Cap. 1 - A Bus, A Girl and Five (Crazy) Gazeboys

Ok, esses dias foram um tanto... Doidos demais da conta.

Nem sei como sobrevivi a todos eles, mas aqui estou eu né. Enfim, tudo começou com aquela turnê dos sonhos. Ok, ok, não era tããão incrível assim, mas estávamos todos animados. Por quê? Simplesmente, íamos tocar em um super-hiper-duper-muper evento de anime e lotado de gente!! E quando eu digo lotado, significa... POW!!! Calminha aí, eu não explodi nada... Ainda. Hehe... Mas, esquecendo as explosões e os meus momentos terroristas...

Estava muito nublado naquele dia. O Uruha ficava o tempo inteiro repetindo que ia chover só pra se sentir orgulhoso depois. Mas não é que choveu mesmo? Assim que começamos a carregar os instrumentos pra bagagem do nosso ônibus escangalhado e cheio de logos da banda. Uruha simplesmente saiu por aí, saltitando feito um pônei, apontando pra cara de todo mundo às gargalhadas e gritando " Eu avisei! ". Ele deve ter algum problema sério. Quando estávamos pra sair, percebi que alguém estava faltando.

- Ei, Ruki - Chamei - Você viu o Kai?

- Sei lá aonde ele foi - Ruki disse, vasculhando seus bolsos feito um desesperado - MERDA! Você tem maconha?

- Pergunta pro Aoi - Apontei para o nosso guitarrista - Ele é que tem um estoque ilegal de drogas

- O QUE O AOI TEM A VER COM ISSO?! - Aoi disse, percebendo que citei seu nome. Ele é meio lerdo assim mesmo... Fazer o quê, né? Mais tarde, encontrei o Kai parado na chuva feito um retardado. Bufei e fui até ele.

- Uke! - Gritei.

Ele não atendeu.

- Yutaka!

Ele ficou quieto novamente.

- KAI!!

Nada. Peguei uma pedrinha do chão e taquei no ombro dele.

- AI! - Kai disse, se virando.

- Quem mandou me ignorar?! - Falei, me segurando pra não rir - O que você tá fazendo aí, cacete? Entra logo!

- Eu tô com uma impressão... Mas não deve ser nada

Aí ele foi até o ônibus saltitante e feliz. Engoli em seco. Sempre que Kai tem uma dessas impressões, significa que algo ruim vai acontecer. Não é que ele tinha razão?! Assim que entramos no nosso ônibus escangalhado, percebi pelo cheiro a presença do Uruha. Roupas jogadas pra todos os lados, cuecas sujas infectando o ar, instrumentos pendurados por aí e aquele cheiro desagradável poluindo o meio ambiente. Ótimo, ele já tinha se instalado.

- KOUYOU!!! - Kai disse, tossindo - Quantas vezes eu vou ter que repetir... Suas calças tem o pior cheiro do mundo! Aonde você lava? No esgoto?

- Ahn... - Uruha surgiu no meio das roupas. Ele provavelmente tinha aproveitado pra dormir no seu montinho tão grande que não dava nem pra ver o chão - Me deixa, vai

- Ru-Ruki - Kai chamou. Em meio minuto, Ruki apareceu... Vestido de maid. É meio traumático ver seu melhor amigo com um vestido... - Anda logo com isso, vai

Ruki era a nossa empregada. Mas só nos dias úteis. Ele geralmente só obedecia o Kai quando estava extremamente feliz. Quando o ônibus já estava parcialmente limpo, o motorista deu partida e começamos a porra da turnê. Mal começamos a viagem, Aoi, Kai e Ruki já estavam apagados. Eu estava com um pouco de sono, mas estava vivo.

- Ei, Uruha - Tentei puxar assundo. Quando me virei, ele estava deitado no chão, dormindo no nosso carpete inútil. Então, eu fiquei sozinho. Olhei pela janela. Estava chovendo cada vez mais e nós estávamos no meio do nada. De repente, o ônibus freiou. Uruha foi jogado na cabine do motorista e eu fui esmagado pelos meus três queridíssimos amigos.

- SAIAM DE CIMA DE MIM! - Berrei - SEUS FILHOS DA PUTA!

- Hãn... - Aoi disse, meio dormindo meio acordado.

- RUKI! PARE DE BABAR EM MIM! AOI! SEU PIERCING FICOU PRESO NO MEU CASACO! KAI! ACORDA!

Os três acordaram na hora. Aoi levou três horas pra tirar a porra do piercing. Ruki já estava com um alicate na mão quando ele saiu. Imagino o susto do motorista quando nos viu. Uruha babando no chão, uma cueca presa no teto (não me pergunte como ela foi parar ali), o Kai parecendo um zumbi tentando comer a própria baqueta, o Ruki com um alicate nas mãos e eu, com um guitarrista bipolar com a boca presa no meu casaco, numa posição extremamente yaoi. Ótimo. " Ele vai ligar para o psiquiatra " pensei. Na verdade, ele tentou fingir que não tinha visto.

- Err... O-O ônibus quebrou - Ele disse - Eu vou ali atrás tentar consertar... Te-Tentem não se matar

Aí, ele saiu. Me desculpe, motorista, mas eu já estava prestes a enfiar aquele alicate na cabeça do Aoi. Cinco minutos depois que ele saiu, ouvimos alguém batendo na porta. Espera, se nós estávamos no ônibus e o motorista na parte de trás... QUEM MERDAS ESTAVA BATENDO?! Eu fui o único que permaneci calmo por fora. Uruha foi o primeiro a sair correndo em círculos com os braços levantados.

- SOCORRO! ESTUPRADOR! ASSASSINO! - Ele berrou - NÓS VAMOS MORRER!

- Fica calmo, Uruha - Falei, fazendo-o sentar no chão feito um cachorro - Eu vou ver quem é...

Fui até a porta.

Enfim, foi aí que os nossos problemas começaram. Quem estava lá? Uma garota. Isso mesmo! Uma garota! Ela tinha cabelos ruivos meio enrolados, mas a franja era lisa, usava um casaco bege e branco enorme, um cachecol bege, uma saia preta, uma meia-calça marrom e um par de botas pretas. Ela segurava um guarda chuva rosa e carregava uma mala enorme, com um ursinho branco saindo dela. Ela me fixava com seus olhos bem pretos, sem piscar nenhuma vez.

- Etto... Reita? - Ela perguntou, piscando duas vezes. Ok, era normal ela saber meu nome artístico. Quem sabe... Uma fã?

- S-Sim? - Perguntei, meio nervoso.

- O Kai está aí?

Corei um pouco. Vamos fazer uma recapitulação. Ok, ok, não foi um início de turnê muito comum, digamos assim. Essa garota simplesmente apareceu na porta do ônibus com um guarda-chuva e uma mala enorme e perguntou pelo Kai. Eu tinha que fazer alguma coisa, né?

- E-Espera um pouco - Falei. Entrei no ônibus, ainda vermelho feito um pimentão. Peguei o coturno do Aoi e taquei na cabeça do nosso zumbi.

- DE NOVO? - Kai disse, massageando a cabeça - Que é?

- Tem uma garota aqui procurando por você - Falei. Kai se levantou e foi até a porta. Ele arregalou os olhos quando a viu.

- Kai? - Ela perguntou.

- C-Chii? - Ele disse. Em seguida, ele desceu do ônibus e foi abraçá-la - CHII!!

Chii? Hum... Então, ele a conhecia... Que estranho. Eu não lembrava dela. Mas do apelido, eu lembrava. Ele era muito... Familiar. Kai subiu novamente, ainda abraçado à garota. Aoi fez uma cara meio pervertida ao ver que Kai segurava na cintura dela.

- Gente, essa é a Chizuru - Ele disse - A minha irmã...

Espera um pouco. Sóó um segundo. Irmã? Irmã?! Aquela ruivinha que eu atendi era a... CHII?! Eu nem a reconheci. Nós nos conhecemos a muito tempo, mas ela mudou muito!

- Chii!! - Gritei, indo abraçá-la de novo - Nossa! Quanto tempo!

- É! Você nem me reconheceu, né? - Ela riu. Chii ainda tinha as mesmas covinhas de Kai. Mas o sorriso dela era... Incrível. Não. NÃO, NÃO, NÃO!! SUZUKI!

- Você não estava em Okinawa? - Kai perguntou.

- Sim... Mas eu soube que você estava em Tóquio e resolvi fazer uma visitinha

- Tá chovendo pacas lá fora... Vem na turnê com a gente, Chii!

- T-TURNÊ?! - Ela se afastou um pouco - ISSO AQUI É UMA TURNÊ?! Nii! Por que você não me falou antes!

- Agora já era

Me virei. O motorista apareceu magicamente na cabine e recomeçou a viagem.

- Pelo visto você vai ter que vir com a gente - Ri um pouco.

Bem, foi assim que os problemas começaram pra valer.