim que ela desenrola o curativo, seus olhos dão um salto. Com a voz falhando, ela diz:

- Bom, está um pouco mais inchado, mas... Não tem mais pus.

- Sei o que é septicemia, Katniss. Mesmo que minha mãe não seja curandeira.

- Você terá de superar os outros, Peeta. Só dá para tratar isso com remédios da Capital.

- Parece um bom plano – Diz Peeta, com a voz calma. Como se já visse a falha enorme no plano de Katniss.

- Vou fazer uma sopa para você. Espere aqui.

- Não acenda uma fogueira. Não vale a pena.

- Vamos ver.

Quando Katniss encosta o pote na água, recua. Como se ele queimasse. A água deve estar mais quente que o normal. Assim, ela pega várias pedras do riacho, lava e coloca no pote. Em pouco tempo, a sopa está pronta sem uso de qualquer fogueira.

Assim que ela volta até a caverna, Peeta se alegra. Mas seu sofrimento é visível. Ela lhe dá a sopa e pergunta:

- Você quer alguma coisa?

- Não, obrigado. Aliás, quero sim. Conta uma história.

Katniss franze o cenho.

- Uma história? Sobre o quê?

- Uma coisa alegre que aconteceu na sua vida.

- Já te contei como consegui a cabra de Prim?

Peeta nega com a cabeça e olha com expectativa para Katniss.

- Quando a Prim estava em véspera de fazer dez anos, eu tinha que comprar um presente. Eu estava pensando no que dar para ela. Ai eu tive uma ideia. A Prim adora animais, de todos os tipo. Ela tem até um gatinho. Então eu pensei em dar um animal para ela. Minha mãe tinha um medalhão de prata que ganhou do pai quando era mais nova. Eu o vendi, claro que minha mãe sabia da surpresa e deixou. Mas ainda assim não era o bastante para comprar o animal que eu queria. Quando eu fui até um homem que vende cabras, vi uma cabra que tinha um machucado feio no ombro. Como não havia qualquer chance dela sobreviver naquele estado, eu comprei. Pedi a ajuda do meu amigo para levar a cabra em casa, e no caminho comprei uma fita rosa, que coloquei como se embrulha um presente.

- Elas se parecem com você.

- Ah, não, Peeta. Elas fazem mágica. Aquela coisinha não iria morrer nem se tentasse.

Katniss diz isso para o garoto que está morrendo de infecção, assim como a cabra estava. Ás vezes, me impressiono com seu tato.

- Não se preocupe. Não estou tentando. Termina logo essa história.

- Bem, é isso. Só lembro que naquela noite Prim insistiu para dormir com ela perto da lareira, e a cabra lambeu seu rosto. Como se desse um beijo de boa noite. Acho que a cabra já era apaixonada por ela.

- Ela ainda estava usando a fitinha cor-de-rosa?

- Sim, por quê?

- Estou apenas tentando visualizar a cena. Acho que sei porque esse dia te deixou tão feliz.

- Bem, eu sabia que aquela cabra seria uma mina de ouro.

- Sim, é claro que eu estava me referindo a isso e não á duradoura alegria que você proporcionou á sua irmã que você ama tanto, que até se voluntariou na colheita por ela.

- A cabra se pagou. Muitas e muitas vezes o preço que paguei por ela.

- Bem, ela não faria qualquer outra coisa depois de você salvar a vida dela. Pretendo fazer o mesmo.

- Jura? Quanto foi que você me custou, mesmo?

- Um monte de problemas. Não se preocupe, pretendo devolver todos eles.

- Você não está dizendo coisa com coisa – Ela coloca a mão em sua testa. – Mas está menos quente.

O som de trombetas irrompe no ar e a voz de Claudius Templesmith faz mais um anúncio. Desta vez, não tão bombástico: Um Ágape. Talvez o objetivo seja juntar Foxface e os carreiristas, já que são os únicos que precisam de comida. Eu mesmo paro de prestar atenção até que ele diga:

- Esperem um pouco. Alguns de vocês estão recusando meu convite, porém esse será um ágape... especial. – ele saboreia o som do que acabara de dizer - Cada um de vocês necessita desesperadamente de alguma coisa. E ao amanhecer, na Cornucópia, essa coisa estará lá, em uma mochila marcada com o número de seu distrito. Pensem bem antes de não aparecer... Para alguns, essa é a última chance.


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Notas finais do capítulo

Espero que gostem desse cap, mesmo. Eu amei escrever ele *-*
Uma recado importante:
Deixem reviews e Recomendações. E eu dedico esse cap á:
lilian kane cahill
NielliCris
Luan Leandro
biawagner14
Laura Everdeen Primrue
Juh Everdeen Mellark
que comentaram no POV Madge :3 e dedico também a todos aqueles que recomendaram minha fic até agora :3